Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

sábado, 20 de junho de 2015

JOGO FRACTAL PARA A FINALIZAÇÃO



Conteúdo: Criação de situações de finalização. Movimentação constante dos jogadores para criar o hábito de apoiar o colega, tanto defensivamente quanto ofensivamente.

Descrição

Número de jogadores 12 (3:3 + 2 goleiros e 4 curingas)

Equipes com 3 jogadores. O objetivo é marcar o gol, a equipe em posse de bola para pode progredir no terreno sem passar pelas barreiras colocadas na entrada da área penal. Após a finalização em umas das balizas, vai atacar a outra baliza, com rápida mudança de direção. A equipe sem a posse da bola é obrigada a saltar a barreira posicionada na entrada da área penal, e quando recuperar a posse da bola deve realizar um passe médio na diagonal para um dos quatro curingas posicionados nas extremidades da área de jogo, para após feito isso, possam trocar as funções. 

               Fig. 1: exemplo de salto para a equipe sem a posse de bola

Esta postagem é continuação e um exemplo prático para a série "Pela musculação a dentro. No futebol, perda ou ganho de tempo?" Exemplos típicos do emprego de força no futebol estão em, acelerações, saltos, finalizações e mudanças de direção, nas frenagens, paradas abruptas, bem como na fase inicial das corridas e dos saltos (WEINECK, 2002). 

Destarte, esse é um exemplo de trabalho para a força rápida do futebol, sem estar descontextualizado das ações que ocorrem durante o jogo e pode ser utilizado dentro do morfociclo na terça-feira. 

Referência

WEINECK, J. Futebol Total: o treinamento físico no futebol. Guarulhos, SP: Phorte, 2002. 


quarta-feira, 17 de junho de 2015

PELA MUSCULAÇÃO A DENTRO. NO FUTEBOL, PERDA OU GANHO DE TEMPO?

                 Fig. 1: equipamentos de treinamento de força convencional.

Uma das primeiras publicações sobre preparação física no futebol é a obra de Carlos Alvarez Del Villar intulado "La Preparación Física del Fútbol Basada en el Atletismo" de 1985 e influenciou muitas pessoas envolvidas no processo de treinamento em futebol.

É inegável que, existe uma vasta gama de publicações cientificas sobre o tema Treinamento de Força no Futebol. Mas, a esmagadora maioria, atrelada a testes de saltos vertical e horizontal e/ou deslocamentos corporais (corridas sem a posse da bola). Para iniciarmos essa discussão, recorro a ícones da fisiologia do exercício, Kenney, Wilmore e Costill (2013) que definem a força como a MÁXIMA tensão que um músculo ou grupo muscular pode gerar. Outro importante autor sobre este tema, Weineck (2003) apregoa que, "o jogador de futebol necessita de força não há dúvida", mas como no futebol o movimento necessário para realizar uma boa ação durante uma partida muitas vezes requerem uma ação tão rápida que não permite a "máxima" geração de tensão muscular. Qual seria o procedimento quando se soluciona com êxito uma situação sem a geração da máxima tensão muscular? Será que o músculo é apenas um órgão gerador de trabalho e/ou existe outra conotação para esse órgão?

Essa capacidade de gerar movimento é diferente da capacidade de produzir tensão muscular, já que esta produção de movimento não virá determinada unicamente pela ação do músculo principal efetor do movimento. mas que dependerá de um complexo processo de interação entre os processos musculares de excitação/contração (sendo este em si mesmo um procedimento não - linear em seu processo de difusão), os processos reflexos auto-gerados a nível espinhal para aquelas determinadas
condições de trabalho e a integração destes processos através do cerebelo (IVANCEVIC et al, 2009 apud   POL, 2013, p. 65).

                  Fig. 2: equipamento para treinamento de força funcional.

Como é do conhecimento de todos, cada fibra muscular recebe uma terminação nervosa de motoneurônio, formando a estrutura chamada unidade motora. Ao se comandar uma contração muscular e ativar um neurônio, sendo o potencial excitatório adequado, todas as fibras musculares ligadas a ele se contrairão em obediência à lei do tudo ou nada. Destarte, a intensidade da contração pode ser controlada de duas maneiras: pela variação da quantidade de unidades motoras de um mesmo músculo que são recrutados para a realização do movimento e pela variação da frequência da descarga excitatória nervosa (DANTAS, 2014). 

Um estudo de Arruda e Hespanhol (2009), relata que, as forças explosiva e explosiva elástica explicam 30% e 40% das mudanças de direção, respectivamente. Logo, esses dados indicam que a força explosiva elástica reflexa é a melhor relação para as mudanças de direção nas ações sem bola do que as outras manifestações; no entanto, cabe ressaltar que, os níveis hierárquicos entre os componentes para a produção de força. Além disso, vale lembrar que houve fraca correlação entre agilidade com a bola e as manifestações da força neste estudo. Segundo os autores já referenciados, esses compostos reduzem a utilização das manifestações de força e atenuam o controle de bola, este servindo como um elemento alternativo para o sistema nervoso central (SNC) reduzir a velocidade de movimento.  Após essa explicação, seria mais útil aos jogadores de futebol realizarem exercícios de treinamento de força em cadeia cinética aberta (CCA) e/ou cadeia cinética fechada (CCF)? Sendo assim, a realização de exercícios de treinamento de força, em aparelhos que estimulam a CCA podem prejudicar a plasticidade sináptica produzida pelo processo de treinamento tático para a introdução de um Modelo de Jogo? 



Equipes europeias já vem se distanciando desse pensamento (utilizando equipamentos de caráter funcional como pode ver visto no vídeo acima) e algumas equipes brasileiras também começam a partilhar deste pensamento. Pois, de que me vale ser muito forte, em uma modalidade esportiva onde o movimento produzido deve executado com precisão em um entorno imprevisível?
            Fig. 3: Tetragrama das interações do jogo de futebol
            Adaptado de Morin, 2013. 

Como o tetragrama acima nos informa, o jogo de futebol acontece em conjuntos com outros fatores muito importantes que possuem interações, e um deles é o entorno. Ao invés de produzir uma força máxima, os jogadores de futebol deveriam produzir uma força ótima para os movimentos a serem executados em interação com o entorno da partida. Pois nem todas as contrações musculares requerem o mesmo recrutamento de fibras musculares quanto aos chutes, deslocamentos, passes, basculações, saltos, etc. 

Muitos vão indagar sobre os benefícios do treinamento de força como prevenção de lesões, equiparação de membros, lembrando que o jogo de futebol é unilateral. Jogadores que voltam de lesão são aconselhados a fazerem um treinamento de força. Muitos clubes, usam o treinamento de força como treino recuperativo. Essas situações são muito válidas. Mas, se o músculo iliopsoas for sobrecarregado, qual o custo disso?

