Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ESTUDAR! É PRECISO QUANDO O ASSUNTO É FUTEBOL?


Bom, eu chego a postagem de número 150 no blog. Marca muito importante para mim, pois eu gosto de estudar o futebol e procurar entender (mesmo que minimamente) o que de novo há sobre ele. Mesmo que muitos defendam que "no Futebol não há nada a ser inventado!" Até pode ser, mas, existem muitas coisas que podem ser feitas de outro modo muito mais produtivo. Assino o blog desde fevereiro de 2010, hoje são 150 postagens e 60.669 visualizações de página. E tudo isso por que? Essas 60 mil visualizações querem nos dizer o que?

Percebo que, nos tempos atuais existe uma grande rede de pessoas que tem o mesmo objetivo, olhar e compreender o futebol por um outro prisma. E esse prisma necessita de um estudo prévio. Necessitamos de um arcabouço teórico, e isso hoje é possível graças as tecnologias que nos auxiliam para buscar o conhecimento das mesmas, blogs, grupos de estudos virtuais, conversas via facebook, dentre outras.

Mas, como nem tudo é tão fácil quanto parece, como vocês podem observar na foto acima, a maioria (70%) dos livros que me possibilitam estudar o Futebol por outro prisma é de fora do país. Eu gostaria de agradecer publicamente a essas pessoas que me oportunizam ter essas leituras: ao meu grande amigo Professor Michel Huff (preparador físico diferenciado do FC Metalist Kharkiv da Ucrânia) com o qual iniciei essas leituras e observei o trabalho prático. Ao meu grande amigo Silvio Costa Sampaio (o qual está terminando o seu Doutoramento em Portugal mais especificamente em Porto) e através de outro amigo (irmão) Marco Ricardo Wagner (Rick) que encaminha os pedidos, posso ter leituras diferenciadas sobre futebol. Ao grande ícone da Periodização Tática, o Professor Jorge Maciel (que muito gentilmente me encaminhou um exemplar da obra Periodización Táctica VS Periodización Táctica). Este blog só existe graças a vocês e quem o assina é muito grato a todos!

Respondendo as questões levantadas no primeiro parágrafo: temos 60 mil acessos porque existem pessoas que gostam de estudar o futebol também (muito obrigado). E temos 150 postagens porque temos leituras de qualidade que nos auxiliam para tal.

Enfim, o ano de 2013 está terminando, sou muito grato a todos que acessam e/ou acessaram esse humilde veículo de comunicação sobre o Futebol. Que 2014 seja repleto de realizações a todos!

Sim. Estudar é preciso quando o assunto é Futebol! Concordo que a prática é importante, mas, não sem a teoria que o deve fundamentar!

Bons estudos e um feliz 2014 a todos!






domingo, 22 de dezembro de 2013

LIÇÕES DO MUNDIAL DE CLUBES DA FIFA









Chegou ao final ontem o Mundial de Clubes da FIFA 2013. E quais as lições que ficarão para o futebol dos clubes brasileiros? Pois, pela segunda vez em um período de quatro anos de disputa, um clube nacional perde para uma equipe africana de menor expressão no cenário mundial. Frustando assim, milhões de torcedores que esperavam uma disputa entre o campeão europeu e o campeão sul-americano. 

Após observar os jogos desse mundial e acompanhar alguns jogos do campeonato Brasileiro 2013, constatei que, existente uma discrepância muito grande entre o JOGAR futebol das equipes nacionais com as do resto do mundo (indiferente do seu continente). As nossas equipes esperam por lampejos individuais, por exemplo: "O Ronaldinho Gaúcho pode resolver a qualquer momento!" "A jogada de bola parada é a nossa arma!" Contextos que dependem mais do indivíduo do que da equipe (coletivo).

Enquanto isso, o resto do mundo já percebeu (e coloca em prática) o jogo como ele deve ser tratado, coletivamente. Não dissociando ataque da defesa (talvez por isso o Atlético-MG tenha dado tanto espaço para o Raja fazer a transição ofensiva da maneira como fez); não dissociando defesa do ataque. Sabendo que não tem tanta qualidade individual eles buscaram um algo mais, o coletivo. Mantendo suas linhas intersetoriais próximas (defesa próxima do meio-campo, meio-campo próximo do ataque, ataque ajudando para recuperar a posse da bola no mesmo setor da perda) formando um bloco, uma equipe compacta, que é o que o futebol dos dias de hoje no mínimo exige. E isso só pode ser observado com um certo nível de complexidade.

Talvez esse mundial de 2013 possa esclarecer algumas questões sobre o futebol que muitos profissionais no Brasil já conhecem (escrevem, disponibilizam, trocam informações) mas, alguns clubes ainda insistem em não observar. Entretanto, já começam haver algumas mudanças em clubes do primeiro escalão nacional, contratando treinadores que possuem esse olhar da complexidade que o JOGAR exige. Sucesso a esses profissionais! 

O futebol nacional de clubes precisa despertar, perceber que o perder e o ganhar vai muito além das orações pré jogos. Que o treinar durante a semana, tem que ser mais aproveitado para níveis coletivos (o que fazer em posse da bola, o que fazer sem a posse da bola, quantos atacam, quantos defendem, que os passes tem que ser realizados para superar linhas de jogadores adversários, entre outras questões). Esse mundial pode nos mostrar muitas lições, mas, apenas para aqueles que querem enxergar!

sábado, 28 de setembro de 2013

MOMENTOS DO JOGO E A FRACTALIDADE NO PLANO TRANSVERSAL


Com relação ao último post, tratei da questão da Fractalidade dentro do entendimento da metodologia de treinamento Periodização Tática. Entretanto, foi explanado apenas como utilizar a Fractalidade para conduzir a forma de criar os exercícios (jogos) dentro do contexto do Modelo de Jogo de cada treinador. Mas, será que a Fractalidade fica só nisso?

Segundo Campos (2008, p. 95) os diversos momentos do jogo (Organização Ofensiva, Transição Defensiva, Organização Defensiva e Transição Ofensiva) não podem ser vistos como estanques em si mesmos, isto é, eles dependem-se mutuamente e na construção dos princípios de cada um deles temos de ter em conta a ligação com os restantes sob pena de haver uma desarticulação comprometedora da qualidade de jogo. Ciente desta informação, como poderemos programar a nossa semana de treinos sem levar em consideração a Fractalidade Transversal. Para melhor compreensão Guilherme Oliveira apud  Campos (2008, p. 95) fala-nos de uma Fractalidade Transversal relacionada com todos os momentos do jogo, ou seja, os comportamentos pedidos, por exemplo no momento de Organização Ofensiva, levam em consideração o momento de perda da posse da bola e por conseguinte os momentos de transição para a defesa (pressionar o portador da posse da bola no mesmo setor da perda, isso não sendo possível, fechar os espaços para impedir a progressão da mesma em direção a baliza) e posteriormente entrar em Organização Defensiva. Desta forma, observamos que há uma interação entre os diferentes momentos e o que está a acontecer num determinado momento está a ter uma resposta baseada não só no sucesso do momento em causa mas também dos momentos subsequentes tal como um sistema de engrenagens, em que a inversão do sentido de uma delas implica uma resposta das demais visto que estão em interação permanente. 

