Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

COMO O FUTEBOL EXPLICA SANTA CATARINA

Hoje vou relatar uma pesquisa que venho desenvolvendo com o auxílio do Professor Dr. Marcos Antônio Mattedi (Dr. em Sociologia pela UNICAMP), no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional na Universidade do Contestado - UnC.

O presente estudo pretende identificar as potencialidades econômicas e institucionais nas regiões catarinenses que possuem clubes de futebol que foram campeões e vice-campeões de futebol em Santa Catarina durante o período de 1960-2010. E verificar qual é a relação das potencialidades econômicas e institucionais com esse sucesso nos gramados de Santa Catarina.

O Estado de Santa Catarina apresenta seis eixos industriais claramente identificados:
  1. Oeste Agroalimentar;
  2. Norte Eletro-Metal-Mecânico;
  3. Planalto Madeireiro;
  4. Vale do Itajaí Têxtil;
  5. Sul Mineral/Cerâmico; e
  6. Grande Florianópolis Administrativo


  A promoção do desenvolvimento regional catarinense, por suas contribuições inovadoras, merece ser estudada. Santa Catarina é um caso raro, no panorama nacional, de desenvolvimento equilibrado, no qual a diversidade, o minifúndio, a microempresa e a cooperação regional têm papel de destaque. Sendo assim, o futebol catarinense parece observar a mesma lógica de conjuntura econômica. O desenvolvimento do futebol catarinense pode estar vinculado ao processo de desenvolvimento regional, porque o Campeonato Estadual de Futebol apresenta um grande número de diferentes clubes campeões e vice-campeões, bem distribuídos regionalmente, tal como acontece com o processo de divisão econômica regional, que é marcada por uma forte heterogeneidade. Diferentemente do cenário nacional, em que as regiões do Estado com maior infraestrutura e maior população detêm a grande maioria dos títulos estaduais de futebol profissional.

Ao analisar a lista de campeões estaduais de futebol profissionais, nota-se que há uma distribuição mais equitativa de campeões e vice-campeões entre as regiões catarinenses e seus respectivos times. Enumerando por cada região, se tem os seguintes resultados:

Região da Grande Florianópolis
Dois times conquistaram 14 títulos: Avaí Futebol Clube e Figueirense Futebol Clube;

Os mesmos times dividem 10 vezes o vice-campeonato estadual.

Região Norte
Dois times somam 13 títulos: América e Joinville Esporte Clube (JEC)

Três chegaram ao segundo lugar em 7 oportunidades: América, Caxias e JEC.

Região Sul
Três times chegaram 14 vezes ao título: Criciúma Esporte Clube, Metropol e Ferroviário;

Quanto às conquistas de vice-campeonatos foram 13 vezes com 4 times: Criciúma Esporte Clube, Metropol, Próspera e Tubarão.

Vale do Itajaí
Três times somam 3 títulos: Brusque, Marcílio Dias e Olímpico;

Quanto às conquistas de vice-campeonatos, 13 ao todo, que dividem-se em 6 clubes: Barroso, Blumenau Esporte Clube, Herman Aichinger, Juventus, Marcílio Dias e Olímpico.

Região Oeste
Duas equipes detêm 4 títulos: Chapecoense e Perdigão de Videira;

Quanto às conquistas de vice-campeonatos 2 times: Chapecoense e Comercial de Joaçaba.

Região do Planalto Serrano
É a região que detêm o menor número de títulos e vice-campeonatos, apenas uma vez cada e somente uma agremiação, o Internacional de Lages.

Desta forma, o que explica a grande variação de campeões e vice-campeões estaduais de futebol no Estado de Santa Catarina? É o que pretendo explicar com a minha dissertação.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

QUEM SERÁ O PRÓXIMO MESSI?



Talvez uma pergunta como esta seja muito difícil de ser respondida. Mas, como todos nós que acompanhamos o futebol, principalmente a equipe do FC Barcelona, também sabemos que, o FC Barcelona B, ou simplesmente, Barça B é uma fonte inesgotável de recursos para o treinador Pep Guardiola.



Lendo e ouvindo algumas pessoas que possuem profundo conhecimento sobre o futebol espanhol, todas elas apontam o jovem jogador Gerard Deulofeu como possível substituto ou melhor: O Próximo Messi!

Esse jovem atacante de apenas 17 anos, jogou a Eurocopa Sub 19 2011, e demonstrou mesmo com dois a menos uma maturidade e tranquilidade digna daqueles jogadores que não tem do que desconfiar, um futuro muito promissor vem por aí daqui há alguns anos.

Gerard Deulofeu é definido pelo site do FC Barcelona como, um jogador que desequilibra e de grande qualidade técnica. Tem facilidade para finalizar em gol. E esteve a ponto de debutar com Guardiola na temporada passada em Anoeta. Mas como se trata de um jogador muito jovem ainda e pouco rodado no Barça B (pois ainda é Juvenil) debutará mais a frente.

