Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

domingo, 28 de abril de 2013

TESARAC E O FUTEBOL BRASILEIRO

TESARAC!
 
 
O que será que o termo Tesarac tem haver com o futebol brasileiro? Primeiro, vamos explicar o que significa o termo Tesarac:
 
Tesarac quer dizer mudança profunda. Daquelas tão profundas que nos tiram o norte.
Tesarac, o neologismo, foi criado pelo poeta americano Shel Silverstein. Ele era um bom sujeito de talentos múltiplos, talvez um quê excêntrico, que teve a boa sorte de chegar ao auge da criatividade nos anos 1960. Poeta, mas também cartunista da revista "Playboy", músico, autor teatral, escritor de livros infantis. Seus cartuns são reconhecidos por uma geração inteira de americanos.
 
Silverstein teve uma filha, Shoshanna. A mãe de Shanna morreu quando a menina tinha cinco anos. E ela se foi quando tinha onze, vítima de um aneurisma cerebral, em 1982.
 
Tesarac, para o poeta que cunhou a palavra, era isso: um vácuo. Um evento tão brutal e aterrador que transforma a vida. A única coisa que um pai sabe, nessa hora, é que tudo será muito diferente.
 
Então, qual a sua ligação com o futebol brasileiro? Algumas pessoas ainda insistem em usar o termo "o Brasil é o país do Futebol". Mas, com o passar dos tempos, estamos a cada dia mais nos acostumando há observar países e clubes estrangeiros exibindo um futebol mais atraente de ser visto. Por exemplo, alemães e espanhóis. E, até o Chile, a duas temporadas atrás possuía um grande clube, a Universidad de Chile, sendo comparada ao FC Barcelona, pelo seu futebol apresentado.
 
Lógico, temos o SC Corinthians Paulista, campeão do Mundo de Clubes pela FIFA. Mas, o SC Corinthians Paulista tem um treinador com uma visão diferente da maioria dos que estamos acostumados a ver atuando em grandes equipes brasileiras.
 
O nosso problema continua a ser vertente metodológica científica que nos norteia. Ainda sofremos muita influência da ciência clássica (analítico/cartesianismo). Muitos clubes de futebol (categorias de base) possuem treinadores pautados nessa linha de pensamento e atuação na hora de planejar as suas sessões de treinamento. Disputando campeonatos aqui na minha região, ouço alguns absurdos proferidos pelos comandantes das equipes adversárias (na sua grande maioria, pessoas sem nenhuma formação, nem acadêmica e nem de cidadão), exigindo e cobrando na hora do jogo das crianças, princípios que até os próprios desconhecem. Eles proferem que o "Futebol é fácil", argumentando que é "só olhar como o Joãozinho faz e fazer igual". Isso explica o por que, muitas pessoas não vão mais aos estádios para assistir os estaduais, vaiam a seleção brasileira, entre outros assuntos relacionados ao futebol.
 
Segundo Tani e Corrêa (2006, p. 16), existem duas condições que necessitam ser atendidas para que o procedimento analítico possa ser aplicado:
 
a) a ausência de interações entre os componentes do sistema ou, caso existam, serem suficientemente fracas para que possam ser desprezadas, e
 
b) as relações que descrevem o comportamento das partes sejam lineares. 
 
Pergunta-se:
 
1) Será que o fundamento de uma modalidade esportiva praticado isoladamente manteria correspondência com aquele executado em uma situação de jogo?
 
2) Até que ponto aprender partes ou componentes (fundamentos) individualmente estaria associado à aprendizagem do jogo?
 
Os autores citados anteriormente, citam Bertalanffy (1977):
Pode-se afirmar que a interação é um conceito-chave no pensamento sistêmico, da mesma forma que o conceito de análise é fundamental na ciência clássica, significando que uma entidade pode ser estudada separando-a em partes e, por conseguinte, pode ser constituída ou reconstituída pela reunião dessas partes.
Nessa citação fica evidente que, alguns pensam que, um sistema pode ser separado em componentes sem perder as suas características essenciais.  
 
Quando me refiro ao Tesarac e o futebol brasileiro, é isto, necessitamos de uma transformação profunda para não continuarmos no vácuo que já nos encontramos!
 
