Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

sexta-feira, 17 de julho de 2020

PROCESSO DE ADAPTAÇÃO NO TREINAMENTO


Após um longo período de pausa (mais de 100 dias) a maioria dos campeonatos regionais retornará nos próximos dias. 

Será normal observarmos em algumas equipes algumas discrepâncias entre seus jogadores no quesito físico devido o conceito de limiar. A Lei de Arndt-Schulz considera o limiar como a capacidade básica do indivíduo ou desenvolvida pelo treinamento, que vai condicionar o grau de intensidade de um estímulo. Devido a pandemia e as medidas de distanciamento social, é sabido que os treinamentos estavam sendo realizados na sua maioria de forma analítica. E o jogo exige muito da capacidade de movimento e das respostas orgânicas globais. Segundo Matveev "a adaptação ideal é o resultado da assimilação de excitadores ideais". 


Com base na imagem acima, partimos do princípio de que cada jogador de futebol tem um "limiar" de esforço determinado e uma margem de tolerância máxima, temos que considerar que os estímulos que são débeis (abaixo do limiar) não excitam suficientemente as funções orgânicas, e portanto, não treinam. Aqueles estímulos mais intensos, mas que todavia se mantêm abaixo do limiar, excitam a função orgânica sempre e quando se repetem um número considerável de vezes, e neste caso produzem alteração e melhoram a função orgânica. Temos também aqueles estímulos fortes que chegam ficam dentro do limiar e produzem excitações sensíveis nas funções orgânicas e, após o devido descanso (recovery), produzem fenômenos de adaptação. E, por último, mas não menos importante, temos os estímulos muito fortes que ultrapassam o limiar, mas não a tolerância máxima individual, também podem produzir fenômenos de adaptação sempre e quando não se repetem com demasiada frequência. Neste caso provocarão sério estado de sobretreinamento (overtraining). 

Destarte, seja qual for a sua função dentro do treinamento esportivo é sempre bom estar relembrando aspectos básicos do treinamento esportivo e fisiologia do exercício, para oportunizar uma ótima performance para os seus atletas e compreender o que pode estar acontecendo com eles nesse retorno gradual aos jogos. 

Bom final de semana!


segunda-feira, 13 de julho de 2020

JOGO FRACTAL PARA ORIENTAÇÃO DO CORPO E PRESSÃO NA SAÍDA DE BOLA


Descrição 

4 vs 4 + 2 goleiros. 
O formato do campo igual ao da imagem acima, balizas posicionadas de forma assimétricas. 

Os três atacantes (azuis) pressionam a saída de bola da equipe adversária (amarela) no lado direito do campo em forma geométrica de triângulo. O objetivo do trabalho é organizar a pressão e a cobertura ofensiva, bem como a orientação do posicionamento do corpo dos jogadores para poderem economizar energia nos seus deslocamentos e reagirem rápido as mudanças de direção ocasionadas pela troca de passes da equipe adversária.


segunda-feira, 6 de julho de 2020

ENTREVISTA FISIOLOGISTA ANDRÉ FORNAZIERO


Fala galera, tudo bem com vocês?

Hoje daremos continuidade ao nosso primeiro ciclo de entrevistas com profissionais renomados que atuam no futebol.

Espero que gostem!

Vou deixar que o nosso entrevistado desta semana se apresente:

AF: Me chamo André Fornaziero, sou Bacharel em Ciência do Esporte pela Universidade Estadual de Londrina, Especialista em Fisiologia do Exercício, Mestre em Fisiologia da Performance e Doutorando em Ciências do Movimento Humano com ênfase no Desempenho Físico e Esportivo pela Universidade Federal do Paraná. Sou professor universitário, pesquisador, palestrante e possuo mais de 10 anos de experiência como fisiologista no futebol, com passagens por clubes como Paraná Clube e Club Athletico Paranaense.


EF: É muito comum escutarmos que o futebol mudou. Mas, na sua opinião qual foi a principal mudança do futebol do século XX para o futebol do século XXI?

