Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

sábado, 29 de maio de 2010

AS FASES DO JOGO


Na dinâmica do encaixe de um jogo de futebol, percebe-se que ele é constituído de três situações táticas clássicas:

  1. Ataque;
  2. Defesa; e
  3. Reorganização de Posturas.

Assim, pode-se analisar o jogo também considerando a eficiência das equipes no desempenho dessas três fases. Temos que nos ater nos treinamentos, principalmente quanto as distâncias entre as peças do desenho tático escolhido, pois é esse fator que, dará um maior equilíbrio nesses três requisitos do jogo, mas não só. O técnico que faz a leitura correta da interferência dessas distintas fases na produção da sua equipe sai na frente para melhor ajustá-la. O que caracteriza um modelo de jogo da equipe é, o aprimoramento de uma dessas três fases, ou como deveria ser, o aprimoramento das três.

Como devem ser os três momentos do jogo:

Momento Ofensivo (fase de construção de jogadas): caracteriza-se pela insistência na construção de jogadas de ataque ou, pelo menos, na manutenção de posse de bola. Não basta apenas delimitar o posicionamento dos jogadores em campo sem instruí-los e prepará-los para executar as ações. Em termos ofensivos, muitas esquematizações táticas podem ser utilizadas. A partir das suas características, os atletas devem ser distribuídos em campo e treinados individualmente, por setores e em conjunto, para as ações ofensivas. Poderá haver trocas de posicionamento entre as peças do desenho, mas é importante que sejam feitas por jogadores que saibam ser ofensivos também nas zonas para as quais estão migrando. Os procedimentos ofensivos de uma equipe de futebol costumam ser marca registrada do sistema tático que os utilizam. (Drubsky, 2003).

Momento Defensivo (fase de recuperação de bola): talvez seja este o fator determinante para que o desenho tático funcione no futebol. Qual peça vai marcar determinado setor nas várias situações de jogo em que o adversário recupera a posse de bola e prepara a contra-ofensiva? Quais setores farão as coberturas nestes casos? Quem pega quem na saída de bola do adversário? Isso deve estar bem assimilado para evitar furos no desenho. Sendo o futebol moderno caracterizado pela ocupação inteligente dos espaços, a equipe que deixa buracos no campo estará fadada a maus resultados. Num jogo em que os atletas se preocupam apenas em ser ofensivos, o resultado quase sempre é a derrota! Cada desenho tem a sua melhor forma de marcar o adversário. Além disso, o sistema de marcação depende das características dos jogadores e do encaixe do jogo. Após conjugar essas situações, o técnico define como bloquear as ações do seu oponente já a partir do seu campo ou de zonas mais recuadas. (Drubsky, 2003).

Momentos de Reorganização (fase de transição do jogo): são nítidas em campo as situações de jogo em que as equipes perdem ou recuperam a posse de bola e necessitam de um tempo para reorganizar seu posicionamento em razão das novas necessidades. Na transição tanto para as ações de ataque quanto para as de defesa, exige-se eficiência das equipes e seus desenhos, sob pena de sofrerem danos irreparáveis. A fase de reorganização do jogo é uma circunstância tática treinável que deve levar em consideração a organização do desenho, as esquematizações táticas e o desenvolvimento dos sistemas de cobertura e compensações e do poder de posse de bola, entre outros. (Drubsky, 2003). 

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A MONTAGEM DOS PEQUENOS JOGOS

Gama Filho cita Melo (1999), em Garcia e Lemos (2001: p. 102), que sugere uma metodologia centrada na situação de jogo, dividindo o campo de jogo em zonas, no setor ofensivo e defensivo.

Um jogo de futebol tem características físicas, técnicas e táticas semelhantes em todas as partes do campo. Enquanto uma equipe luta para manter a posse da bola, a outra tenta retomá-la. O que acontece no centro do campo é muito parecido com o que acontece nas laterais e também próximo às áreas de gol. Basicamente, o jogo se traduz numa constante disputa pela posse da bola em toda a extensão do gramado. A única coisa que qualifica taticamente os lances nas diferentes zonas do campo são os objetivos a alcançar nas situações de jogo criadas em cada uma delas.