Referência
 
TANI, G. e CORRÊA, U. Esportes Coletivos: Alguns desafios quando abordados sob uma visão sistêmica. In Dante de Rose Jr. (Org.) Modalidades Esportivas Coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, p. 15 - 23.
 
 
 
 
 

sábado, 6 de abril de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA RETIRADA DO SETOR DE PRESSÃO AO PRIMEIRO PASSE

Princípio: Valorização da Posse da Bola e Retirada do Setor de Pressão;
 
Sub-Princípio: Mecanismos de saída;
 
Complexidade: 3 (Média Alta);
 
Objetivo: No primeiro momento da transição ofensiva ter como preocupação retirar a bola da zona de pressão e objetividade na circulação da bola, ou seja, progressão da bola.
 
Tempos: 4 X 5'.
 
Adaptação Biológica: Resistência Específica;
 
Materiais: Discos, coletes e bolas;
 
Descrição
 
Número de Jogadores: 12 (6:6) Dimensões do Campo 1/2.
 
Jogo Conceitual 6:6 com o objetivo de fazer a bola chegar na zona alvo do campo para um colega. O campo é dividido em três corredores e três setores constituindo-se esta divisão em nove zonas diferentes. No momento de recuperação da posse da bola, é obrigatório retira-lá rapidamente (ao primeiro passe) da zona onde foi recuperada.
 
P.S.: Jogo retirado do livro de Carlos Campos, A Justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica: a singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital.
 
 


domingo, 24 de março de 2013

MODELO DE JOGO - EXISTE IDADE PARA A SUA IMPLANTAÇÃO?

 
 
 
 Estamos nos acostumando a ouvir esse termo, Modelo de Jogo. Modelo de Jogo de uma forma simplificada, seria a forma como a equipe atua (padrão de comportamento dos jogadores) em conformidade com a ideia do seu treinador dos Princípios e Subprincípios do JOGO, sendo assim, dando uma identidade (DNA) a essa equipe.
 
Mas, em se tratando de treinamento de crianças e adolescentes, existe uma idade para a sua aplicação? Em fevereiro, tive a oportunidade de conversar alguns minutos com o Professor Dr. Wilton Carlos de Santana (www.pedagogiadofutsal.com.br) sobre esse assunto, ele me indagou sobre qual a idade para começar a trabalhar o Modelo de Jogo? Eu o respondi que já inicio o processo com os meninos do Sub - 13. Vamos as explicações.
 
Para poder afirmar isso, terei que me embasar em autores que trabalhem o desenvolvimento perceptivo-motor. Williams (1983 apud Gallahue e Ozmun, 2005, p. 309) relatou que a acuidade visual dinâmica torna-se crescentemente refinada durante três faixas etárias: de 5 anos a 7 anos; de 9 anos a 10 anos e de 11 anos a 12 anos de idade. E, que a percepção de movimento exata continua a se desenvolver até cerca dos 10 anos a 12 anos de idade. Qual a relação da acuidade visual com o Modelo de Jogo? Se pretendo que a minha equipe mantenha o bloco defensivo sempre próximo, necessito entender que essa etapa do desenvolvimento perceptivo-motor só tem uma grande melhora após os 12 anos de idade. E, os autores relatam ainda que, os meninos demonstram melhor acuidade visual (tanto dinâmica como estática) do que as meninas em todas as idades. Então, para o futebol feminino o tempo será outro.
 
Pautados em Piaget (1964b, 1974 apud Fonseca, 2008, p. 90-91), observamos que o Estágio do Desenvolvimento Intelectual da criança de 7 anos a 11 anos encontra-se na Inteligência Concreta (Operacional), que significa, pensamento lógico, classificações, seriações, acabamento de certos sistemas de conjunto, cooperação lúdica, combinação entre o figurativo e o operacional. Fatos esses, que corroboram a não implantação do Modelo de Jogo para essas faixas etárias. Seguindo, os autores afirmam que, após os 12 anos de idade, encontra-se a Inteligência Abstrata (Formal), que implica em, generalização e abstração, o pensamento já assente sobre enunciados verbais, opera por meio de conjugação espaço-temporais, reciprocidade nas operações mentais. Fatos que corroboram a utilização de uma implantação do Modelo de Jogo a partir dos 13 anos de idade.
 
