Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

quinta-feira, 11 de março de 2010

MOVIMENTAÇÕES DEFENSIVAS: aprendizagem ao caso


As movimentações defensivas individuais ou coletivas, comumente chamadas de marcações, consistem em um dos princípios mais exigidos dos jogadores em uma equipe de futebol durante as partidas. Mas tenho observado que, diferente de como ensinamos o passe e o chute, e cobramos dos atletas um bom rendimento nesses princípios durante as partidas, talvez por, termos dedicado maior tempo em nosso microciclo semanal com exercícios que priorizam esses princípios, os movimentos defensivos, em muitos casos, são deixados ao acaso no processo ensino-aprendizagem-treinamento da técnica individual.


Desta forma proponho, que os movimentos defensivos, sejam eles, individuais ou coletivas, sejam exercitados nas sessões de treinamentos.

O primeiro passo é o ensino dos movimentos defensivos individuais, exercitando o passe, o chute, o drible, mas sempre com a marcação (oposição). Pois, sempre observo que estes trabalhos são realizados com a bola e sem oposição, o que quase nunca ocorerrá numa partida de futebol (especificidade no treinamento), assim, o processo de ensino da técnica da marcação é muito pouco exercitada.

O segundo passo, é o processo de ensino de movimentos defensivos coletivos, onde trabalhamos com a equipe diversas formas de defesa, sempre em função das situações que a partida nos impõem.

Se conseguirmos colocar esse trabalho da técnica em prática, estaremos contribuindo para uma formação completa de um futuro profissional valorizado no mercado esportivo.

quinta-feira, 4 de março de 2010

O SURGIMENTO DE NOVAS PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS DE TREINAMENTO

Estamos no século XXI, mas muitas pessoas ligadas ou não ao futebol insistem em dizer que o futebol não tem mais no que evoluir. Mas eu discordo! Temos que evoluir mais em nossos treinamentos, principalmente nas categorias de iniciação e formação dos clubes brasileiros. Eu tenho convicção de que em muitas regiões do Brasil, ainda existem treinamentos pautados em linhas condutivistas, aquelas baseadas  na simples padronização de comportamentos, na formação de estereótipos e reprodução de métodos.

Precisamos buscar alternativas metodológicas de maior eficácia, como por exemplo, as linhas de treinamento cognitivo-ecológicas. Que tem na sua concepção, mecanismos de integração dos atributos técnicos, táticos, físicos, relacionais, psicológicos e socioculturais. É um modelo distinguido pela prática dos acontecimentos dos jogos semiestruturados, de modo a abranger comportamentos individuais e coletivos. Na rotina do treinamento, são estimuladas as simulações do jogo, as fintas, os dribles, a tomada de decisões, o improviso e os recursos conscientes.

Este modelo, tal como se propõe, promove as relações entre aprendizagem e controle motor, as expressões técnicas que intregam a estrutura específica do jogo e as situações de oposição e cooperação. O treinamento de pequenos jogos, em espaço reduzido (com ou sem a presença do elemento tático), possibilita o aprendizado das ações específicas do jogo sob a pressão permanente do opositor. Na organização prática dos exercícios, estão presentes a variabilidade das ações, o treinamento visual e os processos de tomada de decisões.

A compreensão do jogo, a eficácia do rendimento competitivo, a melhoria da percepção, o discernimento da utilidade e o estreitamento das relações dos jogadores de futebol com o ambiente, tudo isso está contemplado nesta dimensão cognitivo-ecológica.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O PRINCÍPIO DA ALTERNÂNCIA HORIZONTAL EM ESPECIFICIDADE


Está imagem foi retirado do site oficial da Internazionale de Milano, equipe treinada por José Mourinho no dia 25 de fevereiro, um dia após ter vencido o Chelsea (considerado por muitos o melhor plantel do mundo) por 2 X 1 nas oitavas de final da Uefa Champions League (UCL). Sim, os jogadores estão praticando o basquetebol de forma adapatada num campo de futebol, de chuteiras.

Mas, em se tratando de José Mourinho, isto tem uma explicação. Pois ele está trabalhando a recuperação ativa dentro do Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade. Está abordagem  prioriza uma pequena fração do Jogar (reduzido grau de complexidade) uma vez que, os jogadores ainda estão fatigados (física e mentalmente) e não querem agravar esse estado com situações muito exigentes (pela sua densidade) onde não vão ter o máximo desempenho e precisarão de mais tempo para conseguir. E o tipo de contração dominante é de tensão reduzida, de menor densidade e maior velocidade (neste caso dos membros superiores).

Assim este treinador que muitos o consideram polêmico, arrogante, etc., continua mostrando (para quem quer ver) que o futebol para ser eficiente precisa de um comandante que gosta de estudar e inovar.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

EPISTEMOLOGIA DO TREINAMENTO NO FUTEBOL

Trabalhar com treinamento de crianças e jovens não é uma tarefa fácil. Ainda mais se a modalidade em questão for o futebol. Um dos esportes mais conhecido e praticado do mundo e, a maior paixão nacional.

Quando o assunto é futebol, temos sempre algum comentário a ser feito, quase sempre de forma empírica, mas, quando procuramos algo mais especializado e com base em dados científicos, achamos pouca bibliografia nacional referente ao assunto.

Desta forma, proponho uma epistemologia do treinamento no futebol. Epistemologia ou teoria do conhecimento são a crítica, estudo ou tratado do conhecimento da ciência, ou ainda, o estudo filosófico da origem, natureza e limites do conhecimento. Pode-se remeter a origem da epistemologia a Platão ao tratar o conhecimento como "crença verdadeira e justificada". O desafio da epistemologia é responder "o que é" e "como" alcançamos o conhecimento? Mas, sabendo que o futebol não é uma ciência, mas como nos apresenta Bangsbo (1993), “o futebol não é uma ciência, mas a ciência pode ajudar a evoluir o nível do futebol”.

Todos que estão envolvidos num projeto de treinamento de crianças e jovens almejam um ótimo resultado final para seus pupilos, mas às vezes acabam deixando de lado certas capacidades que devem ser estimuladas em faixas etárias certas, para que num futuro não muito distante, essas capacidades quando requisitadas alcancem seu pleno esplendor.

Mas, para que isto ocorra precisamos de certos conhecimentos que vão além da experiência prática. Precisamos entender de crescimento e desenvolvimento das crianças e jovens. Além de ser conhecedor dos princípios do desenvolvimento humano, dos processos da neurociência referente aos estágios do cérebro e dos princípios da ciência do treinamento desportivo. Pois, muitos programas de treinamento de crianças e jovens é apenas um “treinamento de adultos reduzido”, não levando em consideração que, as crianças e jovens tem uma série de alterações físicas, psíquicas, sociais muito significativas, sendo assim, precisam de um treinamento que consiste de um processo sistemático e em longo prazo, que contenha: objetivos, programas e procedimentos diferentes daqueles adotados em um treinamento de adultos.

Tendo em vista, que trabalhar com crianças e jovens, requer muitas qualidades, como: sensibilidade, compreensão, paciência, etc. Temos que considerar algumas respostas que o treinamento fornece como adaptações ao estresse. Tudo isso dependente de uma série de fatores endógenos (tipo de constituição física, idade cronológica, idade biológica, etc.) e exógenos (alimentação, condições ambientais, etc.). Sabendo, que esta medida pode variar para uma mesma pessoa de acordo com o órgão ou sistema considerado.