Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ESTUDAR! É PRECISO QUANDO O ASSUNTO É FUTEBOL?


Bom, eu chego a postagem de número 150 no blog. Marca muito importante para mim, pois eu gosto de estudar o futebol e procurar entender (mesmo que minimamente) o que de novo há sobre ele. Mesmo que muitos defendam que "no Futebol não há nada a ser inventado!" Até pode ser, mas, existem muitas coisas que podem ser feitas de outro modo muito mais produtivo. Assino o blog desde fevereiro de 2010, hoje são 150 postagens e 60.669 visualizações de página. E tudo isso por que? Essas 60 mil visualizações querem nos dizer o que?

Percebo que, nos tempos atuais existe uma grande rede de pessoas que tem o mesmo objetivo, olhar e compreender o futebol por um outro prisma. E esse prisma necessita de um estudo prévio. Necessitamos de um arcabouço teórico, e isso hoje é possível graças as tecnologias que nos auxiliam para buscar o conhecimento das mesmas, blogs, grupos de estudos virtuais, conversas via facebook, dentre outras.

Mas, como nem tudo é tão fácil quanto parece, como vocês podem observar na foto acima, a maioria (70%) dos livros que me possibilitam estudar o Futebol por outro prisma é de fora do país. Eu gostaria de agradecer publicamente a essas pessoas que me oportunizam ter essas leituras: ao meu grande amigo Professor Michel Huff (preparador físico diferenciado do FC Metalist Kharkiv da Ucrânia) com o qual iniciei essas leituras e observei o trabalho prático. Ao meu grande amigo Silvio Costa Sampaio (o qual está terminando o seu Doutoramento em Portugal mais especificamente em Porto) e através de outro amigo (irmão) Marco Ricardo Wagner (Rick) que encaminha os pedidos, posso ter leituras diferenciadas sobre futebol. Ao grande ícone da Periodização Tática, o Professor Jorge Maciel (que muito gentilmente me encaminhou um exemplar da obra Periodización Táctica VS Periodización Táctica). Este blog só existe graças a vocês e quem o assina é muito grato a todos!

Respondendo as questões levantadas no primeiro parágrafo: temos 60 mil acessos porque existem pessoas que gostam de estudar o futebol também (muito obrigado). E temos 150 postagens porque temos leituras de qualidade que nos auxiliam para tal.

Enfim, o ano de 2013 está terminando, sou muito grato a todos que acessam e/ou acessaram esse humilde veículo de comunicação sobre o Futebol. Que 2014 seja repleto de realizações a todos!

Sim. Estudar é preciso quando o assunto é Futebol! Concordo que a prática é importante, mas, não sem a teoria que o deve fundamentar!

Bons estudos e um feliz 2014 a todos!






domingo, 22 de dezembro de 2013

LIÇÕES DO MUNDIAL DE CLUBES DA FIFA









Chegou ao final ontem o Mundial de Clubes da FIFA 2013. E quais as lições que ficarão para o futebol dos clubes brasileiros? Pois, pela segunda vez em um período de quatro anos de disputa, um clube nacional perde para uma equipe africana de menor expressão no cenário mundial. Frustando assim, milhões de torcedores que esperavam uma disputa entre o campeão europeu e o campeão sul-americano. 

Após observar os jogos desse mundial e acompanhar alguns jogos do campeonato Brasileiro 2013, constatei que, existente uma discrepância muito grande entre o JOGAR futebol das equipes nacionais com as do resto do mundo (indiferente do seu continente). As nossas equipes esperam por lampejos individuais, por exemplo: "O Ronaldinho Gaúcho pode resolver a qualquer momento!" "A jogada de bola parada é a nossa arma!" Contextos que dependem mais do indivíduo do que da equipe (coletivo).

Enquanto isso, o resto do mundo já percebeu (e coloca em prática) o jogo como ele deve ser tratado, coletivamente. Não dissociando ataque da defesa (talvez por isso o Atlético-MG tenha dado tanto espaço para o Raja fazer a transição ofensiva da maneira como fez); não dissociando defesa do ataque. Sabendo que não tem tanta qualidade individual eles buscaram um algo mais, o coletivo. Mantendo suas linhas intersetoriais próximas (defesa próxima do meio-campo, meio-campo próximo do ataque, ataque ajudando para recuperar a posse da bola no mesmo setor da perda) formando um bloco, uma equipe compacta, que é o que o futebol dos dias de hoje no mínimo exige. E isso só pode ser observado com um certo nível de complexidade.

Talvez esse mundial de 2013 possa esclarecer algumas questões sobre o futebol que muitos profissionais no Brasil já conhecem (escrevem, disponibilizam, trocam informações) mas, alguns clubes ainda insistem em não observar. Entretanto, já começam haver algumas mudanças em clubes do primeiro escalão nacional, contratando treinadores que possuem esse olhar da complexidade que o JOGAR exige. Sucesso a esses profissionais! 