ORGANIZAÇÃO OFENSIVA
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    TRANSIÇÃO OFENSIVA       TRANSIÇÃO DEFENSIVA
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    ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA    
                                                      
Com toda essa complexidade exposta, não consigo compreender como podemos estudar o Futebol (trabalhar, ser responsáveis por gerenciar o programa semanal de treinamentos, ministrar aulas e/ou palestras) tratando o futebol com superficialidade. Para adquirirmos qualidade de JOGAR necessitamos evoluir, para tal, necessitamos nos aperfeiçoar, olhar o futebol por outro prisma, e este, é o da complexidade que o Futebol exige. 

Pois, segundo Guilherme Oliveira (2004, p. 148):
"Independentemente da inter-relação dos momentos e da escala em que se possam evidenciar, eles devem manifestar as invariâncias que caracterizam os respectivos momentos, as suas interações e serem representativos da forma de jogar da Equipe."
Referências

CAMPOS, Carlos. A justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica: A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital. MCSports, 2008.

GUILHERME OLIVEIRA, José. (2004). Conhecimento Específico em Futebol. Contributos para a definição de uma matriz dinâmica do processo de ensino-aprendizagem/treino do jogo. Porto: J. Guilherme Oliveira. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.
 





segunda-feira, 26 de agosto de 2013

GEOMETRIA FRACTAL E OS EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO EM FUTEBOL

Foto

O termo Fractal foi instituído por Benoit Mandelbrot em 1975, para denominar uma classe especial de curvas definidas recursivamente que produzia imagens reais e surreais. Uma estrutura geométrica ou física tendo uma forma irregular ou fragmentada em todas as escalas de imediação. A Geometria Fractal estuda subconjuntos complexos de espaços métricos.

Segundo Stacey (2005) apud Campos (2008, p. 54) um fractal é uma parte invariante ou regular de um sistema caótico que pela sua estrutura e funcionalidade consegue representar o todo, independentemente da escala onde possa ser encontrado. Os fractais são representativos do todo pois têm uma constituição "genética" semelhante ao todo onde foi observado (Guilherme Oliveira, 2004 apud Campos, 2008, p. 54).

Observando a ilustração acima, temos a formação de dois triângulos na organização ofensiva inicial do FC Barcelona, formada pelos dois zagueiros centrais, o volante e os dois meias. Ou seja, subconjuntos complexos de espaços métricos (intersetorial). Isso é de suma importância para o Modelo de Jogo da equipe mencionada, pois, joga com posse de bola e para que isso ocorra com efetividade impreterívelmente, deve formar estruturas geométricas como triângulos e losangos para ter efetividade com esse tipo de jogo.

À importância do processo de treinamento nisto é a manifestação regular de um padrão. Ou seja, que estas situações aconteçam durante as sessões de treinamento, sendo assim, ocorrerá um melhor aproveitamento da semana de treinamento, buscando uma forma de jogar que identifique determinada equipe. Justificando isso, Guilherme Oliveira (2004, p. 146) afirma que:
"O processo de treino deve ser construído através de uma organização fractal no sentido de se manifestarem através de invariâncias/padrões fractais nas diferentes escalas de manifestações-invariância de escala - tanto ao nível dos padrões de comportamento como ao nível da produção do processo."
O padrão de comportamento se refere ao Modelo de Jogo da equipe, trabalhado durante a semana de treinamentos (padrões coletivos, individuais, setoriais, intersetoriais e as suas interações). Guilherme Oliveira (2004, p. 130) enfatiza o padrão semanal, o padrão diário e o padrão de exercícios propostos sendo que é a conjugação de todos estes padrões que vai permitir que o carácter caótico do jogo seja organizado, reconhecido e transformado o mais possível nas invariâncias/padrões Específicos da equipe.

Em conformidade com isso, utilizo um exercício para simular a mesma situação observada na ilustração do FC Barcelona com as minhas equipes.

 

 Grupos com cinco jogadores (dois centrais, o volante e dois meias). A bola sai de um dos centrais em direção ao volante que se desloca em direção a bola e de primeiro toque, passa ao outro central (se deslocando para o lugar do central que iniciou o trabalho) o central, passa a bola ao outro central que se desloca para receber a bola no ponto futuro. A situação se repete no outro lado.

Após a devida assimilação destes padrões, podemos aumentar a complexidade do exercício criando um jogo fractal para que essa situação aconteça e alguma pontuação lhe seja atribuída para cada vez que aconteça (Alternância Horizontal em Especificidade, Princípio da Progressão Complexa em Especificidade, Princípio das Propensões e Princípio Hologramático). Tudo isso faz parte de uma semana proveitosa de treinamento em futebol. Há não observância disso, deixa muitas lacunas na forma de aproveitamento da semana de treinamentos.

Referências

CAMPOS, Carlos. A justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica: A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital. MCSports, 2008.

GUILHERME OLIVEIRA, José. (2004). Conhecimento Específico em Futebol. Contributos para a definição de uma matriz dinâmica do processo de ensino-aprendizagem/treino do jogo. Porto: J. Guilherme Oliveira. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.


domingo, 18 de agosto de 2013

METODOLOGIAS DE TREINAMENTO EM FUTEBOL E AS DERROTAS


Existem muitas formas de se treinar a modalidade de futebol. Temos, as que são tradicionais e descontextualizadas do jogo (analítico-sintético) e as, modernas (abordagem sistêmica, Periodização Tática) que trabalham em conformidade no treino o que acontece no jogo. Eu, particularmente sou adepto das   metodologias modernas desde 2009. 

Percebo que, a certa resistência existente em adotar as formas de se treinar futebol em conformidade com que o acontece no jogo, por causa de um certo receio e desconhecimento do que acontece durante o jogo. O que quero dizer com isso. Muitos, que trabalham com o treinamento de futebol, desconhecem por exemplos os momentos do jogo: organização defensiva, transição ofensiva, organização ofensiva, transição defensiva (além das bolas paradas). E, para operacionalizar o seu treinamento de forma mais próxima do jogo esses momentos são primordiais. 

Entretanto, quando acontecessem as derrotas (muitas delas) decisivas, certos comentários surgem, querendo insinuar que certa forma de treinamento não resulta em títulos, e as formas mais tradicionais são exaltadas. 

Possuo pouca experiência ainda como treinador de futebol, mas, já tenho certeza de uma coisa, é preciso jogar para operacionalizar o seu treinamento. A partir do que acontece no jogo o treinador deve diagnosticar e trabalhar as deficiência durante a semana para o próximo confronto, e/ou oportunizar a manutenção das situações positivas na equipe.

Dessa forma, metodologia de treinamento em Futebol mistura ciência e arte. Deve-se observar e diagnosticar antes de atuar. Com um metodologia que você compreenda. 

