Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

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domingo, 28 de abril de 2013

TESARAC E O FUTEBOL BRASILEIRO

TESARAC!
 
 
O que será que o termo Tesarac tem haver com o futebol brasileiro? Primeiro, vamos explicar o que significa o termo Tesarac:
 
Tesarac quer dizer mudança profunda. Daquelas tão profundas que nos tiram o norte.
Tesarac, o neologismo, foi criado pelo poeta americano Shel Silverstein. Ele era um bom sujeito de talentos múltiplos, talvez um quê excêntrico, que teve a boa sorte de chegar ao auge da criatividade nos anos 1960. Poeta, mas também cartunista da revista "Playboy", músico, autor teatral, escritor de livros infantis. Seus cartuns são reconhecidos por uma geração inteira de americanos.
 
Silverstein teve uma filha, Shoshanna. A mãe de Shanna morreu quando a menina tinha cinco anos. E ela se foi quando tinha onze, vítima de um aneurisma cerebral, em 1982.
 
Tesarac, para o poeta que cunhou a palavra, era isso: um vácuo. Um evento tão brutal e aterrador que transforma a vida. A única coisa que um pai sabe, nessa hora, é que tudo será muito diferente.
 
Então, qual a sua ligação com o futebol brasileiro? Algumas pessoas ainda insistem em usar o termo "o Brasil é o país do Futebol". Mas, com o passar dos tempos, estamos a cada dia mais nos acostumando há observar países e clubes estrangeiros exibindo um futebol mais atraente de ser visto. Por exemplo, alemães e espanhóis. E, até o Chile, a duas temporadas atrás possuía um grande clube, a Universidad de Chile, sendo comparada ao FC Barcelona, pelo seu futebol apresentado.
 
Lógico, temos o SC Corinthians Paulista, campeão do Mundo de Clubes pela FIFA. Mas, o SC Corinthians Paulista tem um treinador com uma visão diferente da maioria dos que estamos acostumados a ver atuando em grandes equipes brasileiras.
 
O nosso problema continua a ser vertente metodológica científica que nos norteia. Ainda sofremos muita influência da ciência clássica (analítico/cartesianismo). Muitos clubes de futebol (categorias de base) possuem treinadores pautados nessa linha de pensamento e atuação na hora de planejar as suas sessões de treinamento. Disputando campeonatos aqui na minha região, ouço alguns absurdos proferidos pelos comandantes das equipes adversárias (na sua grande maioria, pessoas sem nenhuma formação, nem acadêmica e nem de cidadão), exigindo e cobrando na hora do jogo das crianças, princípios que até os próprios desconhecem. Eles proferem que o "Futebol é fácil", argumentando que é "só olhar como o Joãozinho faz e fazer igual". Isso explica o por que, muitas pessoas não vão mais aos estádios para assistir os estaduais, vaiam a seleção brasileira, entre outros assuntos relacionados ao futebol.
 
Segundo Tani e Corrêa (2006, p. 16), existem duas condições que necessitam ser atendidas para que o procedimento analítico possa ser aplicado:
 
a) a ausência de interações entre os componentes do sistema ou, caso existam, serem suficientemente fracas para que possam ser desprezadas, e
 
b) as relações que descrevem o comportamento das partes sejam lineares. 
 
Pergunta-se:
 
1) Será que o fundamento de uma modalidade esportiva praticado isoladamente manteria correspondência com aquele executado em uma situação de jogo?
 
2) Até que ponto aprender partes ou componentes (fundamentos) individualmente estaria associado à aprendizagem do jogo?
 
Os autores citados anteriormente, citam Bertalanffy (1977):
Pode-se afirmar que a interação é um conceito-chave no pensamento sistêmico, da mesma forma que o conceito de análise é fundamental na ciência clássica, significando que uma entidade pode ser estudada separando-a em partes e, por conseguinte, pode ser constituída ou reconstituída pela reunião dessas partes.
Nessa citação fica evidente que, alguns pensam que, um sistema pode ser separado em componentes sem perder as suas características essenciais.  
 
Quando me refiro ao Tesarac e o futebol brasileiro, é isto, necessitamos de uma transformação profunda para não continuarmos no vácuo que já nos encontramos!
 
Referência
 
TANI, G. e CORRÊA, U. Esportes Coletivos: Alguns desafios quando abordados sob uma visão sistêmica. In Dante de Rose Jr. (Org.) Modalidades Esportivas Coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, p. 15 - 23.
 
 
 
 
 

sábado, 16 de março de 2013

A ESSÊNCIA... GERIDA EM ÚTEROS ARTIFICIAIS

 
 
Já não é novidade para ninguém que, o Futebol de Rua era o grande formador de jogadores num passado não muito distante. Rinus Michels treinador holandês, que no ano de 1985, foi eleito pela FIFA, o melhor treinador do século XX, refere que o Futebol de Rua é o modo de aprendizagem mais natural que se conhece.
 
Segundo Maciel (2008), Michels (2001), procurando desenvolver um Modelo de Formação para o seu país, capaz de se assumir como uma alternativa para o Futebol de Rua, constatou que a grande diferença entre as práticas de outrora e as da altura residia ao nível de tempo de prática. Pois bem, traçando um paralelo, hoje temos as Escolas de Futebol, que, corroborando com Maciel (2008), podem ajudar na criação de Úteros Artificiais. 
 
Mas, qual é o primeiro problema? No Futebol de Rua a quantidade de horas praticadas era próxima de 25 horas semanais. Nas Escolas de Futebol (na sua quase totalidade) teremos três sessões de treinamentos semanais com, 1h15min. há 1h30min. aproximadamente. O que resulta por volta de 4h30min. semanais de prática. Mesmo que esses praticantes, tenham algumas outros horas durante a semana dedicadas a prática do Futebol, não teremos a mesma quantidade de horas que existia com a prática do Futebol de Rua de antigamente. Pois, é notório que hoje, a carga torrencial de matérias e de horas letivas que a escola crescentemente impõe aos estudantes impossibilita essa grande quantidade de prática de futebol.
 
Cientes disso, o que nós Profissionais envolvidos no processo e responsáveis pelo papel de moderadores e facilitadores da aprendizagem devemos fazer? Se a quantidade de horas prática não nos é suficiente, a qualidade tem que ser. Pois, segundo Tamarit (2007), apesar de ser a quantidade algo necessário, é fundamental que o treino seja de qualidade.
 
Essa qualidade depende do treinador, pois, mesmo sendo o Futebol de Rua uma maneira ótima para o processo ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) do futebol, não podemos nos esquecer do que relata Rink (2001):
 Nem sempre o aluno (jogador) está pronto para construir as suas próprias aprendizagens, principalmente quando é confrontado com assuntos completamente novos, sem pontos de referência, em situações de descoberta não guiada, isto é, sem qualquer orientação por parte do professor.
 
