Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

CRISE NO FUTEBOL NACIONAL E A FORMAÇÃO - PARTE II


Após a rodada do Campeonato Brasileiro deste final  de semana, alguns anseios e angustias me fizeram retomar essa série de postagens. Pois bem, vamos a elas:

  • Muito se tem pedido para que o nosso futebol se aproxime do europeu;
  • Muitos querem técnicos com metodologias (filosofias) diferentes atuando nos clubes nacionais.
O São Paulo Futebol Clube, contrata um treinador com essas características. Trabalhou na Inglaterra (Manchester City) adota uma filosofia de trabalho onde, não repete as suas escalações (rodízio) dos jogadores, entre outras questões. Mas, jogou duas partidas durante a semana, na quinta-feira (17 de setembro) recebeu a Associação Chapecoense de Futebol e empatou e ontem foi a Florianópolis e foi derrotado pelo Avaí Futebol Clube.

Hoje muitos torcedores, pessoas da imprensa o acusam de inventor, Professor Pardal, entre outros adjetivos. Destarte, isso é uma prática comum na Europa. Pois, se o jogador não vem sendo utilizado e quando o clube precisa que algum jogador tenha que iniciar uma partida depois de um longo tempo sem participar delas, ouvimos que o jogador necessita de ritmo de jogo. 

Entretanto, fazendo uma correlação com a formação, quando algum treinador opta pela entrada de um menino e deixando outro que vinha sendo titular na reserva, observo a mesma reação dos pais, ou pior, o pai pedir para o menino deixar o campo, pois, já que vai iniciar o jogo no reserva, não precisa mais fazer parte daquela equipe.

Na minha humilde opinião, a nossa cultura impede que o nosso futebol evolua, precisamos entender que, assim como no futebol, a nossa sociedade precisa ser mais solidária e cooperativa, futebol é um esporte coletivo, não pode ter apenas 11 jogadores, mas sim, um grande elenco e todos, na medida do possível devem participar das partidas.

E qual é a sua opinião? 



 

Iº CEFA SOCCER CAMP


No próximo mês estarei em Cascavel realizando o Iº CEFA Soccer Camp. Nesta oportunidade estarei oportunizando aos participantes um pouco do que aprendi participando do FCB Escola Camp em 2012.


domingo, 12 de julho de 2015

CRISE NO FUTEBOL NACIONAL E A FORMAÇÃO - PARTE I


O futebol nacional está em crise? Existe relação desta crise com as categorias de formação? Estes serão temas abordados nesta série de posts que irei começar neste humilde espaço de discussão sobre futebol.

O Brasil se autodenomina o "País do Futebol" e os números podem dar indícios disso, pois, segundo o Portal 2014 o Brasil possui 29.208 clubes, 783 clubes profissionais com 2,1 milhões de jogadores registrados e 11,2 milhões não registrados. Campeonatos estaduais 27; divisões A, B, C e D; jogos profissionais 5 mil ao ano; Dos clubes profissionais, a situação é a seguinte por Regiões:

  • Região Sudeste com 235 clubes, equivalente a 30%
  • Região Nordeste com 227 clubes, equivalente a 29%
  • Região Centro-Oeste com 143 clubes, equivalente a 18,3%
  • Região Sul com 98 clubes, equivalente a 12,5%
  • Região Norte com 80 clubes, equivalente a 10,2%
Mas, a pergunta que deve ser feita é, essa quantidade reflete qualidade? Esses 29.208 clubes, qual são as suas preocupações atuais na implementação de um modelo de formação e iniciação, com programas, meios e métodos de treinamentos adequados?

No livro "Herr Pep" de Marti Perarnau, há no Momento 9, um relato de como Pep Guardiola pretende incorporar os seus trabalhos em clube que ganhou tudo na temporada anterior. Ele se refere ao "Idioma" diferente, e este, não é o falado alemão, mas sim, o de comportamento de jogo: pressão ao portador da bola; o homem livre; o terceiro homem e a profundidade; mover o rival para encontrar espaço; defesa, não marcar o homem, mas o espaço. Após, isso surge uma comparação com o FC Barcelona, onde há relatos de que, falar isso para, Xavi, Iniesta, Pedro, Busquets, Messi, que vem falando esse "Idioma" de futebol há vinte anos é uma situação. E quando chegam a equipe principal se joga da mesma forma que na base. Agora, tentar trocar esse "Idioma" de futebol na Alemanha, no seu maior clube, é outra história.

O que quero dizer com isto, que existe clubes, treinadores, dirigentes mundo a fora que pensam o futebol de uma forma diferente, mas, bem diferente do aqui em terras tupiniquins. 

Qual clube nacional tem uma convicção tática (comportamentos de jogo) desde as categorias de formação? Qual clube nacional deixa o seu treinador trabalhar e desenvolver o seu padrão de jogo (e/ou Modelo de Jogo) ou contrata um treinador que esteja alinhavado com a convicção tática do clube? Qual clube nacional está aberto à novas ideias? Essas e muitas outras questões precisamos responder para poder entender e começar a modificar o nosso futebol.

domingo, 28 de junho de 2015

MUSCULAÇÃO, AMBIENTES DE APRENDIZAGEM E O FUTURO DO FUTEBOL


Muitas pessoas estão preocupadas com o futuro e o desenvolvimento do nosso futebol. Existem muitas pessoas engajadas nessa divulgação. Mas, ainda continuamos muito focados nas partes, para mim, a musculação é um treinamento acessório, ele é muito importante, entretanto, na mais tenra idade existem outras questões mais primordiais. 

Já foi tema nesse mesmo espaço de discussão que, o Brasil passou por um processo de urbanização na década de 1970. Esse processo ocasionou uma diminuição das atividades físicas por parte das crianças. Esse processo, ganhou força e com o advento das tecnologias, as crianças, principalmente as de classe média/alta vem fazendo um grande uso das tecnologias e deixando o movimento de lado.