    

domingo, 14 de julho de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA

 
 
Jogo Conceitual para Organização Defensiva
Princípio: Compactação;
 
Subprincípio: Fechamento das linhas e definição do bloco de pressão;
 
Subprincípios de Subprincípios: Aproximação e equilíbrio entre as linhas;
 
Complexidade: 3 (média);
 
Tempos: 3 X 3'30";
 
Materiais: Discos, coletes, cones e bolas;
 
Descrição
 
Número de jogadores: 10;
 
Jogo conceitual 5:5. Onde o objetivo é marcar o gol entre os três cones. A equipe em Organização Ofensiva deve, manter e circular a posse da bola para finalizar sem oposição entre os três cones na área demarcada, mas, sem ultrapassar os discos demarcatórios. A equipe em Organização Defensiva, deve compactar as duas linhas e manter próximas (constantes coberturas defensivas) e apenas dois jogadores podem ultrapassar os discos demarcatórios para evitar que a bola ultrapasse a linha de cones.
 


segunda-feira, 1 de julho de 2013

O ERRO E A INIBIÇÃO: CAUSAS DA MÁ FORMAÇÃO

 
 
 
Observando o jogo de hoje, final da Copa das Confederações FIFA 2013 entre Brasil e Espanha, uma das muitas situações que me chamou a atenção foi: a ótima formação que teve o Neymar Jr.
 
Pois, quem trabalha com treinamentos de formação deve ter passado por alguma situação parecida a de que, não é adimissível erros. Principalmente, quando o jogador iniciante tenta realizar um chute de perna não dominante e erra. Lá vem o treinador dizer que: "domina, coloca o pé esquerdo no chão e chuta com a perna boa." Além de, não aceitar o erro ele está com esta atitude, inibindo o jogador de ter as situações para melhorar a sua habilidade de chutar também com a perna não dominante. E, quem nunca ouviu um treinador bradar a beira do campo: "Tá Errado, Tá Errado ..." Precisamos oportunizar reforços contingentes, que dizem respeito ao que está errado e/ou certo. Para a melhor compreensão dos jogadores e não gerar mais dúvidas a eles. 
 
Temos que ter a consciência de que, nós profissionais que estamos a frente desse processo de formação de jogadores de futebol, temos como obrigação, estimular esses jovens a progredirem dentro desse processo através da operacionalização dos treinamentos (táticos, técnicos, físicos, psicológicos). Desta forma, o erro é aliado e a inibição não pode fazer parte do processo. Uma forma de atuação é o feedback interrogativo que auxilia o jogador a tomar as melhores decisões num futuro próximo, onde ele poderá avaliar e selecionar a sua resposta com as anteriores e a intervenção feita pelo treinador.
 
Lembrando que, Neymar Jr. tem apenas 21 anos e tem muito a evoluir! Mas, já representa uma liderança dentro da Seleção Brasileira.
 
   
 
 



domingo, 23 de junho de 2013

O JOGO PELO JOGO: SIGNIFICADO DE AUSÊNCIA DE SENSO TÁTICO

 
 
Todos nós sabemos que o futebol é um Jogo Desportivo Coletivo (JDC) eminentemente de essência tática e de posse de bola. Mas, alguns esquecem outro fator primordial, que o futebol é um jogo de controle dos espaços.
 
Hoje, está em alta o processo de ensino aprendizagem treinamento (E-A-T) em futebol em forma de jogos (inclusive a abordagem deste humilde veículo de comunicação propõem isso). Entretanto, não podemos deixar passar em despercebido que, o jogo pelo jogo significa ausência de senso tático dos jogadores. Pois, jogos onde os jogadores os realizam e não tem obrigações funcionais, prejudicam a sua aprendizagem, principalmente tática.
 
Todos os jogos devem conter objetivos táticos (individuais e coletivos), controle dos espaços setoriais e intersetoriais (lado forte, lado fraco, espaço, setor defensivo, setor de meio defensivo, setor de meio ofensivo, setor ofensivo). Pois, sem essas referências formaremos jogadores apenas centrados no móbil do jogo e com sérias dificuldades de entenderem o que fazer sem a bola (o que exige muito senso tático) tanto na organização defensiva, nas suas transições e na organizaçção ofensiva.
 
O jogo pelo jogo, pode mascarar muitas deficiências, temos que ter em mente, a objetividade desses jogos utilizados. E isso dependerá do material humano disponível (quanto mais jovem o jogador mais susceptível a mudanças, quanto mais experiente a situação se inverte).
 
E isso, dependerá da estrutura de trabalho que a Comissão Técnica escolherá (metodologia de treinamento e o seu entendimento) para proporcionar essa evolução tática nos jogadores da sua equipe. Do contrário, apenas jogar não auxila no desenvolvimento de um senso tático por parte dos jogadores. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA A ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA E TRANSIÇÃO OFENSIVA

 
Retirado da Editora MCSports do seu canal no YouTube.

Jogo que utilizo com algumas adaptações para o meu Modelo de Jogo na terça-feira.  

domingo, 26 de maio de 2013

FORMAÇÃO DE ZAGUEIROS: A SUA IMPORTÂNCIA NA ORGANIZAÇÃO OFENSIVA

 
 
Assitindo a final da UEFA Champions League (UCL) o que me chamou a atenção foi, a maneira como os zagueiros lidam com a bola na saída de jogo. Muita tranquilidade, os goleiros passam a bola para um dos zagueiros, que se posiciona sempre na lateral da área penal (sempre de frente para o campo adversário) e começam a construir a Organização Ofensiva com passes curtos e triangulares com os volantes ou os laterais.
 
A confiança dos goleiros (e/ou orientação para não rifarem a bola no tiro de meta), mas, que saiam jogando com os zagueiros (oportunizada nos treinamento), nos mostra que, as equipes possuem uma forma característica de jogo bem definida. Priorizando a Organização Ofensiva com a saída de bola nos zagueiros.
 
Voltando a questão da formação, observo que a maioria dos jovens que jogam nesta posição, dificilmente são orientados para trocar passes com os companheiros de meio-campo, observo muita "afobação" e rifadas de bola na primeira situação problema que aconteça (pressão do atacante). Me parece que há uma ideia de que, se o menino é habilidoso, tem que jogar mais adiantado e se, for mais "robusto" ou "truculento" tem que jogar mais recuado. Para chutar a bola o mais longe possível no tiro de meta, intimidar os atacantes adversários com força ou apenas afastar o perigo da área.
 
Os zagueiros são peças fundamentais na Organização Ofensiva de uma equipe, por que, além de possuírem capacidades táticas como: sentido de cobertura, posicionamento e domínio do espaço, entre outras. É preciso ter também, noção de que o ataque começa após uma ação defensiva sua. Pergunto, em qual área do campo acontece o maior número de bolas recuperadas em uma partida de futebol?
 
No Setor de Meio Defensivo (SMD) e no Setor de Transição Ofensiva (STO). Que respectivamente são, linhas imaginárias no campo de jogo logo após a linha de meio-campo e o setor à frente da área penal. Na final de ontem da UCL o campeão FC Bayern München no 1º tempo da partida recuperou 22 bolas nestes setores do campo. Sendo 14 no Setor de Transição Ofensiva e 8 no Setor de Meio Defensivo (áreas ocupadas pelos zagueiros em equipes que jogam compactas). Total no 1º tempo de 32 bolas recuperadas. Onde, 6 foram recuperadas no Setor de Meio Ofensivo e 4 no Setor Defensivo (dentro da área penal). Por isso, os zagueiros tem que saber da sua importância para a Organização Ofensiva da equipe, pois, se eles souberem que a partir de ação inicial sua, pode ser construída uma chance de gol e/ou acontecer o gol, temos que enaltecer também os jogadores que iniciaram a jogada. Essa é a importância da formação, mostrar a real importância do coletivo.
 