O futebol nacional de clubes precisa despertar, perceber que o perder e o ganhar vai muito além das orações pré jogos. Que o treinar durante a semana, tem que ser mais aproveitado para níveis coletivos (o que fazer em posse da bola, o que fazer sem a posse da bola, quantos atacam, quantos defendem, que os passes tem que ser realizados para superar linhas de jogadores adversários, entre outras questões). Esse mundial pode nos mostrar muitas lições, mas, apenas para aqueles que querem enxergar!

sábado, 28 de setembro de 2013

MOMENTOS DO JOGO E A FRACTALIDADE NO PLANO TRANSVERSAL


Com relação ao último post, tratei da questão da Fractalidade dentro do entendimento da metodologia de treinamento Periodização Tática. Entretanto, foi explanado apenas como utilizar a Fractalidade para conduzir a forma de criar os exercícios (jogos) dentro do contexto do Modelo de Jogo de cada treinador. Mas, será que a Fractalidade fica só nisso?

Segundo Campos (2008, p. 95) os diversos momentos do jogo (Organização Ofensiva, Transição Defensiva, Organização Defensiva e Transição Ofensiva) não podem ser vistos como estanques em si mesmos, isto é, eles dependem-se mutuamente e na construção dos princípios de cada um deles temos de ter em conta a ligação com os restantes sob pena de haver uma desarticulação comprometedora da qualidade de jogo. Ciente desta informação, como poderemos programar a nossa semana de treinos sem levar em consideração a Fractalidade Transversal. Para melhor compreensão Guilherme Oliveira apud  Campos (2008, p. 95) fala-nos de uma Fractalidade Transversal relacionada com todos os momentos do jogo, ou seja, os comportamentos pedidos, por exemplo no momento de Organização Ofensiva, levam em consideração o momento de perda da posse da bola e por conseguinte os momentos de transição para a defesa (pressionar o portador da posse da bola no mesmo setor da perda, isso não sendo possível, fechar os espaços para impedir a progressão da mesma em direção a baliza) e posteriormente entrar em Organização Defensiva. Desta forma, observamos que há uma interação entre os diferentes momentos e o que está a acontecer num determinado momento está a ter uma resposta baseada não só no sucesso do momento em causa mas também dos momentos subsequentes tal como um sistema de engrenagens, em que a inversão do sentido de uma delas implica uma resposta das demais visto que estão em interação permanente. 

ORGANIZAÇÃO OFENSIVA
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    TRANSIÇÃO OFENSIVA       TRANSIÇÃO DEFENSIVA
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    ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA    
                                                      
Com toda essa complexidade exposta, não consigo compreender como podemos estudar o Futebol (trabalhar, ser responsáveis por gerenciar o programa semanal de treinamentos, ministrar aulas e/ou palestras) tratando o futebol com superficialidade. Para adquirirmos qualidade de JOGAR necessitamos evoluir, para tal, necessitamos nos aperfeiçoar, olhar o futebol por outro prisma, e este, é o da complexidade que o Futebol exige. 

Pois, segundo Guilherme Oliveira (2004, p. 148):
"Independentemente da inter-relação dos momentos e da escala em que se possam evidenciar, eles devem manifestar as invariâncias que caracterizam os respectivos momentos, as suas interações e serem representativos da forma de jogar da Equipe."
Referências

CAMPOS, Carlos. A justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica: A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital. MCSports, 2008.

GUILHERME OLIVEIRA, José. (2004). Conhecimento Específico em Futebol. Contributos para a definição de uma matriz dinâmica do processo de ensino-aprendizagem/treino do jogo. Porto: J. Guilherme Oliveira. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.
 





segunda-feira, 26 de agosto de 2013

GEOMETRIA FRACTAL E OS EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO EM FUTEBOL

Foto

O termo Fractal foi instituído por Benoit Mandelbrot em 1975, para denominar uma classe especial de curvas definidas recursivamente que produzia imagens reais e surreais. Uma estrutura geométrica ou física tendo uma forma irregular ou fragmentada em todas as escalas de imediação. A Geometria Fractal estuda subconjuntos complexos de espaços métricos.

Segundo Stacey (2005) apud Campos (2008, p. 54) um fractal é uma parte invariante ou regular de um sistema caótico que pela sua estrutura e funcionalidade consegue representar o todo, independentemente da escala onde possa ser encontrado. Os fractais são representativos do todo pois têm uma constituição "genética" semelhante ao todo onde foi observado (Guilherme Oliveira, 2004 apud Campos, 2008, p. 54).

Observando a ilustração acima, temos a formação de dois triângulos na organização ofensiva inicial do FC Barcelona, formada pelos dois zagueiros centrais, o volante e os dois meias. Ou seja, subconjuntos complexos de espaços métricos (intersetorial). Isso é de suma importância para o Modelo de Jogo da equipe mencionada, pois, joga com posse de bola e para que isso ocorra com efetividade impreterívelmente, deve formar estruturas geométricas como triângulos e losangos para ter efetividade com esse tipo de jogo.