Por fim, será que no futebol não há mais nada a ser inventado? Será que uma nova forma de se pensar a preparação de uma equipe de futebol diferente de atletas do atletismo vem ganhando mais adeptos no Brasil? 

Gostaria da participação dos leitores para que, possamos gerar um ambiente saudável de discussão sobre o futebol. 

Referências

ARRUDA, M.: HESPANHOL, J. E. Treinamento de força em futebolistas. São Paulo: Phorte, 2009. 

DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 6 ed. Vila Mariana, SP: Roca, 2014.

KENNEY, L. W.; WILMORE, J.H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 5 ed Barueri, SP: .Manole, 2013.  

MORIN, E. Ciência com consciência. 15ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. 

POL, R. La Preparación Física en el fútbol. el processo de entrenamiento de la complejidad. 2 ed. MC Sports, 2013.




quarta-feira, 10 de junho de 2015

PROTAGONISMO NO JOGO DE FUTEBOL: ATAQUE POSICIONAL OU ATAQUE RÁPIDO



Estamos vivendo tempos em que, o futebol vem sendo alvo de grandes discussões. Destarte, muitos se esquecem do que Pascal já havia exprimido: "Considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, como conhecer o todo sem conhecer principalmente as partes."

Mas, como já havia mencionado nesse humilde veículo de comunicação, existe uma miopia quando nos referimos aos momentos do jogo. Principalmente, quando se trata do momento de organização defensiva. http://epistemologiadofutebol.blogspot.com.br/search?q=Miopia+no+momento+defensivo

Recentemente, José Mourinho declarou que, não existe uma nova geração de treinadores. O que existe é um grupo de pessoas que tem alguma ideia, uma filosofia e quer criar algo como: nós construímos o nosso jogo muito bem vindo de trás, nós temos uma posse de bola ótima, nós não jogamos em contra-ataque ... 

Para que possamos compreender essa dicotomia, precisamos conceituar os tipos de ataque existentes no futebol. No futebol, alguns autores, especialistas e técnicos (principalmente os europeus) conceituam dois tipos de ataque possíveis em uma partida de futebol:
  1. Ataque Posicional
  2. Ataque Rápido e/ou Contra-Ataque
Ataque Posicional: é um tipo de dinâmica ofensiva em que busca primeiro, um melhor posicionamento e distribuição geométrica em campo, onde a posse de bola através dos passes horizontais (para o lado) acaba sendo parte importante da estratégia do jogo (Organização Ofensiva), para então, efetivamente construir situações que possibilitem chegar a meta adversária de forma 
coletiva e com o intuito de desorganizar a defesa adversária através da circulação da bola.

Ataque Rápido: popularmente conhecido como contra-ataque, é uma forma de ataque, conhecida basicamente pelo seu início na recuperação da posse da bola (transição ofensiva) e a progressão rápida pelo campo de jogo face ao espaço deixado aberto pela equipe adversária para a zona de finalização. Caracteriza-se pela simplicidade na intervenção direta sobre o móbil do jogo (bola) e na maioria das vezes, em inferioridade numérica. 
Para uma equipe que tem como Modelo de Jogo, jogar no ataque rápido (a grande maioria dos clubes brasileiros está optando por essa forma de jogar) o grande problema é a recuperação da posse da bola. Essa recuperação geralmente ocorrerá no seu campo defensivo, pois, como irá atacar na sua grande maioria em inferioridade numérica, terá um menor número de jogadores na ação ofensiva e consequentemente, um menor número de jogadores próximos (compactação ofensiva). Movimento retroativo de um desses processos em relação ao outro Todo - Partes, Partes - Todo (como indica a figura acima). 

Já a equipe que opta pelo ataque posicional no seu Modelo de Jogo, consequentemente terá um protagonismo maior durante o jogo de futebol. Uma maior média percentual de posse de bola, uma equipe mais compacta ofensivamente e por conta disso, um maior número de recuperações de posse de bola no mesmo local da sua perda. O FC Barcelona é o maior exemplo desse estilo de jogo. Não que isso seja uma receita para o sucesso. 

Desta forma, o todo é mais do que a soma das partes; o todo é menos do que a soma das partes; o todo é mais do que o todo; as partes são ao mesmo tempo menos e mais do que as partes; as partes são eventualmente mais do que o todo e o todo é menos do que o todo (MORIN, 2013).

Pois, não basta conceber como problema central o da manutenção das relações Todo - Partes, há que ver também o caráter complexo dessas relações, a diversidade organiza a unidade que organiza a diversidade (MORIN, 2013). 

Morin (2013), quando relata que o todo é menos do que o todo, porque dentro do todo, há zonas de sombra, ignorâncias mútuas e até cisões, falhas. Há buracos negros em toda totalidade. E isso, em uma equipe de futebol é evidente, embora muitos preconizem que o futebol é simples. Mais um indicio de miopia.

Enfim, acredito que uma equipe de futebol deve dominar muito bem as duas formas de atacar, para que possam saber se portar durante uma temporada. Por que, para ser protagonista no jogo de futebol, o resultado é mais uma nuance que está inserida nas interações entre o Todo - Partes e Partes - Todo.

Referência

MORIN, E. Ciência com consciência. 15ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. 




quarta-feira, 27 de maio de 2015

O PARADIGMA DE COMPLEXIDADE NO FUTEBOL


Algumas pessoas admitem que o futebol tem um caráter complexo. Outras, admitem que o futebol é simples, que não há nada de complexo neste esporte. O que é reconhecido como complexo é geralmente o complicado, o imbricado, o confuso e, portanto, o que não poderia ser descrito (MORIN, 2013).

Mas, se analisarmos como vem se apresentando os jogos das equipes de futebol, principalmente das brasileiras, somos obrigados a concordar que, o futebol é complexo. Do contrário, todas as equipes brasileiras estariam apresentando um bom nível de futebol. Percebo que, quando as equipes são obrigadas a propor o jogo (equipes que jogam em casa e tem que atacar) elas estão encontrando grandes dificuldades. E as equipes que jogam em uma proposta de organização defensiva/defesa organizada, tem levado vantagem nos confrontos. 

Como equipes de futebol são compostas por seres humanos, temos que levar em consideração alguns aspectos para o seu processo de ensino-aprendizagem-treinamento com base no paradigma de complexidade: 

Uno - Múltiplo, jogador, plantel; 
Todo - Partes, os momentos do jogo e os seus princípios táticos; 
Sujeito, treinador; 
Objeto, equipe propriamente dita.  