Esse fenômeno vem sendo denominado de "Analfabetismo Motor". Termo esse cunhado pelo Professor Dr. Luiz Roberto Rigolin da Silva. O analfabetismo motor, quer dizer que as crianças estão cada vez mais parecidas com a maioria dos adultos em seu estilo de vida, sedentário. Se as nossas crianças estão cada vez mais paradas. como elas aprendem os seus movimentos? Como será a próxima geração de jogadores de futebol? 

Essas perguntas devem ser feitas, principalmente pelo ambiente acadêmico, pois as vezes, parece que o ambiente acadêmico está preocupado apenas com a "biologização do esporte", desta forma,  alguns parecem estar tão preocupados com os aspectos referentes a força muscular. E quanto ao ambiente de aprendizagem, o vocabulário motor dessa futura geração?


Os clubes deveriam se preocupar como será a vivência motoras das crianças, para terem jogadores mais habilidosos nas categorias de base e não jogadores mais aptos fisicamente (treinamento de atletismo). Pois, a plasticidade motora ou aprendizagem motora, possibilita a toda pessoa que tenha aprendido um determinado movimento, executá-lo sem nenhum esforço. Pois, a transferência das táticas motoras do consciente para o inconsciente são absolutamente necessárias para que haja proficiência motora. E isso é processado no cerebelo. E a infância e a juventude são as melhores épocas para oportunizar essa aprendizagem.

Os ambientes de aprendizagem deveriam ganhar mais tempo nas discussões, tanto acadêmicas como, nos clubes. Pois, não é novidade alguma que a melhor Escola de Futebol do Mundo foi o Futebol de Rua. Mas, não estamos conseguindo recriar esse ambiente de aprendizagem como tínhamos antigamente. Os úteros artificiais precisam ganhar espaço de discussão e mais ações práticas para que o futuro do futebol possa ter esperança. 

sábado, 20 de junho de 2015

JOGO FRACTAL PARA A FINALIZAÇÃO



Conteúdo: Criação de situações de finalização. Movimentação constante dos jogadores para criar o hábito de apoiar o colega, tanto defensivamente quanto ofensivamente.

Descrição

Número de jogadores 12 (3:3 + 2 goleiros e 4 curingas)

Equipes com 3 jogadores. O objetivo é marcar o gol, a equipe em posse de bola para pode progredir no terreno sem passar pelas barreiras colocadas na entrada da área penal. Após a finalização em umas das balizas, vai atacar a outra baliza, com rápida mudança de direção. A equipe sem a posse da bola é obrigada a saltar a barreira posicionada na entrada da área penal, e quando recuperar a posse da bola deve realizar um passe médio na diagonal para um dos quatro curingas posicionados nas extremidades da área de jogo, para após feito isso, possam trocar as funções. 

               Fig. 1: exemplo de salto para a equipe sem a posse de bola

Esta postagem é continuação e um exemplo prático para a série "Pela musculação a dentro. No futebol, perda ou ganho de tempo?" Exemplos típicos do emprego de força no futebol estão em, acelerações, saltos, finalizações e mudanças de direção, nas frenagens, paradas abruptas, bem como na fase inicial das corridas e dos saltos (WEINECK, 2002). 

Destarte, esse é um exemplo de trabalho para a força rápida do futebol, sem estar descontextualizado das ações que ocorrem durante o jogo e pode ser utilizado dentro do morfociclo na terça-feira. 

Referência

WEINECK, J. Futebol Total: o treinamento físico no futebol. Guarulhos, SP: Phorte, 2002. 


quarta-feira, 17 de junho de 2015

PELA MUSCULAÇÃO A DENTRO. NO FUTEBOL, PERDA OU GANHO DE TEMPO?

                 Fig. 1: equipamentos de treinamento de força convencional.

Uma das primeiras publicações sobre preparação física no futebol é a obra de Carlos Alvarez Del Villar intulado "La Preparación Física del Fútbol Basada en el Atletismo" de 1985 e influenciou muitas pessoas envolvidas no processo de treinamento em futebol.

É inegável que, existe uma vasta gama de publicações cientificas sobre o tema Treinamento de Força no Futebol. Mas, a esmagadora maioria, atrelada a testes de saltos vertical e horizontal e/ou deslocamentos corporais (corridas sem a posse da bola). Para iniciarmos essa discussão, recorro a ícones da fisiologia do exercício, Kenney, Wilmore e Costill (2013) que definem a força como a MÁXIMA tensão que um músculo ou grupo muscular pode gerar. Outro importante autor sobre este tema, Weineck (2003) apregoa que, "o jogador de futebol necessita de força não há dúvida", mas como no futebol o movimento necessário para realizar uma boa ação durante uma partida muitas vezes requerem uma ação tão rápida que não permite a "máxima" geração de tensão muscular. Qual seria o procedimento quando se soluciona com êxito uma situação sem a geração da máxima tensão muscular? Será que o músculo é apenas um órgão gerador de trabalho e/ou existe outra conotação para esse órgão?

Essa capacidade de gerar movimento é diferente da capacidade de produzir tensão muscular, já que esta produção de movimento não virá determinada unicamente pela ação do músculo principal efetor do movimento. mas que dependerá de um complexo processo de interação entre os processos musculares de excitação/contração (sendo este em si mesmo um procedimento não - linear em seu processo de difusão), os processos reflexos auto-gerados a nível espinhal para aquelas determinadas
condições de trabalho e a integração destes processos através do cerebelo (IVANCEVIC et al, 2009 apud   POL, 2013, p. 65).

                  Fig. 2: equipamento para treinamento de força funcional.

