Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

FORÇA EXPLOSIVA E SUAS ESPECIFICIDADES NO FUTEBOL

Foto 1: Cristiano Ronaldo salta 2,57 metros e supera goleiro 

A força para nós tem uma importância essencial, é considerada a gênesis da motricidade humana. Força é tudo que causa mudança no estado de movimento. Isto posto, que o jogador de futebol necessita da força não há dúvida, pois a força durante o jogo é representada em vários aspectos. Mas, vamos nos ater apenas na força explosiva. 

Força Explosiva (Força e Velocidade): é a capacidade demonstrada na superação de certa resistência no menor tempo possível, e é caracterizada pelo sistema neuromuscular mobilizador do potencial funcional com a finalidade de alcançar altos níveis de força. A força explosiva representa particularmente a manifestação das capacidades de força e de velocidade relacionadas com o esforço em uma ou poucas repetições (saltos, lançamentos, etc.).

Gomes e Souza, 2008

Já está bem documentado na literatura que o aumento da força máxima melhora a força explosiva e essa, está intimamente ligada aos momentos mais decisivos do jogo, como o gol, por exemplo. Destarte, se a força máxima for treinada em demasia ela pode ocasionar um aumento na secção transversa tanto das fibras de contração rápida quanto das de contração lenta e isso, é prejudicial para a força explosiva. 

A velha metodologia de treino previa, para o início da preparação, um período de treinamento dirigido exclusivamente à melhoria da força máxima (2 a 3 meses) e, posteriormente, um período de transformação seguido de um outra de força especial. As novas proposições, com base em experiências baseadas em evidências e comprovadas no campo, prevêem trabalhos de força máxima e de força explosiva durante o mesmo período (BOSCO, 2007). A adaptação biológica de origem neural que ocorre como resposta inicial aos estímulos promovidos pelo treinamento da força máxima é fenômeno já bem documentado (MORITANI e de VRIES, 1980). É bem provável que os fatores neurais atuem em diversos níveis do sistema nervoso central e periférico, determinando como resultado final a ativação máxima de várias unidades motoras envolvidas (BOSCO, 2007). 

Campograma 1: Jogo Fractal para Força Explosiva

No campograma 1 trago um exemplo de como trabalhei essa questão nas pré-temporadas dos anos de 2020 e 2021. Trabalho de força máxima agachamento (4 X 4 com 85% do 1 RM) e após o tempo de descanso um jogo fractal onde se enfrentavam duas equipes com 5 jogadores (3 dentro do quadrado e 2 por fora, nas laterais). O objetivo era buscar a progressão com passes verticais e cada vez que isso fosse alcançado com sucesso, o jogador que realizou o passe realiza uma aceleração e um salto sobre a barreira fixa na lateral do campo e ocupa o lugar do jogador que ali estava, o jogador recebedor do passe entra no espaço conduzindo a bola e busca o passe vertical na outra lateral (pontuando após cada salto na barreira).

Sempre em busca da especificidade, lembrando que, essa relação de especificidade ou semelhança pode ser criada de três formas no treinamento:
  • Especificidade Metabólica;
  • Especificidade Neural; e
  • Especificidade Mecânica.  
No futebol, assim como em outras modalidades esportivas (ciclismo, voleibol, natação, ginástica, entre outras), não devemos buscar um ganho excessivo de hipertrofia muscular. Devemos buscar um ganho de força ótima. Outro ponto que deve ser lembrado é a questão do treinamento concorrente (que no futebol a sua ocorrência é muito grande). Mas isso, será um tema para o futuro.

Boa semana!

Referências

GOMES, Antônio Carlos; SOUZA, Juvenilson. Futebol: treinamento desportivo de alto rendimento. Porto Alegre: Artmed, 2008.

BOSCO, Carmelo. A Força Muscular: aspectos fisiológicos e aplicações práticas. São Paulo: Phorte, 2007.

MORITANI, T. ; de VRIES, H. A. Potential for gross muscle hypertrophy in older men. Journal of Gerontology. v. 35, p. 672-682, 1980.
 


segunda-feira, 22 de agosto de 2022

VOCÊ CONHECE IMA?