No entanto, se o zagueiro só dá chutão, dificilmente esses dados apresentados terão importância. E os gols continuarão sendo obras divinas dos deuses ou única e exclusivamente dos atacantes habilidosos. Pois, a maioria sempre observa o final da jogada!
 
 


sexta-feira, 24 de maio de 2013

NEUROCIÊNCIAS E A COMPLEXIDADE CEREBRAL DO TREINO EM FUTEBOL DE JOVENS

 
 
Quando pensamos em treinamento de futebol, isso nos remete a trabalhos físicos. Que os músculos devem estar bem preparados, a capacidade cardiorrespiratória em sua plenitude, entre outros.
 
 
Mas, se analisarmos que órgão que comanda todo esse sistema complexo que é o ser humano, nos deparamos com o cérebro. Sendo assim, os grandes jogadores, na sua maioria, iniciaram os seus treinamentos antes dos 12 anos. Isso era atribuída unicamente à “plasticidade sináptica” do cérebro infantil, explicando, a uma maior facilidade para mudanças sinápticas de acordo com a experiência de fato observada em animais jovens. Após a infância, essa plasticidade diminuiria, à medida que a maquinaria molecular das sinapses fosse substituída pela versão adulta, tornando o aprendizado mais difícil (Herculano-Houzel, 2005).
 
 
No entanto, quem nunca ouviu sobre a “idade de ouro” da aprendizagem (6 a 11 anos). Essa fase seria exatamente o que relatei anteriormente, uma melhor época para aprender determinadas habilidades motoras. Após essa idade, há uma alteração drástica no cérebro adolescente que pode explicar o desempenho excelente adquirido até a puberdade, mas, não depois: a redução dos núcleos da base (gânglios da base) (Herculano-Houzel, 2005).
 
 
Segundo Herculano-Houzel (2005), os núcleos da base são estruturas que ocupam a porção mais interna do cérebro, sob o córtex dos dois hemisférios. Embora não comandem diretamente os movimentos, eles geram e armazenam programas motores complexos como auxiliares para o córtex, e têm por isso uma função fundamental no aprendizado motor.
 
 
Segundo Kornhuber (1974); Grillner (2008) apud Silveira (2010), a execução de um movimento “encomendado” por outras regiões do sistema nervoso depende da interação entre o córtex cerebral, os núcleos da base e o cerebelo. Existem evidências que o processamento de informação em várias áreas do córtex cerebral leva à emissão de comandos motores pelas regiões motoras corticais e que então esses comandos são convertidos em programas ou padrões motores para a efetuação do movimento em coordenadas espaço-temporais. Esses programas motores são gerados por estruturas subcorticais, situadas no cerebelo e nos núcleos da base, de tal forma que os movimentos rápidos são pré-programados pelo cerebelo no que diz respeito ao momento e à duração da atividade, enquanto que os núcleos da base exercem papel semelhante nos movimentos lentos executados numa gama de movimentos (Kornhuber, 1974; Mink, 2008 apud Silveira, 2010). Finalmente, para aqueles movimentos que necessitam de análise sensorial sofisticada dos objetos, os padrões originados pelo cerebelo e núcleos da base são processados e refinados posteriormente no córtex cerebral (Mauk e Trach, 2008 apud Silveira, 2010).  
 
 
Após esses relatos, percebe-se a importância que os treinamentos de futebol na mais tenra idade têm, com o repertório motor. Pois, para o desenvolvimento, ou a qualidade das capacidades coordenativas, o repertório motor passa a ser um fator determinante, porque cada movimento, por mais novo que seja, é sempre executado com base em típicas combinações de coordenação (Harre, 1976 apud Weineck, 2005). Entretanto, o que explicaria a preocupação de algumas pessoas ligadas a treinamento em futebol de jovens que se preocupam tanto com a parte física?
 
 
Paul Thompsom e sua equipe (2003) apud Herculano-Houzel (2005) explica que, uma das estruturas que formam os núcleos da base, o caudado, perde 20% da sua substância cinzenta logo no começo da adolescência, entre 8 e 11 anos, e chega ao seu formato “maduro” mais ou menos aos 13 anos. Se o aprendizado motor envolve a ação coordenada do córtex e dos núcleos da base, a execução de sequências novas de movimentos (drible) requer o comando e a supervisão constantes do córtex motor. Mas à medida que elas são aprendidas e “cristalizadas”, essas sequências são transferidas para o controle dos núcleos da base. No entanto, habilidades motoras aprendidas até o início da adolescência encontrarão um caudado ainda rico em possibilidades sinápticas, o que talvez explique por que os jovens que aprenderam o futebol até os 12 anos parecem ser “talentos naturais” (Herculano-Houzel, 2005).
 
 
Então, todos os envolvidos com treinamento de futebol de jovens (até os 12 anos) encontra-se em uma ótima situação para desenvolver sequências motoras novas, o que, futuramente oportunizará jogadores mais criativos motoramente para uma equipe implantar o seu Modelo de Jogo.
 
 
Referências
 
 
HERCULANO-HOUZEL, S. O Cérebro em Transformação. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
 
 
SILVEIRA, L.C.de L. Neurociência e Futebol: fatos e mitos. Neurociências, vol. 6 nº 1 jan/mar de 2010.

WEINECK, J. Biologia do Esporte. Barueri, SP: Manole, 2005


domingo, 28 de abril de 2013

TESARAC E O FUTEBOL BRASILEIRO

TESARAC!
 
 
O que será que o termo Tesarac tem haver com o futebol brasileiro? Primeiro, vamos explicar o que significa o termo Tesarac:
 
Tesarac quer dizer mudança profunda. Daquelas tão profundas que nos tiram o norte.
Tesarac, o neologismo, foi criado pelo poeta americano Shel Silverstein. Ele era um bom sujeito de talentos múltiplos, talvez um quê excêntrico, que teve a boa sorte de chegar ao auge da criatividade nos anos 1960. Poeta, mas também cartunista da revista "Playboy", músico, autor teatral, escritor de livros infantis. Seus cartuns são reconhecidos por uma geração inteira de americanos.
 
Silverstein teve uma filha, Shoshanna. A mãe de Shanna morreu quando a menina tinha cinco anos. E ela se foi quando tinha onze, vítima de um aneurisma cerebral, em 1982.
 
Tesarac, para o poeta que cunhou a palavra, era isso: um vácuo. Um evento tão brutal e aterrador que transforma a vida. A única coisa que um pai sabe, nessa hora, é que tudo será muito diferente.
 
Então, qual a sua ligação com o futebol brasileiro? Algumas pessoas ainda insistem em usar o termo "o Brasil é o país do Futebol". Mas, com o passar dos tempos, estamos a cada dia mais nos acostumando há observar países e clubes estrangeiros exibindo um futebol mais atraente de ser visto. Por exemplo, alemães e espanhóis. E, até o Chile, a duas temporadas atrás possuía um grande clube, a Universidad de Chile, sendo comparada ao FC Barcelona, pelo seu futebol apresentado.
 
