Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O "AQUI E AGORA" DO JOGO


Como professor e preparador técnico sempre me perguntei, como o ser humano toma as suas decisões?

Durante o jogo de futebol, os jogadores são constantemente chamados a tomar decisões e quanto mais rápido o fizerem tanto melhor, pois o jogo está crescentemente mais rápido sendo que a velocidade de execução distingue os melhores dos medianos. Mas, se nós nos apercebemos no sentido comum e nas imagens tradicionais, é lógico que, deveria transmitir as ideias com uma rapidez que desafiava todas as leis da matéria. Na verdade, fenômeno espantoso é que segundo nos diz Changeux (2002), é quase o contrário que acontece pois, o cérebro é lento, demasiado lento mesmo em relação a certos fenômenos físicos de base. E acrescenta:  
"Com efeito, o sistema nervoso de todos os organismos vivos, incluído o homem, propaga os sinais elétricos a uma velocidade bem menor que a da luz. Isso significa que os sinais neuronais não exploram as ondas eletromagnéticas que provêm das forças fundamentais do mundo físico. Esta limitação física é uma herança que nos foi legada através da evolução das espécies, os organismos primitivos."
(Changeux, 2002, p. 23-24)


Segundo Campos (2008, p. 37) num jogo de futebol entre equipes de topo assistimos a movimentos velozes, execuções em que parece que os jogadores adivinham as movimentações dos companheiros e as decisões têm de ser tomadas de forma espontânea e de acordo com o Modelo de Jogo estabelecido e treinado. Ora, a estas exigências contrapõe-se a lentidão dos processos cerebrais daí que algo tenha que estar por trás desta rapidez que caracteriza o jogo de futebol. Treinar para criar pré-representações e assim aumentar a velocidade dos acontecimentos fazendo-os depender de algo já previamente definido e não somente da solução que o cérebro teria que encontrar e realizar para cada momento do jogo. 

Observando estas citações, podemos entender que o processo de Ensino-Aprendizagem-Treinamento tem fundamental importância na criação de hábitos (como automatismos). Desta forma, temos utilizar uma metodologia de treinamento que oportunize a tomada decisão em situação de jogo. Assim, a metodologia Analítica fica desprovida de sentido, pois, não tem no seu cerne essa preocupação. A metodologia de treinamento que mais oportuniza isso, é a Periodização Tática.

 E o "Aqui e Agora" do jogo nada mais é do que, tomar decisões em situações de pressão. Por isso, o jogagor deve ser sobrecondicionado pelo treinamento a decidir em direção ao Modelo de Jogo Criado e as ideias de jogo que esse Modelo pretende para os momentos do jogo. Jacob e Lafargue (2005) mostraram que a consciência da intenção imediata de executar um ato, precede sempre o ato cerca de 200 mseg., sendo que nestas  condições a única forma de salvaguardar o livre arbítrio é a de admitir que, este pequeno intervalo de tempo deixa a possibilidade à vontade consciente de opor a sua recusa a esta ação preparada e de proibir em última instância a sua realização material sendo que existem mesmo casos em que o potencial de ação motriz não é seguido de ação, ou seja, se a decisão do cérebro não é estritamente conforme as intenções prévias do sujeito, resta-lhe a possibilidade de não agir. Isto leva-nos a crer que teremos que treinar o cérebro a decidir de determinada forma, de acordo comos princípios estabelecidos, ou seja, condicionar as intenções prévias que surgem de forma inconsciente para que estas sejam congruentes com o Modelo de Jogo Criado. Esta necessidade é bem evidente quando sabemos que o tempo que medeia a consciência da intenção e a ação propriamente dita se cifra nuns escassos 200 mseg., o que nos indica de forma bem clara a relevância das intenções prévias dos jogadores serem concordantes com a ideia de jogo do treinador, caso contrário a tarefa emconseguir tal desiderato estará condenada ao insucesso.