Figura 1: Inertial Movement Analysis (IMA) adaptado de Rabelo, 2016


Com o advento das tecnologias no meio desportivo, a ciência também vem evoluindo cada vez mais para auxiliar os métodos de treinamento, o seu controle e o monitoramento de cargas de treinamento. E novos postos de trabalho vem ganhando notoriedade no futebol, o fisiologista é um exemplo disso.

O uso do Global Positioning System (GPS), é uma tecnologia de navegação baseada em satélite, fornecendo assim um meio adicional para descrever e compreender o contexto espacial da atividade física. O GPS foi utilizado pela primeira vez para rastreamento de atletas no ano de 1997. O seu uso é cada vez mais utilizado pois, ele possibilita ao fisiologista, treinador e preparador físico uma análise abrangente e em tempo real da performance do jogador em jogos oficiais bem como nos treinamentos.

O GPS consegue fornecer dados referentes a diversas variáveis, dentre os mais importantes temos o Inertial Movement Analysis (IMA). Que é um algoritmo científico que remove os erros inerentes de sensores inerciais (acelerômetros, giroscópios e magnetômetros que medem a força, direção e inclinação). O IMA remove a força da gravidade com um filtro que gera, informações precisas e validada de acelerações, desacelerações, mudanças de direção e saltos (altura e frequência) (PIAZZI, FORNAZIERO, MARIA, 2021). Os referidos autores seguem relatando que, a criação de parâmetros de aceleração nos três planos de movimento que consideram a gravidade fornecem uma plataforma para desenvolver algoritmos para detectar micromovimentos específicos dos esportes, convertendo em informações relacionadas a movimentos multidirecionais que são importantes para a prescrição atual do treinamento.

Campograma 1: Jogo Fractal 3 VS 3 Top 1 Neural IMA per Minute

No campograma 1 temos um Jogo Fractal 3 VS 3 com dimensões de 27m X 22m com área relativa 99 m2 e IMA Total 21,3/m (RABELO, 2016). Com esse jogo conseguimos obter um grande número de acelerações/desacelerações e mudanças de direção (Change of Direction [CoD]) tanto para à direita quanto para à esquerda (quanto a tática trabalhar o triângulo defensivo). Outra questão pertinente que devemos relatar é que, a situação de igualdade numérica aumenta a demanda física dos jogadores (na figura 1 temos a seta vermelha significando alta demanda, a laranja média demanda e a azul baixa demanda). 

Se você não dispõe de dispositivos de GPS, esse é um ótimo exemplo para organizar e gerir o processo de treinamento sem essa tecnologia e obter resultados próximos com um baixo custo financeiro.

Boa semana!

Referências

RABELO, Felipe Nunes. Métricas para Avaliar os Jogos Reduzidos. Catapult Performance Workshop. Curitiba, 2016 - Não Publicado.

PIAZZI, Alessandro F.; FORNAZIERO, André M.; MARIA, Thiago Santi. Controle de Carga de Trabalho no Futebol in: MARIA, Thiago Santi.; BOTTINO, Altamiro A. Fisiologia do Exercício Aplicada ao Futebol. 2021. p. 122-149.





segunda-feira, 15 de agosto de 2022

JOGOS REDUZIDOS UTILIZADOS COMO ARMA HIIT


 


"O Futebol não é ciência, 
mas a ciência pode ajudar a melhorar o nível do Futebol"
                                                                      Jens Bangsbo

O uso de jogos reduzidos (para nós Jogos Fractais) para treinamento de futebol além de trabalhar as habilidades técnicas em ambiente específico e a consciência tática, podem e devem ser utilizados para aprimorar as respostas metabólicas e neuromusculares. Se compararmos essas respostas para atender às demandas, isso pode ajudar a garantir uma carga ótima (nem muito, nem muito pouco) e encontrar o equilíbrio entre trabalho/recuperação mais gerenciável de um dia para outro. Um dos desafios de avaliar as demandas do jogo, no entanto, é que a intensidade e a densidade das ações provavelmente são dependentes do tempo, ou seja, quanto maior o período de jogo, menor a intensidade média desse período. 