 Outro problema que observo, é que em Escolas de Futebol que se pautam nas metodologias convencionais, não há espaço para o erro. Segundo Tani (2005 apud Maciel, 2008, p. 291), creditam que o processo de aprendizagem se constitui como sendo uma sucessão de respostas corretas, ignorando-se deste modo que o erro é intrínseco ao Homem, sendo mesmo determinante para a construção do conhecimento.
 
Para que as Escolas de Futebol possam ser mesmo uma alternativa para o Futebol de Rua (Úteros Artificiais), segundo Michels (2001) Fonseca (2006) Tamarit (2007) apud Maciel (2008, p.292):
O Futebol de Rua pode considerar-se como o processo mais natural de Aprendizagem do Jogo, uma vez que através das várias vivências que proporcionava, permitia que os Jogadores aprendessem com os erros cometidos, desenvolvendo consequentemente o seu Talento. No Futebol de Rua, aprende-se com os erros, fato que permite uma Aprendizagem pessoal com base nestes, que vão contudo coabitar com a adaptabilidade aumentada dos Jogadores. Por esse motivo, a intervenção do treinador deverá guiar o Jogador no sentido deste Aprender por si próprio, e não proibir ou punir o erro.
 
Espero que tenha conseguido passar a mensagem.
 
Referências
 
MACIEL, J. A(In)(Corpo)r(Acção) Precoce dum jogar de Qualidade como Necessidade (ECO)ANTROPOSOCIALTOTAL: Futebol um Fenómeno AntropoSocialTotal, que "primeiro se estranah e depois se entranha" e ... logo, logo, ganha-se! Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário na opção de Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2008.
 
RINK, J. Investgating the assumptions of pedagogy. Journal of Teaching in Physical Education, 20, 2, 112-128. 2001.
 
TAMARIT, X. Que és la "Periodización Táctica"? Vivenciar el juego para condicionar el Juego. MCSports, 2007.
 

 
 
 




sábado, 9 de março de 2013

A MACROESTRUTURA DO PROCESSO DE PREPARAÇÃO DOS TREINADORES EM FUTEBOL

Foto
 
Fazendo um paralelo com a Teoria e Metodologia do Treinamento Desportivo (TMTD), sobre a macroestrutura do processo de preparação de desportistas, todos, temos conhecimento que existem etapas há serem cumpridas para obtermos jogadores com qualidade. Segundo Platonov (2008) essas etapas são:
 
1. Etapa da Preparação Inicial;
2. Etapa da Preparação Básica Preliminar;
3. Etapa da Preparação Básica Especializada;
4. Etapa da Preparação para Obtenção dos Melhores Resultados;
5. Etapa da Concretização Máxima das Capacidades Individuais;
6. Etapa da Manutenção da Alta Maestria;
7. Etapa de Diminuição Gradual dos Resultados; e
8. Etapa de Encerramento da Carreira Desportiva de Alto Nível.
 
Pergunto: existe uma Macroestrutura do Processo de Preparação dos Treinadores em Futebol no Brasil?  
 
Sei que, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) oferece um curso para formação de treinadores na Granja Comary, com diferentes níveis de atuação, tais como, Escola de Futebol e Categorias de Base até há atuação no Futebol Profissional. Mas, não sei qual a validade disso, pois, como é do conhecimento de todos, no Brasil qualquer pessoa pode ser treinador de futebol. Com formação, ou, sem formação alguma.
 
Na edição do Footecon de 2013, Eduardo Conde Tega (Diretor Executivo da Universidade do Futebol), apresentou uma palestra sobre a formação do treinador de futebol na Europa, nesta fala, ele apresenta o quanto é diferente essa Macroestrutura de Formação para a atuação de técnicos de futebol na Europa em relação ao Brasil.
 
Observando isso, alguns questionamentos surgem. Apenas referente a Organização Defensiva e a sua eficácia. Para assegurarmos uma correta Organização Defensiva, é conveniente que os treinadores se façam uma série de perguntas que possam esclarecer muitas coisas:
 
1. Que tipo de marcação é mais efetiva diante da Organização Ofensiva que apresenta o adeversário?
2. Que problemas podem surgir em relação ao tipo de marcação que escolhemos?
3. É possível tirar vantagem ofensiva após uma correta atuação defensiva?
4. Possuo os jogadores com características para desempenhar tal função defensiva?
5. Conheço os Princípios Fundamentais do Futebol e implanto-os na minha equipe?
 
Lembrando que o Jogo de Futebol acontece num âmbito sistêmico aleatório, assim, teremos que nos preocupar em defender, atacar e transitar entre esses dois momentos, sem dissociá-los (fragmentá-los).
 
"Quem só teoriza, não sabe. Quem só pratica, repete. O saber nasce da conjugação da teoria e da prática."

 (Manoel Sérgio)
 
Referência

PLATONOV, V. N. Tratado geral do treinamento desportivo. São Paulo: Phorte, 2008.

 
 
 


domingo, 2 de dezembro de 2012

FC BARCELONA SOCCER CAMP 2ª PARTE

 
Estamos há uma semana do evento mais do FC Barcelona em Curitiba! Será uma grande oportunidade participar desse grandioso evento. Aguardem mais notícias sobre o evento aqui no blog.
 
 
 


domingo, 25 de novembro de 2012

MODELO DE JOGO vs RESULTADOS DAS PARTIDAS

 
 

Uma dúvida que sempre permeia as partidas de futebol para as equipes que são treinadas por pessoas que entendem o JOGO de futebol dentro da Abordagem Sistêmica é:
 
 
Evolução do Modelo de Jogo ou Ganhar as partidas há qualquer custo?
 
Eu venho utilizando a Abordagem Sistêmica desde 2010 nas equipes que comando e, ontem aconteceu um fato muito interessante. A minha equipe sub 14 (composta na sua maioria por jogadores sub 13) foi eliminada de uma competição na semifinal, mas, jogou um futebol mais organizado, com posse de bola, jogo apoiado, retirada da bola do setor de pressão, marcação no campo do adversário. Então a questão é. Será que dentro da perspectiva do Modelo de Jogo o resultado da partida não é enganoso?
 
Ontem, mesmo com a derrota, tive a certeza que estou trabalhando de uma forma que para a minha região é diferenciada, conseguindo introduzir alguns conceitos desconhecidos por muitos, mas já muito familiarizados pelos meus jogadores. Meus jogadores já tem consciência de que, indiferente da situação que a partida se encontra, não devemos abandonar a nossa maneira de JOGAR.
 