Lógico, temos o SC Corinthians Paulista, campeão do Mundo de Clubes pela FIFA. Mas, o SC Corinthians Paulista tem um treinador com uma visão diferente da maioria dos que estamos acostumados a ver atuando em grandes equipes brasileiras.
 
O nosso problema continua a ser vertente metodológica científica que nos norteia. Ainda sofremos muita influência da ciência clássica (analítico/cartesianismo). Muitos clubes de futebol (categorias de base) possuem treinadores pautados nessa linha de pensamento e atuação na hora de planejar as suas sessões de treinamento. Disputando campeonatos aqui na minha região, ouço alguns absurdos proferidos pelos comandantes das equipes adversárias (na sua grande maioria, pessoas sem nenhuma formação, nem acadêmica e nem de cidadão), exigindo e cobrando na hora do jogo das crianças, princípios que até os próprios desconhecem. Eles proferem que o "Futebol é fácil", argumentando que é "só olhar como o Joãozinho faz e fazer igual". Isso explica o por que, muitas pessoas não vão mais aos estádios para assistir os estaduais, vaiam a seleção brasileira, entre outros assuntos relacionados ao futebol.
 
Segundo Tani e Corrêa (2006, p. 16), existem duas condições que necessitam ser atendidas para que o procedimento analítico possa ser aplicado:
 
a) a ausência de interações entre os componentes do sistema ou, caso existam, serem suficientemente fracas para que possam ser desprezadas, e
 
b) as relações que descrevem o comportamento das partes sejam lineares. 
 
Pergunta-se:
 
1) Será que o fundamento de uma modalidade esportiva praticado isoladamente manteria correspondência com aquele executado em uma situação de jogo?
 
2) Até que ponto aprender partes ou componentes (fundamentos) individualmente estaria associado à aprendizagem do jogo?
 
Os autores citados anteriormente, citam Bertalanffy (1977):
Pode-se afirmar que a interação é um conceito-chave no pensamento sistêmico, da mesma forma que o conceito de análise é fundamental na ciência clássica, significando que uma entidade pode ser estudada separando-a em partes e, por conseguinte, pode ser constituída ou reconstituída pela reunião dessas partes.
Nessa citação fica evidente que, alguns pensam que, um sistema pode ser separado em componentes sem perder as suas características essenciais.  
 
Quando me refiro ao Tesarac e o futebol brasileiro, é isto, necessitamos de uma transformação profunda para não continuarmos no vácuo que já nos encontramos!
 
Referência
 
TANI, G. e CORRÊA, U. Esportes Coletivos: Alguns desafios quando abordados sob uma visão sistêmica. In Dante de Rose Jr. (Org.) Modalidades Esportivas Coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, p. 15 - 23.
 
 
 
 
 

sábado, 6 de abril de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA RETIRADA DO SETOR DE PRESSÃO AO PRIMEIRO PASSE

Princípio: Valorização da Posse da Bola e Retirada do Setor de Pressão;
 
Sub-Princípio: Mecanismos de saída;
 
Complexidade: 3 (Média Alta);
 
Objetivo: No primeiro momento da transição ofensiva ter como preocupação retirar a bola da zona de pressão e objetividade na circulação da bola, ou seja, progressão da bola.
 
Tempos: 4 X 5'.
 
Adaptação Biológica: Resistência Específica;
 
Materiais: Discos, coletes e bolas;
 
Descrição
 
Número de Jogadores: 12 (6:6) Dimensões do Campo 1/2.
 
Jogo Conceitual 6:6 com o objetivo de fazer a bola chegar na zona alvo do campo para um colega. O campo é dividido em três corredores e três setores constituindo-se esta divisão em nove zonas diferentes. No momento de recuperação da posse da bola, é obrigatório retira-lá rapidamente (ao primeiro passe) da zona onde foi recuperada.
 
P.S.: Jogo retirado do livro de Carlos Campos, A Justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica: a singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital.
 
 


domingo, 24 de março de 2013

MODELO DE JOGO - EXISTE IDADE PARA A SUA IMPLANTAÇÃO?

 
 
 
Estamos nos acostumando a ouvir esse termo, Modelo de Jogo. Modelo de Jogo de uma forma simplificada, seria a forma como a equipe atua (padrão de comportamento dos jogadores) em conformidade com a ideia do seu treinador dos Princípios e Subprincípios do JOGO, sendo assim, dando uma identidade (DNA) a essa equipe.
 
Mas, em se tratando de treinamento de crianças e adolescentes, existe uma idade para a sua aplicação? Em fevereiro, tive a oportunidade de conversar alguns minutos com o Professor Dr. Wilton Carlos de Santana (www.pedagogiadofutsal.com.br) sobre esse assunto, ele me indagou sobre qual a idade para começar a trabalhar o Modelo de Jogo? Eu o respondi que já inicio o processo com os meninos do Sub - 13. Vamos as explicações.
 
Para poder afirmar isso, terei que me embasar em autores que trabalhem o desenvolvimento perceptivo-motor. Williams (1983 apud Gallahue e Ozmun, 2005, p. 309) relatou que a acuidade visual dinâmica torna-se crescentemente refinada durante três faixas etárias: de 5 anos a 7 anos; de 9 anos a 10 anos e de 11 anos a 12 anos de idade. E, que a percepção de movimento exata continua a se desenvolver até cerca dos 10 anos a 12 anos de idade. Qual a relação da acuidade visual com o Modelo de Jogo? Se pretendo que a minha equipe mantenha o bloco defensivo sempre próximo, necessito entender que essa etapa do desenvolvimento perceptivo-motor só tem uma grande melhora após os 12 anos de idade. E, os autores relatam ainda que, os meninos demonstram melhor acuidade visual (tanto dinâmica como estática) do que as meninas em todas as idades. Então, para o futebol feminino o tempo será outro.
 
Pautados em Piaget (1964b, 1974 apud Fonseca, 2008, p. 90-91), observamos que o Estágio do Desenvolvimento Intelectual da criança de 7 anos a 11 anos encontra-se na Inteligência Concreta (Operacional), que significa, pensamento lógico, classificações, seriações, acabamento de certos sistemas de conjunto, cooperação lúdica, combinação entre o figurativo e o operacional. Fatos esses, que corroboram a não implantação do Modelo de Jogo para essas faixas etárias. Seguindo, os autores afirmam que, após os 12 anos de idade, encontra-se a Inteligência Abstrata (Formal), que implica em, generalização e abstração, o pensamento já assente sobre enunciados verbais, opera por meio de conjugação espaço-temporais, reciprocidade nas operações mentais. Fatos que corroboram a utilização de uma implantação do Modelo de Jogo a partir dos 13 anos de idade.
 
Por outro lado, de acordo com Cruyff (2002 apud Maciel, 2008, p. 294) até os 14 anos de idade é fundamental deixar os jovens jogar e desfrutar, uma faixa etária igualmente sugerida como referencial  por Marisa Gomes, que sugere que sobretudo até esse período, às crianças deve ser proporcionada uma "variabilidade cultural".
 