Para aqueles que gostam de futebol é mais um nome que desponta no futebol mundial e quem sabe não estará desfilando em gramados brasileiros em 2014. Viva o futebol bem jogado!

 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

JOGO CONCEITUAL PARA ULTRAPASSAGEM

Princípio: Posse e Circulação da Bola

Sub-Princípio: Técnica do Passe e Domínio

Complexidade: 2 (média)

Objetivo: Velocidade Coletiva e ultrapassagem

Tempo: 4 X 4"

Adaptação Biológica: Mobilidade Específica

Materiais: Discos, 4 Barreiras, coletes e bolas


Descrição

Números de jogadores 8 (4:4).

Jogo conceitual 4:4, onde dentro da área demarcada ocorre um 2:2 com mais 2 jogadores como opção nos lados extermos da área demarcada. O objetivo do jogo é a posse e a circulção da bola pelos 2 jogadores de dentro da área demarcada, quando for possível passá-la para o jogador do lado externo da área que deve dominá-la e entrar conduzindo-a novamente para o espaço de jogo. O jogador que efetuou o passe deve saltar a barreira que está no lado externo da área de jogo e se posicionar onde estava o seu colega. É obrigatória a inversão de lado, sendo que, um passe no lado direito da área demarcada, o outro tem que ser no lado esquerdo da área demarcada (nunca duas vezes no mesmo lado, trabalhando a mudança de corredores).

A equipe que esta sem a posse da bola deve dobrar a marcação para recuperar a posse da bola, de preferência quando o jogador receber a bola de costas (dentro da área demarcada) ou adiantar demais durante a condução.

P.S.: esta é a postagem de número 100 do blog. Agradeço a todas as pessoas que visitam esse humilde meio de comunicação sobre o futebol. Pessoas essas de quase todo o mundo, além dos amigos brasileiros (especial os portugueses, com quem tenho aprendido muito). Continuem visitando. Cordial abraço e Muito Obrigado!



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

DEFENDER ... ATACANDO


No II Seminário de Futebol realizado pelo Grêmio Football Porto Alegrense, o autor Nuno Amieiro explanou sobre a Defesa à Zona. Se a defesa à zona parece ser a opção mais adequada de defender para garantir equilíbrio ofensivo na defesa, importa perceber que preocupações devem existir na organização ofensiva para que o equilíbrio defensivo no ataque seja mais adequadamente efetivado.


Para Guilherme Oliveira (2004) apud Soares (2009), o momento de organização ofensiva é caracterizado pelos comportamentos que a equipe assume quando de posse de bola com o objetivo de preparar e criar situações de forma a marcar o gol.


Para Garganta & Pinto (19980 apud Soares (2009), quando a equipe tem a bola deve adotar os seguintes comportamentos :

  •  Penetração: verificar se existe possibilidade de finalizar ou espaço livre de progressão para a baliza contrária;
  • Cobertura Ofensiva: criar situação de superioridade numérica junto da bola através da inclusão de um segundo atacante;
  • Mobilidade: criação de linhas de passe de modo a construir situações possíveis de penetração; e
  • Espaço: tornar o jogo mais aberto, com maior amplitude, em largura e profundidade, criar linhas de passe de forma a obrigar a defesa a flutuar e a ter maior dificuldade em criar situações de superioridade numérica.

Concordo com Soares (2009) que, tal como na defesa à zona não existe apenas uma forma de defender à zona, também acreditamos que nos momentos de organização ofensiva perspectivados segundo a posse e circulação de bola, suportadas pela ocupação total do espaço de jogo,tal concordância também não existe. Se todos somos seres diferentes e temos ideias diferentes, a posse e circulação de bola não será realizada do mesmo modo por todos os treinadores.

Jesualdo Ferreira (2004) apud Soares (2009) defende que, defender bem é, em primeiro lugar, a equipe estar bem posicionada no momento em que tem a posse de bola, porque ao perdê-la, estará em boas condições de a poder recuperar rapidamente. Para o autor existem uma série de mecanismos defensivos que se devem começar a articular no momento em que a equipe ganha a posse de bola e entra no processo ofensivo.

Amieiro (2004) apud Soares (2009) acrescenta que só o posicionamento em função da bola permite que, no momento da perda, mais importante que em superioridade numérica, a equipe esteja em superioridade posicional e temporal e explica que o fundamental no equilíbrio defensivo no ataque é a existência permanente de um equilíbrio posicional no seio da equipe, o qual se traduz na ocupação cuidada e inteligente dos espaços de ataque, no sentido de permitir uma reação rápida  e eficaz à perda da posse de bola, ou seja, trata-se de assegurar a permanente gestão coletiva do espaço e do tempo de jogo, com vista ao domínio dos momentos de transição ataque-defesa.

