Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

domingo, 10 de abril de 2011

JOGO PARA A FINALIZAÇÃO

Princípio: Preparação para a Finalização

Sub-Princípio: Momentos da Finalização

Complexidade: 2 (Média)

Objetivo: Utilização dos espaços/passe

Adaptação Biológica: Mobilidade Específica

Materiais: Discos, coletes e bolas

Descrição

Número de jogadores 12 (3:2 em cada espaço demarcado + 1 coringa + 1 goleiro) Dimensões: 1/3 campo

Jogo específico 3:2 em cada espaço demarcado. A equipe em superioridade numérica tem que realizar três passes com a oposição dos dois defensores, dentro do espaço demarcado, para depois realizar um passe para a entrada da área penal para a finalização de primeira do coringa que está pronto para a finalização. O jogo segue no outro espaço demarcado, sempre assim, uma finalização, com a bola vinda de cada espaço por vez.


domingo, 3 de abril de 2011

PRINCÍPIO DA "DESMONTAGEM" E HIERARQUIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE JOGO


Dentro de um Modelo de Jogo Construído (MJC), temos vários princípios para serem trabalhados durante os treinos. Segundo BRITO (2003) apud CASARIN e OLIVEIRA (2010), os princípios de jogo são linhas orientadoras básicas que coordenam as atitudes e comportamentos táticos dos jogadores quer no processo ofensivo, quer no processo defensivo, bem como nas transições.

Segundo CASARIN e OLIVEIRA (2010), assim, entra o conceito de desmontagem e hirarquização dos princípios para eleger alguns objetivos particulares a serem trabalhados. Nesse preceito, devemos entender que apesar da supervalorização de alguns princípios o sistema de interação se mantém. Em cima disso, os princípios são hierarquizados e desmontados para uma melhor compreensão didática dos participantes do processo, sendo que a essência do jogo e do jogar da equipe não são alteradas, apenas particularizadas.

 INTEGRIDADE INDISSOCIÁVEL DO JOGO
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REDUÇÃO EM ESTRUTURAS COMPLEXAS
(REDUZIR SEM EMPOBRECER)
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                      PRINCÍPIO DE JOGO     MOMENTOS DO JOGO  

Os autores seguem explicando que, basicamente o que este princípio metodológico defende é uma "simplicação da estrutura complexa do jogo" e uma constante relação construtiva aliceraçada em fundamentos táticos progressivamente mais complexos com a finalidade última de contruir/consolidar o modelo de jogo construído (eu prefiro construído ao invés de adotado). É a aquisição progressiva de vivências práticas de jogo que permitem um aumento da complexidade dos movimentos coletivos, até porque ao mais alto nível a relação qualidade/complexidade é muito próxima. Hierarquizar pressupõe também distinguir entre si os princípios mais e menos importantes em determinada  situação/exercício, pois só assim nos é possível intervir coerentemente e seguir um linha orientadora clara.

Segundo GOMES (2006), o desenvolvimento do [jogar] compreende uma relação Específica entre os princípios dos vários momentos de jogo. Contudo, estes grandes princípios de jogo são constituídos pela articulação dos sub-princípios, sub-princípios de sub-princípios e sub-sub-sub-princípios. 

No sentido de esclarecer esta ideia, imaginemos uma equipe em momento ofensivo desenvolve como princípio de jogo a manutenção da posse da bola através da sua circulação em amplitude (largura). Este é um grande princípio de jogo porque contempla a globalidade da equipe no momento ofensivo.

No entanto, este grande princípio resulta das interações individuais, grupais, setoriais e intersetoriais dos jogadores. Deste modo, o referido princípio manutenção da posse da bola em amplitude concretiza-se numa relação Específica dos jogadores como por exemplo, entre os defesas, entre a linha de meio-campo e os atacantes, entre o setor de defesa e o setor de meio. E por isso, o grande princípio de jogo é constituído porum conjunto de sub-princípios, de sub-princípios de sub-princípios e sub-sub-sub-princípios que se referem às relações mais particularizadas entre os jogadores na concretização desse princípio.

Referências

CASARIN, Rodrigo Vicenzi., OLIVEIRA, Raúl. Periodização Táctica: princípios estruturantes e erros metodológicos na sua aplicação no futebol. http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 15 nº 144 - Mayo de 2010.

GOMES, Marisa Silva. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - Um Estudo de Caso. Monografia de Licenciatura realizada no âmbito da disciplina de Seminário, Opção de Futebol. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto, 2006  
                              




domingo, 20 de março de 2011

ANÁLISE DE DUAS VARIÁVEIS OBSERVADAS NO JOGO DO FC PORTO

Hoje observando o jogo FC Porto vs Académica de Coimbra pelo campeonato português 2010-2011, resolvi fazer uma análise de duas variáveis do jogo aplicado pelo FC Porto durante este confronto.

São elas:
  • Passes Errados (PE)
  • Interceptações (I)
Procurei identificar em que setor do campo ocorreriam o maior número de Passes Errados (PE) pela equipe do FC Porto e, em qual setor do campo ocorreriam maior número de Interceptações (I) e, qual há influência dessas duas variáveis para o resultado final do jogo?