Sabemos que, antes dos 13 anos e 14 anos de idade as crianças são egocêntricas. Segundo Maciel (2008, p. 295) assim, as idades anteriores a isso são ótimas para desenvolver a Relação com a Bola, e que posteriormente o expressem de forma exponenciada submentendo-o e sustentando-o num jogar mais complexo alicerçado num plano coletivo. A Aculturação a esse jogar (Modelo de Jogo), como forma prioritária apenas se deverá verificar em idades mais adiantadas, momento em que a lógica do processo, se reverte. Isto é, a dominância deverá deixar de ser sobre o plano individual, para se centrar predominantemente, nas questões relacionadas com a Organização de Jogo, as quais comportam outra ordem de complexidade, para a qual os jovens deverão encontrar-se preparados. Maciel (2008) cita Meinel (1984) resaltando que, daí a sugestão dos 14 anos de idade, atendendo às características padronizadas desta faixa etária nos parecendo mais ajustada.
 
Lógico que, o treinador deve ter conhecimento que alguns meninos terão essa possibilidade antes ou após essa faixa etária. O treinador é o responsável, pois, esse momento de transição não deve ser igual para todos os jogadores. Quando é que cada jogador se encontra em nível de assimilar um nível de complexidade de jogo diferente, menos centrado no Eu e na bola, passando deste modo, do "jogar bola" para o "Jogar Futebol" (Maciel, 2008, p. 295).
 
Eu acredito que com 13 anos de idade isso seja possível! E, em idades mais precoces devemos ainda apresentar alguns Princípios básicos do Jogo de Futebol as crianças como:
  • Largura e Profundidade do campo;
  • Refutar a inferioridade numérica;
  • Evitar a igualdade numérica; e
  • Criar superioridade numérica.

Sem isso, ficará mais difícil a implantação do Modelo de Jogo posterior. 

Referências

FONSECA, V. da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.

GALLAHUE, D. L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3 ed. São Paulo: Phorte, 2005.

MACIEL, J. A(In)(Corpo)r(Acção) Precoce dum jogar de Qualidade como Necessidade (ECO)ANTROPOSOCIALTOTAL: Futebol um Fenómeno AntropoSocialTotal, que "primeiro se estranah e depois se entranha" e ... logo, logo, ganha-se! Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário na opção de Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2008.

sábado, 16 de março de 2013

A ESSÊNCIA... GERIDA EM ÚTEROS ARTIFICIAIS

 
 
Já não é novidade para ninguém que, o Futebol de Rua era o grande formador de jogadores num passado não muito distante. Rinus Michels treinador holandês, que no ano de 1985, foi eleito pela FIFA, o melhor treinador do século XX, refere que o Futebol de Rua é o modo de aprendizagem mais natural que se conhece.
 
Segundo Maciel (2008), Michels (2001), procurando desenvolver um Modelo de Formação para o seu país, capaz de se assumir como uma alternativa para o Futebol de Rua, constatou que a grande diferença entre as práticas de outrora e as da altura residia ao nível de tempo de prática. Pois bem, traçando um paralelo, hoje temos as Escolas de Futebol, que, corroborando com Maciel (2008), podem ajudar na criação de Úteros Artificiais. 
 
Mas, qual é o primeiro problema? No Futebol de Rua a quantidade de horas praticadas era próxima de 25 horas semanais. Nas Escolas de Futebol (na sua quase totalidade) teremos três sessões de treinamentos semanais com, 1h15min. há 1h30min. aproximadamente. O que resulta por volta de 4h30min. semanais de prática. Mesmo que esses praticantes, tenham algumas outros horas durante a semana dedicadas a prática do Futebol, não teremos a mesma quantidade de horas que existia com a prática do Futebol de Rua de antigamente. Pois, é notório que hoje, a carga torrencial de matérias e de horas letivas que a escola crescentemente impõe aos estudantes impossibilita essa grande quantidade de prática de futebol.
 
Cientes disso, o que nós Profissionais envolvidos no processo e responsáveis pelo papel de moderadores e facilitadores da aprendizagem devemos fazer? Se a quantidade de horas prática não nos é suficiente, a qualidade tem que ser. Pois, segundo Tamarit (2007), apesar de ser a quantidade algo necessário, é fundamental que o treino seja de qualidade.
 
Essa qualidade depende do treinador, pois, mesmo sendo o Futebol de Rua uma maneira ótima para o processo ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) do futebol, não podemos nos esquecer do que relata Rink (2001):
 Nem sempre o aluno (jogador) está pronto para construir as suas próprias aprendizagens, principalmente quando é confrontado com assuntos completamente novos, sem pontos de referência, em situações de descoberta não guiada, isto é, sem qualquer orientação por parte do professor.
 
 Outro problema que observo, é que em Escolas de Futebol que se pautam nas metodologias convencionais, não há espaço para o erro. Segundo Tani (2005 apud Maciel, 2008, p. 291), creditam que o processo de aprendizagem se constitui como sendo uma sucessão de respostas corretas, ignorando-se deste modo que o erro é intrínseco ao Homem, sendo mesmo determinante para a construção do conhecimento.
 
Para que as Escolas de Futebol possam ser mesmo uma alternativa para o Futebol de Rua (Úteros Artificiais), segundo Michels (2001) Fonseca (2006) Tamarit (2007) apud Maciel (2008, p.292):
O Futebol de Rua pode considerar-se como o processo mais natural de Aprendizagem do Jogo, uma vez que através das várias vivências que proporcionava, permitia que os Jogadores aprendessem com os erros cometidos, desenvolvendo consequentemente o seu Talento. No Futebol de Rua, aprende-se com os erros, fato que permite uma Aprendizagem pessoal com base nestes, que vão contudo coabitar com a adaptabilidade aumentada dos Jogadores. Por esse motivo, a intervenção do treinador deverá guiar o Jogador no sentido deste Aprender por si próprio, e não proibir ou punir o erro.
 
Espero que tenha conseguido passar a mensagem.
 
Referências
 
MACIEL, J. A(In)(Corpo)r(Acção) Precoce dum jogar de Qualidade como Necessidade (ECO)ANTROPOSOCIALTOTAL: Futebol um Fenómeno AntropoSocialTotal, que "primeiro se estranah e depois se entranha" e ... logo, logo, ganha-se! Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário na opção de Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2008.
 
RINK, J. Investgating the assumptions of pedagogy. Journal of Teaching in Physical Education, 20, 2, 112-128. 2001.
 
TAMARIT, X. Que és la "Periodización Táctica"? Vivenciar el juego para condicionar el Juego. MCSports, 2007.
 

 
 
 




sábado, 9 de março de 2013

A MACROESTRUTURA DO PROCESSO DE PREPARAÇÃO DOS TREINADORES EM FUTEBOL

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Fazendo um paralelo com a Teoria e Metodologia do Treinamento Desportivo (TMTD), sobre a macroestrutura do processo de preparação de desportistas, todos, temos conhecimento que existem etapas há serem cumpridas para obtermos jogadores com qualidade. Segundo Platonov (2008) essas etapas são:
 
1. Etapa da Preparação Inicial;
2. Etapa da Preparação Básica Preliminar;
3. Etapa da Preparação Básica Especializada;
4. Etapa da Preparação para Obtenção dos Melhores Resultados;
5. Etapa da Concretização Máxima das Capacidades Individuais;
6. Etapa da Manutenção da Alta Maestria;
7. Etapa de Diminuição Gradual dos Resultados; e
8. Etapa de Encerramento da Carreira Desportiva de Alto Nível.
 