Como é do conhecimento de todos, cada fibra muscular recebe uma terminação nervosa de motoneurônio, formando a estrutura chamada unidade motora. Ao se comandar uma contração muscular e ativar um neurônio, sendo o potencial excitatório adequado, todas as fibras musculares ligadas a ele se contrairão em obediência à lei do tudo ou nada. Destarte, a intensidade da contração pode ser controlada de duas maneiras: pela variação da quantidade de unidades motoras de um mesmo músculo que são recrutados para a realização do movimento e pela variação da frequência da descarga excitatória nervosa (DANTAS, 2014). 

Um estudo de Arruda e Hespanhol (2009), relata que, as forças explosiva e explosiva elástica explicam 30% e 40% das mudanças de direção, respectivamente. Logo, esses dados indicam que a força explosiva elástica reflexa é a melhor relação para as mudanças de direção nas ações sem bola do que as outras manifestações; no entanto, cabe ressaltar que, os níveis hierárquicos entre os componentes para a produção de força. Além disso, vale lembrar que houve fraca correlação entre agilidade com a bola e as manifestações da força neste estudo. Segundo os autores já referenciados, esses compostos reduzem a utilização das manifestações de força e atenuam o controle de bola, este servindo como um elemento alternativo para o sistema nervoso central (SNC) reduzir a velocidade de movimento.  Após essa explicação, seria mais útil aos jogadores de futebol realizarem exercícios de treinamento de força em cadeia cinética aberta (CCA) e/ou cadeia cinética fechada (CCF)? Sendo assim, a realização de exercícios de treinamento de força, em aparelhos que estimulam a CCA podem prejudicar a plasticidade sináptica produzida pelo processo de treinamento tático para a introdução de um Modelo de Jogo? 



Equipes europeias já vem se distanciando desse pensamento (utilizando equipamentos de caráter funcional como pode ver visto no vídeo acima) e algumas equipes brasileiras também começam a partilhar deste pensamento. Pois, de que me vale ser muito forte, em uma modalidade esportiva onde o movimento produzido deve executado com precisão em um entorno imprevisível?
            Fig. 3: Tetragrama das interações do jogo de futebol
            Adaptado de Morin, 2013. 

Como o tetragrama acima nos informa, o jogo de futebol acontece em conjuntos com outros fatores muito importantes que possuem interações, e um deles é o entorno. Ao invés de produzir uma força máxima, os jogadores de futebol deveriam produzir uma força ótima para os movimentos a serem executados em interação com o entorno da partida. Pois nem todas as contrações musculares requerem o mesmo recrutamento de fibras musculares quanto aos chutes, deslocamentos, passes, basculações, saltos, etc. 

Muitos vão indagar sobre os benefícios do treinamento de força como prevenção de lesões, equiparação de membros, lembrando que o jogo de futebol é unilateral. Jogadores que voltam de lesão são aconselhados a fazerem um treinamento de força. Muitos clubes, usam o treinamento de força como treino recuperativo. Essas situações são muito válidas. Mas, se o músculo iliopsoas for sobrecarregado, qual o custo disso?

Por fim, será que no futebol não há mais nada a ser inventado? Será que uma nova forma de se pensar a preparação de uma equipe de futebol diferente de atletas do atletismo vem ganhando mais adeptos no Brasil? 

Gostaria da participação dos leitores para que, possamos gerar um ambiente saudável de discussão sobre o futebol. 

Referências

ARRUDA, M.: HESPANHOL, J. E. Treinamento de força em futebolistas. São Paulo: Phorte, 2009. 

DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 6 ed. Vila Mariana, SP: Roca, 2014.

KENNEY, L. W.; WILMORE, J.H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 5 ed Barueri, SP: .Manole, 2013.  

MORIN, E. Ciência com consciência. 15ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. 

POL, R. La Preparación Física en el fútbol. el processo de entrenamiento de la complejidad. 2 ed. MC Sports, 2013.




quarta-feira, 10 de junho de 2015

PROTAGONISMO NO JOGO DE FUTEBOL: ATAQUE POSICIONAL OU ATAQUE RÁPIDO



Estamos vivendo tempos em que, o futebol vem sendo alvo de grandes discussões. Destarte, muitos se esquecem do que Pascal já havia exprimido: "Considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, como conhecer o todo sem conhecer principalmente as partes."

Mas, como já havia mencionado nesse humilde veículo de comunicação, existe uma miopia quando nos referimos aos momentos do jogo. Principalmente, quando se trata do momento de organização defensiva. http://epistemologiadofutebol.blogspot.com.br/search?q=Miopia+no+momento+defensivo

Recentemente, José Mourinho declarou que, não existe uma nova geração de treinadores. O que existe é um grupo de pessoas que tem alguma ideia, uma filosofia e quer criar algo como: nós construímos o nosso jogo muito bem vindo de trás, nós temos uma posse de bola ótima, nós não jogamos em contra-ataque ... 

Para que possamos compreender essa dicotomia, precisamos conceituar os tipos de ataque existentes no futebol. No futebol, alguns autores, especialistas e técnicos (principalmente os europeus) conceituam dois tipos de ataque possíveis em uma partida de futebol:
  1. Ataque Posicional
  2. Ataque Rápido e/ou Contra-Ataque
Ataque Posicional: é um tipo de dinâmica ofensiva em que busca primeiro, um melhor posicionamento e distribuição geométrica em campo, onde a posse de bola através dos passes horizontais (para o lado) acaba sendo parte importante da estratégia do jogo (Organização Ofensiva), para então, efetivamente construir situações que possibilitem chegar a meta adversária de forma 
coletiva e com o intuito de desorganizar a defesa adversária através da circulação da bola.

