Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

sábado, 16 de março de 2013

A ESSÊNCIA... GERIDA EM ÚTEROS ARTIFICIAIS

 
 
Já não é novidade para ninguém que, o Futebol de Rua era o grande formador de jogadores num passado não muito distante. Rinus Michels treinador holandês, que no ano de 1985, foi eleito pela FIFA, o melhor treinador do século XX, refere que o Futebol de Rua é o modo de aprendizagem mais natural que se conhece.
 
Segundo Maciel (2008), Michels (2001), procurando desenvolver um Modelo de Formação para o seu país, capaz de se assumir como uma alternativa para o Futebol de Rua, constatou que a grande diferença entre as práticas de outrora e as da altura residia ao nível de tempo de prática. Pois bem, traçando um paralelo, hoje temos as Escolas de Futebol, que, corroborando com Maciel (2008), podem ajudar na criação de Úteros Artificiais. 
 
Mas, qual é o primeiro problema? No Futebol de Rua a quantidade de horas praticadas era próxima de 25 horas semanais. Nas Escolas de Futebol (na sua quase totalidade) teremos três sessões de treinamentos semanais com, 1h15min. há 1h30min. aproximadamente. O que resulta por volta de 4h30min. semanais de prática. Mesmo que esses praticantes, tenham algumas outros horas durante a semana dedicadas a prática do Futebol, não teremos a mesma quantidade de horas que existia com a prática do Futebol de Rua de antigamente. Pois, é notório que hoje, a carga torrencial de matérias e de horas letivas que a escola crescentemente impõe aos estudantes impossibilita essa grande quantidade de prática de futebol.
 
Cientes disso, o que nós Profissionais envolvidos no processo e responsáveis pelo papel de moderadores e facilitadores da aprendizagem devemos fazer? Se a quantidade de horas prática não nos é suficiente, a qualidade tem que ser. Pois, segundo Tamarit (2007), apesar de ser a quantidade algo necessário, é fundamental que o treino seja de qualidade.
 
Essa qualidade depende do treinador, pois, mesmo sendo o Futebol de Rua uma maneira ótima para o processo ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) do futebol, não podemos nos esquecer do que relata Rink (2001):
 Nem sempre o aluno (jogador) está pronto para construir as suas próprias aprendizagens, principalmente quando é confrontado com assuntos completamente novos, sem pontos de referência, em situações de descoberta não guiada, isto é, sem qualquer orientação por parte do professor.
 
 Outro problema que observo, é que em Escolas de Futebol que se pautam nas metodologias convencionais, não há espaço para o erro. Segundo Tani (2005 apud Maciel, 2008, p. 291), creditam que o processo de aprendizagem se constitui como sendo uma sucessão de respostas corretas, ignorando-se deste modo que o erro é intrínseco ao Homem, sendo mesmo determinante para a construção do conhecimento.
 
Para que as Escolas de Futebol possam ser mesmo uma alternativa para o Futebol de Rua (Úteros Artificiais), segundo Michels (2001) Fonseca (2006) Tamarit (2007) apud Maciel (2008, p.292):
O Futebol de Rua pode considerar-se como o processo mais natural de Aprendizagem do Jogo, uma vez que através das várias vivências que proporcionava, permitia que os Jogadores aprendessem com os erros cometidos, desenvolvendo consequentemente o seu Talento. No Futebol de Rua, aprende-se com os erros, fato que permite uma Aprendizagem pessoal com base nestes, que vão contudo coabitar com a adaptabilidade aumentada dos Jogadores. Por esse motivo, a intervenção do treinador deverá guiar o Jogador no sentido deste Aprender por si próprio, e não proibir ou punir o erro.
 
Espero que tenha conseguido passar a mensagem.
 
Referências
 
MACIEL, J. A(In)(Corpo)r(Acção) Precoce dum jogar de Qualidade como Necessidade (ECO)ANTROPOSOCIALTOTAL: Futebol um Fenómeno AntropoSocialTotal, que "primeiro se estranah e depois se entranha" e ... logo, logo, ganha-se! Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário na opção de Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2008.
 
RINK, J. Investgating the assumptions of pedagogy. Journal of Teaching in Physical Education, 20, 2, 112-128. 2001.
 