No campograma acima temos um jogo fractal onde se enfrentam 8 VS 8 em um campo com dimensões de 73 m X 68 m com o objetivo de fazer a bola chegar até a área demarcada (em forma de passe para um companheiro, já trabalhando o passe no intervalo entre zagueiro e lateral) pelos bonecos para poder pontuar. A duração do trabalho é de 4 X 5 minutos. Esse trabalho é considerado o número 1 quando queremos trabalhar High Speed Distance per Minute (carga neural) pois, teremos distância percorridas acima de 20 Km/h com 8,3 m/min em uma área relativa de 310,3 metros quadrados (RABELO, 2016). 

A distância percorrida acima de 19,8 Km/h (5,5 m/s) tem sido usada para quantificar as demandas de High Speed Running (HSR) no futebol (essas demandas equivalem a 2% do tempo de jogo) e 25,2 Km/h (7m/s) para mensurar os sprints (essas demandas equivalem a 1% do tempo do jogo).  Portanto, HSR absoluta é a distância percorrida igual ou superior a 5,5 m/s (esses são os momentos mais decisivos do jogo de futebol). Mais recentemente, os perfis de atividade da partida durante os períodos de Bola em Jogo (BiP) foram relatados para fornecer uma representação mais precisa das demandas da partida em comparação com as variáveis ​​da partida inteira. Os autores também isolaram passagens fixas de BiP em períodos de 30-60 s, 60-90 s e >90 s, para entender a relação entre a intensidade de corrida e a duração dos períodos de BiP. Além disso, a investigação das saídas máximas para cada métrica de GPS (em vez da média) foi pensada para revelar as demandas de pico do jogo, também conhecido como pior cenário. De acordo com o estudo, houve valores mais elevados para a demanda de pico em relação à média, com os maiores valores alcançados durante os períodos mais curtos (de 30-60 s) (MERNAGH, et al., 2021). O que corrobora os dados de Rabelo, 2016. 

Informações como essas precisam ser conhecidas pelas comissões técnicas, pois, o nível das equipes em competitividade fez surgir novos estudos sobre demandas competitivas (físicas, fisiológicas, metabólicas e técnicas) necessárias aos atletas de alto rendimento, seja durante os treinamentos ou nas competições (PIAZZI; FORNAZIERO; MARIA, 2021). Para organizar os treinamentos durante a semana e identificar o perfil exato do objetivo desta atividade e distribuir as cargas durante a semana, para prospectar a carga de trabalho que será oferecida à equipe e ajustar parâmetros de volume e intensidade para que a carga fique dentro do que foi programado e proposto para aquele dia e tente aproximar cada vez mais o treinamento do que acontece no jogo.

Na sequência de postagens traremos mais alguns exemplos de treinamentos com outros objetivos.

Boa semana!

Referências

RABELO, Felipe Nunes. Métricas para Avaliar os Jogos Reduzidos. Catapult Performance Workshop. Curitiba, 2016 - Não Publicado.

PIAZZI, Alessandro F.; FORNAZIERO, André M.; MARIA, Thiago Santi. Controle de Carga de Trabalho no Futebol in: MARIA, Thiago Santi.; BOTTINO, Altamiro A. Fisiologia do Exercício Aplicada ao Futebol. 2021. p. 122-149.

MERNAGH, Dylan; et al. A comparison of match demands using ball-in-play versus whole match data in profissional soccer players of the English Championship. Sports 20219, 76. Disponível em: https://doi.org/10.3390/sports9060076


segunda-feira, 8 de agosto de 2022

ALVOS FISIOLÓGICOS DO HIIT NO FUTEBOL


O  HIIT (High Intensity Interval Training), traduzido Treinamento Intervalado de Alta Intensidade não é algo novo. As primeiras informações dessa metodologia de treinamento datam da década de 1930 (do século passado). 

As sessões de treinamentos influenciadas por essa metodologia tem como objetivos estímulos curtos (de 3 segundos até 5 minutos), porém com alta intensidade (igual ou superior a 85% da capacidade aeróbica máxima). 

Apoiados nos autores Laursen & Buchheit (2018) que fazem uma analogia com soldados indo para a guerra, necessitamos fabricar armas para eliminarmos os nossos alvos. Baseados em evidências práticas, nos seus antecessores e em ciências, os autores definem que existem cinco (5) armas e/ou formatos principais que podem ser usados em treinamentos e que podem induzir a resposta fisiológica aguda apropriada para os nossos objetivos. E essas são:
  1. Intervalos Curtos;
  2. Intervalos Longos;
  3. Treinamento de Sprint Repetidos;
  4. Treinamento de Intervalo de Sprint; e
  5. HIIT Baseado em Jogos
Os referidos autores prosseguem afirmando que, essas armas podem ser usadas para diferentes operações de combate, dependendo dos nossos alvos fisiológicos. 