Por outro lado, de acordo com Cruyff (2002 apud Maciel, 2008, p. 294) até os 14 anos de idade é fundamental deixar os jovens jogar e desfrutar, uma faixa etária igualmente sugerida como referencial  por Marisa Gomes, que sugere que sobretudo até esse período, às crianças deve ser proporcionada uma "variabilidade cultural".
 
Sabemos que, antes dos 13 anos e 14 anos de idade as crianças são egocêntricas. Segundo Maciel (2008, p. 295) assim, as idades anteriores a isso são ótimas para desenvolver a Relação com a Bola, e que posteriormente o expressem de forma exponenciada submentendo-o e sustentando-o num jogar mais complexo alicerçado num plano coletivo. A Aculturação a esse jogar (Modelo de Jogo), como forma prioritária apenas se deverá verificar em idades mais adiantadas, momento em que a lógica do processo, se reverte. Isto é, a dominância deverá deixar de ser sobre o plano individual, para se centrar predominantemente, nas questões relacionadas com a Organização de Jogo, as quais comportam outra ordem de complexidade, para a qual os jovens deverão encontrar-se preparados. Maciel (2008) cita Meinel (1984) resaltando que, daí a sugestão dos 14 anos de idade, atendendo às características padronizadas desta faixa etária nos parecendo mais ajustada.
 
Lógico que, o treinador deve ter conhecimento que alguns meninos terão essa possibilidade antes ou após essa faixa etária. O treinador é o responsável, pois, esse momento de transição não deve ser igual para todos os jogadores. Quando é que cada jogador se encontra em nível de assimilar um nível de complexidade de jogo diferente, menos centrado no Eu e na bola, passando deste modo, do "jogar bola" para o "Jogar Futebol" (Maciel, 2008, p. 295).
 
Eu acredito que com 13 anos de idade isso seja possível! E, em idades mais precoces devemos ainda apresentar alguns Princípios básicos do Jogo de Futebol as crianças como:
  • Largura e Profundidade do campo;
  • Refutar a inferioridade numérica;
  • Evitar a igualdade numérica; e
  • Criar superioridade numérica.

Sem isso, ficará mais difícil a implantação do Modelo de Jogo posterior. 

Referências

FONSECA, V. da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.

GALLAHUE, D. L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3 ed. São Paulo: Phorte, 2005.

MACIEL, J. A(In)(Corpo)r(Acção) Precoce dum jogar de Qualidade como Necessidade (ECO)ANTROPOSOCIALTOTAL: Futebol um Fenómeno AntropoSocialTotal, que "primeiro se estranah e depois se entranha" e ... logo, logo, ganha-se! Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário na opção de Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2008.

sábado, 16 de março de 2013

A ESSÊNCIA... GERIDA EM ÚTEROS ARTIFICIAIS

 
 
Já não é novidade para ninguém que, o Futebol de Rua era o grande formador de jogadores num passado não muito distante. Rinus Michels treinador holandês, que no ano de 1985, foi eleito pela FIFA, o melhor treinador do século XX, refere que o Futebol de Rua é o modo de aprendizagem mais natural que se conhece.
 
Segundo Maciel (2008), Michels (2001), procurando desenvolver um Modelo de Formação para o seu país, capaz de se assumir como uma alternativa para o Futebol de Rua, constatou que a grande diferença entre as práticas de outrora e as da altura residia ao nível de tempo de prática. Pois bem, traçando um paralelo, hoje temos as Escolas de Futebol, que, corroborando com Maciel (2008), podem ajudar na criação de Úteros Artificiais. 
 