Mas, como minha professora de História falava: "a inovação leva uma geração para deixar de ser vista com estranheza." 
 


domingo, 30 de setembro de 2012

FORMAÇÃO NO FUTEBOL BRASILEIRO E IDENTIDADE DE FUTEBOL

 
Muito se ouve sobre a formação no futebol e identidade de futebol. A formação nos clubes brasileiros ainda é pautada na forma física (estatura e força física), privilegiando jogadores maturados e deixando de lado os jogadores franzinos, mas com entendimento de JOGO! Isso me faz lembrar de um questionamento que sempre esteve presente na formação: na formação é importante ganhar ou formar? As preocupações são sempre em ganhar campeonatos. Mas, se trabalharmos de forma coerente (com critérios qualitativos) e dentro dos princípios táticos do futebol, teremos um plantel competitivo (sempre chegando nas competições) e jogadores sendo aproveitados nas categorias superiores até o profissional.
 
Outra questão que atrapalha a formação de jogadores de futebol, para mim é, a pressa. O que alguns estudiosos vem chamando de "oitavo pecado capital". Onde percebemos que treinador nenhum têm tempo para analisar e perceber quais as principais dificuldades quanto ao entendimento do JOGO de uma forma qualitativa. O que o treinador Eduardo Barros denominou de Currículo de Treinamento. Eu possuo um Instrumento Metodológico para a Formação (IMF), baseado na ideia do treinador Eduardo Barros, mas adaptado para a minha realidade. Este IMF nada mais é que, ter disposto em uma tabela tudo aquilo que eu pretendo que os meus jogadores desempenhem quando jogam futebol e, quando estes dominam bem esse conteúdo, não preciso dar tanta ênfase nele. Um exemplo seria, o Estratégico-Tático, como estratégias ofensivas e defensivas, nas ofensivas seria os tipos de ataque:
  •  Ataque Rápido;
  • Ataque Posicional; e
  • Contra-ataque.
Desta forma consigo perceber se os treinamentos estão auxiliando o desenvolvimento dos jogadores, dentro do Modelo Jogo Perspectivado. E também possibilitando a tomada de decisão nos jogadores, pois eles terão que escolher qual a forma de atacar dentro da partida a partir das situações que surjam no jogo.

Quanto a identidade de futebol no Brasil, percebo que os clubes não tem um forma de jogar (um Modelo de Jogo) jogam conforme o adversário, mudam de estrutura tática a cada semana, treinadores forasteiros que ditam como o clube deve jogar, assim, isso também prejudica a formação, pois o clube não tem definido uma identidade de jogar futebol, muda conforme o seu comandante bem quer. Isso, não é bem visto em outros clubes pelo mundo afora, sabemos de casos, que o treinador tem que se adaptar a maneira do clube de jogar, o FC Barcelona é um destes casos. Desta forma, o treinador da formação não sabe como deve atuar, pois o clube não tem definido de que forma se deve planejar a formação dos atletas, e pior, nem a equipe principal não sabe se ataca em zona com Estrutura Fixa, em zona com Estrutura Móvel, Ataque Rápido, Ataque Posicional ou Contra-ataque. E assim vamos observando os europeus dominarem as principais competições de futebol do globo.  



sábado, 18 de agosto de 2012

REFLEXÕES PARA A COMPREENSÃO DE METODOLOGIAS DE TREINAMENTO EM FUTEBOL



Lendo o livro "Periodização Tática: o futebol-arte alicerçado em critérios" do professor Bruno Pivetti, me deparei com algumas indagações que percebo não ficarem claras para alguns profissionais do futebol referente a essa metodologia: 
  • Como poderemos querer que a grande maioria dos profissionais do futebol compreendam essa metodologia, se, há maioria dos treinadores principais do futebol brasileiro não possui um curso superior;  
  • E mesmo se possuíssem, qual IES trabalha com essa metodologia de treinamento em futebol no país com clareza?
  • Será que temos leituras suficientes sobre temas como, Visão Sistêmica, Teoria do Caos, Modelo de Jogo, Fatores Neurobiológicos da Tomada de Decisão e Neurociências aplicadas ao futebol? 
Para mim não há dúvidas, para que possamos melhorar a nossa maneira de treinar futebol, precisamos que essas indagações sejam sanadas, para após, criarmos um ambiente de discussão sobre esse tema tão complexo e apaixonante, mas tão marginalizado e tratado as vezes com superficialidade. Para os meus alunos da cadeira de Esportes Coletivos II, estou tentando convencê-los da importância da leitura sobre esses temas para que possamos alcançar patamares maiores referentes ao processo ensino-aprendizagem-treinamento no futebol.  

 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

MÍSTICA DA CAMISA 10 E A ESTAGNAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO


O Brasil está na rota dos dois maiores eventos do futebol mundial, Copa das Confederações (2013) e Copa do Mundo FIFA (2014). Observando os jogos do Campeonato Brasileiro, Séries A e B, percebo uma estagnação. A maioria dos nossos clubes não tem um projeto quanto a cultura tática das suas equipes. Salvo raras as exceções, em clubes onde o treinador permanece há mais de uma temporada, encontamos uma forma de jogar nos diferentes momentos do jogo definida.

Talvez isso, possa explicar a evolução no futebol de países e clubes estrangeiros, caso da Espanha, por exemplo. Onde existe um projeto a longo prazo da maneira de como jogar.

Essa estagnação dos clubes brasileiros, parece estar vinculada há duas questões:
  •  Há carência em formar camisas 10 como acontecia antigamente (o Botafogo contrata Seedorf, Cruzeiro tem Montillo);
  • Há questões imediatistas. Onde o que importa é vencer o jogo mais próximo.
Lembrando que o Futebol é um Jogo Desportivo Coletivo (JDC) de essência tática, onde duas equipes realizam um jogo de cooperação entre os seus e oposição aos contrários. Percebo uma enorme preocupação dos clubes brasileiros sempre com as capacidades físicas, com contratações de muitos preparadores físicos (que são os graduados) (no II Seminário de Futebol no Grêmio FBPA em agosto de 2011, o Professor João Paulo Medina relatou que no S.C. Corinthians Paulista existem em todas as categorias 11 preparadores físicos) e, a questão tática fica muitas vezes por conta dos "achismos", ou, por questões quantitativas, como número de escanteios, posse de bola (sem saber se essa posse é efetiva), número de chutes a gol (sem saber como esse chute aconteceu).