Pergunto: existe uma Macroestrutura do Processo de Preparação dos Treinadores em Futebol no Brasil?  
 
Sei que, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) oferece um curso para formação de treinadores na Granja Comary, com diferentes níveis de atuação, tais como, Escola de Futebol e Categorias de Base até há atuação no Futebol Profissional. Mas, não sei qual a validade disso, pois, como é do conhecimento de todos, no Brasil qualquer pessoa pode ser treinador de futebol. Com formação, ou, sem formação alguma.
 
Na edição do Footecon de 2013, Eduardo Conde Tega (Diretor Executivo da Universidade do Futebol), apresentou uma palestra sobre a formação do treinador de futebol na Europa, nesta fala, ele apresenta o quanto é diferente essa Macroestrutura de Formação para a atuação de técnicos de futebol na Europa em relação ao Brasil.
 
Observando isso, alguns questionamentos surgem. Apenas referente a Organização Defensiva e a sua eficácia. Para assegurarmos uma correta Organização Defensiva, é conveniente que os treinadores se façam uma série de perguntas que possam esclarecer muitas coisas:
 
1. Que tipo de marcação é mais efetiva diante da Organização Ofensiva que apresenta o adeversário?
2. Que problemas podem surgir em relação ao tipo de marcação que escolhemos?
3. É possível tirar vantagem ofensiva após uma correta atuação defensiva?
4. Possuo os jogadores com características para desempenhar tal função defensiva?
5. Conheço os Princípios Fundamentais do Futebol e implanto-os na minha equipe?
 
Lembrando que o Jogo de Futebol acontece num âmbito sistêmico aleatório, assim, teremos que nos preocupar em defender, atacar e transitar entre esses dois momentos, sem dissociá-los (fragmentá-los).
 
"Quem só teoriza, não sabe. Quem só pratica, repete. O saber nasce da conjugação da teoria e da prática."

 (Manoel Sérgio)
 
Referência

PLATONOV, V. N. Tratado geral do treinamento desportivo. São Paulo: Phorte, 2008.

 
 
 


domingo, 17 de fevereiro de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA A "PAREDE" E FINALIZAÇÃO DE MÉDIA DISTÂNCIA

Jogo Conceitual para a Parede e Finalização de Meia Distância
Princípio: Preparação para a Finalização;

Sub-Princípio: Momentos da Finalização;

Complexidade: 2 (Média);

Objetivo: Introduzir o conceito de "Parede" (jogar de costas para o gol) para os atacantes, e assim, realizem o passe para trás, para o meia finalizar de média distância.

Tempos: 6 X 5';

Adaptação Biológica: Força Específica;

Materiais: Discos, coletes e bolas.

Descrição

Número de Jogadores: 18 (3:1:4 + 1 goleiro para cada equipe)    Dimensões do campo: 1/2.

Jogo Conceitual, onde o campo de jogo deve ser dividido em três setores (1,2 e 3). No setor 1, jogam os 3 zagueiros, o goleiro e os 4 atacantes adversários. No setor 2, jogam 1 meia de cada equipe. No setor 3, repete a mesma ordem do setor 1, sendo da equipe contrária.

O goleiro deve sair jogando com um dos zaguieros, que terá que realizar um passe longo (lançamento) até o setor 3, sem tocar na grama do setor 2. Do setor 3, um dos atacantes realizará a "parede" e fará o retorno para o meia finalizar de meia distância (de fora da área penal) sobre oposição do meia adversário.  

domingo, 10 de fevereiro de 2013

PERIODIZAÇÃO TÁTICA vs MODELO DE CARGAS SELETIVAS

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"...havia a ciência Newtoniana. E, Ludwig von Bertalanffy disse: deixe o sistema todo ser maior do que a soma de suas partes. Norbert Wiener acrescentou: deixe o feedback negativo e positivo fluírem por todo o sistema. Ross Ashby falou: deixe o sistema ter a quantidade de variedade necessária para interagir com seu ambiente. E nasceu a teoria geral de sistemas." (Ward, 2002)

Vítor Frade (1990) reconhece que o futebol é um jogo de dinâmicas cuja invariante estrutural é a Interação. Partindo desta perspectiva, o jogar é uma totalidade que resulta das interações dos jogadores e por isso, não deve ser interpretado como um somatório de acontecimentos aleatórios porque se inscreve num contexto coletivo.
 
Esta lógica faz-nos reconhecer que o determinismo causa-efeito (institucionalizado pelo behaviorismo de Watson) não permite apreender os efeitos das decisões no sistema ou seja, retrata uma realidade distorcida e carenciada das relações e dos efeitos que cada comportamento induz na dinâmica do jogar porque a comunicação visual, a linguagem, a gestualidade corporal, a sugestão, a imitação, as reações de cada momento do jogo tem repercussões contextualizadas (Gomes, 2006).
 
E quando nos referimos a Periodização Tática, não podemos esquecer que esta metodologia de treinamento em futebol, é norteada pelo Modelo de Jogo. E, o Modelo de Jogo em futebol é normalmente mal entendido. Muitos falam dele como sendo, o Sistema ou Esquema de Jogo empregado, ou, distribuição inicial adotada pelos jogadores no terreno de jogo (Tamarit, 2007).
 
Corroboro com Tamarit (2007) que o Modelo de Jogo é muito mais do que isso. O autor cita uma definição de Portolés (2007) para explicar melhor o conceito de Modelo de Jogo:
 
[...] um Modelo de Jogo é algo que identifica uma equipe determinada. Não é só um Sistema de Jogo, não é o posicionamento dos jogadores, mas, é a forma como esses jogadores se relacionam entre si e como expressam sua forma de como veem o futebol.
 
Simplificando, significa dizer que, o Modelo de Jogo é uma visão futura do que pretendemos que a nossa equipe realize de forma regular nos diferentes momentos do jogo (Organização Ofensiva, Transição Defensiva, Organização Defensiva e Transição Ofensiva).

Assim, a natureza do jogo caracteriza-se pela dinâmica das relações de cooperação dos colegas da equipe para transceder os próprios adversários e por isso, os problemas que se colocam às equipes e jogadores são de natureza tática (Frade, 1989 apud Gomes, 2006). Através deste conceito, enaltecemos que a adequabilidade da decisão é fundamental para resolver as dificuldades impostas pelo adversário e por isso, as exigências coletivas e individuais que se colocam são de ordem tático-técnicas, e não, técnico-tático, como sempre escutamos por aí (Gomes, 2006). 
 