O campo de jogo apresenta zonas táticas imaginariamente demarcadas, onde acontecem situações de jogo características e importantes. Nós treinadores podemos aproveitar as zonas táticas do campo para criar nossos treinamentos. Todas as esquematizações desenvolvidas nas variadas zonas do campo fazem parte da ideia geral do sistema tático que estamos implantando.


Zonas e funções para os defensores durante a montagem dos pequenos jogos:
1. Zona de maior atenção e marcação dos defensores;
2. Zona que tem o objetivo de impedir os cruzamentos;
3. Zona de obstrução à criação do adversário;
4. Zona de atenção e primeiro combate aos atacantes.

Zonas e funções para os meias e atacantes durante a montagem dos pequenos jogos:
5. Zona de criação de jogadas ofensivas;
6. Zona de maior eficência de finalizações através de chutes;
7. Zona de maior eficiência de finalizações com a cabeça;
8. Zona de investidas dos laterais e atacantes.

As zonas do campo demarcadas na imagem acima, poderão ser usadas isoladamente ou em conjunto, dependendo dos objetivos a atingir nos treinamentos. Outras zonas geometricamente idealizadas podem ser criadas para atender às características dos jogadores ou à visão de jogo dos treinadores.

sábado, 15 de maio de 2010

JOGO: SAÍDA DE JOGO COM OS ZAGUEIROS

Princípio: Saída de Bola.

Sub-princípio: Movimentações Ofensivas.

Complexidade: 2 (média).

Objetivos: Movimentações ofensivas, circulação da bola, abertura de campo.

Tempos: 8 X 2'                                            Recuperação: 2'

Adaptação Biológica: Resistência Específica.

Materiais: Discos, cones, coletes e bolas.


Jogo Específico (grupos numerosos)                               Dimensão: meio campo.

Jogo específico tendo cada equipe, dois zagueiros, dois meias e um atacante. Os zaguieros trocam passes contra a oposição do atacante e lançam a bola até o atacante (quando estiver em posição para o passe). Acontecendo isso, os dois meias saem do meio do campo e realizam um confronto 3:2 com o objetivo de finalizar em gol. Após terminada a ação, realizar a mesma ação no sentido contrário.

 

Se o trabalho for realizado com o menor número de toques na bola possível, mais eficiente será a sua saída de jogo.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

APRENDIZAGEM NO FUTEBOL

Segundo Caldas (1999) o suporte biológico da aprendizagem nos primeiros anos de vida é provavelmente mais estável e talvez estruturante para o que vier a ser aprendido depois. Por outro lado, variáveis como a frequência de utilização também se têm revelado de importância para o arquivo cerebral da informação. O que é mais frequentemente utilizado tem mais suporte que aquilo que raramente se usa.

Se fizermos uma reflexão sobre isto aplicado ao futebol percebemos a importância da formação naquilo que deve ser o entendimento do Jogo na sua essência. O processo de escolas de formação como a do Ajax encaixa nesta lógica de estimulação precoce de uma ideia de jogo própria treinada desde bem cedo pois isso facilitará a sua evocação na idade adulta.

Por esta leitura, eu entendo que a aplicação de Princípios da Periodização Tática na sistematização e operacionalização dos treinamentos de categorias de formação, podem ser o divisor de águas, para uma qualidade superior de um menino que já vivenciou isso em fases de início de treinamentos, em relação há aqueles que nunca tiveram essa oportunidade.  

sábado, 1 de maio de 2010

CIDADES PEQUENAS PODEM SER CELEIROS DE CRAQUES?

A formação do jogador de futebol para o elevado rendimento desportivo é realizada nas Escolas de Futebol e nas divisões de base dos clubes. Compreende as seguintes categorias:

  • Sub 9 anos;

  • Sub 10 anos;

  • Sub 11 anos;

  • Sub 12 anos;

  • Sub 13 anos;

  • Sub 14 anos (Mirim);

  • Sub 15 anos (Infantil);

  • Juvenil (16 e 17 anos); e

  • Juniores (18, 19 e 20 anos).
É, de forma geral, um processo que envolve o adiantamento das qualidades psicomotoras e coordenativas adquiridas na infância e na adolescência. Nele, fica caracterizado a evolução continuada dos componentes físicos, técnicos, táticos, relacionais, cognitivos, mentais e psicológicos. Somemos o desenvolvimento desses componentes às condições naturais do indivíduo trazidas em seu código genético, e tudo isso potencializado pelas atividades que ele realiza no meio social e cultural, mesmo que sem intervenção consciente.