TAMARIT, X. Que és la "Periodización Táctica"? Vivenciar el juego para condicionar el Juego. MCSports, 2007.
 

 
 
 




sábado, 9 de março de 2013

A MACROESTRUTURA DO PROCESSO DE PREPARAÇÃO DOS TREINADORES EM FUTEBOL

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Fazendo um paralelo com a Teoria e Metodologia do Treinamento Desportivo (TMTD), sobre a macroestrutura do processo de preparação de desportistas, todos, temos conhecimento que existem etapas há serem cumpridas para obtermos jogadores com qualidade. Segundo Platonov (2008) essas etapas são:
 
1. Etapa da Preparação Inicial;
2. Etapa da Preparação Básica Preliminar;
3. Etapa da Preparação Básica Especializada;
4. Etapa da Preparação para Obtenção dos Melhores Resultados;
5. Etapa da Concretização Máxima das Capacidades Individuais;
6. Etapa da Manutenção da Alta Maestria;
7. Etapa de Diminuição Gradual dos Resultados; e
8. Etapa de Encerramento da Carreira Desportiva de Alto Nível.
 
Pergunto: existe uma Macroestrutura do Processo de Preparação dos Treinadores em Futebol no Brasil?  
 
Sei que, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) oferece um curso para formação de treinadores na Granja Comary, com diferentes níveis de atuação, tais como, Escola de Futebol e Categorias de Base até há atuação no Futebol Profissional. Mas, não sei qual a validade disso, pois, como é do conhecimento de todos, no Brasil qualquer pessoa pode ser treinador de futebol. Com formação, ou, sem formação alguma.
 
Na edição do Footecon de 2013, Eduardo Conde Tega (Diretor Executivo da Universidade do Futebol), apresentou uma palestra sobre a formação do treinador de futebol na Europa, nesta fala, ele apresenta o quanto é diferente essa Macroestrutura de Formação para a atuação de técnicos de futebol na Europa em relação ao Brasil.
 
Observando isso, alguns questionamentos surgem. Apenas referente a Organização Defensiva e a sua eficácia. Para assegurarmos uma correta Organização Defensiva, é conveniente que os treinadores se façam uma série de perguntas que possam esclarecer muitas coisas:
 
1. Que tipo de marcação é mais efetiva diante da Organização Ofensiva que apresenta o adeversário?
2. Que problemas podem surgir em relação ao tipo de marcação que escolhemos?
3. É possível tirar vantagem ofensiva após uma correta atuação defensiva?
4. Possuo os jogadores com características para desempenhar tal função defensiva?
5. Conheço os Princípios Fundamentais do Futebol e implanto-os na minha equipe?
 
Lembrando que o Jogo de Futebol acontece num âmbito sistêmico aleatório, assim, teremos que nos preocupar em defender, atacar e transitar entre esses dois momentos, sem dissociá-los (fragmentá-los).
 
"Quem só teoriza, não sabe. Quem só pratica, repete. O saber nasce da conjugação da teoria e da prática."

 (Manoel Sérgio)
 
Referência

PLATONOV, V. N. Tratado geral do treinamento desportivo. São Paulo: Phorte, 2008.

 
 
 


domingo, 17 de fevereiro de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA A "PAREDE" E FINALIZAÇÃO DE MÉDIA DISTÂNCIA

Jogo Conceitual para a Parede e Finalização de Meia Distância
Princípio: Preparação para a Finalização;

Sub-Princípio: Momentos da Finalização;

Complexidade: 2 (Média);

Objetivo: Introduzir o conceito de "Parede" (jogar de costas para o gol) para os atacantes, e assim, realizem o passe para trás, para o meia finalizar de média distância.

Tempos: 6 X 5';

Adaptação Biológica: Força Específica;

Materiais: Discos, coletes e bolas.

Descrição

Número de Jogadores: 18 (3:1:4 + 1 goleiro para cada equipe)    Dimensões do campo: 1/2.

Jogo Conceitual, onde o campo de jogo deve ser dividido em três setores (1,2 e 3). No setor 1, jogam os 3 zagueiros, o goleiro e os 4 atacantes adversários. No setor 2, jogam 1 meia de cada equipe. No setor 3, repete a mesma ordem do setor 1, sendo da equipe contrária.