Mas, qual é o primeiro problema? No Futebol de Rua a quantidade de horas praticadas era próxima de 25 horas semanais. Nas Escolas de Futebol (na sua quase totalidade) teremos três sessões de treinamentos semanais com, 1h15min. há 1h30min. aproximadamente. O que resulta por volta de 4h30min. semanais de prática. Mesmo que esses praticantes, tenham algumas outros horas durante a semana dedicadas a prática do Futebol, não teremos a mesma quantidade de horas que existia com a prática do Futebol de Rua de antigamente. Pois, é notório que hoje, a carga torrencial de matérias e de horas letivas que a escola crescentemente impõe aos estudantes impossibilita essa grande quantidade de prática de futebol.
 
Cientes disso, o que nós Profissionais envolvidos no processo e responsáveis pelo papel de moderadores e facilitadores da aprendizagem devemos fazer? Se a quantidade de horas prática não nos é suficiente, a qualidade tem que ser. Pois, segundo Tamarit (2007), apesar de ser a quantidade algo necessário, é fundamental que o treino seja de qualidade.
 
Essa qualidade depende do treinador, pois, mesmo sendo o Futebol de Rua uma maneira ótima para o processo ensino-aprendizagem-treinamento (EAT) do futebol, não podemos nos esquecer do que relata Rink (2001):
 Nem sempre o aluno (jogador) está pronto para construir as suas próprias aprendizagens, principalmente quando é confrontado com assuntos completamente novos, sem pontos de referência, em situações de descoberta não guiada, isto é, sem qualquer orientação por parte do professor.
 
 Outro problema que observo, é que em Escolas de Futebol que se pautam nas metodologias convencionais, não há espaço para o erro. Segundo Tani (2005 apud Maciel, 2008, p. 291), creditam que o processo de aprendizagem se constitui como sendo uma sucessão de respostas corretas, ignorando-se deste modo que o erro é intrínseco ao Homem, sendo mesmo determinante para a construção do conhecimento.
 
Para que as Escolas de Futebol possam ser mesmo uma alternativa para o Futebol de Rua (Úteros Artificiais), segundo Michels (2001) Fonseca (2006) Tamarit (2007) apud Maciel (2008, p.292):
O Futebol de Rua pode considerar-se como o processo mais natural de Aprendizagem do Jogo, uma vez que através das várias vivências que proporcionava, permitia que os Jogadores aprendessem com os erros cometidos, desenvolvendo consequentemente o seu Talento. No Futebol de Rua, aprende-se com os erros, fato que permite uma Aprendizagem pessoal com base nestes, que vão contudo coabitar com a adaptabilidade aumentada dos Jogadores. Por esse motivo, a intervenção do treinador deverá guiar o Jogador no sentido deste Aprender por si próprio, e não proibir ou punir o erro.
 
Espero que tenha conseguido passar a mensagem.
 
Referências
 
MACIEL, J. A(In)(Corpo)r(Acção) Precoce dum jogar de Qualidade como Necessidade (ECO)ANTROPOSOCIALTOTAL: Futebol um Fenómeno AntropoSocialTotal, que "primeiro se estranah e depois se entranha" e ... logo, logo, ganha-se! Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário na opção de Futebol, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2008.
 
RINK, J. Investgating the assumptions of pedagogy. Journal of Teaching in Physical Education, 20, 2, 112-128. 2001.
 
TAMARIT, X. Que és la "Periodización Táctica"? Vivenciar el juego para condicionar el Juego. MCSports, 2007.
 

 
 
 




sábado, 9 de março de 2013

A MACROESTRUTURA DO PROCESSO DE PREPARAÇÃO DOS TREINADORES EM FUTEBOL

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Fazendo um paralelo com a Teoria e Metodologia do Treinamento Desportivo (TMTD), sobre a macroestrutura do processo de preparação de desportistas, todos, temos conhecimento que existem etapas há serem cumpridas para obtermos jogadores com qualidade. Segundo Platonov (2008) essas etapas são:
 
1. Etapa da Preparação Inicial;
2. Etapa da Preparação Básica Preliminar;
3. Etapa da Preparação Básica Especializada;
4. Etapa da Preparação para Obtenção dos Melhores Resultados;
5. Etapa da Concretização Máxima das Capacidades Individuais;
6. Etapa da Manutenção da Alta Maestria;
7. Etapa de Diminuição Gradual dos Resultados; e
8. Etapa de Encerramento da Carreira Desportiva de Alto Nível.
 