O jogador e/ou o grupo de jogadores que compõem uma equipe de futebol, tem que estar cientes de que nesse processo existirá interações e entropia, um misto de ordem e organização entre eles e o treinador/comissão técnica. Se este processo não estiver em conformação, problemas ocorrerão no Todo - Partes do jogo causando muita Desordem. O sujeito (treinador), que realiza nos dias de jogos, coleta de informações para aprimorar o treinamento durante a semana. Destarte, ainda é pouco discutida essa questão, pois, não se treina para jogar, e sim o contrário, se joga para treinar. E o objeto (equipe) com a qual o treinador e sua comissão técnica observam e coletam os dados, para que na semana subsequente, corrijam os comportamentos (conceitos) que ainda não estão bem enraizados.  

Outra questão que não pode passar despercebida é, a questão do Todo e as Partes. A frase não é nenhuma novidade para os atores que tratam o futebol pela visão sistêmica, "o Todo é maior do que a soma das Partes". Mas, as Partes com interação no processo futebol importam muito. Como ressalta Morin (2013), a problemática do sistema não se resolve na relação todo - partes, e o paradigma holista esquece dois termos capitais: interações e organização. As relações todo - partes devem ser necessariamente mediadas pelo termo interações. Esse termo é tão importante quanto a maioria dos sistemas é constituída não de "partes" ou "constituintes", mas de ações entre unidades complexas, constituídas, por sua vez de interações. 

Em uma equipe de futebol isso fica claro nos seus setores, defesa, meio-campo e ataque. Onde, deve-se haver muitas interações para que a equipe possa desorganizar a equipe contrária e conseguir o resultado favorável, tendo interações entre o Uno - Múltiplo   Todo - Partes. 

Enfim, parece que o fenômeno futebol tem algumas prerrogativas ligadas a complexidade. 

Referência

MORIN, E. Ciência com consciência. 15ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. 

   

domingo, 17 de maio de 2015

O CENTRO E A PERIFERIA NO FUTEBOL


É normal no futebol atual um jogador querer jogar em um grande clube da Europa. É normal nos dias de hoje, as emissoras de televisão transmitirem os campeonatos de futebol da Europa: Italiano, Espanhol, Alemão, Português, Francês, etc. Não é novidade para ninguém que, os jovens de hoje estão perdendo a identidade com os clubes nacionais. 



Não é de hoje que, os países menos desenvolvidos economicamente exportam seus grandes jogadores de futebol para o mercado europeu. Ficando em território nacional jogadores que ainda não despertaram interesse de mercados maiores. Sendo assim, os campeonatos europeus têm maiores atrativos, pois contam com as estrelas do futebol mundial em campo a cada rodada. Em suma, não exportamos o espetáculo, mas sim, exportamos os artistas. Apoiados em Szymansky (apud OURIQUES, 2014), autor do livro Vencedores e Perdedores, sobre a indústria do esporte, que é a bíblia para estudantes e empresas, afirma que o Brasil tem potencial de sobra para realizar grandes campeonatos em termos de material humano. Por isso, deveria pensar em se beneficiar muito mais com o êxodo de jogadores de futebol ao invés de procurar contê-lo. Mesmo a saída sendo vista como inevitável, os preços dos jogadores deveriam ser mais bem explorados pelos clubes nacionais. Não serem comercializados por preços módicos e como potencializador dos lucros dos clubes europeus. Por outro lado, com as melhorias feitas nos estádios para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 no quesito de conforto do público nos estádios. Isto posto, poderia desta forma, aumentar a média de público nos estádios e consequentemente gerar mais renda e assegurar o tempo dos jogadores de qualidade por mais tempo (OURIQUES, 2014).  

Mas, uma questão que passa desapercebida muitas das vezes no futebol é, o centro está se beneficiando da periferia não só com o "pé de obra", mas, com milhares de euros em patrocínio. Não é segredo algum que, os clubes europeus, na sua maioria possuem donos. Muitos deles oriundos da Rússia, Emirados Árabes Unidos e até da China. E, aqueles que não possuem donos, aceitam patrocínios irrecusáveis em suas camisas desses territórios. 

Os territórios periféricos estão estampados nas camisas mais valiosas do futebol. Por isso, a relação território e futebol deve ser mais adensada. 

Referência

OURIQUES, N. Megaeventos no Brasil, o desenvolvimento do subdesenvolvimento e o assalto ao Estado. In: CAPELA, P. R. do C., TAVARES, E. (Org.) Megaeventos Esportivos: suas consequências, impactos e legados para a América Latina. Florianópolis: Insular, 2014, p. 13-44. 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

TERRITÓRIO E FUTEBOL: 44 ANOS DE CAMPEONATO BRASILEIRO


Neste final de semana tivemos início há mais um campeonato brasileiro da Série A. Muitas pessoas afirmam que, o campeonato brasileiro da Série A é o mais difícil do mundo. Eu prefiro, o mais disputado do mundo. 

No campeonato brasileiro da Série A em 44 anos de 1971 a 2014 tivemos 17 clubes como campeões. O São Paulo Futebol Clube é o maior vencedor com 6 títulos (13, 64%), seguido de perto do Sport Club Corinthians Paulista e o Clube de Regatas Flamengo com 5 títulos (11,36%) respectivamente. Somando os três, temos aproximadamente um pouco mais de 36% e 16 títulos em 44 anos. E, apenas 7 clubes venceram uma única vez (2,27%). 

Na Inglaterra, durante os mesmos 44 anos, 11 times foram vencedores. Na liga inglesa, dois clubes tem a hegemonia, Manchester United 13 títulos (29,5%) e Liverpool 11 títulos (25%). Somando os dois, temos 54,55% e 24 títulos em 44 anos. Depois vem o Arsenal com 6 títulos (13,64%). Somando os três, teremos aproximadamente mais de 68% dos títulos, ou seja em 30 anos apenas 3 clubes dominaram o futebol nesse território.

Na Espanha, em 44 anos, apenas sete clubes foram campeões. Neste território, verificamos a divisão de força em apenas dois clubes, Real Madri com 18 títulos (40,91%) e Barcelona com 14 títulos (31,82%). Dois clubes em 44 anos conquistaram juntos 32 títulos, ou seja, 72,73%.

Na Alemanha, em 44 anos, apenas nove clubes foram campeões. Neste território, observamos uma hegemonia do Bayern de Munique com 22 títulos, ou seja, 50%. O segundo clube mais vitorioso é o Borussia Dortmund com apenas 5 títulos, perfazendo 2, 2%. 

Na Itália, em 44 anos, apenas nove clubes forma campeões. Neste território, verificamos uma hegemonia da Juventus com 18 títulos (40,91%) e Internazionale e Milan com 8 títulos cada (14,15%). Três clubes conquistaram 34 títulos, ou seja, aproximadamente 70% dos títulos durante o período levantado. 