O goleiro deve sair jogando com um dos zaguieros, que terá que realizar um passe longo (lançamento) até o setor 3, sem tocar na grama do setor 2. Do setor 3, um dos atacantes realizará a "parede" e fará o retorno para o meia finalizar de meia distância (de fora da área penal) sobre oposição do meia adversário.  

domingo, 10 de fevereiro de 2013

PERIODIZAÇÃO TÁTICA vs MODELO DE CARGAS SELETIVAS

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"...havia a ciência Newtoniana. E, Ludwig von Bertalanffy disse: deixe o sistema todo ser maior do que a soma de suas partes. Norbert Wiener acrescentou: deixe o feedback negativo e positivo fluírem por todo o sistema. Ross Ashby falou: deixe o sistema ter a quantidade de variedade necessária para interagir com seu ambiente. E nasceu a teoria geral de sistemas." (Ward, 2002)

Vítor Frade (1990) reconhece que o futebol é um jogo de dinâmicas cuja invariante estrutural é a Interação. Partindo desta perspectiva, o jogar é uma totalidade que resulta das interações dos jogadores e por isso, não deve ser interpretado como um somatório de acontecimentos aleatórios porque se inscreve num contexto coletivo.
 
Esta lógica faz-nos reconhecer que o determinismo causa-efeito (institucionalizado pelo behaviorismo de Watson) não permite apreender os efeitos das decisões no sistema ou seja, retrata uma realidade distorcida e carenciada das relações e dos efeitos que cada comportamento induz na dinâmica do jogar porque a comunicação visual, a linguagem, a gestualidade corporal, a sugestão, a imitação, as reações de cada momento do jogo tem repercussões contextualizadas (Gomes, 2006).
 
E quando nos referimos a Periodização Tática, não podemos esquecer que esta metodologia de treinamento em futebol, é norteada pelo Modelo de Jogo. E, o Modelo de Jogo em futebol é normalmente mal entendido. Muitos falam dele como sendo, o Sistema ou Esquema de Jogo empregado, ou, distribuição inicial adotada pelos jogadores no terreno de jogo (Tamarit, 2007).
 
Corroboro com Tamarit (2007) que o Modelo de Jogo é muito mais do que isso. O autor cita uma definição de Portolés (2007) para explicar melhor o conceito de Modelo de Jogo:
 
[...] um Modelo de Jogo é algo que identifica uma equipe determinada. Não é só um Sistema de Jogo, não é o posicionamento dos jogadores, mas, é a forma como esses jogadores se relacionam entre si e como expressam sua forma de como veem o futebol.
 
Simplificando, significa dizer que, o Modelo de Jogo é uma visão futura do que pretendemos que a nossa equipe realize de forma regular nos diferentes momentos do jogo (Organização Ofensiva, Transição Defensiva, Organização Defensiva e Transição Ofensiva).

Assim, a natureza do jogo caracteriza-se pela dinâmica das relações de cooperação dos colegas da equipe para transceder os próprios adversários e por isso, os problemas que se colocam às equipes e jogadores são de natureza tática (Frade, 1989 apud Gomes, 2006). Através deste conceito, enaltecemos que a adequabilidade da decisão é fundamental para resolver as dificuldades impostas pelo adversário e por isso, as exigências coletivas e individuais que se colocam são de ordem tático-técnicas, e não, técnico-tático, como sempre escutamos por aí (Gomes, 2006). 
 
Em relação ao Modelo de Cargas de Seletivas, o seu criador Prof.: Dr. Antônio Carlos Gomes (2009), relata que:
Os exercícios técnicos e os táticos devem estar inseridos em todo o processo do treinamento, destinando a maior parte do tempo a essas ações, pois é nelas que ocorreá o aperfeiçoamento ótimo das capacidades competitivas do desportista.
Pecebe-se com esta citação que, o autor tem preocupação de que seu método não seja descontextualizado da especificidade do jogo. Mas, não existe nenhuma referência ao Modelo de Jogo. Só referências específicas sobre as capacidades motoras que o jogador de futebol deve ter para conseguir vencer a maratona de jogos da temporada, não preocupado com a qualidade de JOGO da equipe.  
 