Referência

CAMPOS, Carlos. A justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica: A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital. MCsports, 2008.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

2012: O ANO DAS PROFECIAS



O ano de 2012 está apenas no começo. Mas muitos levam em consideração as superstições (no mundo do futebol isso é muito comum), e, segundo o calendário Maia, esse é o ano do "Fim dos Tempos".

Pensando no futebol de formação brasileiro, isto já está acontecendo a algum tempo, pois, não temos calendário suficiente para muitas categorias de transição para os meninos ascenderem as equipes principais. Deve ser por isso que é raro um jovem se firmar em seu clube de origem. Lembram do caso Oscar no São Paulo Futebol Clube?


Vale a pena ler, e mais, é muito importante saber que um jogador profissional brasileiro têm opinião formada sobre um assunto tão sério como este.  


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

FC BARCELONA "MÉS QUE UN CLUB" PARTE FINAL



Chega ao fim a série de postagens sobre o FC Barcelona "Més que un Club". E nada mais atraente do que escrever sobre a relação entre o FC Barcelona e o garoto Neymar Jr. Em agosto, participei do II Seminário sobre Futebol no Grêmio FBPA, onde o gerente de prospecção do FC Barcelona na América do Sul, Jordi Melero Busquets relatou alguns princípios para ojogador ser contratado pelo FC Barcelona e num desses relatou a opção por Alexis Sanchez ao invés de Neymar Jr.

Hoje o jornalista Fernando Polo do diário Mundo Deportivo escreveu uma matéria:

"Neymar ya sabe en qué debe mejorar para triunfar en el Barça"

El crack brasileño y su familia conocen de primera mano de parte del FC Barcelona cómo debe ir evolucionando su juego para encajar en la maquinaria del equipo de Guardiola.

Debe esforzarse por abrir el campo

Neymar está acostumbrado a jugar con libertad de movimientos en el frente de ataque del Santos. Le sobra calidad para ello y se lo ha ganado. Su tendencia natural es partir de banda izquierda para acabar por el centro, donde tiene más opción de tiro con su pierna buena, la derecha. En el Barça debería cambiar porque aquí los técnicos también le ven partiendo desde la banda pero con la misión de romper hacia dentro, aunque también muchas veces hacia fuera. Es decir, enganchado a la línea de cal y apurando la línea de fondo para centrar hacia atrás. Calidad tiene porque le sobra dribling y, pese a ser diestro, usa muy bien las dos piernas. Pero es un esfuerzo que deberá hacer porque jugar en banda en el Barça ya fue un gran reto para otros cracks que no acabaron de asimilarlo. Henry y Eto'o, sin ir más lejos.

Mejorar en el juego asociativo y la presión

Neymar se ha hecho un nombre con sólo 19 años a fuerza de meter goles y de superar adversarios gracias a su depurada técnica para el regate, el amago y la finta. Eso en el Barça es primordial para un delantero. Como lo es el saber asociarse con sus compañeros. La base del juego del Barça es la posesión del balón, que desgasta al rival y es la mejor forma de defenderse. Una posesión hipnótica basada en la gran calidad de los jugadores de Guardiola para pasarse y pasarse la bola sin que se la quiten. Y cuando el rival está despistado, el golpe: un cambio de juego, o un pase interior letal o una acción personal de alguno de los cracks para asestar el hachazo definitivo y lograr el gol. Neymar debe mejorar porque es un driblador nato y en el Barça deberá regatear menos y pasar más. Como también tendrá que correr hacia atrás cuando pierda un balón y saltar a las presiones como hacen los futbolistas de Pep en fase defensiva. Deberá cambiar de chip porque aquí muerde en defensa y corre hacia atrás hasta Messi.

Concienciarse del juego de posición del Barça

En el Barça, cada jugador sabe en todo momento dónde hay un compañero. Y eso no quiere decir que los futbolistas de Guardiola jueguen siempre en el mismo sitio y en la misma ubicación, sino todo lo contrario. Las permutas son constantes en el Barça, pero lo que está claro es que en cada posición del sistema táctico dispuesto por Guardiola siempre debe haber alguien, con lo que los relevos están a la orden del día y la coordinación debe ser total. Los espacios no se ocupan de forma estática, sino que los jugadores tienen que llegar a ellos. Neymar, por definición, es un futbolista anárquico que en el Barça debería reciclarse. Es algo que se perfecciona jugando y entrenando, pero que ya se puede ir asimilando viendo vídeos del Barça. Y en eso está ya el delantero del Santos.