Baseado nisso, o campeonato brasileiro da Série A é um produto há ser bem mais explorado, pois tem uma chance maior de uma disputa acirrada entre mais de três equipes por ano. 


quarta-feira, 22 de abril de 2015

O LOCAL E O GLOBAL NO FUTEBOL: A IMPORTÂNCIA DOS ESTADUAIS



Há muito tempo ouço discussões sobre, o fim dos campeonatos estaduais de futebol. Muitas pessoas defendem essa ideia. Outros, poucos por sinal, relatam que, os estaduais devem permanecer. Enfim, os estaduais perduram. 

Para tentar explicar porque os estaduais de futebol no Brasil são importantes, peço auxílio a Latour (2013, p. 115) que pergunta, uma ferrovia é local ou global?
Nem uma coisa nem outra. É local em cada ponto, já que há sempre travessias, ferroviários, algumas vezes estações e máquinas para venda automática de bilhetes. Mas também é global, uma vez que pode transportar pessoas de Madri a Berlim ou de Brest a Vladivostok. No entanto, não é universal o suficiente para poder transportar alguém a todos os lugares (...)
Essa citação pode muito bem ser adaptada para os estaduais de futebol do Brasil. Pois, o Brasil é um país com dimensões continentais e se, só houvesse o campeonato nacional e a Copa do Brasil, muitas equipes não teriam a visibilidade que possuem hoje. Pois, são compostas de locais particulares, alinhados através de uma série de conexões que atravessam outros lugares e precisam de novas conexões para continuar se estendendo. Que podem ser entendidos como: campeonatos estaduais, campeonato brasileiro, copa libertadores, entre outros. Sendo considerados os seus circuitos, e/ou melhor dizendo, suas redes.   

Como está constituída a elite do futebol brasileiro hoje? Quais estados da federação têm mais equipes na Série A do Brasileiro?

O campeonato brasileiro da Série A de 2015 será constituído por 20 equipes. Destas, 10 equipes são oriundas da região Sudeste (50%); 8 equipes são oriundas da região Sul (40%); 1 equipe da região Centro-Oeste (5%); 1 equipe da região Nordeste (5%) e 0 equipe da região Norte (0%). Juntos, Sul e Sudeste, abocanham 18 das 20 vagas do maior campeonato nacional.

Por estados a situação é a seguinte:

  • São Paulo: Corinthians, Palmeiras, Ponte Preta, Santos e São Paulo;
  • Rio de Janeiro: Flamengo, Fluminense e Vasco;
  • Minas Gerais: Atlético-MG e Cruzeiro;
  • Rio Grande do Sul: Grêmio e Internacional;
  • Paraná: Atlético-PR e Coritiba;
  • Goiás: Goiás;
  • Pernambuco: Sport;
  • Santa Catarina: Avaí, Chapecoense, Figueirense e Joinville. 
Destarte, para esses clubes disputarem a elite do futebol nacional, tiveram que ascender primeiro dentro de seus próprios territórios (estaduais de futebol). De acordo com Damo (2014), os campeonatos, copas, torneios ou quaisquer outros nomes que se deem às disputas futebolísticas cumprem, rigorosamente, o trabalho de circunscrição prática e simbólica  dessas fronteiras. Ao fazê-lo, eles projetam a cidade e porque não, o nome do estado de origem da agremiação.

Em tempos de globalização, o que é importante notar, no caso dos campeonatos estaduais de futebol no Brasil, é que a expansão territorial das fronteiras não anulou o componente local. Isto nos serve como uma nova forma de pensar as relações entre o local e o global (DAMO, 2014). 

Então, se os estaduais de futebol deixarem de existir, é muito provável que, ao invés de termos 16 equipes oriundas de capitais estaduais (e apenas 4 equipes de cidades médias, duas de cidades médias metropolitanas, Ponte Preta [Campinas] e Santos [Santos] e 2 equipes de cidades médias não-metropolitanas, Chapecoense [Chapecó] e Joinville [Joinville]) tenhamos apenas o Santos Futebol Clube na elite do futebol brasileiro, como já aconteceu durante muitos anos. Excluindo equipes de cidades médias do país.

Estamos vivendo tempos em que, isolar e reduzir os fatos, não nos respondem as questões por completo. Trata-se de procurar sempre as relações entre cada fenômeno es eu contexto, as relações de reciprocidade todo/partes: como um modificação local (campeonato estadual) repercute sobre o todo (campeonato nacional) e como uma modificação do todo repercute sobre as partes (MORIN, 2003). Sendo assim, podemos observar a verificação do desenvolvimento regional através do futebol.

Referências

DAMO, A. S. O Espetáculo das identidades e alteridades. In: CAMPOS, F.; ALFONSI, D. Futebol objeto das ciências humanas. São Paulo: Leya, 2014.

LATOUR, B. Jamais fomos modernos. São Paulo: Editora 34, 2013.

MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. 


sábado, 21 de março de 2015

TERRITÓRIO E FUTEBOL


O Brasil é considerado o país do futebol. Sendo assim, como o território pode influenciar o futebol? Nos primórdios do futebol, surgiram os times de bairro, posteriormente vem os clubes cidades (ficarei neste post com apenas essas duas formas de formação de clubes). O termo território vem do latim, territorium, que, por sua vez, deriva de terra e significa pedaço de terra apropriado. Na língua francesa, territorium deu origem às palavras terroir e territoire, este último representando o “prolongamento do corpo do príncipe”, aquilo sobre o qual o príncipe reina, incluindo a terra e seus habitantes (LE BERRE, 1992).

De acordo com Raffestin (1993), o território não se reduz então à sua dimensão material ou concreta; ele é, também, “um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais” que se projetam no espaço. É edificado historicamente, transmitindo a diferentes contextos e escalas: casas, bairros, cidades, regiões, nações e planeta. Destarte, que o território seja objeto de análises sob diferentes concepções: geográfica, antropológico-cultural, sociológica, econômica, jurídico-política, bioecológica, que o percebem, cada qual, segundo seus tratamentos específicos.

Isto posto, evidencia que, cada agremiação busca o seu status. Para buscar esse reconhecimento, cada agremiação tem que participar de algum tipo de competição. Em se tratando da agremiação de bairro, essa competição será o campeonato municipal e/ou varzeano do seu território. Na outra esfera, no clube cidade, será o campeonato estadual (regional) e/ou nacional (campeonato brasileiro e/ou copa do Brasil). Conseguindo esse reconhecimento (bons resultados nas competições), consequentemente projetam o nome do bairro e/ou o nome da cidade. Destarte, isso leva a uma forma de desenvolvimento para aquele território.


Venho acompanhando desde o ano de 2010, o desenvolvimento do futebol catarinense. Prova disso é, que neste ano de 2015, o referido Estado terá, quatro equipes disputando o maior campeonato de futebol do país, o Campeonato Brasileiro da Série A. Uma agremiação do Oeste do Estado, outra do Nordeste do Estado e duas do Sudeste do Estado. Tendo, uma equipe participante a menos do que o Estado de São Paulo e um participante a mais do que o Estado do Rio de Janeiro.