No caso específico do futebol, vamos falar do HIIT Baseado em Jogos que, incluem os Jogos Reduzidos. Estes são em última análise, formas de intervalos longos baseados em jogos específicos (especificidade do esporte). Além de incluir sistematicamente a tomada de decisões e interações com os oponentes e companheiros, com duração entre 2 minutos e 4 minutos em uma intensidade de esforço específica do esporte.


Tal como em muitos desportos, há organização da maioria dos treinos baseados em jogos no formato de jogos reduzidos se justifica conforme imagem acima. No gráfico de pizza podemos ver as habilidades técnicas com 45%, a consciência tática com 30% e o condicionamento físico representa 25% das capacidades dos jogadores (BUCHHEIT, et. al., 2018). 

Além disso, programas de treinamento de várias semanas usando jogos reduzidos como uma arma HIIT, relataram melhorias em vários fatores relacionados à vitória, incluindo velocidade, força e desempenho de resistência, mas também, e provavelmente mais importante, proficiência técnica e consciência tática, confirmando o potencial dessa abordagem como um forte alternativa ao HIIT baseado em corrida (BUCHHEIT, et. al., 2018). 

O argumento final para o uso de jogos reduzidos para atingir alvos fisiológicos como arma HIIT é que eles são semelhantes às diferentes estratégias disponíveis para modular a intensidade do exercício durante um HIIT baseado em corrida e, por sua vez, as respostas metabólicas e locomotoras. A carga fisiológica e locomotora durante os jogos reduzidos pode ser ajustada usando, entre outras, manipulações as dimensões do campo, número de jogadores e regras (BUCHHEIT, et. al., 2018). 

Porém, se faz necessário a inclusão de HIIT baseado em corrida nos treinamentos para aprimorar o condicionamento físico dos jogadores.

No próximo post traremos exemplos práticos desses jogos reduzidos (porém, nós preferimos denomina-los Jogos Fractais).

Boa semana!

Referências
    
LAURSEN, Paul; BUCHHEIT, Martin. Science and Application of High-Intensity Interval Training: solutions to the programming puzzle. Human Kinetics, 2018.

BUCHHEIT, Martin; et.al. Soccer in: LAURSEN, Paul; BUCHHEIT, Martin. Science and Application of High-Intensity Interval Training: solutions to the programming puzzle. Human Kinetics, 2018. p. 547 - 564. 
                        

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

TRANSIÇÕES SUPORTADAS PELO EQUILÍBRIO


No jogo atual, falar apenas de ataque e defesa, é falar de algo que não é futebol. Sou defensor da não fragmentação do treino/jogo, mas para melhor entendimento, esses momentos devem ser tratados em separado. 

A velocidade que se joga atualmente não permite mais que, como acontecia há alguns anos atrás, os jogadores tenham tempo para pensar e realizar calmamente as suas ações quando ganhavam ou perdiam a bola. Seja porque se defende mais à frente, seja pela origem do pressing, seja pela evolução técnica dos jogadores e dos materiais (bolas, chuteiras, gramados [embora no Brasil esse assunto seja muito discutível]), o jogador atual, quando perde a bola não pode deslocar-se lentamente para ocupar a sua posição e, quando a recupera, não pode demorar para retirá-la do setor onde a recuperou. 

Os dois momentos mais importantes do jogo atual são o momento em que se perde a bola e o momento em que se ganha a bola (MOURINHO, apud AMIERIO, 2004). 

A eficácia dos momentos de transição está intimamente relacionada com o modo como a equipe está organizada antes dos mesmos. Ou seja, equilíbrio defensivo no ataque e equilíbrio ofensivo na defesa (AMIERIO, 2004). 

Apoiado pelo mesmo conceito Carvalhal (2006) defende que ninguém consegue atacar bem se não tiver a equipe equilibrada para defender e ninguém consegue defender bem se não tiver a equipe equilibrada para atacar. 

