Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

VBT NO FUTEBOL

Fig. 1 - Jump Squat

O treinamento baseado em velocidade (do inglês, Velocity Based Training - VBT) é um método para avaliar a intensidade de um determinado movimento através do cálculo do deslocamento e do tempo através do monitoramento da velocidade da barra ou do corpo. Por muitos anos, o método padrão usados pelos preparadores físicos era determinar o peso dessa carga com base em uma porcentagem de uma repetição máxima (1RM). O VBT, por outro lado, é baseado na velocidade de um movimento ou carga levantada (SIGNORE, 2022).

Pesquisa na Espanha revelou algumas descobertas importantes sobre alguns dos benefícios do VBT (GONZÁLEZ-BADILLO e SÁNCHEZ-MEDINA, 2010):
  • As pessoas que treinam com velocidade máxima durante a fase concêntrica de um levantamento ou movimento obtêm melhores resultados de força e potência do que aquelas que não treinam com a velocidade máxima pretendida.
  • A velocidade diminui de forma bastante linear em um conjunto de exercícios tradicionais de treinamento de força, como supino e agachamento. 
  • A velocidade está intimamente relacionada com a porcentagem do 1RM.
O princípio da Adaptação Específica das Demandas Impostas (do inglês, Specific Adaptation of the Imposed Demands SAID) afirma que o treinamento deve criar adaptação ou característica necessária para se destacar no esporte desejado. No entanto, o tipo de adaptação necessária muda mês para mês e de atleta para atleta com base na composição anatômica. Uma das principais vantagens do VBT é a capacidade de atletas e preparadores físicos garantirem que a característica desejada que estão tentando alcançar esteja em desenvolvimento. Cada tipo de força ou característica tem uma velocidade. Se não estamos treinando na zona necessária ou velocidade desejada, então não estamos desenvolvendo força ou característica que estamos perseguindo. É aqui que entram em jogo as zonas de força especiais, vide figura 2 (SIGNORE, 2022). 

Fig. 2 - Os tipos de força e onde elas se localizam na curva de Força - Velocidade
adaptado de Signore, 2022

O VBT é uma realidade quando o assunto é treinamento de força no futebol. Pois segundo Loturco, et al, 2015, o agachamento com salto (do inglês, Jump Squat, figura 1) é um dos exercícios mais utilizados para melhorar a produção de potência da parte inferior do corpo, o que influencia no desempenho esportivo. O treinamento de força/potência e velocidade para a melhora do desempenho no futebol necessita de um volume baixo, velocidade alta (aproximadamente 1m/s). Conforme na figura 2, o que corresponde na curva força/velocidade a característica de velocidade-força, importantíssima para a prática do futebol e se encaixa perfeitamente na rotina diária de treinamentos. O treinamento com velocidades altas é a forma mais efetiva para se aumentar a potência e a velocidade, sendo também efetivo para o aumento da força (MORRISSEY, et al, 1998). A execução de repetições em altas velocidades impõe demandas metabólicas menores em exercícios tais como extensões de joelho, agachamento, remada e rosca bíceps, em comparação com a execução de repetições com velocidades baixas ou moderadas (BALLOR et al, 1987). Destarte, o treinamento para potência é executado de melhor forma com cargas leves (entre 30%  - 40%  do peso corporal) em velocidades máximas (WILSON et al, 1993). Cenário perfeito tanto para o pré-treino em academia como exercícios no campo durante um morfociclo.

Comenta aqui qual a sua experiência com o VBT. E se você ainda não utiliza, vale muito a pena começar.

Boa semana!

Referências

SIGNORE, N. Velocity Based Training: how to apply science, technology, and data to maximize performance. Champaign, IL: Human Kinetics, 2022.

GONZÁLEZ-BADILLO, J.J, and SÁNCHEZ-MEDINA, L. 2010. Movement velocity as a measure of loading intensity in resistance training. International Journal of Sports Medicine. 31(5):347-352. www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19966589.

LOTURCO, I. et, al. 2015. Determining the Optimum Power Load in Jump Squat using the mean propulsive velocity. PLoS ONE 10:(10):e0140102. https://www.narsp.com.br 

MORRISSEY, M.C., et al. 1998. Early phase differential effects of slow and fast barbell squat training. American Journal of Sports Medicine 26: 221-230.

BALLOR, D.L. et al. 1987. Metabolic responses during hydraulic resistance exercise. Medicine and Science in Sports and Exercise 19: 363-367.

WILSON, G.J., et al. 1993. The opyimal training load for the development of dynamic athletic performane. Medicine and Science in Sports and Exercise 25: 1279-1286.


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