Pergunto: existe uma Macroestrutura do Processo de Preparação dos Treinadores em Futebol no Brasil?  
 
Sei que, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) oferece um curso para formação de treinadores na Granja Comary, com diferentes níveis de atuação, tais como, Escola de Futebol e Categorias de Base até há atuação no Futebol Profissional. Mas, não sei qual a validade disso, pois, como é do conhecimento de todos, no Brasil qualquer pessoa pode ser treinador de futebol. Com formação, ou, sem formação alguma.
 
Na edição do Footecon de 2013, Eduardo Conde Tega (Diretor Executivo da Universidade do Futebol), apresentou uma palestra sobre a formação do treinador de futebol na Europa, nesta fala, ele apresenta o quanto é diferente essa Macroestrutura de Formação para a atuação de técnicos de futebol na Europa em relação ao Brasil.
 
Observando isso, alguns questionamentos surgem. Apenas referente a Organização Defensiva e a sua eficácia. Para assegurarmos uma correta Organização Defensiva, é conveniente que os treinadores se façam uma série de perguntas que possam esclarecer muitas coisas:
 
1. Que tipo de marcação é mais efetiva diante da Organização Ofensiva que apresenta o adeversário?
2. Que problemas podem surgir em relação ao tipo de marcação que escolhemos?
3. É possível tirar vantagem ofensiva após uma correta atuação defensiva?
4. Possuo os jogadores com características para desempenhar tal função defensiva?
5. Conheço os Princípios Fundamentais do Futebol e implanto-os na minha equipe?
 
Lembrando que o Jogo de Futebol acontece num âmbito sistêmico aleatório, assim, teremos que nos preocupar em defender, atacar e transitar entre esses dois momentos, sem dissociá-los (fragmentá-los).
 
"Quem só teoriza, não sabe. Quem só pratica, repete. O saber nasce da conjugação da teoria e da prática."

 (Manoel Sérgio)
 
Referência

PLATONOV, V. N. Tratado geral do treinamento desportivo. São Paulo: Phorte, 2008.

 
 
 


domingo, 17 de fevereiro de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA A "PAREDE" E FINALIZAÇÃO DE MÉDIA DISTÂNCIA

Jogo Conceitual para a Parede e Finalização de Meia Distância
Princípio: Preparação para a Finalização;

Sub-Princípio: Momentos da Finalização;

Complexidade: 2 (Média);

Objetivo: Introduzir o conceito de "Parede" (jogar de costas para o gol) para os atacantes, e assim, realizem o passe para trás, para o meia finalizar de média distância.

Tempos: 6 X 5';

Adaptação Biológica: Força Específica;

Materiais: Discos, coletes e bolas.

Descrição

Número de Jogadores: 18 (3:1:4 + 1 goleiro para cada equipe)    Dimensões do campo: 1/2.

Jogo Conceitual, onde o campo de jogo deve ser dividido em três setores (1,2 e 3). No setor 1, jogam os 3 zagueiros, o goleiro e os 4 atacantes adversários. No setor 2, jogam 1 meia de cada equipe. No setor 3, repete a mesma ordem do setor 1, sendo da equipe contrária.

O goleiro deve sair jogando com um dos zaguieros, que terá que realizar um passe longo (lançamento) até o setor 3, sem tocar na grama do setor 2. Do setor 3, um dos atacantes realizará a "parede" e fará o retorno para o meia finalizar de meia distância (de fora da área penal) sobre oposição do meia adversário.  

domingo, 10 de fevereiro de 2013

PERIODIZAÇÃO TÁTICA vs MODELO DE CARGAS SELETIVAS

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"...havia a ciência Newtoniana. E, Ludwig von Bertalanffy disse: deixe o sistema todo ser maior do que a soma de suas partes. Norbert Wiener acrescentou: deixe o feedback negativo e positivo fluírem por todo o sistema. Ross Ashby falou: deixe o sistema ter a quantidade de variedade necessária para interagir com seu ambiente. E nasceu a teoria geral de sistemas." (Ward, 2002)

Vítor Frade (1990) reconhece que o futebol é um jogo de dinâmicas cuja invariante estrutural é a Interação. Partindo desta perspectiva, o jogar é uma totalidade que resulta das interações dos jogadores e por isso, não deve ser interpretado como um somatório de acontecimentos aleatórios porque se inscreve num contexto coletivo.
 