Crianças que convivem em espaços abertos, jogando, correndo, saltando, apresentam mais disposição para o aprendizado do futebol do que crianças que permanecem em espações fechados, interagindo com jogos eletrônicos e atividades de limitada mobilidade. Afinal, os processos de aprendizagem motora são decorrentes das necessidades provocadas pela adaptação e controle do meio ambiente. A criança quando joga futebol, utiliza movimentos naturais adaptados, consequência direta da motricidade geral.

Por isso, a pergunta, cidades pequenas podem ser celeiros de craques... Eu acredito que sim, devido as crianças de moram nessas localidades terem mais disponibilidade de práticas esportivas fora de ambientes propicios para o futebol convencional. Pois se, em uma cidade ele prática o futebol apenas no seu treinamento duas ou três vezes por semana, na cidade pequena ele prática, antes, durante e após os treinamentos, os setes dias da semana se quiser. Por haver uma menor preocupação com a violência e haver locais (mesmo que não tanto apropriados) que o oportunizam essa prática. E desta forma, eles possam alcançar as dez mil horas de prática que caracterizam um expert.



sábado, 24 de abril de 2010

JOGO DE TRANSIÇÃO + RETIRADA DA PRESSÃO

Esse trabalho realizo com a equipe Sub 14. Para melhorarmos a transição ofensiva - defensiva e defensiva - ofensiva.

Princípio: Transição.

Sub-Princípio: Retirada da bola da zona de Pressão.

Complexidade: 3 (média alta).

Objetivos: Transições rápidas (ofensiva-defensiva, defensiva-ofensiva) e Retirada da bola da zona de Pressão pelos corredores laterais.

Tempos: 3 X 8'                                     Recuperação:  4'

Adaptação Biológica: Resistência Específica.

Materiais: cones, discos, dois jogos de coletes e bolas.


Número de Jogadores: 17 (6:6+4 curingas) e 1 goleiro.  Dimensões: meio campo.

Jogo específico com com duas equipes de seis jogadores, disputam um seis contra seis e quatro ficam como curingas nas laterias do campo. A equipe atacante (azul) tem o objetivo de finalizar em gol, com o auxílio dos curingas (pretos). A equipe defensora (vermelha) além de evitar as finalizações, tem que fazer a bola chegar num dos dois quadrados localizados nas laterais do campo (oposto a baliza) para um companheiro recepcionar e desta forma realizar a transição.

Sempre utilizando o modelo de jogo que iremos aplicar.

sábado, 17 de abril de 2010

MANIFESTAÇÕES DE FORÇA PARA O FUTEBOL


No esporte, parte-se, então, do pressuposto de que a força é a capacidade motora que se manifesta de diferentes formas, em virtude das necessidades das ações motoras do jogo (Vitori,1990), apresentando-se como expressões de diferentes formas, sobretudo na leitura de sua relação com a revelação de uma estruturação multifacetada, partindo da tese de que a força quase nunca se manifesta de forma pura, única, mas nas mais variadas determinações, especialmente nas ações ativa e reativa. 

Levando-se em conta que, durante as partidas os jogadores terão algumas vezes que entrar em contato físico com os oponentes, principalmente para disputar a bola. Temos que ter, alguma metodologia de treinamento que entre em nosso planejamento semanal e que oportunize esse fato. Para que desta forma, a manifestação de força para o futebol, aproxime-se o mais próximo da realidade dos jogos. 

Pois relato aqui, que este trabalho específico, além de trabalhar as manifestações de força, trabalhará em conjunto as manifestações de equilíbrio, muito importantes para a sequência de uma jogada de contra-ataque por exemplo, que pode definir um resultado de uma partida e que engloba, força explosiva num ciclo duplo de trabalho muscular, o ciclo alongamento e encurtamento (CAE) após o contato com o oponente.