AF: Acredito que a principal mudança se refere as demandas competitivas, principalmente sob o ponto de vista físico, mas também técnico e tático. Fisicamente é claro que há uma maior demanda, vários estudos científicos reportam esse achado e por consequência o controle da preparação e recuperação tem sido alvo de muitos estudos. Por outro lado, acredito que a maior profundidade de análise com relação aos aspectos técnicos e táticos também aumentou a complexidade do treinamento e assim a exigência do melhor entendimento do jogo por parte dos atletas.

EF: No futuro o futebol será ainda mais intenso? Qual seria o seu conselho para os clubes em uma eventual seleção de jogadores?

AF: Sem dúvida será mais intenso, da mesma forma como tem acontecido nos últimos anos. Acredito que a seleção dos atletas deverá ser feita com a utilização de técnicas mais profundas de análise de dados, para que os clubes sejam capazes de cruzar informações de diferentes tipos e ter uma posição mais assertiva se aquele determinado atleta preenche os requisitos exigidos pelo modelo de jogo da equipe.

EF: Como o treinamento deverá ocorrer para suprir as futuras demandas do jogo?

AF: Nos últimos anos o processo de treinamento evoluiu sobremaneira, tanto no sentido da qualidade das atividades propostas como no controle e gestão de todas as informações que podem ser coletadas. Acredito muito que a formação que os treinadores vêm tendo nos últimos anos é de fundamental importância para esse processo pois eles são os líderes das comissões e quanto mais entenderem sobre todos os aspectos, mais cada profissional poderá dar seu contributo. Além disso, atualmente a quantidade de informações geradas em cada sessão de treinamento é muito grande, portanto um ponto essencial nesse contexto é a análise integrada desses dados, de modo que possibilite que a comissão técnica tome decisões mais assertivas.

EF: Deixo aberto o espaço para comentar mais sobre o tema se for do seu interesse.

AF: Acredito que de acordo com o processo de evolução do futebol como um todo, as instituições, profissionais, atletas e todos os membros envolvidos nesse processo devem sempre estar abertos a inovação. Gosto muito de fazer um comparativo da nossa situação atual com o cenário que tínhamos há 10 anos atrás, apenas para citar alguns exemplos: eram raros os clubes possuíam analistas de desempenho, fisioterapeuta só trabalhava com atletas lesionados e fisiologista era responsável por avaliação física. Atualmente grande parte das equipes possuem mais de 1 analista de desempenho, os fisioterapeutas fazer parte do processo de prevenção de lesões e o laboratório dos fisiologistas agora é o campo, coletando informações de carga de treinamento em tempo real.  Se nos últimos 10 anos muita coisa mudou, imaginemos o quanto esse cenário irá se modificar nos próximos 10? Tentarei fazer aqui uma previsão para o futuro: em 10 anos, certamente grande parte das equipes terá um analista de dados em suas comissões técnicas e além disso alguma outra função que ainda nem existe atualmente.

Muito obrigado André Fornaziero por aceitar o nosso convite para esse ciclo de entrevistas sobre o tema Futuro do Futebol. Boa sorte na sua caminhada profissional e esperamos nos falar em breve. 

Forte Abraço!


segunda-feira, 29 de junho de 2020

ENTREVISTA PREPARADOR FÍSICO VITOR NEMETZ


Fala galera, tudo bem com vocês?

Hoje temos a honra de iniciar o nosso primeiro ciclo de entrevistas com profissionais renomados que atuam no futebol.

Espero que gostem!

Vou deixar que o nosso entrevistado desta semana se apresente:

VM: Primeiramente gostaria de dizer que é com grande satisfação que participo desta entrevista e, terei a oportunidade de escrever sobre o que mais tenho paixão de estudar e trabalhar. Sou Vitor Nemetz, formado em Educação Física pela Universidade Positivo – Curitiba, Pós-graduado em Fisiologia e Prescrição do Exercício pela Universidade Gama Filho – Rio de Janeiro. Após uma curta passagem pelo Futebol profissional como atleta, iniciei minha carreira no Futsal do Coritiba Foot Ball Club como Assistente Técnico, durante este período atuei em escolinhas de futsal com o objetivo de aperfeiçoar minha didática como professor. Após este período em 2009 tive a oportunidade de estagiar na Categoria de Base do Coritiba onde iniciei minha carreira. 
Clubes onde trabalhei: Coritiba FC, Foz do Iguaçu, Coritiba FC, Barra Balneário Camburiú como Auxiliar Técnico, Rio Branco de Paranaguá.