Paciencia, paciencia y más paciencia

Neymar está habituado a jugarse muchas de las posesiones de balón del Santos. Es lógico, es el mejor del equipo y casi todo el mundo le busca a él, sobre todo en los momentos de máxima tensión. Y el crack se la juega, asumiendo ese rol. En el Barça eso hay que saber dosificarlo. Lejos quedan ya los tiempos en que Leo Messi buscaba el slalom imposible en cada acción porque eso era lo que gustaba a la gente o lo que esperaban algunos de sus compañeros, o porque el mismo se auto-responsabilizaba en exceso. Ahora Leo se dosifica esperando el momento justo para saltar y dar el zarpazo letal. Y no pasa nada porque se pase algún minuto sin aparecer, porque cuando lo hace es en plenitud de facultades. Ese debe ser el espejo de Neymar: si Messi se dosifica, también deberá hacerlo él.

Comportamiento ético acorde al 'estilo Barça'

Neymar ha protagonizado episodios lamentables con técnicos (Dorival Junior acabó despedido del Santos por enfrentarse a él), compañeros (en más de una ocasión ha abroncado a alguno durante un partido o se ha saltado consignas del entrenador en faltas y penaltis) e incluso con rivales (le han acusado de humillar a algún contrario con sus regates de 'free-style' y fue protagonista activo de la tangana con Peñarol en la final de la Copa Libertadores).
Este tipo de comportamientos no caben en este Barça, en que el respeto al cuerpo técnico, a los compañeros y a los rivales es innegociable. Neymar lo sabe y ya parece estar en la línea de actitud correcta, pero cualquier desliz sería interpretado desde ya por el barcelonismo, tanto en el club como por parte de la afición, como una mancha en su expediente. Y no es cuestión de empezar a caer mal en un sitio incluso antes de haber aterrizado en él.

Para muitos brasileiros Neymar Jr já um craque e não existe nada que possa melhorar, mas esquecemos que ele é um menino em formação no futebol (pois só tem 19 anos), lembrando que a formação no futebol vai até os 20 anos. Neymar Jr é sem dúvida alguma a maior revelação do futebol mundial atual, mas compará-lo com outras estrelas do futebol mundial (como muitos jornalistas fizeram antes do Mundial de Clubes) e a torcida exorcizá-lo como estão fazendo pela perda do Mundial para o FC Barcelona é um pouco de mais. Vejam que para contratar o clube precisa ter critérios, não apenas dinheiro e vontade de estar nas manchetes de jornal. Mais uma vez o FC Barcelona têm algo a nos ensinar (não apenas a aula de futebol) mas, também a lógica do plantel e o que o jogador necessita fazer para compor este plantel e não fugir do Modelo de Jogo Criado para a equipe (lembrando que Modelo de Jogo não é o Sistema de Jogo, mas, o que os jogadores devem realizar idividualmente e coletivamente durante os Momentos do Jogo em conformidade com a ideia de jogo do treinador).

No Brasil o que valhe é o peso do empresário, que coloca e retira o jogador dos clubes quando bem quer e os dirigentes apenas dizem Amém, por isso temos o futebol decadente de hoje!

Que 2012 seja o ano da virada para o futebol brasileiro, pois os outros países (incluindo o Uruguai) já despertaram para o futuro! Feliz 2012 a todos que acompanham esse humilde meio de comunicação sobre o futebol!

domingo, 18 de dezembro de 2011

FC BARCELONA "MÉS QUE UN CLUB" PARTE 3


"O Barcelona passa a bola rápido como o meu pai me dizia que o Brasil fazia antigamente."
Pep Guardiola, 2011.