A Associação Chapecoense de Futebol e o Joinville Esporte Clube, tem a sua história muito parecidas, ambas são frutos de engajamento de pessoas do território, que queriam ver o nome da cidade se expandindo para limites além do Estado futebolisticamente (como hoje, as duas equipes figuram entre a elite do futebol nacional) e consequentemente mostrando esse território para todo o Brasil e por que não dizer, para todo o mundo quando enfrentarem as grandes equipes do país com renome internacional.


Também os times e os clubes de futebol guardam uma relação bastante estreita com o território. E na maior parte dos casos a rivalidade entre times traduz a oposição entre lugares e regiões. Nas metrópoles existem antagonismos entre diversas zonas urbanas da cidade, relacionados aos moradores de cada bairro. Por exemplo, a rivalidade na Turquia entre o Galatasaray, clube ligado territorialmente com o lado ocidental da cidade, e o Fenerbahce identificado com o lado oriental da cidade de Istambul; ou rivalidades entre regiões como entre o Benfica e o Porto em Portugal; Barcelona e Real Madri na Espanha, entre outras. Mas também os times de futebol ajudam os lugares a assumir uma posição no mundo, contribuindo para a permanência e constitui um meio pelo qual essas comunidades exprimem sua identidade. Assim, nas rivalidades e disputas futebolísticas quase sempre encontramos a expressão territorializada de uma relação de centro e periferia e, portanto, uma relação de controle e dominação.


Embora estejamos vivendo em tempos de globalização, as expansões territoriais das fronteiras não aniquilaram o componente local. Isto posto, abre-se uma nova perspectiva para se pensar as relações entre o local e o global. Mas, isso fica para uma próxima postagem. 

Boa semana a todos! 






domingo, 8 de março de 2015

VIVÊNCIAS DE FUTEBOL


"Quem só teoriza não sabe, quem só pratica repete, o saber acontece
da união entre teoria e  prática."
Manoel Sérgio

Na busca por mais entendimento sobre futebol, fui honrado com uma oportunidade de estágio na categoria Sub 23 do Coritiba Foot Ball Club, comandada pelo Tcheco e na oportunidade, auxiliado por Eduardo Barros. Foram dez dias de muito aprendizado, podendo acompanhar, desde a introdução dos trabalhos de campo, conversas sobre assuntos relacionados à melhoria dos processos de treinamento na categoria, referente aos trabalhos executados e a sua influência no sistema energético dos jogadores e a sua utilização dentro do desenrolar do microciclo para um melhor aproveitamento da forma de jogar. Além, de observar o comportamento dentro do vestiário de um clube grande. 

  
Experiências essas, que eu vou levar para toda a minha vida, seja profissional na atuação no futebol, como na minha vida acadêmica. Quero agradecer publicamente ao Tcheco, por ter oportunizado esse grande momento. Ao Eduardo Barros, por tê-lo conhecido pessoalmente (antes nos conhecíamos  por trocas de e-mail) e ter a oportunidade de observar os seus trabalhos práticos com muita propriedade de conceitos. 


Nesta última semana que passou, participei de mais uma Clínica para professores da Escola Furacão do CA Paranaense, onde tive a oportunidade de conhecer e conversar um pouco com Marcelo Lins, ex-preparador físico do Bayern de Munique. Conversamos sobre o Functional Movement Systems (FMS), dá importância da sua aplicabilidade nas categorias iniciantes para a correção de possíveis movimentos praticados errados e a prevenção de possíveis lesões futuras. 

Por essas pequenas vivências de futebol que tive, posso concluir que, o futebol brasileiro possui profissionais que pensam um futuro melhor para o nosso futebol. Em todas as conversas que tive, pude observar que o discurso está voltado para os conceitos de futebol para as equipes e que o futebol europeu está na nossa frente por causa da falta de conhecimento desses conceitos por treinadores e jogadores. 

Por isso, temos que teorizar e praticar, para podermos evoluirmos o nosso futebol e competir de igual com os europeus. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

MUDANÇAS



"O conhecimento é, portanto, um fenômeno multidimensional, de maneira inseparável, simultaneamente físico, biológico, cerebral, mental, psicológico, cultural e social." 
                                                                                             Morin, 2012.


Me chama atenção um processo de mudança que vem acontecendo no futebol do Estado do Paraná. Onde, o Clube Atlético Paranaense disputa pelo terceiro ano consecutivo o campeonato estadual com a sua equipe Sub 23. Hoje, o Coritiba Foot Ball Club também insere essa categoria no departamento de futebol do clube. E mais, o Coritiba Foot Ball Club, contrata João Paulo Subirá Medina para ser o CEO do futebol do clube. Medina diz que a primeira medida será dissecar o departamento de futebol. “Sem o diagnóstico correto, a chance de dar o remédio errado é muito grande.” 

O Clube Atlético Parananense, cria o Departamento de Inteligência do Futebol (DIF) cuja missão é, identificar a forma como o clube jogava durante as suas maiores vitórias e após isso criar o Modelo de Jogo (MJ) mais apropriado para o clube. O departamento de captação do clube, busca os jogadores para se integrarem na sua categoria de base com alguma identificação com os conceitos que fazem parte do MJ adotado pelo clube. E segundo o professor Marcelo Vilhena (coordenador das categorias de base, auxiliar técnico do grupo principal e técnico da categoria Sub 23 que disputa o estadual), o clube está vivendo um processo de integração com todas as comissões técnicas para um bem maior que é, o MJ adotado pelo clube. 

Com esses dois exemplos da dupla ATLETIBA da capital paranaense, podemos afirmar que, existe um processo de mudança em alguns clubes de futebol do país. Esse processo pode demorar um pouco para trazer resultados (como os torcedores frisam, que são títulos), o importante é que, parecem estar surgindo novas diretorias nos clubes de futebol que estão mais preocupadas com o processo de formação e utilização desses jogadores que ultrapassam a casa dos vinte anos (Sub 20) que é conhecido por alguns como o "cemitério da base". 

Destarte, esperamos que esses dois processos que estão em curso (um, pouco mais adiantado e outro que se inicia) tenham grandes frutos, com excelência na formação e utilização de alguns jogadores nos seus grupos principais e por que não, conquistas de títulos estaduais. 

Referências

http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/conteudo.phtml?id=1521845&tit=CEO-quer-achar-o-remedio-certo-para-curar-o-Coritiba-

http://www.gazetadopovo.com.br/m/conteudo.phtml?tl=1&id=1529874&tit=Vilhena-leva-experiencia-de-professor-ao-comando-do-Atletico

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

JOGO FRACTAL PARA CRIAÇÃO DE SUPERIORIDADE NUMÉRICA E FINALIZAÇÃO


Conteúdo: Criação de superioridade numérica para poder finalizar. Movimentação constante dos jogadores para criar o hábito de apoiar o colega, tanto defensivamente quanto ofensivamente. 