Ataque Rápido: popularmente conhecido como contra-ataque, é uma forma de ataque, conhecida basicamente pelo seu início na recuperação da posse da bola (transição ofensiva) e a progressão rápida pelo campo de jogo face ao espaço deixado aberto pela equipe adversária para a zona de finalização. Caracteriza-se pela simplicidade na intervenção direta sobre o móbil do jogo (bola) e na maioria das vezes, em inferioridade numérica. 
Para uma equipe que tem como Modelo de Jogo, jogar no ataque rápido (a grande maioria dos clubes brasileiros está optando por essa forma de jogar) o grande problema é a recuperação da posse da bola. Essa recuperação geralmente ocorrerá no seu campo defensivo, pois, como irá atacar na sua grande maioria em inferioridade numérica, terá um menor número de jogadores na ação ofensiva e consequentemente, um menor número de jogadores próximos (compactação ofensiva). Movimento retroativo de um desses processos em relação ao outro Todo - Partes, Partes - Todo (como indica a figura acima). 

Já a equipe que opta pelo ataque posicional no seu Modelo de Jogo, consequentemente terá um protagonismo maior durante o jogo de futebol. Uma maior média percentual de posse de bola, uma equipe mais compacta ofensivamente e por conta disso, um maior número de recuperações de posse de bola no mesmo local da sua perda. O FC Barcelona é o maior exemplo desse estilo de jogo. Não que isso seja uma receita para o sucesso. 

Desta forma, o todo é mais do que a soma das partes; o todo é menos do que a soma das partes; o todo é mais do que o todo; as partes são ao mesmo tempo menos e mais do que as partes; as partes são eventualmente mais do que o todo e o todo é menos do que o todo (MORIN, 2013).

Pois, não basta conceber como problema central o da manutenção das relações Todo - Partes, há que ver também o caráter complexo dessas relações, a diversidade organiza a unidade que organiza a diversidade (MORIN, 2013). 

Morin (2013), quando relata que o todo é menos do que o todo, porque dentro do todo, há zonas de sombra, ignorâncias mútuas e até cisões, falhas. Há buracos negros em toda totalidade. E isso, em uma equipe de futebol é evidente, embora muitos preconizem que o futebol é simples. Mais um indicio de miopia.

Enfim, acredito que uma equipe de futebol deve dominar muito bem as duas formas de atacar, para que possam saber se portar durante uma temporada. Por que, para ser protagonista no jogo de futebol, o resultado é mais uma nuance que está inserida nas interações entre o Todo - Partes e Partes - Todo.

Referência

MORIN, E. Ciência com consciência. 15ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. 




quarta-feira, 27 de maio de 2015

O PARADIGMA DE COMPLEXIDADE NO FUTEBOL


Algumas pessoas admitem que o futebol tem um caráter complexo. Outras, admitem que o futebol é simples, que não há nada de complexo neste esporte. O que é reconhecido como complexo é geralmente o complicado, o imbricado, o confuso e, portanto, o que não poderia ser descrito (MORIN, 2013).

Mas, se analisarmos como vem se apresentando os jogos das equipes de futebol, principalmente das brasileiras, somos obrigados a concordar que, o futebol é complexo. Do contrário, todas as equipes brasileiras estariam apresentando um bom nível de futebol. Percebo que, quando as equipes são obrigadas a propor o jogo (equipes que jogam em casa e tem que atacar) elas estão encontrando grandes dificuldades. E as equipes que jogam em uma proposta de organização defensiva/defesa organizada, tem levado vantagem nos confrontos. 

Como equipes de futebol são compostas por seres humanos, temos que levar em consideração alguns aspectos para o seu processo de ensino-aprendizagem-treinamento com base no paradigma de complexidade: 

Uno - Múltiplo, jogador, plantel; 
Todo - Partes, os momentos do jogo e os seus princípios táticos; 
Sujeito, treinador; 
Objeto, equipe propriamente dita.  


O jogador e/ou o grupo de jogadores que compõem uma equipe de futebol, tem que estar cientes de que nesse processo existirá interações e entropia, um misto de ordem e organização entre eles e o treinador/comissão técnica. Se este processo não estiver em conformação, problemas ocorrerão no Todo - Partes do jogo causando muita Desordem. O sujeito (treinador), que realiza nos dias de jogos, coleta de informações para aprimorar o treinamento durante a semana. Destarte, ainda é pouco discutida essa questão, pois, não se treina para jogar, e sim o contrário, se joga para treinar. E o objeto (equipe) com a qual o treinador e sua comissão técnica observam e coletam os dados, para que na semana subsequente, corrijam os comportamentos (conceitos) que ainda não estão bem enraizados.  

Outra questão que não pode passar despercebida é, a questão do Todo e as Partes. A frase não é nenhuma novidade para os atores que tratam o futebol pela visão sistêmica, "o Todo é maior do que a soma das Partes". Mas, as Partes com interação no processo futebol importam muito. Como ressalta Morin (2013), a problemática do sistema não se resolve na relação todo - partes, e o paradigma holista esquece dois termos capitais: interações e organização. As relações todo - partes devem ser necessariamente mediadas pelo termo interações. Esse termo é tão importante quanto a maioria dos sistemas é constituída não de "partes" ou "constituintes", mas de ações entre unidades complexas, constituídas, por sua vez de interações. 

Em uma equipe de futebol isso fica claro nos seus setores, defesa, meio-campo e ataque. Onde, deve-se haver muitas interações para que a equipe possa desorganizar a equipe contrária e conseguir o resultado favorável, tendo interações entre o Uno - Múltiplo   Todo - Partes. 

Enfim, parece que o fenômeno futebol tem algumas prerrogativas ligadas a complexidade. 

Referência

MORIN, E. Ciência com consciência. 15ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. 

   

domingo, 17 de maio de 2015

O CENTRO E A PERIFERIA NO FUTEBOL


É normal no futebol atual um jogador querer jogar em um grande clube da Europa. É normal nos dias de hoje, as emissoras de televisão transmitirem os campeonatos de futebol da Europa: Italiano, Espanhol, Alemão, Português, Francês, etc. Não é novidade para ninguém que, os jovens de hoje estão perdendo a identidade com os clubes nacionais. 