Figura 1: A balança representa o equilíbrio entre os momentos

Sustentados nos depoimentos acima citados e pela figura 1, atrevemo-nos, então, a salientar que, quando em posse de bola, a equipe deve estar dotada de determinados comportamentos, que permitam atacar mas ao mesmo tempo estar posicionada para responder convenientemente a uma situação de perda da posse de bola. Acreditamos que estes comportamentos da equipe devem ser assegurados pelos jogadores sem bola, adotando um posicionamento que lhes permita participar no momento ofensivo mas, ao mesmo tempo, garantir segurança defensiva perante uma possível perda da posse da bola. Porque o ataca e a defesa são unidos, que não pode-se separar.  

Outra situação que não podemos deixar de mencionar sobre as transições é que eles se norteiam nos Princípios Fundamentais do Futebol:
  • Refutar a inferioridade numérica;
  • Evitar a igualdade numérica; 
  • Criar a superioridade numérica. 
E quando a equipe se encontrar no momento sem a bola (defesa) os jogadores devem situar-se entre os oponentes (sem a bola), para realizar a pressão. Na minha visão, o modo de defender é estar entre oponentes. Nunca declarar ao adversário que estou marcando ele. Amierio (2004) identifica duas principais formas de organização defensiva: defesa homem-a-homem e defesa à zona, sendo que não existe apenas uma forma de defesa homem-a-homem, como também não existe uma única forma de defender à zona. As referidas formas de organização defensiva se distinguem muito significativamente. Na primeira a grande referência de marcação são os espaços considerados valiosos, já na segunda são os oponentes diretos, ou seja, quando defendemos à zona procuramos defender os espaços considerados mais valiosos, e quando defendemos homem-a-homem devemos defender exclusivamente um adversário direto. 

Na mesma linha de raciocínio temos Frade (2005), afirmando que, uma equipe quando defende, deve fazer campo pequeno, reduzir o espaço de jogo à equipe oponente, ter os setores mais próximos entre si e conseguir superioridade numérica no setor da bola. E quando ataca, deve fazer campo grande, ocupando corredores e dando profundidade e largura ao jogo. Se a equipe defende no homem-a-homem isto se torna muito difícil (para não dizer impossível) pois, com as movimentações dos oponentes os jogadores da nossa equipe serão levados para determinados espações que não são os mais específicos para retirar a bola do setor de pressão e mantê-la para iniciar o ataque rápido (muito chamam de contra-ataque e o confundem com as transições).

A transição é o momento em que se passa do processo defensivo para o processo ofensivo (transição ofensiva) e do processo ofensivo para o processo defensivo (transição defensiva). Portanto, um caminho de mão dupla. 

Então, como pudemos observar até aqui o modelo de jogo influencia a forma de desgaste físico/mental do jogador e pode ser benéfico e/ou prejudicial para a equipe. Por exemplo, só correr na fase ofensiva e não na fase defensiva causa desequilíbrio tático na equipe. Outro fator que deve ser levado em consideração nas transições é a VEL (Velocidade de Passes entre os jogadores) se é alta e/ou baixa. Isso para retirar a bola do setor de pressão, mudar a bola de corredor e dificultar a montagem do bloco defensivo por parte da equipe oponente. A REC 5 (Recuperar a Posse de Bola em até 5 segundos) se não for possível organizar o bloco defensivo (essa última tem relação significativa com a base física dos jogadores). 

As transições devem ser equilibradas durante as partidas e nas transições a mente atua antes do corpo, a equipe que não conseguir equacionar isso está fadada ao desequilíbrio tático.

Boa semana a todos!

Referências

AMIERIO, Nuno. Defesa à Zona no Futebol. Um pretexto para reflectir sobre o <<jogar>>...bem, ganhando! Edição do autor. Porto, 2004.

FRADE, Vítor. Apontamentos da disciplina Metodologia Aplicada I - Opção de Futebol. Não publicada. FCDEF-UP. Porto, 2005.

CARVALHAL, Carlos. Entrevista. In A importância dos momentos de transição (ataque-defesa e defesa-ataque) num determinado entendimento do jogo. Dissertação de Licenciatura. Não publicado. FADE-UP. Porto, 2006.