A postagem desta vez sobre o FC Barcelona será no dia que o clube catalão se torna Bicampeão Mundial de Clubes pela FIFA, contra o Santos FC. Conseguindo um placar de 4 X 0 (maior placar desde o novo formato que teve início no ano 2000 para este torneio numa final).

Quando falamos do FC Barcelona, parece que esse clube criou uma forma de jogar até então nunca vista. Mas pra mim, não! O que quero dizer com isto. O grande segredo do FC Barcelona é que, ele conseguiu compilar o que já aconteceu de melhor no futebol mundial em seu Modelo de Jogo. A recuperção da posse da bola (RPB) da Holanda de 1974; a alternância de corredores que tão bem fazem os holandeses; a posse de bola (passes) como o Brasil de 1970 e o Brasil de 1982. Faz isso, desde muito cedo, pois se preocupa em interiorizar esses valores nos seus jogadores desde a formação mais precoce e identifica isso nos seus jogadores, indiferentemente da estatura e porte físico avantajado. Preferem os mais habilidosos e rápidos em execução (domínio e passe).


SO = Setor Ofensivo
STD = Setor de Transição Defensiva
SMO = Setor de Meio Ofensivo
SMD = Setor de Meio Defensivo
STO = Setor de Transição Ofensivo
SD = Setor Defensivo

No campograma acima, estão observações referentes a quantidade de Recuparação da Posse da Bola (RPB) realizadas pela equipe do FC Barcelona no jogo do dia 10/12/2011 contra o Real Madrid CF (em preto no 1º tempo da partida) e de hoje 18/12/2011 contra o Santos FC (em laranja no 1º tempo e amarelo no 2º tempo). Contra o Real Madrid CF o 1º tempo terminou empatado em 1 X 1 (gol do FC Barcelona originado de uma RPB no STO). Contra o Santos FC o 1º tempo terminou 3 X 0 (com dois gols originados de RPB no SMO) e no 2º tempo o gol (originado de uma interceptação no SMD com RPB no STD). Com essas observações eu começo a entender melhor esse fenômeno que é a Posse de Bola do FC Barcelona, que no jogo contra o Real Madrid CF foi de 60% (no campo do adversário) e no jogo contra o Santos FC foi de 71% (733 passes certos, 35 passes errados). O FC Barcelona não apenas têm uma ótima Posse de Bola (como todos nós sabemos), mas a Recuperação da Posse da Bola é o que mais me chama a atenção, pois na maioria das vezes, recuperam a posse da bola no mesmo setor da perda, ou, no setor seguinte, evitando assim a progressão do adversário a sua baliza.

Isso nos mostra que o clube catalão tem bem definido o que espera de seus jogadores tanto coletivamente como individualmente nos momentos do jogo, por exemplo,  sempre pretende RPB o mais longe possível da sua baliza (e consegue), agora pergunto: qual clube brasileiro sabe qual setor do campo mais Recupera a Posse da Bola, Erra mais Passes, Intercepta bolas? E qual é o Modelo de Jogo Adotado pelo clube?




 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FC BARCELONA "MÉS QUE UN CLUB" PARTE 2



(continuação)

As afirmações de superioridade nacional dos catalães não eram bem recebidas em Madri. O antigo regime castelhano tratou de colocar os presunçosos em seu lugar. Com o apoio do rei, em 1923 o general Miguel Primo de Rivera tomou o poder e instituiu uma ditadura que prefigurava o franquismo vindouro. Primo de Rivera proibiu a bandeira catalã (que o capitão Puyol usa como faixa de capitão) e excluiu a língua local da esfera pública. Em função de seu papel simbólico, o Barça sofreu inevitavelmente a mesma repressão. Depois que sua torcida vaiou o hino nacional antes de uma partida de apresentação em 1925, o ditador mandou fechar seu estádio por seis meses e multou seus diretores. O governo deixou claro para Gamper que ele deveria deixar a Espanha ou sua família sofreria consequências desastrosas. Gamper partiu. Alguns anos depois, numa crise de depressão, potencializada por suas perdas no crack da bolsa de 1929, ele se suicidou.