Não é de hoje que, os países menos desenvolvidos economicamente exportam seus grandes jogadores de futebol para o mercado europeu. Ficando em território nacional jogadores que ainda não despertaram interesse de mercados maiores. Sendo assim, os campeonatos europeus têm maiores atrativos, pois contam com as estrelas do futebol mundial em campo a cada rodada. Em suma, não exportamos o espetáculo, mas sim, exportamos os artistas. Apoiados em Szymansky (apud OURIQUES, 2014), autor do livro Vencedores e Perdedores, sobre a indústria do esporte, que é a bíblia para estudantes e empresas, afirma que o Brasil tem potencial de sobra para realizar grandes campeonatos em termos de material humano. Por isso, deveria pensar em se beneficiar muito mais com o êxodo de jogadores de futebol ao invés de procurar contê-lo. Mesmo a saída sendo vista como inevitável, os preços dos jogadores deveriam ser mais bem explorados pelos clubes nacionais. Não serem comercializados por preços módicos e como potencializador dos lucros dos clubes europeus. Por outro lado, com as melhorias feitas nos estádios para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 no quesito de conforto do público nos estádios. Isto posto, poderia desta forma, aumentar a média de público nos estádios e consequentemente gerar mais renda e assegurar o tempo dos jogadores de qualidade por mais tempo (OURIQUES, 2014).  

Mas, uma questão que passa desapercebida muitas das vezes no futebol é, o centro está se beneficiando da periferia não só com o "pé de obra", mas, com milhares de euros em patrocínio. Não é segredo algum que, os clubes europeus, na sua maioria possuem donos. Muitos deles oriundos da Rússia, Emirados Árabes Unidos e até da China. E, aqueles que não possuem donos, aceitam patrocínios irrecusáveis em suas camisas desses territórios. 

Os territórios periféricos estão estampados nas camisas mais valiosas do futebol. Por isso, a relação território e futebol deve ser mais adensada. 

Referência

OURIQUES, N. Megaeventos no Brasil, o desenvolvimento do subdesenvolvimento e o assalto ao Estado. In: CAPELA, P. R. do C., TAVARES, E. (Org.) Megaeventos Esportivos: suas consequências, impactos e legados para a América Latina. Florianópolis: Insular, 2014, p. 13-44. 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

TERRITÓRIO E FUTEBOL: 44 ANOS DE CAMPEONATO BRASILEIRO


Neste final de semana tivemos início há mais um campeonato brasileiro da Série A. Muitas pessoas afirmam que, o campeonato brasileiro da Série A é o mais difícil do mundo. Eu prefiro, o mais disputado do mundo. 

No campeonato brasileiro da Série A em 44 anos de 1971 a 2014 tivemos 17 clubes como campeões. O São Paulo Futebol Clube é o maior vencedor com 6 títulos (13, 64%), seguido de perto do Sport Club Corinthians Paulista e o Clube de Regatas Flamengo com 5 títulos (11,36%) respectivamente. Somando os três, temos aproximadamente um pouco mais de 36% e 16 títulos em 44 anos. E, apenas 7 clubes venceram uma única vez (2,27%). 

Na Inglaterra, durante os mesmos 44 anos, 11 times foram vencedores. Na liga inglesa, dois clubes tem a hegemonia, Manchester United 13 títulos (29,5%) e Liverpool 11 títulos (25%). Somando os dois, temos 54,55% e 24 títulos em 44 anos. Depois vem o Arsenal com 6 títulos (13,64%). Somando os três, teremos aproximadamente mais de 68% dos títulos, ou seja em 30 anos apenas 3 clubes dominaram o futebol nesse território.

Na Espanha, em 44 anos, apenas sete clubes foram campeões. Neste território, verificamos a divisão de força em apenas dois clubes, Real Madri com 18 títulos (40,91%) e Barcelona com 14 títulos (31,82%). Dois clubes em 44 anos conquistaram juntos 32 títulos, ou seja, 72,73%.

Na Alemanha, em 44 anos, apenas nove clubes foram campeões. Neste território, observamos uma hegemonia do Bayern de Munique com 22 títulos, ou seja, 50%. O segundo clube mais vitorioso é o Borussia Dortmund com apenas 5 títulos, perfazendo 2, 2%. 

Na Itália, em 44 anos, apenas nove clubes forma campeões. Neste território, verificamos uma hegemonia da Juventus com 18 títulos (40,91%) e Internazionale e Milan com 8 títulos cada (14,15%). Três clubes conquistaram 34 títulos, ou seja, aproximadamente 70% dos títulos durante o período levantado. 

Baseado nisso, o campeonato brasileiro da Série A é um produto há ser bem mais explorado, pois tem uma chance maior de uma disputa acirrada entre mais de três equipes por ano. 


quarta-feira, 22 de abril de 2015

O LOCAL E O GLOBAL NO FUTEBOL: A IMPORTÂNCIA DOS ESTADUAIS



Há muito tempo ouço discussões sobre, o fim dos campeonatos estaduais de futebol. Muitas pessoas defendem essa ideia. Outros, poucos por sinal, relatam que, os estaduais devem permanecer. Enfim, os estaduais perduram. 