Pela pequena experiência que possuo no futebol, percebo que aqui no Brasil o clube adota o projeto de cultura tática do treinador forasteiro, mesmo sabendo que, daqui há alguns meses ele entrará na "dança dos técnicos" e vai ao mercado contratar o treinador que estará disponível, sem fazer uma análise de perfil, sem saber qual metodologia este treinador aplica nos seus trabalhos diários. Esse novo treinador chegando ao clube, muda todo o projeto, muitas vezes confundindo a cabeça dos jogadores. E o pior, o clube muitas vezes não sabe qual é a sua meta referente a padrão de jogo ou melhor, cultura tática nos diferentes momentos do jogo e nem como formar aqueles camisas 10 que muito nos enchiam aos olhos aos ver jogar.

E isso reflete no selecionado nacional, que no atual ranking da FIFA encontra-se em 11º lugar, atrás de Croácia e Dinamarca. Esse fenômeno que vem acontecendo há anos será difícil desfazer em apenas dois anos.  

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O "AQUI E AGORA" DO JOGO


Como professor e preparador técnico sempre me perguntei, como o ser humano toma as suas decisões?

Durante o jogo de futebol, os jogadores são constantemente chamados a tomar decisões e quanto mais rápido o fizerem tanto melhor, pois o jogo está crescentemente mais rápido sendo que a velocidade de execução distingue os melhores dos medianos. Mas, se nós nos apercebemos no sentido comum e nas imagens tradicionais, é lógico que, deveria transmitir as ideias com uma rapidez que desafiava todas as leis da matéria. Na verdade, fenômeno espantoso é que segundo nos diz Changeux (2002), é quase o contrário que acontece pois, o cérebro é lento, demasiado lento mesmo em relação a certos fenômenos físicos de base. E acrescenta:  
"Com efeito, o sistema nervoso de todos os organismos vivos, incluído o homem, propaga os sinais elétricos a uma velocidade bem menor que a da luz. Isso significa que os sinais neuronais não exploram as ondas eletromagnéticas que provêm das forças fundamentais do mundo físico. Esta limitação física é uma herança que nos foi legada através da evolução das espécies, os organismos primitivos."
(Changeux, 2002, p. 23-24)


Segundo Campos (2008, p. 37) num jogo de futebol entre equipes de topo assistimos a movimentos velozes, execuções em que parece que os jogadores adivinham as movimentações dos companheiros e as decisões têm de ser tomadas de forma espontânea e de acordo com o Modelo de Jogo estabelecido e treinado. Ora, a estas exigências contrapõe-se a lentidão dos processos cerebrais daí que algo tenha que estar por trás desta rapidez que caracteriza o jogo de futebol. Treinar para criar pré-representações e assim aumentar a velocidade dos acontecimentos fazendo-os depender de algo já previamente definido e não somente da solução que o cérebro teria que encontrar e realizar para cada momento do jogo. 

Observando estas citações, podemos entender que o processo de Ensino-Aprendizagem-Treinamento tem fundamental importância na criação de hábitos (como automatismos). Desta forma, temos utilizar uma metodologia de treinamento que oportunize a tomada decisão em situação de jogo. Assim, a metodologia Analítica fica desprovida de sentido, pois, não tem no seu cerne essa preocupação. A metodologia de treinamento que mais oportuniza isso, é a Periodização Tática.

 E o "Aqui e Agora" do jogo nada mais é do que, tomar decisões em situações de pressão. Por isso, o jogagor deve ser sobrecondicionado pelo treinamento a decidir em direção ao Modelo de Jogo Criado e as ideias de jogo que esse Modelo pretende para os momentos do jogo. Jacob e Lafargue (2005) mostraram que a consciência da intenção imediata de executar um ato, precede sempre o ato cerca de 200 mseg., sendo que nestas  condições a única forma de salvaguardar o livre arbítrio é a de admitir que, este pequeno intervalo de tempo deixa a possibilidade à vontade consciente de opor a sua recusa a esta ação preparada e de proibir em última instância a sua realização material sendo que existem mesmo casos em que o potencial de ação motriz não é seguido de ação, ou seja, se a decisão do cérebro não é estritamente conforme as intenções prévias do sujeito, resta-lhe a possibilidade de não agir. Isto leva-nos a crer que teremos que treinar o cérebro a decidir de determinada forma, de acordo comos princípios estabelecidos, ou seja, condicionar as intenções prévias que surgem de forma inconsciente para que estas sejam congruentes com o Modelo de Jogo Criado. Esta necessidade é bem evidente quando sabemos que o tempo que medeia a consciência da intenção e a ação propriamente dita se cifra nuns escassos 200 mseg., o que nos indica de forma bem clara a relevância das intenções prévias dos jogadores serem concordantes com a ideia de jogo do treinador, caso contrário a tarefa emconseguir tal desiderato estará condenada ao insucesso.

Referência

CAMPOS, Carlos. A justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica: A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital. MCsports, 2008.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

2012: O ANO DAS PROFECIAS



O ano de 2012 está apenas no começo. Mas muitos levam em consideração as superstições (no mundo do futebol isso é muito comum), e, segundo o calendário Maia, esse é o ano do "Fim dos Tempos".

Pensando no futebol de formação brasileiro, isto já está acontecendo a algum tempo, pois, não temos calendário suficiente para muitas categorias de transição para os meninos ascenderem as equipes principais. Deve ser por isso que é raro um jovem se firmar em seu clube de origem. Lembram do caso Oscar no São Paulo Futebol Clube?


Vale a pena ler, e mais, é muito importante saber que um jogador profissional brasileiro têm opinião formada sobre um assunto tão sério como este.  


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

COMENTÁRIOS SOBRE O SISTEMA 1-4-3-3


O sistema de jogo é ótimo para desenvolver uma boa fase de ataque, além de respeitar os cinco princípios de tática ofensiva, garante muito espaço sobre a frente ofensiva oposta que possui só atacante central, assim pode-se criar inserções e recortes (mudanças de direção para as zonas centrais do campo, horizontais) por parte dos meios-campos e dos atacantes da ala, os espaços criados ao lado do centro-avante servem para realizar diagonais e verticais, sempre considerando atentamente a importância do tempo de ação, toda manobra de ataque baseia-se sobre a coordenação de movimento dos três atacantes, que como se observará mais adiante, multiplicam-se as situações ofensivas.

CARACTERÍSTICAS DOS JOGADORES

O centro-avante, deve possuir uma grande presença física, sendo que deverá sustentar todo o peso de frente do ataque, além de ser muito habilidoso ao receber os lançamentos e servirá de apoio para as triangulações e servir de recorte para jogar por trás dos defensores adversários, quando o drible de seus companheiros é realizado para as zonas horizontais do campo.

Os pontas devem se caracterizar pela velocidade, controle e por boa finalização, além de uma ótima habilidade em situações de 1:1. A velocidade deve ser explorada sobretudo quando se ataca em velocidade às marcações centrais adversárias, ou em situações de infiltração com a bola dominada e tocada de pé em pé, o controle é necessário quando recebem a bola de um meio-campo ou qualquer outro jogador, alternando as zonas laterais ou centrais do campo. O sentido de finalização é utilizado para tirar proveito do espaço atrás das linhas defensivas adversárias e penetrar em condições de finalização na área, por isso os três atacantes resultam de fundamental importância e assim se atua no 4-3-3.