Primo de Rivera tinha a mesma agenda de Franco mas sem um aparelho de Estado totalitário para sustentá-lo. Muito previsivelmente, a repressão por ele promovida provocou reações. Ele renunciou em 1930, sendo substituído por uma república democrática imbuída do fervor utópico do entreguerras. Havia, contudo, uma importante diferença entre as atitudes de Franco e as de seu antecessor. Primo de Rivera reagira ao Barça de modo furioso porque era um caudilho clássico, o ditador medíocre que esmagava qualquer dissidente capaz de ameaçar seu frágil poder. Já para Franco a luta contra o Barça assumiu a forma de um combate pessoal de natureza épica. No nível político mais óbvio, ele tinha boas razões para punir os devotados torcedores do clube. A Catalunha havia sustentado por mais tempo a oposição ao golpe. Os habitantes de Barcelona, após anos de contenda industrial pré-guerra civil, tinham se tornado os Henry Ford das construção de barricadas. Embora partes da cidade recebessem Franco de braços abertos, muitos de seus moradores desenvolveram a guerra urbana com um apetite que nem Che Guevara conseguiria igualar. Franco cobrou um preço por essa resistência. Quando a cidade caiu, ele mandou matar um sem-número dos seus oponentes e os enterrou numa cova coletiva no morro Montjuic, onde futuramente se construiria o estádio olímpico.

Mas havia outra razão, igualmente importante, para o ódio que Franco devotava ao Barça. O Generalíssimo acompanhava obsessivamente o esporte e, de modo mais específico, o rival do Barça, o Real Madrid. Era capaz de citar de cabeça as escalações do Real de décadas anteriores e mandava anunciar que descansava em seu palácio acompanhando o jogo da semana pela televisão. (Não por coincidência, a TV estatal reservava ao Real Madrid , em suas transmissões semanais, um espaço muito maior que o de qualquer outro time). Quando assitia aos jogos, ele até arriscava um palpite sobre os resultados.

Franco levou sua vingança pessoal contra o Barça às últimas consequências. Manuel Vasquez Montalbán escreveu: "As tropas de ocupação de Franco entraram na cidade. A quarta organização a ser expurgada, depois de comunistas, anarquistas e separatistas, era o FC Barcelona." No início dos três anos de revolta de Franco, a milícia fascista prendeu e executou o presidente do Barça, Josep Sunyol, de orientação esquerdista, quando ele passava de carro pelas colinas de Guadarrama em visita aos soldados catalães que defendiam Madri, cercada por tropas de direita. Quando os soldados de Franco realizaram um ataque final para conquistar a insubordinada Catalunha, bombardearam o prédio que abrigava os trófeus do clube. Depois demoliram as instalações do Barça, os franquistas tentaram destituir o clube de sua identidade. O regime insistiu em mudar o nome de "Footbal Club Barcelona" para "Club de Football Barcelona", não apenas uma particularidade estética, mas a tradução desse nome para o castelhano. Também insistiu em excluir a bandeira catalã do escudo do time. E isso foi somente o começo. Para supervisionar a transformação ideológica do clube, o regime impôs um novo presidente. Ele devia ser bem adequado para o cargo. Durante a guerra, fora capitão da "Divisão Antimarxista" da guarda civil. No Barça, ele mantinha cuidadosamente copiosas fichas policiais de todas as pessoas envolvidas com o clube, de modo a poder importunar e solapar quaisquer diretores que demonstrassem simpatias nacionalistas latentes.

Nos primeiros anos da era Franco, um evento se destaca nos livros de história. Em 1943, o Barça enfrentou o Real Madrid pelas semifinais da Copa Generalíssimo  Franco. Momentos antes da partida, o diretor de segurança do Estado entrou no vestiário  do Barcelona, uma cena cultuada em Barça, a magistral história do clube escrita pelo jornalista Jimmy Burn. Ele lembrou aos jogadores que muitos deles tinham acabado de retornar à Espanha, de seu exílio em tempo de guerra, graças a uma anistia que perdoava sua fuga. "Não esqueçam de que alguns de vocês só estão jogando pelo genorosidade de um regime que lhes perdoou a falta de patriotismo." Naquela época de repressão, não foi difícil entender o recado. O Barça perdeu por 11 X 1, uma das maiores derrotas da história do clube.

