Nos últimos anos, os clubes de futebol estão contratando jogadores cada vez mais jovens. De fato, pode-se dizer que foi criado um mercado paralelo de futuros jogadores. Diante da inflação do preço de transferências de jogadores já consagrados, dedicaram-se muitos esforços a criar redes de observadores espalhados por todo o mundo com o objetivo de detectar e captar jovens talentos para depois terminar de formá-los.
Se analisarmos, com que idade é possível distinguir um jogador que tem possibilidades de chegar a ser um jogador profissional? A partir dos 12 anos.
Contratar um menino de 12 anos pode ser um investimento muito lucrativo pensando em uma transferência, especialmente em alguns países. Segundo Soriano (2010):
"No Brasil, em Porto Alegre, vi um defensor promissor com um agente que ficava com metade dos direitos econômicos por toda sua carreira esportiva em troca de uns poucos reais, uma cesta básica semanal (farinha, arroz, feijão, açúcar e ovos) e a passagem de ônibus para ir treinar."
O autor relata que, na Europa, a realidade é bem mais complicada. Adquirir os direitos de um jogador menor significa ter a necessidade de contratar advogados muito preparados, capazes de elaborar esquemas complexos para romper contratos que unem os meninos a seus clubes e simular o traslado da família ao país do clube comprador e transfer de milhões de euros. A fronteira entre futebol profissional e futebol amador está traçada de maneira bastante nítida: até os 16 anos não se pode assinar contrato profissional com nenhum jogador; dos 16 aos 18 anos podem-se assinar contratos de três anos de duração no máximo, e, a partir dos 18 anos, podem-se assinar contratos de trabalho normais. Apesar disso, esta fronteira ficou diluída a partir do momento em que, para conseguir os serviços dos talentos mais jovens, se forçou a prática amadora até desvirtuá-la. Assim, os clubes que querem contratar um jogador menor o que fazem, na verdade, é contratar o pai, oferecendo-lhe um emprego na cidade do time comprador, e este, obrigado a mudar de domícilio, apela ao direito de reagrupamento familiar para levar o seu filho.
Lembrando que, o Messi foi contratado pelo FC Barcelona aos 12 anos.
Referencia
SORIANO, Ferran. A bola não entra por acaso: estratégias inovadoras de gestão inspiradas no mundo do futebol. São Paulo: Larousse do Brasil, 2010.