Desta forma, lembro de uma declaração de José Mourinho, que disse algo parecido com isto:
Não consigo avaliar um jogador fora do Modelo de Jogo da equipe. Para mim, não basta o jogador estar bem preparado fisicamente, ele tem que saber o que fazer nos diversos momentos do jogo. Assim estará ajudando a equipe.
 
Sendo assim, quanto mais elaborado seja o Modelo de Jogo e melhor exposto aos seus jogadores, mais claro estes terão o que tem que fazer em cada momento determinado do jogo, e nem por isso converter-se em um mecanismo, pois como temos visto, a Periodização Tática promoverá um "mecanismo não mecânico" (Tamarit, 2007).
 
Referências
 
GOMES, A. C. Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
 
GOMES, M. S. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés Dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - um estudo de caso - Porto, 2006.
 
TAMARIT, X. Que és la "Periodización Táctica"? Vivenciar el juego para condicionar el Juego. MCSports, 2007. 
 
 

 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

MODELO DE CARGAS SELETIVAS vs PERIODIZAÇÃO TÁTICA

Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?

 
No Brasil foi criado um modelo de periodização (Prof.: Dr. Antônio Carlos Gomes) para atender o calendário dos desportos coletivos, principalmente, o futebol, que, por apresentar uma grande quantidade de jogos na temporada, dificulta a distribuição das cargas de treinamento no macrociclo. O modelo nasce em virtude de o futebol não apresentar tempo hábil (grande reclamação dos treinadores no início do ano em todos os programas esportivos nacionais) para uma boa preparação dos jogadores antes do início dos estaduais (GOMES, 2009).
Como os jogos desportos coletivos de invasão (JDCI), de forma geral, não exigem o desenvolvimento das capacidades máximas e, sim, submáximas, nos últimos anos, foi elaborado um modelo de organização de cargas na temporada que permanece durante todo o ciclo com o volume inalterado, procurando uma forma de qualificação durante toda a temporada e alternando as capacidades de treinamento a cada mês durante o ciclo competitivo (GOMES, 2009).
No modelo de cargas seletivas, o principal alvo do aperfeiçoamento no treinamento está nas capacidades de velocidade. Pois, na prática, verifica-se que o ciclo anual de 52 semanas deve ser subdividido em duas etapas, caracterizando, assim, uma periodização dupla com duração de 26 semanas cada (GOMES, 2009). O autor segue relatando que:
No futebol moderno, o técnico tem dificuldades de prescrever o conteúdo do treinamento, pois o calendário apresenta uma grande quantidade de jogos em âmbito regional, nacional e internacional que devem ser disputados com alto rendimento devido aos sistemas utilizados na classificação.

Com esse sistema, o volume do treinamento oscila muito pouco durante todo o ciclo anual de competições; consequentemente, a forma desportiva apresenta uma tendência de melhora durante toda a etapa, diminuindo na fase de pré-temporada em razão de uma pequena redução do volume no início da segunda etapa competitiva. O período competitivo no futebol varia de 8 a 10 meses no ano, com uma quantidade de 75 a 85 jogos na temporada (GOMES, 2009).  