Esse foi o primeiro de muitos favores prestados pelo regime ao Real Madrid, que pareceu retribuir a afeição construindo o seu novo estádio na Avenida Generalíssimo Franco. Segundo alguns, o governo deu ao Real uma ajuda decisiva na contratação do melhor jogador dos anos 1950, o argentino Alfredo di Stefano, embora o Barça já tivesse feito um acordo com ele.

  



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

FC BARCELONA "MÉS QUE UN CLUB"


Estamos as vésperas de mais um final de ano (não de temporada na Europa), onde no próximo domingo, poderemos assistir um jogo (que está sendo esperados por muitos amantes do futebol) que será FC Barcelona vs Santos FC. Dois clubes que a história nos mostra, terem feito 7do futebol algo além do esporte. O Santos FC que na década de 60, se tornou o primeiro clube de futebol a ser Bicampeão Mundial Interclubes, onde jogou o Rei do Futebol, Édson Arantes do Nascimento, o Pelé. O FC Barcelona na história recente de clubes de futebol, nos mostra que jogar futebol parece fácil, fazendo do simples (o passe) a sua principal arma.

Com isso, começarei uma série de postagens sobre o FC Barcelona para que possamos começar a entender o fenômeno FC Barcelona. Hoje iniciarei com um pouco da história do clube catalão que explica esse slogan "Més que un Club".

A bandeira do clube é inspirada explicitamente nas cores, vermelho e azul, do estandarte tricolor da Revolução Francesa. No auge da onda anarquista da década de 1930, o Barça tornou-se um coletivo de trabalhadores, um legado que continua. E o que é mais importante, segundo o folclore institucional: o clube foi um heróico centro de resistência à ditadura militar franquista. Somente o Camp Nou fornecia um lugar onde os catalães podiam gritar e bradar contra o regime em sua própria e banida língua. Manuel Vazques Montalbán, um dos grandes escritores espanhóis contemporâneos, publicou um romance sobre o Barça intitulado Offside. Descreveu o clube como "a arma épica de um país sem estado [...] As vitórias do Barça eram como as de Atenas sobre Esparta."

Em 1899, um empresário protestante suiço chamado Joan Gamper uniu-se a expatriados ingleses para fundar o FC Barcelona. É surpreendente que um estrangeiro tenha criado o que seria uma instituição definidora do nacionalismo catalão. Há um explicação simples para a abertura da Catalunha a influências externas: ela se situa no meio do mundo mediterrâneo. Antes do século XV, como parte do reino de Aragão, os catalães haviam aberto caminho para o Leste até Atenas, a Sicília e a Sardenha. Mesmo então, no auge de sua grandeza, os homens mais poderosos da nação eram comerciantes e capitalistas. Barcelona tornou-se uma grande cidade comercial, profundamente entranhada na economia planetária, crescendo até se transformar num gigante industrial. No final do século XIX, só os Estados Unidos da América, a Inglaterra e a França superavam a produção das fábricas de tecido catalãs.

À medida, porém, que avançava economicamente, a Catalunha era submetida à dominação política. O poder político da Espanha, concentrado em Madri, consistia em vários proprietários de terras castelhanos. Os interesses do governo central colidiam com os dos capitalistas de Barcelona. O crescente contingente de nacionalistas burgueses da cidade ressentia-se do fato de os castelhanos usarem o governo para impor a cultura e a língua "espanholas". Também não ajudava o fato de Madri direcionar a política governamental para a proteção da agricultura em detrimento da indústria. Os catalães descarregavam a raiva que sentiam desse arranjo injusto esteriotipando cruelmente os castelhanos e sua capital. Enquanto a Catalunha representava a modernidade e o progresso, Madri era habitada por roceiros sem cultura. Não era uma imagem de todo distorcida. A burguesia de Barcelona provou ao mundo a sua grandeza patrocinando obras momumentais de arte e arquitetura, Gaudí, Doménech i Muntaner, Miró. E, por causa de sua imersão no mundo comércio global, ela abriu auspiciosamente as portas a influências externas.

