Estamos vivendo tempos em que, o futebol vem sendo alvo de grandes discussões. Destarte, muitos se esquecem do que Pascal já havia exprimido: "Considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, como conhecer o todo sem conhecer principalmente as partes."
Mas, como já havia mencionado nesse humilde veículo de comunicação, existe uma miopia quando nos referimos aos momentos do jogo. Principalmente, quando se trata do momento de organização defensiva. http://epistemologiadofutebol.blogspot.com.br/search?q=Miopia+no+momento+defensivo
Recentemente, José Mourinho declarou que, não existe uma nova geração de treinadores. O que existe é um grupo de pessoas que tem alguma ideia, uma filosofia e quer criar algo como: nós construímos o nosso jogo muito bem vindo de trás, nós temos uma posse de bola ótima, nós não jogamos em contra-ataque ...
Para que possamos compreender essa dicotomia, precisamos conceituar os tipos de ataque existentes no futebol. No futebol, alguns autores, especialistas e técnicos (principalmente os europeus) conceituam dois tipos de ataque possíveis em uma partida de futebol:
- Ataque Posicional
- Ataque Rápido e/ou Contra-Ataque
Ataque Posicional: é um tipo de dinâmica ofensiva em que busca primeiro, um melhor posicionamento e distribuição geométrica em campo, onde a posse de bola através dos passes horizontais (para o lado) acaba sendo parte importante da estratégia do jogo (Organização Ofensiva), para então, efetivamente construir situações que possibilitem chegar a meta adversária de forma
coletiva e com o intuito de desorganizar a defesa adversária através da circulação da bola.
Ataque Rápido: popularmente conhecido como contra-ataque, é uma forma de ataque, conhecida basicamente pelo seu início na recuperação da posse da bola (transição ofensiva) e a progressão rápida pelo campo de jogo face ao espaço deixado aberto pela equipe adversária para a zona de finalização. Caracteriza-se pela simplicidade na intervenção direta sobre o móbil do jogo (bola) e na maioria das vezes, em inferioridade numérica.
Para uma equipe que tem como Modelo de Jogo, jogar no ataque rápido (a grande maioria dos clubes brasileiros está optando por essa forma de jogar) o grande problema é a recuperação da posse da bola. Essa recuperação geralmente ocorrerá no seu campo defensivo, pois, como irá atacar na sua grande maioria em inferioridade numérica, terá um menor número de jogadores na ação ofensiva e consequentemente, um menor número de jogadores próximos (compactação ofensiva). Movimento retroativo de um desses processos em relação ao outro Todo - Partes, Partes - Todo (como indica a figura acima).
Já a equipe que opta pelo ataque posicional no seu Modelo de Jogo, consequentemente terá um protagonismo maior durante o jogo de futebol. Uma maior média percentual de posse de bola, uma equipe mais compacta ofensivamente e por conta disso, um maior número de recuperações de posse de bola no mesmo local da sua perda. O FC Barcelona é o maior exemplo desse estilo de jogo. Não que isso seja uma receita para o sucesso.
Desta forma, o todo é mais do que a soma das partes; o todo é menos do que a soma das partes; o todo é mais do que o todo; as partes são ao mesmo tempo menos e mais do que as partes; as partes são eventualmente mais do que o todo e o todo é menos do que o todo (MORIN, 2013).
Pois, não basta conceber como problema central o da manutenção das relações Todo - Partes, há que ver também o caráter complexo dessas relações, a diversidade organiza a unidade que organiza a diversidade (MORIN, 2013).
Morin (2013), quando relata que o todo é menos do que o todo, porque dentro do todo, há zonas de sombra, ignorâncias mútuas e até cisões, falhas. Há buracos negros em toda totalidade. E isso, em uma equipe de futebol é evidente, embora muitos preconizem que o futebol é simples. Mais um indicio de miopia.
Enfim, acredito que uma equipe de futebol deve dominar muito bem as duas formas de atacar, para que possam saber se portar durante uma temporada. Por que, para ser protagonista no jogo de futebol, o resultado é mais uma nuance que está inserida nas interações entre o Todo - Partes e Partes - Todo.
Enfim, acredito que uma equipe de futebol deve dominar muito bem as duas formas de atacar, para que possam saber se portar durante uma temporada. Por que, para ser protagonista no jogo de futebol, o resultado é mais uma nuance que está inserida nas interações entre o Todo - Partes e Partes - Todo.
Referência
MORIN, E. Ciência com consciência. 15ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.
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