Descrição

Número de jogadores 8 (3:3 + 2 goleiros)

Equipes com 3 jogadores. O objetivo é marcar o gol, mas para poder finalizar tem que estar em superioridade numérica no setor da baliza (as duas equipes podem marcar nas duas balizas). Para recuperar a posse da bola é necessário também criar superioridade numérica no setor onde se encontra a bola. O espaço que separa os dois setores pode variar de tamanho. Sua existência é para evitar que os jogadores possam ficar "sobre a linha" passando de um setor para o outro sem mudar a sua função (ofensiva e defensiva). 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

FORMAÇÃO: A INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FORMAL NA LÓGICA INTERNA DO JOGO


Mais um ano se inicia e a discussão sobre a forma como acontece a Formação no futebol nacional continua. Vejo algumas ações esparsas de discussões mais relevantes sobre o tema, alguns poucos grupos de estudos, poucos clubes começando a entender que existem novas metodologias de trabalho referente ao futebol. Mas, o formato das competições e formas de treinamento ainda utilizam apenas a estrutura formal do futebol de 11.

O que quero dizer com isso, a estrutura formal ou lógica externa, definida por características externas comuns a todos os esportes coletivos: como bola; espaço; tempo; adversários; companheiros; objetivos e regulamento.

Com idade cada vez mais precoce, observamos a introdução das crianças e adolescentes no jogo de futebol sempre respeitando a estrutura formal do jogo de futebol, principalmente nas competições. A bola de tamanho adulto, espaço de jogo igual ao dos profissionais e o regulamento segue os mesmos critérios (inclusive a regra 11). 

Destarte, se apenas observamos a influência da estrutura formal na lógica interna do jogo, por exemplo, o centro do jogo, isso fica mais claro. Podemos definir como centro do jogo aquela situação em que se encontram jogadores que estão em disposição de intervir de maneira iminente sobre a bola, e o fora do centro de jogo seriam todos aqueles jogadores que não tem uma possibilidade de intervenção imediata sobre a bola. 

 Legenda: ACB= Atacante com Bola; DACB= Defensor do Atacante com Bola; ASB= Atacante sem Bola; DASB= Defensor do Atacante sem Bola; DSB= Defensor sem Bola. 

Com base no centro do jogo, podemos inferir sobre as possíveis modificações das competições e/ou no formato de treinamento. Levando em consideração as mudanças nas diferentes modalidades de futebol, futebol de 5, futebol de 7 e futebol de 11, implicarão mudanças na estrutura funcional, e como tal, podem e devem adaptar as características evolutivas sobre as idades determinadas.

Quanto à questão de funções em uma equipe, partindo da questão do centro do jogo:
  •  Futebol de 5: Atacante com Bola no centro do jogo; Atacante sem Bola no centro do jogo; Defensor sem Bola no centro do jogo. 
  • Futebol de 7: Atacante com Bola no centro do jogo; Atacante sem Bola no centro do jogo; Atacante com Bola do centro do jogo equilíbrio; Defensor no centro do jogo; Defensor sem Bola no centro do jogo equilíbrio.
  • Futebol de 11: Atacante com Bola no centro do jogo; Atacante sem Bola no centro do jogo; Atacante sem bola fora do centro do jogo; Defensor no centro do jogo; Defensor sem Bola no centro do jogo; Defensor fora do centro do jogo. 

O grande número de jogadores que apresenta a modalidade de futebol de 11 dificulta a comunicação motriz entre os distintos jogadores, entretanto, a redução sem empobrecimento do número de jogadores facilita que todos os jogadores possam estabelecer essa comunicação motriz e também motivar a prática de treinamentos e competições em idades precoces. Mas, isso é apenas uma pequena amostra da complexidade dessa modalidade. 




 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

JOGO FRACTAL PARA GERAR VANTAGENS A PARTIR DOS CENTRAIS


Conteúdo: Gerar vantagens a partir dos zagueiros centrais. Procurar jogadores livres de oposição durante a progressão da bola. Reconhecer o jogador livre de oposição.

Descrição 

Número de Jogadores 17 (6:6 + 5 curingas)

Jogo Fractal 6 vs 6 + 5 curingas distribuídos como no campograma acima. Objetivo, chegar permanentemente ao setor contrário. Os defensores devem defender unicamente no seu setor demarcado. Tarefa indicada para começar a familiarizar-se com as possibilidades de avançar no campo criando vantagens desde a linha de defesa.   

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

COMPLEXIDADE, PREPARAÇÃO FÍSICA E FUTEBOL


"A totalidade da ciência não é mais que um refinamento do pensamento cotidiano."
Albert Einstein, 1950


Estamos observando uma crescente tendência do treinamento de futebol deixar o aporte metodológico baseado no cartesianismo e buscar auxílio nas ciências com cunho sistêmico (complexidade).

Assuntos como, complexidade e preparação física ainda precisam ser melhor discutidos e compreendidos no âmbito do futebol nacional. Pois, em muitos casos (âmbito acadêmico e trabalhos práticos), ainda estamos pensando a preparação física descontextualizada do Modelo de Jogo Adotado e/ou Construído para a equipe.  O que quero dizer com isto? Que temos que introduzir o conceito da condição física da equipe, que é diferente da soma das capacidades físicas dos jogadores que formam à equipe. As ciências da complexidade proporcionam uma versão mais aproximada a realidade do ser humano dentre as demais formas de explicação que se tem utilizado nos últimos tempos. Para Prigogine (1979) temos que entender este novo paradigma como uma "Estrutura Disipativa", organização que interage com outros seres vivos, porque graças há conformação do ser humano, adquire uma diferenciada complexidade de dispor estes em sistemas e subsistemas específicos que lhe proporcionam uma funcionalidade só por ele aumentada. Partindo destas premissas, as intervenções do ser humano durante os jogos e os treinamentos, são entendidas não como ações, mas se transformam em interações, pois tanto o meio como o jogador se modificam durante e depois de cada intercâmbio específico.

Tradicionalmente na preparação física no futebol se tem incluído as magnitudes ou capacidades de força, velocidade e resistência, nomenclaturas que pertencem a física clássica, onde força e a velocidade se contemplam como magnitudes mecânicas, entretanto, curiosamente a resistência poderíamos dizer que é uma magnitude biológica. Como entendemos isso? Porque a força no ser humano é gerada por ele mesmo, com seus músculos transformando sua energia bioquímica em energia mecânica, permitindo-lhe mover seus segmentos do corpo e realizar trocas com o meio através de distintas formas e dimensões, entre elas, movimentos com velocidade e resistência, segundo se comporta a força na duração da tarefa com o tempo. Quanto a velocidade, podemos elucidar outro exemplo, como processo de interação entre o jogador e o meio onde se estabelecem interações Espaço-Tempo-Tarefa para obter um objetivo nos entornos variáveis do jogo que para a sua resolução necessitam de sistemas e subsistemas pertencentes as Estruturas Cognitivas, Emotivo-Volitiva, Coordenativa e Bioenergética de forma preferencial.