Joan Gamper e o futebol foram apenas outra importação a se tornar parte do tecido social catalão. A imagem de Gamper naquela terra não foi atrapalhada em nada pelo fato de ele admirar fervorosamente a causa catalã e ter traduzido seu próprio nome, Hans Kamper, para o idioma local. Segundo alguns relatos, Gamper desejava que o clube celebrasse aos catalães e seus sonhos de autonomia. Sob sua liderança, o Barça adotou um escudo contendo as cores nacionais e a cruz de São Jordi, o padroeiro da Catalunha.

(continua)    



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

COMENTÁRIOS SOBRE O SISTEMA 1-4-3-3


O sistema de jogo é ótimo para desenvolver uma boa fase de ataque, além de respeitar os cinco princípios de tática ofensiva, garante muito espaço sobre a frente ofensiva oposta que possui só atacante central, assim pode-se criar inserções e recortes (mudanças de direção para as zonas centrais do campo, horizontais) por parte dos meios-campos e dos atacantes da ala, os espaços criados ao lado do centro-avante servem para realizar diagonais e verticais, sempre considerando atentamente a importância do tempo de ação, toda manobra de ataque baseia-se sobre a coordenação de movimento dos três atacantes, que como se observará mais adiante, multiplicam-se as situações ofensivas.

CARACTERÍSTICAS DOS JOGADORES

O centro-avante, deve possuir uma grande presença física, sendo que deverá sustentar todo o peso de frente do ataque, além de ser muito habilidoso ao receber os lançamentos e servirá de apoio para as triangulações e servir de recorte para jogar por trás dos defensores adversários, quando o drible de seus companheiros é realizado para as zonas horizontais do campo.

Os pontas devem se caracterizar pela velocidade, controle e por boa finalização, além de uma ótima habilidade em situações de 1:1. A velocidade deve ser explorada sobretudo quando se ataca em velocidade às marcações centrais adversárias, ou em situações de infiltração com a bola dominada e tocada de pé em pé, o controle é necessário quando recebem a bola de um meio-campo ou qualquer outro jogador, alternando as zonas laterais ou centrais do campo. O sentido de finalização é utilizado para tirar proveito do espaço atrás das linhas defensivas adversárias e penetrar em condições de finalização na área, por isso os três atacantes resultam de fundamental importância e assim se atua no 4-3-3.

O meio-campo criador que atua na frente da sua defesa, é útil na armação das jogadas curtas e longas e colocar a bola no chão, ele deve dar o ritmo adequado à equipe e atuar como “criador das jogadas” de sua equipe, é difícil que se projete na zona de definição (mas não impossível), e é, responsável pelo primeiro combate quando se perde a bola.

Os alas atuam como meias que jogam em todo campo, a característica principal é ser muito versátil, seja na fase de ataque como na zona defensiva. Na fase de ataque, deveriam ser hábeis para posicionar-se, seja nos espaços centrais, ou na diagonal criada pelos movimentos dos pontas, além de possuir uma mentalidade ofensiva permanente, capacidade de penetração, boa finalização e passe, os quatros defensores, sendo que a equipe é obrigada a defender-se com sete jogadores, entre os quatro defensores e os três meias deveram demonstrar ser eficazes na marcação a respeito de quem joga no 4-4-2, além que não é fácil um quinto homem, escalado na parte defensiva, pois será inevitável possíveis encontros de 2:2 no meio campo.

Além de ter uma boa diagonal defensiva larga. Que significa que o primeiro defensor central, fará a cobertura de seus companheiros, a diagonal central ficará mais curta, e os dois zagueiros (esquerda e direita) devem realizar uma marcação escalonada sobre os atacantes adversários.