Para tentar explicar porque os estaduais de futebol no Brasil são importantes, peço auxílio a Latour (2013, p. 115) que pergunta, uma ferrovia é local ou global?
Nem uma coisa nem outra. É local em cada ponto, já que há sempre travessias, ferroviários, algumas vezes estações e máquinas para venda automática de bilhetes. Mas também é global, uma vez que pode transportar pessoas de Madri a Berlim ou de Brest a Vladivostok. No entanto, não é universal o suficiente para poder transportar alguém a todos os lugares (...)
Essa citação pode muito bem ser adaptada para os estaduais de futebol do Brasil. Pois, o Brasil é um país com dimensões continentais e se, só houvesse o campeonato nacional e a Copa do Brasil, muitas equipes não teriam a visibilidade que possuem hoje. Pois, são compostas de locais particulares, alinhados através de uma série de conexões que atravessam outros lugares e precisam de novas conexões para continuar se estendendo. Que podem ser entendidos como: campeonatos estaduais, campeonato brasileiro, copa libertadores, entre outros. Sendo considerados os seus circuitos, e/ou melhor dizendo, suas redes.   

Como está constituída a elite do futebol brasileiro hoje? Quais estados da federação têm mais equipes na Série A do Brasileiro?

O campeonato brasileiro da Série A de 2015 será constituído por 20 equipes. Destas, 10 equipes são oriundas da região Sudeste (50%); 8 equipes são oriundas da região Sul (40%); 1 equipe da região Centro-Oeste (5%); 1 equipe da região Nordeste (5%) e 0 equipe da região Norte (0%). Juntos, Sul e Sudeste, abocanham 18 das 20 vagas do maior campeonato nacional.

Por estados a situação é a seguinte:

  • São Paulo: Corinthians, Palmeiras, Ponte Preta, Santos e São Paulo;
  • Rio de Janeiro: Flamengo, Fluminense e Vasco;
  • Minas Gerais: Atlético-MG e Cruzeiro;
  • Rio Grande do Sul: Grêmio e Internacional;
  • Paraná: Atlético-PR e Coritiba;
  • Goiás: Goiás;
  • Pernambuco: Sport;
  • Santa Catarina: Avaí, Chapecoense, Figueirense e Joinville. 
Destarte, para esses clubes disputarem a elite do futebol nacional, tiveram que ascender primeiro dentro de seus próprios territórios (estaduais de futebol). De acordo com Damo (2014), os campeonatos, copas, torneios ou quaisquer outros nomes que se deem às disputas futebolísticas cumprem, rigorosamente, o trabalho de circunscrição prática e simbólica  dessas fronteiras. Ao fazê-lo, eles projetam a cidade e porque não, o nome do estado de origem da agremiação.

Em tempos de globalização, o que é importante notar, no caso dos campeonatos estaduais de futebol no Brasil, é que a expansão territorial das fronteiras não anulou o componente local. Isto nos serve como uma nova forma de pensar as relações entre o local e o global (DAMO, 2014). 

Então, se os estaduais de futebol deixarem de existir, é muito provável que, ao invés de termos 16 equipes oriundas de capitais estaduais (e apenas 4 equipes de cidades médias, duas de cidades médias metropolitanas, Ponte Preta [Campinas] e Santos [Santos] e 2 equipes de cidades médias não-metropolitanas, Chapecoense [Chapecó] e Joinville [Joinville]) tenhamos apenas o Santos Futebol Clube na elite do futebol brasileiro, como já aconteceu durante muitos anos. Excluindo equipes de cidades médias do país.

Estamos vivendo tempos em que, isolar e reduzir os fatos, não nos respondem as questões por completo. Trata-se de procurar sempre as relações entre cada fenômeno es eu contexto, as relações de reciprocidade todo/partes: como um modificação local (campeonato estadual) repercute sobre o todo (campeonato nacional) e como uma modificação do todo repercute sobre as partes (MORIN, 2003). Sendo assim, podemos observar a verificação do desenvolvimento regional através do futebol.

Referências

DAMO, A. S. O Espetáculo das identidades e alteridades. In: CAMPOS, F.; ALFONSI, D. Futebol objeto das ciências humanas. São Paulo: Leya, 2014.

LATOUR, B. Jamais fomos modernos. São Paulo: Editora 34, 2013.

MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. 


sábado, 21 de março de 2015

TERRITÓRIO E FUTEBOL


O Brasil é considerado o país do futebol. Sendo assim, como o território pode influenciar o futebol? Nos primórdios do futebol, surgiram os times de bairro, posteriormente vem os clubes cidades (ficarei neste post com apenas essas duas formas de formação de clubes). O termo território vem do latim, territorium, que, por sua vez, deriva de terra e significa pedaço de terra apropriado. Na língua francesa, territorium deu origem às palavras terroir e territoire, este último representando o “prolongamento do corpo do príncipe”, aquilo sobre o qual o príncipe reina, incluindo a terra e seus habitantes (LE BERRE, 1992).

De acordo com Raffestin (1993), o território não se reduz então à sua dimensão material ou concreta; ele é, também, “um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais” que se projetam no espaço. É edificado historicamente, transmitindo a diferentes contextos e escalas: casas, bairros, cidades, regiões, nações e planeta. Destarte, que o território seja objeto de análises sob diferentes concepções: geográfica, antropológico-cultural, sociológica, econômica, jurídico-política, bioecológica, que o percebem, cada qual, segundo seus tratamentos específicos.

Isto posto, evidencia que, cada agremiação busca o seu status. Para buscar esse reconhecimento, cada agremiação tem que participar de algum tipo de competição. Em se tratando da agremiação de bairro, essa competição será o campeonato municipal e/ou varzeano do seu território. Na outra esfera, no clube cidade, será o campeonato estadual (regional) e/ou nacional (campeonato brasileiro e/ou copa do Brasil). Conseguindo esse reconhecimento (bons resultados nas competições), consequentemente projetam o nome do bairro e/ou o nome da cidade. Destarte, isso leva a uma forma de desenvolvimento para aquele território.