Destarte, como posso trabalhar apenas acelerações dos jogadores, sem levar em conta os entornos do jogo e achar que estou fazendo um bom trabalho de preparação física? 

sábado, 12 de julho de 2014

O QUE OS 7 X 1 NOS MOSTRAM



Agora fica fácil dizer que o futebol brasileiro está ultrapassado. Que a culpa é das categorias de formação que estão sendo dirigidas por "treinadores da faculdade" que não sabem dominar uma bola. Mas, o que me deixa intrigado é a gestão do nosso futebol. Qual é a função da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e suas afiliadas?

A entidade máxima do nosso futebol não tem um calendário apropriado para as categorias de formação do nosso país; lembrando que o nosso país tem dimensões continentais, com vinte e sete federações estaduais de futebol e essas afiliadas a CBF, não se preocupam em oportunizar um curso de formação para treinadores (já que a faculdade não pode fazer isso). Sei que existe um curso de formação na Granja Comary promovido pela CBF (mas, para mim é muito pouco) para um país como já relatado, com dimensões continentais. Desta forma, a CBF em parceria com as federações estaduais poderia oportunizar um curso dentro de cada Estado da Federação para poder disseminar esse conhecimento sobre futebol para todos que não tem condições de frequentar esse curso da Granja Comary. Campeonatos abaixo do SUB 15 também inexistem com a chancela da CBF. Poderiam criar campeonatos por todo o país do SUB 14 para baixo adaptado como acontece na Europa (em formato de 7 vs 7; 5 vs 5).

Outra questão pertinente seria, cuidar melhor dos jovens jogadores que vão muito cedo para outros países jogarem futebol. Só nesta seleção temos dois exemplos disso: David Luiz e Hulk, que foram muito novos para a Europa e lá se tornaram jogadores profissionais (sendo assim, o mérito de formação é dos europeus e não dos clubes brasileiros). A CBF (no meu entendimento não tem controle de quantos jogadores em fase de formação deixam o país para ir a Europa em busca do sonho de ser jogador). 

Isto posto, temos que lembrar a revolução que ocorreu no futebol alemão foi atrelada à escola. Não existe formação de atleta (jogador de futebol) sem o auxílio da escola (ciência). Estive recentemente na Costa Rica e esse processo começa a ser adotado também neste país caribenho. Essa questão de ter sido jogador e ser estudioso sobre o futebol no Brasil deveria ser melhor aproveitada com uma junção de saberes. Sendo que, os dois lados tem muito a contribuir para o crescimento do futebol nacional.  

Quem sabe, esse processo um dia segue por essas terras de coronéis que continuam no poder e fazendo mal a muita gente, principalmente ao nosso futebol.  

sábado, 21 de junho de 2014

SERÁ MESMO O FIM DO TIKI-TAKA?


Nesta Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, muitos estão preconizando o fim de um estilo de jogo de futebol, o Tiki-Taka. Estilo que consagrou uma geração de jogadores espanhóis que foi duas vezes campeões europeus e uma vez mundial, sem contar os inúmeros títulos do FC Barcelona, clube que ajudou a popularizar (e por que não, causar uma certa antipatia para com os espanhóis). 

Destarte, com a transferência de Pep Guardiola para FC Bayern München (o treinador que melhor colocou este estilo de jogo na prática) pode-se observar uma transferência desse estilo de jogo para o clube alemão e por que não, podemos dizer para a seleção alemã. Assistindo aos jogos da Alemanha neste mundial, identificamos uma equipe alemã que prioriza a posse e manutenção da bola em todos os momentos do jogo. Trocando passes pacientemente para tentar desorganizar a defesa adversária e no momento da perda da posse da bola (transição defensiva) os jogadores tentam recuperar a posse da bola no mesmo setor da perda. Lembrando que, este princípio era o grande diferencial do FC Barcelona de Guardiola. 

Sendo assim, acreditamos que não será o fim do tiki-taka, apenas esteja acontecendo um declínio nas equipes espanholas (Seleção e FC Barcelona) e uma transferência para o FC Bayern München e a Seleção da Alemanha (que não joga mais com um centro-avante de referência), opta pela movimentação de seus jogadores e troca de passes rápidos e penetrações.

Enfim, o legado do tiki-taka continua... ou não? 

  

domingo, 1 de junho de 2014

ESTÉTICA DE JOGO E A MIOPIA SOBRE SEUS MOMENTOS


Todos vamos concordar que a estética do jogo de futebol sempre é observada e enaltecida no momento ofensivo (ataque). Mas, será que os outros momentos do jogo não possuem estética? Muitas discussões acaloradas acontecem sobre a forma de se jogar no futebol. Lembrando que não existe apenas uma, mas, muitas formas de se jogar futebol ou vários "futebois". 

Estamos a onze dias do início da Copa do Mundo de Futebol e não podemos achar que todas as trinta e duas seleções participantes vão jogar em posse de bola e ataque posicional. Muitas irão jogar com bloco defensivo baixo e explorando os espaços deixados nas costas da última linha das equipes que jogarão em posse de bola (contra-ataque). Será que o jogo de futebol apresentado dessa maneira não tem estética? Somos impelidos em achar que o jogo ofensivo tem uma estética maior que se sobressai
 sobre os outros momentos do jogo. Ou melhor, temos uma miopia sobre os outros momentos do jogo (organização defensiva, transição ofensiva e transição defensiva). Não conseguimos olhar o jogo dentro da inteireza inquebrantável que ele necessita. Observamos meio jogo, ou pior, menos que isso. Por isso só achamos que o jogar no ataque é belo.

O jogo de futebol é muito mais do que só atacar (ter a bola). E muita equipes entendem a sua realidade e buscam outras formas de jogar, que para muitos não tem estética. Mas, a transição defensiva (o perder a bola voltar a defender) e a organização defensiva (defesa organizada) tem muito de estética, tanto quanto o momento ofensivo. 