Para isso, me baseie na Dissertação de Mestrado do Professor Rodrigo Leitão "Futebol - Análises qualitativas e quantitativas para a verificação e modulação de padrões e sistemas complexos de jogo". Escolhi o FC Porto, por ser o líder do campeonato português, estar invicto na competição e possuir o treinador André Villas Boas, ex-adjunto de José Mourinho.

Para isso, usei as mesmas marcações que o Professor Rodrigo Leitão no campograma, mas com uma nomenclatura diferente.


Onde:
  • SD = Setor de Defesa
  • STD = Setor de Transição Defensiva
  • SMD = Setor de Meio Defensivo
  • SMO = Setor de Meio Ofensivo
  • STO = Setor de Transição Ofensivo
  • SO = Setor Ofensivo
As variáveis observadas Passes Errados (PE) e Interceptação (I) do primeiro tempo estão em azul e do segundo tempo estão em amarelo. Também está colocada o número de finalizações e de que setores elas ocorreram (lembrando que, só são da equipe FC Porto).

O primeiro tempo terminou FC Porto 0 X 1 Académica de Coimbra:

O gol da Académica se origina de uma bola perdida no STO e oportuniza um contra-ataque fatal contra a equipe do FC Porto. No primeiro tempo o setor que privilegiou o maior número de Passes Errados (PE) para a equipe do FC Porto foi o STO com 16 Passes Errados. E o setor que privilegiou o maior número de Interceptações (I) foi o STD com 13 Interceptações. O que indica que o FC Porto, errou muitos passes na hora de concluir para as finalizações (famoso último passe) e, em consequência disso, interceptou mais bolas próximas ao seu gol. Talvez por isso tenha perdido o primeiro tempo por 1 X 0.

No segundo tempo, o setor que privilegiou o maior número de Passes Errados (PE) foi o SMO com 18 e as Interceptações (I) continuaram sendo o STD com 11. Mas agora, o FC Porto, interceptou 9 bolas SMO e conseguiu fazer dois gols por causa dessas bolas interceptadas neste setor do campo e duas bolas no STO que originou um outro gol. E a diminuição de Passes Errados (PE) no STO caiu para 6 apenas. Com isso, o FC Porto melhorou a qualidade de passes próximo há área adversária e converteu em gol as chances que obteve, através de uma marcação mais alta no campo de jogo, o que dificultou a saída de jogo do Académica de Coimbra. 

Placar final do jogo FC Porto 3 X 1 Académica de Coimbra. O FC Porto segue líder invicto da competição com 13 pontos a frente do Benfica e se enfrentam no próximo dia 03 de abril, se o FC Porto vencer será campeão português por antecipação.

Referência

LEITÃO, Rodrigo Ap. Azevedo. Futebol - Análises qualitativas e quantitativas para a verificação e modulação de padrões e sistemas complexos de jogo. Dissertação de Mestrado apresentada na Unicamp em 2004.  



sexta-feira, 18 de março de 2011

FUTEBOL: aspectos neurobiológicos


Todos nós sabemos que, quando tratamos de aprendizado este aprendizado ocorrerá no cérebro! Isto tem me chamado a atenção. Pois quando o assunto é o Futebol, parece que esta regra não entra nas discussões. Só ouço falarem em parte física, técnica e tática (esta última, mais no acaso, do que com propriedade). Pois bem, cadê o aprendizado referente ao cérebro!

Desta forma, seria conveniente estudarmos mais sobre dois assuntos (ou desafios) que são:
  • "Aprender a Aprender" e;
  • "Aprender a Ensinar".
Aprender é tecer possibilidades de transformação de si e do mundo ao redor, estabelecer prioridades e encontrar soluções para as mais diversas questões do treinamento moderno sobre o Futebol.

E o ensinar? Será que estão ensinando o Futebol certo?



Durante alguns anos pensou-se que o cérebro era estruturado por várias áreas que atuavam isoladamente nas diferentes funções cerebrais. No entanto, com o desenvolvimento do conhecimento e das técnicas de investigação verificou-se que este argumento da frenologia não era válido.

Por isso, António Damásio (1994) apud Gomes (2006) refere que "podemos agora dizer com segurança que não existem 'centros' individuais para a visão, para a linguagem ou ainda para a razão ou comportamento social" e afirma que, "o que na realidade existe são 'sistemas' formados por várias unidades cerebrais interligadas". Assim, reconhece que as várias regiões mantém uma relação  íntima e constante nos processos de raciocínio e de tomada de decisão.

O aprendizado referente ao cérebro significa que, o fluxo de informação provenientes dos sentidos e a interação dinâmica e constante com o meio determinarão, a seguir, como o cérebro irá se desenvolver, isto é, que sinapses iremos formar, para o que vamos aprender e que talentos desenvolveremos.