O meio-campo criador que atua na frente da sua defesa, é útil na armação das jogadas curtas e longas e colocar a bola no chão, ele deve dar o ritmo adequado à equipe e atuar como “criador das jogadas” de sua equipe, é difícil que se projete na zona de definição (mas não impossível), e é, responsável pelo primeiro combate quando se perde a bola.

Os alas atuam como meias que jogam em todo campo, a característica principal é ser muito versátil, seja na fase de ataque como na zona defensiva. Na fase de ataque, deveriam ser hábeis para posicionar-se, seja nos espaços centrais, ou na diagonal criada pelos movimentos dos pontas, além de possuir uma mentalidade ofensiva permanente, capacidade de penetração, boa finalização e passe, os quatros defensores, sendo que a equipe é obrigada a defender-se com sete jogadores, entre os quatro defensores e os três meias deveram demonstrar ser eficazes na marcação a respeito de quem joga no 4-4-2, além que não é fácil um quinto homem, escalado na parte defensiva, pois será inevitável possíveis encontros de 2:2 no meio campo.

Além de ter uma boa diagonal defensiva larga. Que significa que o primeiro defensor central, fará a cobertura de seus companheiros, a diagonal central ficará mais curta, e os dois zagueiros (esquerda e direita) devem realizar uma marcação escalonada sobre os atacantes adversários.


A PROJEÇÃO E OS MOVIMENTOS DOS 3 ATACANTES


Para realizar uma boa ação de ataque é necessário considerar os fatores reais de tempo, espaço e modo:


● TEMPO: saber sobre todo o momento apropriado para desmarcar-se, por exemplo, quando o jogador que conduz a bola, levanta a cabeça para olhar o panorama do jogo, seja antes de receber a bola, no seu tempo, somente quando o olhar de quem vai passar a bola, vá em direção do receptor, aí sim se realizará o movimento de desmarcação. O movimento de livrar-se da marcação, com uma finta. Tem que ser efetuado este movimento com antecipação, ao jogador que vai assisti-lo, pois é fundamental sincronizar os movimentos necessários para enganar a defesa adversária, em relação ao jogador que conduz a bola.


ESPAÇO: quando se fala de espaços se deve perguntar: onde se desmarcar? Será necessário buscar um espaço vazio, como normalmente vem definida a zona de campo livre, com suficiente espaço para receber o passe.

A disposição de ataque com 3, com um centro-avante, permite ter espaços suficientes para lançar os outros dois.


MODO: através de penetrações em diagonal, que nas ações dos alas se denominam “cortes”, que são efetuados do centros para as laterais do campo, a infiltração em diagonal do atacante leva vantagem de usar seu próprio corpo para a proteção da bola, entre ele e o defensor, que por sua vez perde sua eficácia no intento da antecipação.


Para ter uma precisa sincronização na desmarcação é possível exercitar, por exemplo, implantando três meias que passam a bola entre si, as costas da meta adversária, assim não podem ver o movimento de seus próprios atacantes, quando um dos meias que tem a bola girar para efetuar o passe, o atacante deverá sugerir com um gesto onde enviar o passe, que pode ser através de um movimento de desmarcação em diagonal. Para completar o objetivo do exercício, escolher três espaços do campo onde, três defensores, quando de posse da bola buscam seu companheiro mais próximo, somente quando a bola for jogada, enquanto o atacante estava em liberdade de ação e escolha. O objetivo principal é que o atacante seja treinado para desmarcar-se, apenas a tempo para o local apropriado, as possibilidades de ação do atacante podem ser:



1. Perto do passe da bola;

2. Fintar e receber o passe;

3. Penetrar em velocidade; e

4. Projetar-se na ação ofensiva.


A primeira permite ao ala a direção de receber, pois dando as costas a meta, não pode infiltrar-se em profundidade, por tanto deve apoiar-se para compor o ataque, a segunda direção permite liberar o stopper, se a manobra de entrada é efetuada em velocidade, a terceira direção é eficaz, enquanto o corte vem efetuado as costas do rival, assim resultará em difícil recuperação da marcação, e na quarta situação, penetra-se nas costas do stopper, mas não em vertical a meta, sendo que a um espaço vazio a ser criado, assim que o central vai se deslocar para trás e não ocorrerá a conclusão imediata da ação. Quando o ala recebe a bola o pé, sendo que se encontra em um espaço vazio (zagueiro não acompanhou de perto), tem duas possibilidades: o 1:1 ou a triangulação. Os movimentos de desmarcação do centro-avante devem ser para sair da zona do stopper , posicionar-se no centro do campo, para servir de apoio ao que conduz a bola, ou através do centro avançando rumo à meta, quando a bola está de posse dos alas.

Explicado estes aspectos fundamentais relativos aos espaços e tempos, efetuado previamente em explicações de Ardósia, a continuação se propõem algumas combinações ofensivas, a partir dos três atacantes, para sucessivamente adicionar mais jogadores, até obter um desenvolvimento ótimo de jogo de 11 contra 11.

Na configuração de base do 1-4-3-3, podemos notar que as triangulações que formam os jogadores graças ao escalonamento que se cria naturalmente, isso se nota através da amplitude no ataque e os espaços livres ao lado do centro-avante.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

II SEMINÁRIO DE FUTEBOL NO GRÊMIO FBPA


Estou em Porto Alegre, fazendo o II Seminário de Futebol realizado pelo Grêmio FBPA com o tema: Construindo os Alicerces da Formação nas Categorias de Base.

Hoje pudemos desfrutar das orientações de Jordi Melero (Protocolo de Avaliação de Jogadores) do FC Barcelona. Toni Lima (Gerência em Futebol Profissional) Inter de Milão. Nuno Amieiro (Fundamentos para a Construção de um Modelo de Jogo Erros mais frequentes na Operacionalização da Periodização Tática).

Seminário bem proveitoso e produtivo, amanhã tem mais!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

ALGUNS TALENTOS NOS PERTENCEM, OUTROS TEM QUE SER CONSTRUÍDOS



O processo ensino-aprendizagem-treinamento tem um papel preponderante na formação dos futebolistas. Sendo assim, temos que possuir alguma metodologia que nos norteie nesse processo.

Segundo Vygotsky (1993), introduz os níveis de desenvolvimento: o Nível de Desenvolvimento Real ou Efetivo (NDR) [ou Saber Atual] e o Nível de Desenvolvimento Proximal ou Potencial (NDP) [ou Saber Potencial].