A essência da prática do futebol, não exige o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das capacidades motoras no seu máximo. Por outro lado, trata-se de um desporto que, na sua atividade competitiva, caracteriza-se pelos esforços intermitentes executados em velocidade, com alto volume de diversas ações motoras e que exige capacidade anaeróbia e aeróbia (mista). Além da força e da resistência especial,  utiliza também a flexibilidade para a execução de movimentos técnicos exigidos pelo jogo (GOMES, 2009).  
Observo que, neste modelo de periodização do treinamento em futebol, não evidenciamos uma preocupação com a forma de jogar da equipe (jogo coletivo), o autor afirma que, no futebol moderno, o técnico tem dificuldades de prescrever o conteúdo do treinamento. Em contrapartida, quando ouvimos relatos sobre a Periodização Tática, ainda observo certa resistência por parte de alguns profissionais. Mas, para que possamos compreender melhor esta metodologia de treinamento específica para o futebol, pensando em organização coletiva, Vítor Frade (in Martins, 2003) revela que, a tática resulta deste conceito de Organização e por isso, compreende uma determinada expressão física, técnica e psicológica. Sendo assim, a Tática subentende o desenvolvimento dos princípios de ação da equipe que induzem a adaptações concretas a nível físico, técnico e psicológico. Gomes (2006), nos mostra que, face a este entendimento percebemos que a exacerbação física tem um papel subjulgado ao desenvolvimento das relações entre os jogadores para assim, criar uma entidade coletiva e portanto, uma organização. Deste modo, esta concepção desafia a Teoria Convencional do Treino uma vez que esta se preocupa fundamentalmente com as aquisições físicas dos jogadores em detrimento de um entendimento coletivo e das relações que o constituem. E, nisto se enquadra o Modelo de Jogo. O Modelo de Jogo confere um determinado sentido ao desenvolvimento do processo face a um conjunto de regularidades que se pretendem observar. Deste modo, o modelo permite responder à questão: para onde vamos? A pertinência desta questão parece-nos fundamental para desenvolver um processo direcionado para um determinado JOGAR, ou seja, para um processo intencional. A partir dele criam-se um conjunto de referências que definem a organização da equipe e jogadores nos vários momentos do jogo. Deste modo, o modelo orienta o processo para um jogar concreto através dos princípios coletivos e individuais em função do que é pretendido. Neste sentido, trata-se de desenvolver um jogar Específico e não um jogar qualquer (Gomes, 2006).
Quando comparamos os dois modelos de treinamento criados para periodizar a performance em futebol, podemos dizer que a primeira (Modelo de Cargas Seletivas) está diretamente preocupado com o caráter físico do jogador e a segunda (Periodização Tática) está preocupado com um JOGAR ESPECÍFICO perspectivado pelo Modelo de Jogo, onde, o técnico assume essa responsabilidade de operacioná-lo durante a semana com o Morfociclo Padrão, que é utilizado da segunda semana de trabalho até a última e, não durante um microciclo, mesociclo ou macrociclo anual. 
Mas, temos que ter em mente que, são apenas duas formas de treinar o futebol e, claro que as duas obtêm resultados, mas, a forma de operacionalização de cada uma é totalmente diferente. Uma pautada na física e a outra, pautada no fractal, na complexidade. Que é normal causar estranheza.
(...) O êxito no futebol tem mil receitas. O treinador deve crer numa, e com ela seduzir os seus jogadores.
(Valdano, 1998)
Referências

GOMES, A. C. Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

GOMES, M. S. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés Dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - um estudo de caso- Porto, 2006.

MARTINS, F. A "Periodização Táctica" segundo Vítor Frade: Mais do que um conceito, uma forma de estar e de reflectir o futebol. FCDEF-UP. Porto, 2003.

 
 

 







quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

MÉTODO INTEGRADO

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Prosseguindo com a série de posts sobre os métodos mais utilizados no treinamento em futebol, relataremos agora o Método Integrado ou Treino Integrado.
 
Segundo Filipe Martins (2003 apud Gomes, 2006) contrariando este caráter analítico, surge nos países Latino-Americanos uma tendência designada de "Treino Integrado" onde os aspectos "físicos", técnicos e táticos são desenvolvidos conjuntamente. Deste modo, procura promover uma maior semelhança com as exigências da competição conferindo uma grande importância ao jogo e à sua especificidade. Contudo, esta concepção não deixa ser abstrata uma vez que se refere a um jogo geral a patir do qual se faz a estruturação do processo de treino.
 
Dentro desta concepção de treino, percebo que a principal preocupação é a utilização de exrcícios com bola, mas, estes exercícios, são única e exclusivamente preparados com a intenção de trabalhar certas valências físicas como: resistência, força, velocidade, entre outras.

  
No exercício colocado acima, temos um exemplo de treino integrado, referente a condução de bola, mas a principal intenção desse trabalho é a melhora da resistência dos jogodores. O exercício consiste em conduzir a bola entre os cones em velocidade, num primeiro momento sempre em direção ao cone central e virar sempre para a esquerda. Do centro para fora, de fora para o centro, até chegar no local de início. Pode-se realizar várias formas, como, realizar o "8" nos cones do centro e de fora, realizar uma perseguição, dois jogadores um atrás do outro conduzindo bola, sendo que, o primeiro não pode deixar o de trás ultrapassá-lo durante o trajeto, entre outras.
 