EF: É muito comum escutarmos que o futebol mudou. Mas, na sua opinião qual foi a principal mudança do futebol do século XX para o futebol do século XXI?

VM: O Futebol, como em todas as áreas de nosso cotidiano está em constante evolução, sofrendo e exercendo influência na sociedade como um todo. Entendo que a principal mudança aconteceu e acontece na maneira com que as equipes jogam, fazendo com que existam processos de adaptações e evoluções em todas as áreas que o engloba.

EF: No futuro o futebol será ainda mais intenso? Qual seria o seu conselho para os clubes em uma eventual seleção de jogadores?

VM: Com o passar dos anos a ciência, com o advento da tecnologia, obteve mais ferramentas para realizar análises das demandas de um jogo de futebol e, os resultados das pesquisas vem demonstrando um aumento das ações de alta intensidade, como por exemplo: distâncias percorridas acima de >19 km/h, números de sprints com e sem posse da bola. Isto posto, evidencia um aumento gradativo da intensidade do futebol, porém não posso afirmar que o jogo irá ficar ainda mais intenso pois, uma análise como essa não pode ser feita apenas do ponto de vista físico.
É pretensioso de minha parte aconselhar clubes para um processo de seleção de jogadores pois, são entidades que possuem em seu organograma profissionais com experiência e capacitação técnica para tal função. Em minha humilde opinião sempre irei optar por pessoas que demonstrem habilidades técnicas em conjunto das cognitivas, que demonstrem criatividade, inteligência, improviso e gestos motores refinados ou com potencial em domínio da bola, se possível aliado ao controle emocional. As demais capacidades exigidas pelo jogo, em meu modo de pensar, ficam em segundo plano neste momento de seleção de atletas. 

EF: Como o treinamento deverá ocorrer para suprir as futuras demandas do jogo?

VM: O treinamento para mim deve sempre ter o caráter da especificidade, o termo que resume isso para mim é FRACTAL onde, separamos o todo sem perder a formar absoluta. Todas as ações realizadas no dia a dia do treinamento, devem ser em busca da incorporação de comportamentos coletivos, setoriais ou individuais que, facilitarão na tomada de decisões dos atletas, sem que os mesmos tenham sua criatividade oprimida. Teremos que desenvolver exercícios que repliquem o mais próximo possível do que o jogo exige do ponto de vista Global.

Muito obrigado Vitor Nemetz por aceitar o nosso convite para esse ciclo de entrevistas sobre o tema Futuro do Futebol. Boa sorte na sua caminhada profissional e esperamos nos falar em breve. 

Forte Abraço!

domingo, 28 de junho de 2020

FUNCIONAMENTO GLOBAL EFICIENTE DA EQUIPE


Muitos quando olham para uma equipe de futebol sempre elegem um jogador favorito, o tão conhecido "craque" da equipe. Mas, será que uma equipe de futebol é bem sucedida por apenas possuir jogadores com qualidades individuais?

O futebol é um esporte coletivo de invasão, desta forma, todas as equipes devem possuir um saber estratégico-tático, uma vez que esse saber advém não apenas do conhecimento das regras de competição e de gestão e organização do jogo, mas também do conhecimento das condições de regulação situacional (GARGANTA, 2006). Uma partida de futebol acontece entre duas equipes que irão se comportar como um sistema dinâmico que vive da sua organização no espaço e no tempo, a eficácia dos comportamentos individuais e coletivos dependerá do compromisso entre a sua identidade e a sua integridade. Destarte, o que faz o jogo é aproveitar o momento. E conforme nos mostra Garganta (2006) o que ensina aproveitar o momento são a estratégia e a tática. 