O NDR compreende as conquistas evolutivas, nestes caso psicomotoras, que já estão consolidadas no indivíduo (na criança, no jovem ou no adulto), ou seja, as funções, capacidades ou competências que já foram aprendidas e que fazem parte do seu repertório habitual, na medida em que as produz e expressa autonomamente, sem assistência do outro ou de alguém mais experiente, seja pai ou mãe, o educador/preparador técnico ou um parceiro mais experiente. O NDR indica, consequentemente, a expressão de processos mentais ou psicomotores que já se integraram, estabeleceram e completaram retrospectivamente no seu cérebro e no seu corpo. Trata-se das atividades que a criança já sabe fazer e executar independentemente.

O NDP também se refere àquilo que a criança é capaz de fazer, mas com a mediatização, suporte e ajuda de outra pessoa mais experiente (mediatizador). A criança produz, assim, soluções de tarefas e de problemas através de uma interação intencional assistida, de uma co-aplicação de estratégias compartilhadas, entre ela e o mediatizador. Trata-se, portanto, do acesso a novas competências promovidas na criança por meio de interações efetuadas pelo mediatizador, que visam a produzir novos processos mentais e psicomotores, isto é, novos níveis de execução e desempenho, igualmente indicativos do desenvolvimento e do potencial da criança (FONSECA, 2008).

Portanto, a distância entre aquilo que a criança é capaz de fazer autonomamente (NDR) e aquilo que ela desempenha em cooperação mediatizada com outros indivíduos mais experientes (NDP), caracteriza exatamente a Zona de Desenvolvimento Proximal ou Potencial (ZDP). Nesta perspectiva, a ZDP define as funções, as capacidades e as competências que prospectivamente ainda não amadureceram na criança ou no jovem, mas que estão latentes no seu repertório comportamental,isto é, disposições prospectivas embrionárias que estão em processo evolutivo, que vão amadurecer em um futuro breve, se a mediatização continuar a produzir efeitos proativa.

Isto pode explicar a desclassificação da Seleção Brasileira na Copa América Argentina 2011 nas cobranças de pênalti contra o Paraguai. Pois, alguns talentos nos pertencem, outros tem que ser construídos!       

Nesta perspectiva, aquilo que é ZDP hoje tende a ser NDR amanhã, o que a criança (jogador de futebol) faz em um dado momento com mediatização passa a poder fazer sozinha e autonomamente em um momento futuro. Sendo assim, temos que pautar o processo ensino-aprndizagem-treinamento dentro de um perspectiva complexa com progressão, para podermos auxiliar esses talentos.

Referência

FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

AQUISIÇÃO ou COMPETÊNCIA MOTORA NO JOGO DE FUTEBOL


Muito se têm discutido sobre as Habilidades Motoras na prática do futebol. Como pode ser realizado o seu desenvolvimento? Como aproveitá-lo ao máximo durante as partidas?

O que explica a diferença de jogar futebol dos brasileiros para com com seus semelhantes de outras nacionalidades (européias por exemplo). Será que deve haver crianças diferentes de continente para continente?

Apoiado em Gibson (1968) apud Fonseca (2008, p.224), a exploração de qualquer objeto exige a sua prévia manipulação (vista esta aliás, como um processo de investigação visual, o que traduz, em última análise, a própria essência da percepção. A informação perceptiva só é, pois, significativa a partir do momento em que se encontra em relação recíproca com a informação motora previamente aprendida (Wickstrom, 1970 apud Fonseca, 2008, p. 224). Assim, a informação perceptiva deve ser estruturada, categorizada e identificada com a informação motora, em que o processo de comparação e de relação com os dois tipos de informação citados (input - output - feedback) se situa, segundo esses autores, em uma categoria perceptivo-motora do tipo estímulo-resposta.  

O que quero dizer, é que as crianças devem ser estimuladas na aprendizagem sensório-motora, em relação e combinação entre a sensação (input entrada de informação) e a resposta motora (output ou saída da informação) tudo isso, organizado, interado e integrado coerentemente com as informações captadas e extraídas pelos vários sentidos (visão, audição, tato, cinestésico, vestibular, proprioceptivo) durante as sessões de treinamento.

Quanto mais vivências (aquisição ou competência motora) no processo ensino-aprendizagem-treinamento de crianças melhor. A literatura especializada nós mostra que o grau de expertise só se alcança com 10 mil horas ou mais.

Pois, no ser humano, a ação não se orienta somente pela impressão sensorial imediata ou meramente pela experiência acumulada. Pelo contrário, ele pode abstrair, fazer relações, reconhecer causas, rever e prever acontecimentos e depois refletir e interpretar, tomando decisões conscientes. A ação do ser humano é livre e independente das condições externas do momento e do espaço presentes (Vygotsky, 1999 apud Fonseca, 2008, p. 379-380). 

Através disso, a importância de uma pessoa competente há frente do processo de ensino-aprendizagem-treinamento de crianças pode ajudar a refletir e interpretar as situações ocorridas nos treinamentos e jogos para futuros acertos.  O que segundo Vygotsky (1999) apud (Fonseca, 2008,  p. 391) retira a criança do seu Nível de Desenvolvimento Real (NDR) e há eleva para o próximo, o Nível de Desenvolvimento Proximal (NDP).

Referência

FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

CONCENTRAÇÃO DE EQUIPES DE FUTEBOL


Após ler esta semana o post do zagueiro Paulo André (Corinthians) em seu blog http://pauloandre-13.blogspot.com/2011/06/vida-na-concentracao.html, me rendeu algumas indagações quanto a esta prática comum entre equipes brasileira.
  • Que resultados positivos esta prática tão difundida em clubes nacionais já oportunizou?
  • Será que os jogadores "PROFISSIONAIS" não tiveram ao longo da sua formação uma conscientização de que, o futebol profissional exige muito do rendimento dos atletas e que esse rendimento só existirá com descanso, alimentação e cuidados especiais fora do ambiente de trabalho (treinamento invisível)? 
  •  Ou, falta humanização no Futebol?
Parafraseando Feijó (2008) in Miranda & Bara Filho (2008), será possível formar um atleta vencedor paralelamente à formação de um ser humano perdedor? A história pessoal de Garrincha diz que sim. Ela ilustra o número, infelizmente grande, de atletas de ponta que se sobressaíram internacionalmente durante curtos anos de vitórias e, ao terminar sua carreira, caíram no ostracismo, no vício e na pobreza.