Nessa linha, quero dizer que além das três componentes mais famosas que já foram citadas (física, técnica e tática) [está ordem é para muitos a ideal, para mim a tática vem em primeiro lugar, depois a técnica e por último a física] temos que ter um modelo de ensino (metodologia) para a compreensão do jogo. Por que, eu acredito, que o que eu conheço (entendo para que serve) fica mais fácil aprender. E nesse aprender, estará o colocar em prática durante as partidas. Assim desta forma, poderemos promover jogadores com mais identificação com aquilo que estão fazendo e terão mais prazer na sua execução.

E a Abordagem Sistêmica se bem conduzida pode oportunizar isso.

Referência

GOMES, Marisa Silva. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - Um Estudo de Caso. Monografia de Licenciatura realizada no âmbito da disciplina de Seminário, Opção de Futebol. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto, 2006.

domingo, 13 de março de 2011

JOGO PARA POSSE E CIRCULAÇÃO DA BOLA EM AMPLITUDE

 Princípio: Posse e Circulção da bola

Sub-Princípio: Equilíbrio Posicional: Amplitude

Complexidade: 3 (média alta)

Objetivo: Dar largura ao campo na circulação da bola; desenvolver a progressão apoiada da bola; criar situações de finalização de cabeça

Tempos: 6 X 8'                            Rec.: 2'

Adaptação Biológica: Resistência Específica

Materiais: Discos, coletes, cones e bolas

Descrição

Número de jogadores 22 (10:10 + 2 goleiros) Dimensões: 3/4 de campo

Jogo específico 10:10. A equipe de posse de bola procura sempre a progressão no campo de jogo de forma segura. Os zagueiros devem dar a máxima amplitude e procurar realizar triângulos com os volantes e os alas (para facilitar a circulação da bola), só por isso podem entrar no espaço demarcado! Quando a bola chegar no ala, este terá total liberdade no seu corredor para fazer o cruzamento na área. A equipe defensora tentará ficar compacta e fechar os espaços (marcar alto). Quando a bola chegar no ala, os dois atacantes defensores devem ficar na linha do meio-campo para facilitar a transição. Os zagueiros são estruturas fixas 

domingo, 6 de março de 2011

ALTERNATIVA PARA O FUTEBOL DE RUA

Vivemos num século e em uma sociedade onde, o futebol de rua é cada vez mais escasso. Devido ao grande desenvolvimento das áreas urbanas, sendo tomadas por novas edificações e diminuição das áreas para a prática do futebol, aumento do fluxo de trânsito e o aumento da criminalidade que tomam conta dos grandes centros.

  
Em conttrapartida, surge um novo fenômeno. As Escolas de Futebol, situadas em locais seguros, com campos de grama sintética, com seus uniformes e toda a estrutura e segurança para a prática do futebol por parte dos meninos e meninas e que o idolatram. Existem várias tendências para as Escolas de Futebol:
  • De clubes apenas como forma de receita;
  • Escolas pagas para a classe média, sem o objetivo de formação de atletas; e
  • Escolas de projetos sócio-esportivos com objetivos mais relacionados à formação de atletas.
Mas, eu pergunto, qual é o objetivo dessas Escolas? Será formar um jogador mais técnico e menos talentoso e criativo?

Uma pesquisa também teve essa preocupação e perguntou aos jogadroes talentosos do nosso futebol onde eles começaram a jogar futebol?
  • 67,2% na rua
  • 15,8% no clube
  • 10,9% no colégio
  • 3,8% na Escola de Futebol
  • 2,2% em casa
Como já foi relatado acima, o futebol de rua está cada vez mais escasso, as Escolas de Futebol viraram moda e a pesquisa aponta que, apenas 3,8% começaram a jogar futebol em Escola de Futebol, me ocorre outras indagações sobre os professores que trabalham com Escolas de Futebol. Será que eles sabem qual é o seu papel? Indago o seguinte, se futebol é conhecimento.
  • O que deve ser ensinado?
  • Como deve ser ensinado?
  • Como deve ser avaliado?

Será que a Escola de Futebol auxilia ou dificulta a formação de atletas talentosos de alto-rendimento?

Temos um grande problema. A principal fonte de formação do jogador era a rua, e ela está acabando. Por isso, proponho uma alternativa para o futebol de rua. Melhorar a formação do professor que trabalha com esta clientela, e utilizar a abordagem sistêmica como ferramenta de instrução (metodologia de treinamento) para a melhorar a formação de nossos possíveis futuros jogadores.

Oportunizar a eles a tomada de decisões, definir através de jogos a hora que deve finalizar, a hora que deve passar e quando nenhuma delas for possível, revolver o problema através do drible (criativo) evitando assim a formação de um jogador confusso individualista e prejudicial à equipe e oferecendo oportunidade de formação de um corajoso, criativo e eficiente. Pois hoje o futebol está repleto de jogadores "passadores de bola", que não oferecem nada de produtivo  e ou criativo às equipes.

Referências

DRUBSCKY, Ricardo. O Universo Tático do Futebol: Escola brasileira. Belo Horizonte: Ed. Health, 2003.