O que uma orquestra tem haver com uma equipe de futebol? Tudo!
Assim como no futebol, podemos simplificar um orquestra separando por setores:
  • Setor dos Metais - instrumentos de sopro;
  • Setor das Cordas - instrumentos de corda, violino, violoncelo;
  • Setor de Percussão - bateria, tambor. 
Em uma equipe de futebol temos:
  • Setor Defensivo;
  • Setor de Meio-Campo; e
  • Setor Ofensivo. 
E para harmonizar tudo isso, na orquestra temos o Maestro e na equipe de futebol o Treinador (quando nos referimos ao treinador incluímos também, Auxiliar Técnico, Preparador Físico, Preparador de Goleiros e demais profissionais) que deve levar em conta os Princípios Táticos (Gerais, Operacionais e Fundamentais) para criar o Modelo de Jogo da equipe e assim treiná-lo conforme a sua metodologia. 

Para adquirirmos um funcionamento global eficiente da equipe, você colocaria todos os setores para treinarem juntos (jogos específicos - similar há um jogo coletivo) ou utilizaria um outra estratégia?

E se sua orquestra/equipe desafinar? Você reduziria sem empobrecer os seus exercícios/jogos? 

Destarte, é exatamente assim que funciona. Não estamos aqui para dizer o que é certo ou errado, mas, para criar provocações. Exercícios/jogos que restrinjam ou dificultem os Princípios Táticos e o Modelo de Jogo da Equipe desafiam o funcionamento global eficiente de qualquer equipe de futebol. E depois que desafinou, é preciso descobrir se é apenas um desarranjo individual (jogador/pessoa) que não entendeu o TODO dentro da sua PARTE e/ou as PARTES estão com dificuldade de se harmonizar como TODO! 

Lembre-se, a individualidade só aparece dentro do coletivo. 

Se gostou deixe seu comentário.
Curta e Compartilhe.
Boa semana!

Referência

GARGANTA, J. (Re)Fundar os conceitos de estratégia e táctica nos jogos desportivos colectivos, para promover uma eficácia superior. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 20, 201-203; 2006. 

  


  

quinta-feira, 25 de junho de 2020

COMO SERÁ O FUTURO DO FUTEBOL?


Série de Entrevistas

Fala galera, tudo bem com vocês?

Como já havíamos anunciado, estamos de volta com as publicações por aqui. E para iniciarmos, vamos tratar do assunto o Futuro do Futebol. Estamos vivendo momentos difíceis com essa pandemia do novo coronavírus (COVID-19). 

Com a parada do futebol a TV vem reprisando jogos, partidas da década de 90 e muitas pessoas comentam que o futebol mudou da década de 1990 para os tempos de hoje. E você concorda com isso?

Destarte, convidamos alguns profissionais para tratar desse assunto, falarmos sobre algumas perspectivas do futuro do treinamento do futebol. 

Alguns profissionais já aceitaram o convite para falar sobre esse tema, vamos apresentar dois deles nesse momento:
  • André Fornaziero, fisiologista da AF Sports Science;
  • Vitor Hugo Nemetz, preparador físico. 
Estamos no processo de término das perguntas, para em breve (essa semana ainda) encaminhar para os entrevistados e podermos abrir uma discussão sobre o que nos aguarda no futuro do treinamento do futebol.

Estamos ansiosos ... 

Por hoje é isso pessoal. Abraços!

segunda-feira, 22 de junho de 2020

JOGO FRACTAL PARA ATAQUE RÁPIDO



Fala galera, tudo bem com vocês?


Voltamos a nossa rotina de publicações. Espero que gostem desse primeiro post.

Vem novidade aí, vamos realizar uma série de entrevistas com profissionais altamente capacitados do mundo futebol para tratar de assunto muito interessante, como será o futebol no futuro?

Aguardem. 

Desfrutem ...

Jogo Fractal 3 VS 2 + Goleiro. 

Descrição

Três atacantes jogam contra 2 defensores + goleiro na primeira baliza e tem que finalizar antes do sexto passe. Nas laterais, direita e esquerda, encontram-se 2 laterais em posse de bola, após a finalização na primeira baliza, os 3 atacantes juntamente com os dois defensores se deslocam para a segunda baliza para receber o cruzamento rápido e rasteiro proveniente de um dos laterais.