Venho acompanhando desde o ano de 2010, o desenvolvimento do futebol catarinense. Prova disso é, que neste ano de 2015, o referido Estado terá, quatro equipes disputando o maior campeonato de futebol do país, o Campeonato Brasileiro da Série A. Uma agremiação do Oeste do Estado, outra do Nordeste do Estado e duas do Sudeste do Estado. Tendo, uma equipe participante a menos do que o Estado de São Paulo e um participante a mais do que o Estado do Rio de Janeiro.

A Associação Chapecoense de Futebol e o Joinville Esporte Clube, tem a sua história muito parecidas, ambas são frutos de engajamento de pessoas do território, que queriam ver o nome da cidade se expandindo para limites além do Estado futebolisticamente (como hoje, as duas equipes figuram entre a elite do futebol nacional) e consequentemente mostrando esse território para todo o Brasil e por que não dizer, para todo o mundo quando enfrentarem as grandes equipes do país com renome internacional.


Também os times e os clubes de futebol guardam uma relação bastante estreita com o território. E na maior parte dos casos a rivalidade entre times traduz a oposição entre lugares e regiões. Nas metrópoles existem antagonismos entre diversas zonas urbanas da cidade, relacionados aos moradores de cada bairro. Por exemplo, a rivalidade na Turquia entre o Galatasaray, clube ligado territorialmente com o lado ocidental da cidade, e o Fenerbahce identificado com o lado oriental da cidade de Istambul; ou rivalidades entre regiões como entre o Benfica e o Porto em Portugal; Barcelona e Real Madri na Espanha, entre outras. Mas também os times de futebol ajudam os lugares a assumir uma posição no mundo, contribuindo para a permanência e constitui um meio pelo qual essas comunidades exprimem sua identidade. Assim, nas rivalidades e disputas futebolísticas quase sempre encontramos a expressão territorializada de uma relação de centro e periferia e, portanto, uma relação de controle e dominação.


Embora estejamos vivendo em tempos de globalização, as expansões territoriais das fronteiras não aniquilaram o componente local. Isto posto, abre-se uma nova perspectiva para se pensar as relações entre o local e o global. Mas, isso fica para uma próxima postagem. 

Boa semana a todos! 






domingo, 8 de março de 2015

VIVÊNCIAS DE FUTEBOL


"Quem só teoriza não sabe, quem só pratica repete, o saber acontece
da união entre teoria e  prática."
Manoel Sérgio

Na busca por mais entendimento sobre futebol, fui honrado com uma oportunidade de estágio na categoria Sub 23 do Coritiba Foot Ball Club, comandada pelo Tcheco e na oportunidade, auxiliado por Eduardo Barros. Foram dez dias de muito aprendizado, podendo acompanhar, desde a introdução dos trabalhos de campo, conversas sobre assuntos relacionados à melhoria dos processos de treinamento na categoria, referente aos trabalhos executados e a sua influência no sistema energético dos jogadores e a sua utilização dentro do desenrolar do microciclo para um melhor aproveitamento da forma de jogar. Além, de observar o comportamento dentro do vestiário de um clube grande. 

  
Experiências essas, que eu vou levar para toda a minha vida, seja profissional na atuação no futebol, como na minha vida acadêmica. Quero agradecer publicamente ao Tcheco, por ter oportunizado esse grande momento. Ao Eduardo Barros, por tê-lo conhecido pessoalmente (antes nos conhecíamos  por trocas de e-mail) e ter a oportunidade de observar os seus trabalhos práticos com muita propriedade de conceitos. 


Nesta última semana que passou, participei de mais uma Clínica para professores da Escola Furacão do CA Paranaense, onde tive a oportunidade de conhecer e conversar um pouco com Marcelo Lins, ex-preparador físico do Bayern de Munique. Conversamos sobre o Functional Movement Systems (FMS), dá importância da sua aplicabilidade nas categorias iniciantes para a correção de possíveis movimentos praticados errados e a prevenção de possíveis lesões futuras. 

Por essas pequenas vivências de futebol que tive, posso concluir que, o futebol brasileiro possui profissionais que pensam um futuro melhor para o nosso futebol. Em todas as conversas que tive, pude observar que o discurso está voltado para os conceitos de futebol para as equipes e que o futebol europeu está na nossa frente por causa da falta de conhecimento desses conceitos por treinadores e jogadores. 

Por isso, temos que teorizar e praticar, para podermos evoluirmos o nosso futebol e competir de igual com os europeus. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

MUDANÇAS



"O conhecimento é, portanto, um fenômeno multidimensional, de maneira inseparável, simultaneamente físico, biológico, cerebral, mental, psicológico, cultural e social." 
                                                                                             Morin, 2012.


Me chama atenção um processo de mudança que vem acontecendo no futebol do Estado do Paraná. Onde, o Clube Atlético Paranaense disputa pelo terceiro ano consecutivo o campeonato estadual com a sua equipe Sub 23. Hoje, o Coritiba Foot Ball Club também insere essa categoria no departamento de futebol do clube. E mais, o Coritiba Foot Ball Club, contrata João Paulo Subirá Medina para ser o CEO do futebol do clube. Medina diz que a primeira medida será dissecar o departamento de futebol. “Sem o diagnóstico correto, a chance de dar o remédio errado é muito grande.” 

O Clube Atlético Parananense, cria o Departamento de Inteligência do Futebol (DIF) cuja missão é, identificar a forma como o clube jogava durante as suas maiores vitórias e após isso criar o Modelo de Jogo (MJ) mais apropriado para o clube. O departamento de captação do clube, busca os jogadores para se integrarem na sua categoria de base com alguma identificação com os conceitos que fazem parte do MJ adotado pelo clube. E segundo o professor Marcelo Vilhena (coordenador das categorias de base, auxiliar técnico do grupo principal e técnico da categoria Sub 23 que disputa o estadual), o clube está vivendo um processo de integração com todas as comissões técnicas para um bem maior que é, o MJ adotado pelo clube. 