Destarte, os momentos do jogo não podem ser tratados de um modo estanque, consequentemente a estética do jogo não pode ser apenas afirmada no momento ofensivo. E os óculos da complexidade nos ajudam a reduzir essa miopia.  

sábado, 5 de abril de 2014

JOGO FRACTAL CONCEITUAL PARA O FALSO 9

Princípio: Construção de situações de Ataque;

Subprincípio: Progressão com superação de linhas defensivas;

Complexidade: 3 (média alta)

Objetivo: Desorganização da defesa adversária através de movimentações constantes dos atacantes;

Tempo: 5 X 6'

Adaptação Biológica: Resistência Específica

Materiais: Discos, Coletes e Bolas

Descrição

Número de jogadores 12 (6 : 6)

Jogo fractal conceitual 6 : 6 onde, o atacante centralizado tem a função de se movimentar e procurar jogar a frente do zagueiro e nas costas do meia (jogo entre linhas) para causar um desequilíbrio na defesa adversária e dessa forma, deixando um espaço para ser ocupado pelo atacante de lado do campo (ponta e/ou extremo). A equipe marca ponto quando algum jogador receber a bola (penetração) no espaço longitudinal do campo. 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

JOGO CONCEITUAL PARA A DEFESA A ZONA PRESSIONANTE

Princípio: Pressing

Sub-Princípio: Zona Pressionante

Complexidade: 3 (média alta)

Objetivos: Controlar os potenciais receptores mais próximos

Tempos: 6 X 8' 

Adaptação Biológica: Resistência Específica

Materiais: Discos, coletes e bolas

Descrição

Número de jogadores 12 (5:5 + 2 curingas)

Jogo Conceitual 5 : 5 + 2 coringas para controlar os potenciais receptores de passes mais próximos. Em um 5 : 5 + 2 curingas como disposto no campograma, pressionar constantemente o possuidor da posse da bola, quando este realizar o passe, o defensor direto deve abandonar o jogador que realizou o passe e pressionar o atual portador da posse da bola. Nessa situação, um companheiro deve abandonar o seu oponente e pressionar o adversário que realizou o passe. Sair do espaço específico para realizar o pressing e retornar a posição toda vez que não recuperar a posse da bola.  

sábado, 1 de fevereiro de 2014

JOGO CONCEITUAL PARA LIBERAR O COMPANHEIRO

Princípio: Posse e Valorização da Circulação da Posse da Bola;

Subprincípio: Criação de superioridade numérica; 

Complexidade: 2 (média);

Objetivo: Criar superioridade numérica posicional ao redor do possuidor da bola;

Tempos: 3 X 8';

Adaptação Biológica: Resistência Específica;

Materiais: Discos, coletes e bolas.

Descrição

Número de jogadores 14 (5 : 5 + 4 curingas)

Jogo conceitual 5 : 5 + 4 curingas para criar superioridade numérica posicional ao redor do possuidor da bola. Em um 5 : 5 com 4 curingas como disposto no campograma, mantendo a posse da bola. Os curingas jogam com a equipe de posse da bola, quando a bola chega até um curinga, este deverá provocar, mediante a condução da bola do exterior para o interior do campo de jogo (que está em igualdade numérica) se converta em superioridade para prosseguir mantendo a posse da bola. O curinga não deve passar enquanto um colega não estiver liberado da oposição do adversário. 

sábado, 18 de janeiro de 2014

JOGO TÉCNICO 1 : 1 + GOLEIROS

Jogo muito bom para a pré-temporada!

Princípio: Contra Ataque;

Sub - Princípio: Construções de situações de ataque/Evitar a construção de situações de ataque;

Complexidade: 1 (fácil);

Objetivo: Resolução de situações 1 : 1 no momento ofensivo/defensivo e finalização;

Tempos: 10 X 1'                                                   Recuperação: 1';

Adaptação Biológica: Força Específica (disputa 1 : 1 e mudanças de ritmo e de direção em alta intensidade);

Materiais: Bolas, discos e coletes.

Descrição

Número de jogadores 5 ( 1 : 1 : 1 + 2 goleiros)

Jogo técnico de situações de 1 : 1 + goleiro. Se o atacante completa a situação superando o defensor e finalizando (marcando o gol ou não), ataca a outra baliza, haverá a mudança se perder a posse da bola para o defensor que vai atacar o colega que está esperando.  

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

JOGO BONITO. COMO ISSO É POSSÍVEL?


Acompanhando as movimentações e notícias nesse início de ano dos clubes brasileiros, ouço alguns comentários sobre jogar bonito. Mas o que é jogar bonito? Historicamente, tivemos uma equipe brasileira que jogou bonito a Seleção de 1982 (entretanto, não ganhou o mundial). O seu comandante, o treinador Telê Santana era adapto de um jogar futebol de posse da bola, equipe buscando o ataque a todo instante. E isso, era sinônimo do futebol arte brasileiro referência no mundo todo. Mas, como no Brasil futebol é resultado, com duas participações em Copas do Mundo (1982 e 1986) e nenhum título parece que esse jogo bonito brasileiro foi substituído por um jogo mais pragmático que trouxesse títulos (exemplo a Seleção de 1994). 

Esse jogo bonito que os treinadores buscam, dependem dentre outras questões de jogadores habilidosos e de grande qualidade técnica. Além do treinador possuir alguns princípios de jogo bem definidos para todos os momentos do jogo (sem perder as suas interações com o todo). 

Hoje temos referência de jogo bonito de futebol sempre fazendo menção ao futebol europeu. FC Barcelona, FC Bayern München, Arsenal FC, entre outros. O incrível é que, não figuram equipes brasileiras neste jogo bonito de futebol. Equipes brasileiras em recentes confrontos com equipes europeias e de outros continentes (Ásia) não conseguem jogar bonito e muito menos, vencer essas equipes (exemplo o São Paulo FC na Audi Cup, o Santos FC no amistoso contra o FC Barcelona e o Clube Atlético Mineiro contra o Raja). 

Neste sentido, o que falta para os clubes brasileiros começarem a jogar bonito futebol? Ao contrário, a nossa Seleção conseguiu vencer a Copa das Confederações jogando bonito a sua final contra a Espanha (referência de jogo bonito para muitos). Ao contrário, o campeonato nacional de futebol é carente de jogos que empolguem ao ponto de ser considerado um jogo bonito. Será isso por falta de jogadores com habilidade e qualidade técnica dentro dos clubes nacionais? Falta de ideia dos treinadores (Modelo de Jogo) definida para o jogar da equipe? Ou falta de continuidade de trabalho dos treinadores nas equipes brasileiras, já que por aqui as diretorias não mantém um treinador por muito tempo no cargo?

Existe muitas maneiras de jogo bonito no futebol, cada um terá a sua. Mas, para que ela entre em campo é necessário, possuir jogadores com habilidade e qualidade técnica no elenco, ideias boas para o Modelo de Jogo da equipe e tempo para a sua implementação (no mínimo 6 meses) para que a equipe comece a assimilar as propostas requeridas pelo seu treinador nas sessões de treinamentos e coloca-las na prática durante os jogos. 

Não esquecendo que, futebol é resultado! E para muitos a curto prazo. E com isso, o jogo bonito as vezes fica para outra hora.