Quem trabalha com o esporte futebol, tem que ter em mente, que trabalha com um ser humano que, possui sentimentos e também aspirações, não é uma máquina programada para correr, saltar, lançar e estar 100% todos os dias. Sabendo disso, temos que ter a preocupação de trabalhar mais o lado humano dos atletas, não só nos preocuparmos com as capacidades motoras. Precisamos nos concentrar mais na humanidade, mostrar que o esporte transforma o ser humano como um todo, isso inclui os sentimentos, harmonia, superação. (E se ficar isolado [quer dizer concentrado] todos esses dias como relata Paulo André, fatalmente muitos Garrinchas [na vida pessoal] surgiram).  Pois, quando tiver uma folga vai extrapolar geral.

Poucas pessoas tem o discernimento que os PROFISSIONAIS DO FUTEBOL são entretenimento para a maioria da populção. Estes, trabalham duro durante a semana, para no final de semana servir de entretenimento para o público que também trabalhou duro durante a semana e no final de semana vai realizar o lazer de assistir aos jogos de futebol. Mas, algumas dessas pessoas, se esquecem que aqueles que estão em campo também são seres humanos, que as vezes ficam longe dos familiares por meses (principlamente os meninos das categorias de formação e algumas jovens promessas que ainda não tem condição financeira de trazer a família para mais próximos deles) e ficaram concentrados/alheios a uma certa educação compatível com a sua faixa etária, mais centrados única e exclusivamente a aprendizagens sobre o esporte futebol em si.

O esporte futebol não pode ser desvinculado da educação. Por que só através da educação conseguiremos que os jogadores de futebol façam como as pessoas comuns que, não precisam dormir no local de trabalho para estar lá no dia seguinte para honrar com os seus compromissos trabalhistas em ótimas condições.

Referência

MIRANDA, Renato & BARA FILHO, Maurício. Construindo um Atleta Vencedor: uma abordagem psicofíca do esporte. Porto Alegre: Artmed, 2008.





sexta-feira, 1 de julho de 2011

HARDWARE E SOFTWARE



Comenta-se muito sobre novas tecnologias e inovação para o treinamento em futebol. Fazendo uma analogia com Sistemas de Informação, recaio nos assuntos HARDWARE/SOFTWARE!
  •  Hardware: vem do inglês e significa ferramenta, neste caso é a parte física do computador. É tudo que podemos tocar.
  • Software: soft significa suave, neste caso é a parte lógica e operacional do computador. É tudo aquilo que podemos ver e ouvir, mas não podemos tocar.
Mas, afinal o que quero explicar com isso? Qual a relação desse assunto com o treinamento em futebol?

Recentemente, assisti uma entrevista do zagueiro brasileiro David Luiz ao jornalista Juca Kfouri. Um dos temas da entrevista foi a equipe do FC Barcelona, onde, David Luiz comentou que:
"Eles jogam com volantes baixos, aqui no Brasil isso não é aceito nas formações das equipes [...]"
Mas por que isso não é aceito no Brasil? Porque muitos dos treinadores (principalmente das categorias de formação) só pensam no HARDWARE (corpo físico) dos jogadores.

O FC Barcelona (que é modelo para muitos profissionais do futebol) pensa no SOFTWARE (capacidade intelectual de entendimento de JOGO) dos seus jogadores. Em matéria publicada na Universidade do Futebol há algum tempo atrás, o professor Rodrigo Leitão escreveu o seguinte:
"Recentemente, o responsável pela preparação física da equipe do FC Barcelona, Francisco Seirul-lo Vargas (está lá, nesse trabalho, desde 1994), em um congresso na Espanha, surpreendeu a todos (ou quase todos), e, inclusive ao renomado cientista do treinamento Jurgen Weineck – presente no evento –, em sua explanação, mostrando que em sua equipe os treinamentos “físicos” são realizados de maneira integrada aos objetivos do treinador e são elaborados para contribuir com a construção do modelo de jogo adotado pelo FC Barcelona."

Hoje o treinador Nano Menezes em sua coletiva relatou que:
 "É uma tendência mundial [esquema 4-2-3-1], e quem tem a chance de aprimorar isso são Brasil e Argentina, Uruguai não tanto, joga mais no erro do adversário e a partir daí propondo o jogo. Brasil e Argentina vão tentar pôr em prática na Copa América, claro que lá de forma mais igual à do Barcelona, até por uma questão lógica, porque a referência de lá é a mesma que a daqui, o Messi". http://esportes.br.msn.com/futebol/copa-america/noticias/artigo-espn.aspx?cp-documentid=29328674
Então, estamos partindo para um novo estágio no quesito treinamento em futebol, onde  as capacidades físicas não são mais o foco principal. Temos que pensar o futebol a partir de aspectos táticos/estratégicos, onde as capacidades físicas serão acionados por arrasto, mas não realizar sessões de treinamento específicas para as capacidades físicas, mas criar jogos (exercícios) que recriem os aspectos do jogo desejado e as capacidades físicas necessárias para desempenhar esse jogo necessário.

Mas, lógico, apesar das evidências tem pessoas que acham isso uma bobeira.






terça-feira, 14 de junho de 2011

AS MUDANÇAS


Podemos acreditar que tudo o que a vida nos oferecerá no futuro é repetir o que fizemos ontem e hoje. Mas, se prestarmos atenção, vamos nos dar conta de que nenhum dia é igual a outro. Cada manhã traz uma benção escondida, uma benção que só serve para esse dia e que não pode guardar nem desaproveitar. Se não usamos este milagre hoje, ele vai se perder. Este milagre está nos detalhes do cotidiano, é preciso viver cada minuto porque ali encontramos a saída de nossas confusões, a alegria dos nossos bons momentos, a pista correta para a decisão que tomaremos.

Enfim, se focarmos nos pequenos detalhes, consegiremos encontrar a fórmula para a mudança que pode ser muito útil em nossas vidas.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

COMO FORMAR LATERAIS?



Essa foi uma das indagações que cheguei num curso de aperfeiçoamento que fiz no passado em Curitiba. Os profissionais do Clube Atlético Paranaense que ministraram o curso, responderam que essa é uma pergunta bem difícil de ser respondida, devido à escassez de laterais no futebol mundial. Mas após muito conversamos, chegamos a um consenso de que, os sistemas e esquemas táticos estão acabando com os laterais.

Muitos técnicos têm utilizado meias e volantes nas laterais. E isso tem causado sérios problemas com a atuação dos laterais de origem em algumas equipes do nosso futebol. Como trabalho em uma escola de formação de talentos para o futebol e mesmo sabendo que o futebol é um esporte extremamente democrático, onde todos os biótipos podem praticar, temos que ter algum parâmetro:

Laterais

Características físicas: as qualidades físicas que destacamos são, estatura a qual deveria situar-se entre 1,65 metro a 1,75 metro, resistência, velocidade, coordenação e agilidade.