Com esses dois exemplos da dupla ATLETIBA da capital paranaense, podemos afirmar que, existe um processo de mudança em alguns clubes de futebol do país. Esse processo pode demorar um pouco para trazer resultados (como os torcedores frisam, que são títulos), o importante é que, parecem estar surgindo novas diretorias nos clubes de futebol que estão mais preocupadas com o processo de formação e utilização desses jogadores que ultrapassam a casa dos vinte anos (Sub 20) que é conhecido por alguns como o "cemitério da base". 

Destarte, esperamos que esses dois processos que estão em curso (um, pouco mais adiantado e outro que se inicia) tenham grandes frutos, com excelência na formação e utilização de alguns jogadores nos seus grupos principais e por que não, conquistas de títulos estaduais. 

Referências

http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/conteudo.phtml?id=1521845&tit=CEO-quer-achar-o-remedio-certo-para-curar-o-Coritiba-

http://www.gazetadopovo.com.br/m/conteudo.phtml?tl=1&id=1529874&tit=Vilhena-leva-experiencia-de-professor-ao-comando-do-Atletico

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

JOGO FRACTAL PARA CRIAÇÃO DE SUPERIORIDADE NUMÉRICA E FINALIZAÇÃO


Conteúdo: Criação de superioridade numérica para poder finalizar. Movimentação constante dos jogadores para criar o hábito de apoiar o colega, tanto defensivamente quanto ofensivamente. 

Descrição

Número de jogadores 8 (3:3 + 2 goleiros)

Equipes com 3 jogadores. O objetivo é marcar o gol, mas para poder finalizar tem que estar em superioridade numérica no setor da baliza (as duas equipes podem marcar nas duas balizas). Para recuperar a posse da bola é necessário também criar superioridade numérica no setor onde se encontra a bola. O espaço que separa os dois setores pode variar de tamanho. Sua existência é para evitar que os jogadores possam ficar "sobre a linha" passando de um setor para o outro sem mudar a sua função (ofensiva e defensiva). 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

FORMAÇÃO: A INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FORMAL NA LÓGICA INTERNA DO JOGO


Mais um ano se inicia e a discussão sobre a forma como acontece a Formação no futebol nacional continua. Vejo algumas ações esparsas de discussões mais relevantes sobre o tema, alguns poucos grupos de estudos, poucos clubes começando a entender que existem novas metodologias de trabalho referente ao futebol. Mas, o formato das competições e formas de treinamento ainda utilizam apenas a estrutura formal do futebol de 11.

O que quero dizer com isso, a estrutura formal ou lógica externa, definida por características externas comuns a todos os esportes coletivos: como bola; espaço; tempo; adversários; companheiros; objetivos e regulamento.

Com idade cada vez mais precoce, observamos a introdução das crianças e adolescentes no jogo de futebol sempre respeitando a estrutura formal do jogo de futebol, principalmente nas competições. A bola de tamanho adulto, espaço de jogo igual ao dos profissionais e o regulamento segue os mesmos critérios (inclusive a regra 11). 

Destarte, se apenas observamos a influência da estrutura formal na lógica interna do jogo, por exemplo, o centro do jogo, isso fica mais claro. Podemos definir como centro do jogo aquela situação em que se encontram jogadores que estão em disposição de intervir de maneira iminente sobre a bola, e o fora do centro de jogo seriam todos aqueles jogadores que não tem uma possibilidade de intervenção imediata sobre a bola. 

 Legenda: ACB= Atacante com Bola; DACB= Defensor do Atacante com Bola; ASB= Atacante sem Bola; DASB= Defensor do Atacante sem Bola; DSB= Defensor sem Bola. 

Com base no centro do jogo, podemos inferir sobre as possíveis modificações das competições e/ou no formato de treinamento. Levando em consideração as mudanças nas diferentes modalidades de futebol, futebol de 5, futebol de 7 e futebol de 11, implicarão mudanças na estrutura funcional, e como tal, podem e devem adaptar as características evolutivas sobre as idades determinadas.

Quanto à questão de funções em uma equipe, partindo da questão do centro do jogo:
  •  Futebol de 5: Atacante com Bola no centro do jogo; Atacante sem Bola no centro do jogo; Defensor sem Bola no centro do jogo. 
  • Futebol de 7: Atacante com Bola no centro do jogo; Atacante sem Bola no centro do jogo; Atacante com Bola do centro do jogo equilíbrio; Defensor no centro do jogo; Defensor sem Bola no centro do jogo equilíbrio.
  • Futebol de 11: Atacante com Bola no centro do jogo; Atacante sem Bola no centro do jogo; Atacante sem bola fora do centro do jogo; Defensor no centro do jogo; Defensor sem Bola no centro do jogo; Defensor fora do centro do jogo. 

O grande número de jogadores que apresenta a modalidade de futebol de 11 dificulta a comunicação motriz entre os distintos jogadores, entretanto, a redução sem empobrecimento do número de jogadores facilita que todos os jogadores possam estabelecer essa comunicação motriz e também motivar a prática de treinamentos e competições em idades precoces. Mas, isso é apenas uma pequena amostra da complexidade dessa modalidade. 




 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

JOGO FRACTAL PARA GERAR VANTAGENS A PARTIR DOS CENTRAIS


Conteúdo: Gerar vantagens a partir dos zagueiros centrais. Procurar jogadores livres de oposição durante a progressão da bola. Reconhecer o jogador livre de oposição.

Descrição 

Número de Jogadores 17 (6:6 + 5 curingas)

Jogo Fractal 6 vs 6 + 5 curingas distribuídos como no campograma acima. Objetivo, chegar permanentemente ao setor contrário. Os defensores devem defender unicamente no seu setor demarcado. Tarefa indicada para começar a familiarizar-se com as possibilidades de avançar no campo criando vantagens desde a linha de defesa.