 
Neste vídeos, podemos observar um outro exemplo de trabalho, também considerado integrado de construção de jogadas e finalização, onde pode ser observado o trabalho das valências físicas de velocidade e de força.
 
Essa é uma metodologia bastante difundida e utilizada aqui no Brasil, mas, ela ainda não transcende para uma forma mais complexa de operacionalização do processo de treinamento em futebol. Isso remonta que, para uma forma mais complexa de operacionalização do processo ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) no futebol, a comissão técnica necessita estar em perfeita sintonia e ter um Modelo de Jogo perspectivado. Mas esse é um assunto para o próximo post.

Referência

GOMES, M. S. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés Dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - um estudo de caso- Porto, 2006.
 
   


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

MÉTODOS COMUMENTE UTILIZADOS NO TREINAMENTO EM FUTEBOL

 
O método de preparação desportiva está diretamente ligado ao objetivo pretendido, o qual representa um sistema estável de ações consecutivas direcionadas para a solução de tarefas programadas anteriormente (Gomes, 2009). Mas, em se tratando de futebol, o processo de preparação de equipes envolve um conjunto de procedimentos e decisões que resulta da forma como se vê o jogo e o processo de ensino-aprendizado-treinamento (EAT).
 
Segundo Filipe Martins (2003 apud Gomes, 2006) existem várias tendências de treino em futebol:
 A originária do Leste da Europa (LE), caracteriza-se pela divisão da temporada em [períodos], estruturados para atingir picos de forma em determinados momentos competitivos. Para além disso, este método de preparação confere primazia à variável física, assente numa preparação geral e sem qualquer ligação com a forma de jogar. Sendo assim, preconiza um processo abstrato centrado nos fatores da carga física, através de métodos analíticos.
 
Segundo Gomes (2009), o método de ensino dividido (analítico-sintético) representa a divisão da atividade motora (AM) em elementos ou em fases relativamente independentes, que podem ser aprendidos de modo autônomo, com sua posterior ligação globalizada. O autor segue relatando que, a possibilidade de concentrar a atenção dos atletas de modo mais completo, na fase destacada, e seu aperfeiçoamento mais detalhado, constitui o seu aspecto positivo. Durante o trabalho com os componentes da técnica, excluise a execução repetida das partes e das fases ainda não assimiladas. A execução das partes isoladas é menos cansativa do que a execução da ação integral. Por conseguinte, é possível o aumento do número de repetições de elementos em ação. Mas, em contrapartida, o autor nos releva que, uma das deficiências consideráveis desse método é que ele não deve ser aplicado nos casos em que a AM não possa ser dividida (ex.: nos saltos na ginástica, no chute na bola) ou não possa ser dividida sem considerável desfigurações das partes destacadas.
 
Observando esses relatos, uma pergunta surge: Por que essa metodologia é tão utilizado nos treinamentos de futebol?
 
Sabemos que o futebol é um jogo desportivo coletivo de invasão de ordem essencialmente tática. Onde, a sua complexidade ainda é menosprezada por muitos profissionais que atuam no seu ensino. A grande utilização desse método de treinamento, ao que nos parece, deve ser devido a uma questão de ensinar o gesto motor perfeito. Utilizando parâmetros biomecânicos para a sua aprendizagem. Desta forma pergunto: será que Cristiano Ronaldo treinou o chute de calcanhar dentro do método analítico? 
 
 
No processo ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) do futebol devemos sempre oportunizar a tomada de decisão dentro das sessões de treinamento. Pois, se esse não for o foco das sessões, obteremos jogadores com pouca propriedade de realizar essas tarefas tão comuns no jogo de futebol atual e, consequentemente, teremos cada vez menos jogadores com poder de decisão própria no futebol.
 
O aqui agora do jogo é único. E cada jogador deve ter clareza do que realizar nos momentos do jogo em prol do bem coletivo da equipe.
 
Referências
 
GOMES, A. C. Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
 
GOMES, M. S. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés Dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - um estudo de caso- Porto, 2006.