A PROJEÇÃO E OS MOVIMENTOS DOS 3 ATACANTES


Para realizar uma boa ação de ataque é necessário considerar os fatores reais de tempo, espaço e modo:


● TEMPO: saber sobre todo o momento apropriado para desmarcar-se, por exemplo, quando o jogador que conduz a bola, levanta a cabeça para olhar o panorama do jogo, seja antes de receber a bola, no seu tempo, somente quando o olhar de quem vai passar a bola, vá em direção do receptor, aí sim se realizará o movimento de desmarcação. O movimento de livrar-se da marcação, com uma finta. Tem que ser efetuado este movimento com antecipação, ao jogador que vai assisti-lo, pois é fundamental sincronizar os movimentos necessários para enganar a defesa adversária, em relação ao jogador que conduz a bola.


ESPAÇO: quando se fala de espaços se deve perguntar: onde se desmarcar? Será necessário buscar um espaço vazio, como normalmente vem definida a zona de campo livre, com suficiente espaço para receber o passe.

A disposição de ataque com 3, com um centro-avante, permite ter espaços suficientes para lançar os outros dois.


MODO: através de penetrações em diagonal, que nas ações dos alas se denominam “cortes”, que são efetuados do centros para as laterais do campo, a infiltração em diagonal do atacante leva vantagem de usar seu próprio corpo para a proteção da bola, entre ele e o defensor, que por sua vez perde sua eficácia no intento da antecipação.


Para ter uma precisa sincronização na desmarcação é possível exercitar, por exemplo, implantando três meias que passam a bola entre si, as costas da meta adversária, assim não podem ver o movimento de seus próprios atacantes, quando um dos meias que tem a bola girar para efetuar o passe, o atacante deverá sugerir com um gesto onde enviar o passe, que pode ser através de um movimento de desmarcação em diagonal. Para completar o objetivo do exercício, escolher três espaços do campo onde, três defensores, quando de posse da bola buscam seu companheiro mais próximo, somente quando a bola for jogada, enquanto o atacante estava em liberdade de ação e escolha. O objetivo principal é que o atacante seja treinado para desmarcar-se, apenas a tempo para o local apropriado, as possibilidades de ação do atacante podem ser:



1. Perto do passe da bola;

2. Fintar e receber o passe;

3. Penetrar em velocidade; e

4. Projetar-se na ação ofensiva.


A primeira permite ao ala a direção de receber, pois dando as costas a meta, não pode infiltrar-se em profundidade, por tanto deve apoiar-se para compor o ataque, a segunda direção permite liberar o stopper, se a manobra de entrada é efetuada em velocidade, a terceira direção é eficaz, enquanto o corte vem efetuado as costas do rival, assim resultará em difícil recuperação da marcação, e na quarta situação, penetra-se nas costas do stopper, mas não em vertical a meta, sendo que a um espaço vazio a ser criado, assim que o central vai se deslocar para trás e não ocorrerá a conclusão imediata da ação. Quando o ala recebe a bola o pé, sendo que se encontra em um espaço vazio (zagueiro não acompanhou de perto), tem duas possibilidades: o 1:1 ou a triangulação. Os movimentos de desmarcação do centro-avante devem ser para sair da zona do stopper , posicionar-se no centro do campo, para servir de apoio ao que conduz a bola, ou através do centro avançando rumo à meta, quando a bola está de posse dos alas.

Explicado estes aspectos fundamentais relativos aos espaços e tempos, efetuado previamente em explicações de Ardósia, a continuação se propõem algumas combinações ofensivas, a partir dos três atacantes, para sucessivamente adicionar mais jogadores, até obter um desenvolvimento ótimo de jogo de 11 contra 11.

Na configuração de base do 1-4-3-3, podemos notar que as triangulações que formam os jogadores graças ao escalonamento que se cria naturalmente, isso se nota através da amplitude no ataque e os espaços livres ao lado do centro-avante.