Características técnicas: desarme, antecipação, domínio de bola, precisão no passe e nos cruzamentos, domínio dos espaços e recuperação.

Características táticas: as principais qualidades táticas de nossos laterais devem ser: entrosamento com os companheiros, noção de cobertura e colocação. Estas são as mais marcantes qualidades a serem desenvolvidas e para as quais devemos estar sempre atentos, treinando e aperfeiçoando-as sempre que possível.

Características psicológicas: podemos citar como qualidades mais desejadas: a coragem, a determinação, a agressividade, a iniciativa e o controle emocional.

Tendo identificado algumas dessas características em algum menino durante os treinamentos, nós profissionais da área temos a obrigação de expor isso para o menino e de alguma forma, orientá-lo para que se dedique a essa posição tão importante e carente em nosso esporte. E nunca esquecer, o grande segredo da formação é a habilidade motora!

domingo, 22 de maio de 2011

RELAÇÃO DO PORTADOR DE ALTAS HABILIDADES COM OS POSSÍVEIS TALENTOS NO FUTEBOL



Vivemos num país considerado como o "país do futebol", que participou de todas as copas e é o maior vencedor. Nossos jogadores percorrem o mundo, jogando em todas as ligas e nos maiores clubes. São considerados os melhores.

Mas, para que possamos começar a entender essa nossa superioridade frente aos outros países, já que não temos tantas condições financeiras qauntos eles, temos que ter consciência de um fato que está deixando de ser novidade para muitos: a questão dos Portadores de Altas Habilidades, ou como muitos preferem, os Superdotados. A definição de Superdotados aceita pelo MEC (1995) é a de que:
"são considerados Superdotados todos aqueles que apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer um dos seguintes aspectos, isolados ou combinados:
  • Capacidade Intelectual Geral;
  • Aptidão Acadêmica Específica;
  • Pensamento Criador ou Produtivo;
  • Capacidade de Liderança;
  • Talento Especial para Artes Visuais, Dramáticas e Musicais; e
  • Capacidade Psicomotora".
 Meu foco de estudo é com o tipo psicomotor, que se destaca por apresentar: habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando habilidades e desempenho nessa área fora do comum, relativo à velocidade (velocidade de pensamento), agilidade de movimentos, força e resistência, controle e coordenação motora. Todos requisitos indispensáveis para um talento no futebol, além de ter pensamento criador ou produtivo e capacidade de liderança.

Sabemos também que algumas dessas características são de ordem genética. Mas, segundo o grande pesquisador das Altas Habilidades/Superdotação Joseph Renzulli (1976), os comportamentos de Superdotação resultam de um conjunto de três traços:
  • Envolvimento com a tarefa;
  • Criatividade; e
  • Habilidade acima da média.
O Superdotado encontra-se na intersecção dos três traços.


Tendo esses conhecimentos, quem trabalha com treinamento, independentemente de ser com futebol ou não, tem de procurar verificar as aptidões dos jovens nos treinamentos, nos jogos e em exercícios de coordenação complexa.

O futebol é altamente exigente quanto aos níveis de coordenação, destreza e habilidades táticas e técnicas na execução das ações de jogo, sempre acompanhado de grandes doses de precisão e tomada de decisão sob pressão de tempo. A necessidade de velocidade de execução nos leva a dispor na maioria dos gestos de velocidade mental, ou rapidez como elemento imprescindível para a eficácia nas ações individuais e coletivas. Nessas ações, os jogadores com seu rendimento constituem o elemento fundamental da performance da equipe na partida. E jogadores que têm esse diferencial, ou Altas Habilidades/Superdotação, já mostram qualidade muito prematuramente, desde as categorias de formação. São pessoas que estão sempre à frente, lendo as jogadas antes mesmo de elas acontecerem.

Por isso, precisamos que todos os que trabalham com categorias de formação e detecção de novos talentos para o futebol prestem muita atenção nos aspectos motores dos jovens atletas, mas também fiquem atentos para certas situações como:
  •  Poder de persuasão;
  •  Liderança;
  •  Criatividade;
  •  Níveis de desenvolvimento positivo das categorias gerais de personalidade;
  •  Capacidade de jogo e render com o resultado (como condição física, tática/técnica);
  • Motivação; e
  • Capacidade de resolução de problemas.

Tudo isso vai fazer com que continuemos sendo a potência que somos no futebol e tendo ótimos resultados dentro e fora dos gramados.

P.S.: para ser treinador de futebol é necessário ter conhecimentos além dos quesitos específicos do campo.

Referências

Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes gerais para o atendimento educacional aos alunos portadores de altas habilidades/superdotação e talentos. Brasília: MEC/SEESP, 1995a.

RENZULLI, Joseph S. et. al. Scales for rating the behavioral characteristics of superior students. Mansfield Center, Connecticut: Creative Learnning Press, 1976.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

JOGAR BONITO OU GANHAR TÍTULOS?


Declaração do volante Denílson (Arsenal) coloca novamente em pauta a questão: Jogar Bonito ou Ganhar Títulos?
“Eu simplesmente me encontrei com Arsène Wenger e disse a ele como eu me sinto e ele concordou em me deixar sair. Sei que algumas pessoas vão me achar louco, e elas têm esse direito. É um grande clube, com uma grande organização e um grande técnico. É bom jogar um futebol bonito, mas as vezes você precisa jogar feio para ser um vencedor e ser bem sucedido. Tenho uma boa vida no Arsenal, mas há outras coisas que são importantes”. 

Para ver a matéria na integra  http://espn.estadao.com.br/arsenal/noticia/192762_CANSADO+DE+NAO+GANHAR+NADA+DENILSON+PEDE+E+DEVE+DEIXAR+O+ARSENAL+NA+PROXIMA+TEMPORADA

Todos concordamos que ter uma equipe que demonstra um bom futebol é um sonho realizado para todos os treinador. Mas, não podemos esquecer que, os atletas também tem as suas vontades e desejos. Para alguns, fazer parte de uma equipe que demonstra um futebol magnífico é o suficiente. Para outros, há necessidade de ganhar títulos todas as temporadas, ter suas fotos estampadas nas capas de jornais e revistas, ser convidado para entrevistas em programas esportivos nas segundas-feiras (pós) domingos decisivos (e destes sair campeão).

Sabemos que para uma equipe demonstrar um futebol bonito, demanda tempo! Sabemos que se a equipe, joga bonito, a vitória virá! Ter uma equipe que joga bonito, com certeza ganharemos a partida, mas, para ganhar um campeonato, a equipe necessita de elenco! Hoje no futebol moderno (com várias competições simultâneas) a equipe que possuir o melhor elenco será grande favorita nas competições que disputará.

O campeonato brasileiro que inicia no sábado comprova isso!