Em relação ao Modelo de Cargas de Seletivas, o seu criador Prof.: Dr. Antônio Carlos Gomes (2009), relata que:
Os exercícios técnicos e os táticos devem estar inseridos em todo o processo do treinamento, destinando a maior parte do tempo a essas ações, pois é nelas que ocorreá o aperfeiçoamento ótimo das capacidades competitivas do desportista.
Pecebe-se com esta citação que, o autor tem preocupação de que seu método não seja descontextualizado da especificidade do jogo. Mas, não existe nenhuma referência ao Modelo de Jogo. Só referências específicas sobre as capacidades motoras que o jogador de futebol deve ter para conseguir vencer a maratona de jogos da temporada, não preocupado com a qualidade de JOGO da equipe.  
 
Desta forma, lembro de uma declaração de José Mourinho, que disse algo parecido com isto:
Não consigo avaliar um jogador fora do Modelo de Jogo da equipe. Para mim, não basta o jogador estar bem preparado fisicamente, ele tem que saber o que fazer nos diversos momentos do jogo. Assim estará ajudando a equipe.
 
Sendo assim, quanto mais elaborado seja o Modelo de Jogo e melhor exposto aos seus jogadores, mais claro estes terão o que tem que fazer em cada momento determinado do jogo, e nem por isso converter-se em um mecanismo, pois como temos visto, a Periodização Tática promoverá um "mecanismo não mecânico" (Tamarit, 2007).
 
Referências
 
GOMES, A. C. Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
 
GOMES, M. S. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés Dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - um estudo de caso - Porto, 2006.
 
TAMARIT, X. Que és la "Periodización Táctica"? Vivenciar el juego para condicionar el Juego. MCSports, 2007. 
 
 

 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

MODELO DE CARGAS SELETIVAS vs PERIODIZAÇÃO TÁTICA

Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?

 
No Brasil foi criado um modelo de periodização (Prof.: Dr. Antônio Carlos Gomes) para atender o calendário dos desportos coletivos, principalmente, o futebol, que, por apresentar uma grande quantidade de jogos na temporada, dificulta a distribuição das cargas de treinamento no macrociclo. O modelo nasce em virtude de o futebol não apresentar tempo hábil (grande reclamação dos treinadores no início do ano em todos os programas esportivos nacionais) para uma boa preparação dos jogadores antes do início dos estaduais (GOMES, 2009).
Como os jogos desportos coletivos de invasão (JDCI), de forma geral, não exigem o desenvolvimento das capacidades máximas e, sim, submáximas, nos últimos anos, foi elaborado um modelo de organização de cargas na temporada que permanece durante todo o ciclo com o volume inalterado, procurando uma forma de qualificação durante toda a temporada e alternando as capacidades de treinamento a cada mês durante o ciclo competitivo (GOMES, 2009).
No modelo de cargas seletivas, o principal alvo do aperfeiçoamento no treinamento está nas capacidades de velocidade. Pois, na prática, verifica-se que o ciclo anual de 52 semanas deve ser subdividido em duas etapas, caracterizando, assim, uma periodização dupla com duração de 26 semanas cada (GOMES, 2009). O autor segue relatando que:
No futebol moderno, o técnico tem dificuldades de prescrever o conteúdo do treinamento, pois o calendário apresenta uma grande quantidade de jogos em âmbito regional, nacional e internacional que devem ser disputados com alto rendimento devido aos sistemas utilizados na classificação.

Com esse sistema, o volume do treinamento oscila muito pouco durante todo o ciclo anual de competições; consequentemente, a forma desportiva apresenta uma tendência de melhora durante toda a etapa, diminuindo na fase de pré-temporada em razão de uma pequena redução do volume no início da segunda etapa competitiva. O período competitivo no futebol varia de 8 a 10 meses no ano, com uma quantidade de 75 a 85 jogos na temporada (GOMES, 2009).  

A essência da prática do futebol, não exige o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das capacidades motoras no seu máximo. Por outro lado, trata-se de um desporto que, na sua atividade competitiva, caracteriza-se pelos esforços intermitentes executados em velocidade, com alto volume de diversas ações motoras e que exige capacidade anaeróbia e aeróbia (mista). Além da força e da resistência especial,  utiliza também a flexibilidade para a execução de movimentos técnicos exigidos pelo jogo (GOMES, 2009).  
Observo que, neste modelo de periodização do treinamento em futebol, não evidenciamos uma preocupação com a forma de jogar da equipe (jogo coletivo), o autor afirma que, no futebol moderno, o técnico tem dificuldades de prescrever o conteúdo do treinamento. Em contrapartida, quando ouvimos relatos sobre a Periodização Tática, ainda observo certa resistência por parte de alguns profissionais. Mas, para que possamos compreender melhor esta metodologia de treinamento específica para o futebol, pensando em organização coletiva, Vítor Frade (in Martins, 2003) revela que, a tática resulta deste conceito de Organização e por isso, compreende uma determinada expressão física, técnica e psicológica. Sendo assim, a Tática subentende o desenvolvimento dos princípios de ação da equipe que induzem a adaptações concretas a nível físico, técnico e psicológico. Gomes (2006), nos mostra que, face a este entendimento percebemos que a exacerbação física tem um papel subjulgado ao desenvolvimento das relações entre os jogadores para assim, criar uma entidade coletiva e portanto, uma organização. Deste modo, esta concepção desafia a Teoria Convencional do Treino uma vez que esta se preocupa fundamentalmente com as aquisições físicas dos jogadores em detrimento de um entendimento coletivo e das relações que o constituem. E, nisto se enquadra o Modelo de Jogo. O Modelo de Jogo confere um determinado sentido ao desenvolvimento do processo face a um conjunto de regularidades que se pretendem observar. Deste modo, o modelo permite responder à questão: para onde vamos? A pertinência desta questão parece-nos fundamental para desenvolver um processo direcionado para um determinado JOGAR, ou seja, para um processo intencional. A partir dele criam-se um conjunto de referências que definem a organização da equipe e jogadores nos vários momentos do jogo. Deste modo, o modelo orienta o processo para um jogar concreto através dos princípios coletivos e individuais em função do que é pretendido. Neste sentido, trata-se de desenvolver um jogar Específico e não um jogar qualquer (Gomes, 2006).
Quando comparamos os dois modelos de treinamento criados para periodizar a performance em futebol, podemos dizer que a primeira (Modelo de Cargas Seletivas) está diretamente preocupado com o caráter físico do jogador e a segunda (Periodização Tática) está preocupado com um JOGAR ESPECÍFICO perspectivado pelo Modelo de Jogo, onde, o técnico assume essa responsabilidade de operacioná-lo durante a semana com o Morfociclo Padrão, que é utilizado da segunda semana de trabalho até a última e, não durante um microciclo, mesociclo ou macrociclo anual. 
Mas, temos que ter em mente que, são apenas duas formas de treinar o futebol e, claro que as duas obtêm resultados, mas, a forma de operacionalização de cada uma é totalmente diferente. Uma pautada na física e a outra, pautada no fractal, na complexidade. Que é normal causar estranheza.
(...) O êxito no futebol tem mil receitas. O treinador deve crer numa, e com ela seduzir os seus jogadores.
(Valdano, 1998)
Referências

GOMES, A. C. Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

GOMES, M. S. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés Dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - um estudo de caso- Porto, 2006.

MARTINS, F. A "Periodização Táctica" segundo Vítor Frade: Mais do que um conceito, uma forma de estar e de reflectir o futebol. FCDEF-UP. Porto, 2003.