Esta lógica faz-nos reconhecer que o determinismo causa-efeito (institucionalizado pelo behaviorismo de Watson) não permite apreender os efeitos das decisões no sistema ou seja, retrata uma realidade distorcida e carenciada das relações e dos efeitos que cada comportamento induz na dinâmica do jogar porque a comunicação visual, a linguagem, a gestualidade corporal, a sugestão, a imitação, as reações de cada momento do jogo tem repercussões contextualizadas (Gomes, 2006).
 
E quando nos referimos a Periodização Tática, não podemos esquecer que esta metodologia de treinamento em futebol, é norteada pelo Modelo de Jogo. E, o Modelo de Jogo em futebol é normalmente mal entendido. Muitos falam dele como sendo, o Sistema ou Esquema de Jogo empregado, ou, distribuição inicial adotada pelos jogadores no terreno de jogo (Tamarit, 2007).
 
Corroboro com Tamarit (2007) que o Modelo de Jogo é muito mais do que isso. O autor cita uma definição de Portolés (2007) para explicar melhor o conceito de Modelo de Jogo:
 
[...] um Modelo de Jogo é algo que identifica uma equipe determinada. Não é só um Sistema de Jogo, não é o posicionamento dos jogadores, mas, é a forma como esses jogadores se relacionam entre si e como expressam sua forma de como veem o futebol.
 
Simplificando, significa dizer que, o Modelo de Jogo é uma visão futura do que pretendemos que a nossa equipe realize de forma regular nos diferentes momentos do jogo (Organização Ofensiva, Transição Defensiva, Organização Defensiva e Transição Ofensiva).

Assim, a natureza do jogo caracteriza-se pela dinâmica das relações de cooperação dos colegas da equipe para transceder os próprios adversários e por isso, os problemas que se colocam às equipes e jogadores são de natureza tática (Frade, 1989 apud Gomes, 2006). Através deste conceito, enaltecemos que a adequabilidade da decisão é fundamental para resolver as dificuldades impostas pelo adversário e por isso, as exigências coletivas e individuais que se colocam são de ordem tático-técnicas, e não, técnico-tático, como sempre escutamos por aí (Gomes, 2006). 
 
Em relação ao Modelo de Cargas de Seletivas, o seu criador Prof.: Dr. Antônio Carlos Gomes (2009), relata que:
Os exercícios técnicos e os táticos devem estar inseridos em todo o processo do treinamento, destinando a maior parte do tempo a essas ações, pois é nelas que ocorreá o aperfeiçoamento ótimo das capacidades competitivas do desportista.
Pecebe-se com esta citação que, o autor tem preocupação de que seu método não seja descontextualizado da especificidade do jogo. Mas, não existe nenhuma referência ao Modelo de Jogo. Só referências específicas sobre as capacidades motoras que o jogador de futebol deve ter para conseguir vencer a maratona de jogos da temporada, não preocupado com a qualidade de JOGO da equipe.  
 
Desta forma, lembro de uma declaração de José Mourinho, que disse algo parecido com isto:
Não consigo avaliar um jogador fora do Modelo de Jogo da equipe. Para mim, não basta o jogador estar bem preparado fisicamente, ele tem que saber o que fazer nos diversos momentos do jogo. Assim estará ajudando a equipe.
 
Sendo assim, quanto mais elaborado seja o Modelo de Jogo e melhor exposto aos seus jogadores, mais claro estes terão o que tem que fazer em cada momento determinado do jogo, e nem por isso converter-se em um mecanismo, pois como temos visto, a Periodização Tática promoverá um "mecanismo não mecânico" (Tamarit, 2007).
 
Referências
 
GOMES, A. C. Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
 
GOMES, M. S. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés Dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - um estudo de caso - Porto, 2006.
 
TAMARIT, X. Que és la "Periodización Táctica"? Vivenciar el juego para condicionar el Juego. MCSports, 2007.