Mas para que possa haver esses mecanismos na equipe, temos que treinar em conformidade para que isso aconteça na equipe

Referência

SOARES, Pedro. Transições: uma instantaneidade suportada pelo "equilíbrio" ...a representatividade da fluidez que o "jogar" deve manifestar. Porto. Dissertação de Licenciatura apresntada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2009.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

TRANSIÇÕES

                                           
No futebol moderno os momentos de transição assumem particular relevância, sendo citados por diversos autores como os momentos mais importantes e cruciais do jogo. Sendo assim, a sua relevância assume um papel preponderante na idealização do Modelo de Jogo sendo estreita a sua relação com os momentos de organização ofensiva e defensiva.
Vou explicar melhor. O jogo de futebol compreende quatro momentos:
  •  Organização Ofensiva: onde, quero que a minha equipe tenha a posse da bola, mas com uma posse da bola com o objetivo de desorganizar a estrutura defensiva adversária, ou seja, através da circulação da bola entre os setores do campo;
  • Transição Defensiva (Ataque - Defesa): onde, quero que a minha equipe  procure no primeiro instante recuperar a posse da bola (no mesmo setor da perda). Paralelamente a isso, procura simultaneamente fechar a equipe, para, no caso de não conseguir recuperar a posse da bola, estar compacta e entrar em Organização Defensiva. Este princípio é importante para impedir a exploração do contra-ataque das equipes adversárias e por isso, procurar ser agressivo na sua concretização;
  • Organização Defensiva: jogar em Zona Pressionante; 
  • Transição Ofensiva (Defesa - Ataque): após a recuperação da posse, a minha equipe tem que procurar manter a posse da bola e retirá-la do setor de pressão para o setor mais apropriado, e com isso, aposta na situação de contra-ataque com segurança. Quando for possível dar profundidade, deve fazê-lo e procurar terminar com uma finalização. 
Segundo Soares (2009) as Transições ganham essa importância, devido a velocidade que se joga atualmente não permitir que, como acontecia há alguns anos atrás, os jogadores tenham tempo para pensar e realizar calmamente as suas ações quando ganham ou perdem a posse da bola. Seja porque se defende mais à frente, seja pela opção do Pressing, seja pela evolução técnica dos jogadores. O jogador atual, quando perde a bola não pode demorar a entregá-la a um colega melhor posicionado e com espaço e tempo para pensar.  Se há alguns anos atrás se defendia quase exclusivamente no meio campo defensivo, permitindo à equipe com bola trocá-la à vontade no seu meio campo, atualmente, nos melhores campeonatos do mundo, os defesas e os médios têm que participar ativamente no processo de manutenção da posse da bola, mesmo no seu meio campo defensivo, uma vez que o portador da bola é constantemente pressionado. E, devido a este aumento da velocidade e diminuição do tempo e do espaço para realizar corretamente as ações, há tendência para que ocorram mais erros, mais perdas e mais conquistas da posse de bola.

Para Guilherme Oliveira (2004) apud Soares (2009) o momento de transição defesa - ataque é caracterizado pelos comportamentos que a equipe deve ter durante os segundos imediatos ao ganhar-se a posse de bola. Estes segundos são importantes porque, tal como na transição ataque - defesa, as equipes encontram-se desorganizadas para as novas funções e o objetivo é aproveitar as desorganizações adversárias para proveito próprio.

O mesmo autor, releva que, o momento de transição ataque - defesa é caracterizado pelos comportamentos que a equipe deve assumir durante os segundos após se perder a posse de bola. Estes segundos revelam-se de particular importância uma vez que ambas as equipes se encontram momentameamente desorganizadas para as novas funções que têm que assumir, como tal ambas tentam aproveitar as desorganizações adversárias.

As sessões de treinamento que tem por objetivo trabalhar as transições, devem se valer de exercícios (jogos) que atentem para o processo de lentidão do cérebro dos jogadores que se caracteriza nesses momentos do jogo. Segundo Soares (2009), sendo os momentos de jogo mais importantes, as transições necessitam ser treinadas de forma mais intensa, ou seja, nas transições os jogadores têm que estar mais concentrados, têm que decidir adequadamente num curto espaço físico e temporal, e, portanto têm que possuir na sua mente mecanismos que lhes permitam acelerar esse processo de modo a cumprirem de forma efetiva os princípios dos momentos de transição do [jogar] que se pretende.
Concordo com Soares (2009) que os momentos de transição ataque - defesa e defesa - ataque são cruciais no jogo atual. São estes momentos que marcam a diferença nas grandes equipes, que levam a que equipes tenham maior controle do jogo do que outras.

                                          
Referência
SOARES, Pedro. Transições: uma instantaneidade suportada pelo "equilíbrio" ...a representatividade da fluidez que o "jogar" deve manifestar. Porto. Dissertação de Licenciatura apresntada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2009.