À importância do processo de treinamento nisto é a manifestação regular de um padrão. Ou seja, que estas situações aconteçam durante as sessões de treinamento, sendo assim, ocorrerá um melhor aproveitamento da semana de treinamento, buscando uma forma de jogar que identifique determinada equipe. Justificando isso, Guilherme Oliveira (2004, p. 146) afirma que:
"O processo de treino deve ser construído através de uma organização fractal no sentido de se manifestarem através de invariâncias/padrões fractais nas diferentes escalas de manifestações-invariância de escala - tanto ao nível dos padrões de comportamento como ao nível da produção do processo."
O padrão de comportamento se refere ao Modelo de Jogo da equipe, trabalhado durante a semana de treinamentos (padrões coletivos, individuais, setoriais, intersetoriais e as suas interações). Guilherme Oliveira (2004, p. 130) enfatiza o padrão semanal, o padrão diário e o padrão de exercícios propostos sendo que é a conjugação de todos estes padrões que vai permitir que o carácter caótico do jogo seja organizado, reconhecido e transformado o mais possível nas invariâncias/padrões Específicos da equipe.

Em conformidade com isso, utilizo um exercício para simular a mesma situação observada na ilustração do FC Barcelona com as minhas equipes.

 

 Grupos com cinco jogadores (dois centrais, o volante e dois meias). A bola sai de um dos centrais em direção ao volante que se desloca em direção a bola e de primeiro toque, passa ao outro central (se deslocando para o lugar do central que iniciou o trabalho) o central, passa a bola ao outro central que se desloca para receber a bola no ponto futuro. A situação se repete no outro lado.

Após a devida assimilação destes padrões, podemos aumentar a complexidade do exercício criando um jogo fractal para que essa situação aconteça e alguma pontuação lhe seja atribuída para cada vez que aconteça (Alternância Horizontal em Especificidade, Princípio da Progressão Complexa em Especificidade, Princípio das Propensões e Princípio Hologramático). Tudo isso faz parte de uma semana proveitosa de treinamento em futebol. Há não observância disso, deixa muitas lacunas na forma de aproveitamento da semana de treinamentos.

Referências

CAMPOS, Carlos. A justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica: A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital. MCSports, 2008.

GUILHERME OLIVEIRA, José. (2004). Conhecimento Específico em Futebol. Contributos para a definição de uma matriz dinâmica do processo de ensino-aprendizagem/treino do jogo. Porto: J. Guilherme Oliveira. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.


domingo, 18 de agosto de 2013

METODOLOGIAS DE TREINAMENTO EM FUTEBOL E AS DERROTAS


Existem muitas formas de se treinar a modalidade de futebol. Temos, as que são tradicionais e descontextualizadas do jogo (analítico-sintético) e as, modernas (abordagem sistêmica, Periodização Tática) que trabalham em conformidade no treino o que acontece no jogo. Eu, particularmente sou adepto das   metodologias modernas desde 2009. 

Percebo que, a certa resistência existente em adotar as formas de se treinar futebol em conformidade com que o acontece no jogo, por causa de um certo receio e desconhecimento do que acontece durante o jogo. O que quero dizer com isso. Muitos, que trabalham com o treinamento de futebol, desconhecem por exemplos os momentos do jogo: organização defensiva, transição ofensiva, organização ofensiva, transição defensiva (além das bolas paradas). E, para operacionalizar o seu treinamento de forma mais próxima do jogo esses momentos são primordiais. 

Entretanto, quando acontecessem as derrotas (muitas delas) decisivas, certos comentários surgem, querendo insinuar que certa forma de treinamento não resulta em títulos, e as formas mais tradicionais são exaltadas. 

Possuo pouca experiência ainda como treinador de futebol, mas, já tenho certeza de uma coisa, é preciso jogar para operacionalizar o seu treinamento. A partir do que acontece no jogo o treinador deve diagnosticar e trabalhar as deficiência durante a semana para o próximo confronto, e/ou oportunizar a manutenção das situações positivas na equipe.

Dessa forma, metodologia de treinamento em Futebol mistura ciência e arte. Deve-se observar e diagnosticar antes de atuar. Com um metodologia que você compreenda. 

    

domingo, 14 de julho de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA

 
 
Jogo Conceitual para Organização Defensiva
Princípio: Compactação;
 
Subprincípio: Fechamento das linhas e definição do bloco de pressão;
 
Subprincípios de Subprincípios: Aproximação e equilíbrio entre as linhas;
 
Complexidade: 3 (média);
 
Tempos: 3 X 3'30";
 
Materiais: Discos, coletes, cones e bolas;
 
Descrição
 
Número de jogadores: 10;
 
Jogo conceitual 5:5. Onde o objetivo é marcar o gol entre os três cones. A equipe em Organização Ofensiva deve, manter e circular a posse da bola para finalizar sem oposição entre os três cones na área demarcada, mas, sem ultrapassar os discos demarcatórios. A equipe em Organização Defensiva, deve compactar as duas linhas e manter próximas (constantes coberturas defensivas) e apenas dois jogadores podem ultrapassar os discos demarcatórios para evitar que a bola ultrapasse a linha de cones.
 


segunda-feira, 1 de julho de 2013

O ERRO E A INIBIÇÃO: CAUSAS DA MÁ FORMAÇÃO

 
 
 
Observando o jogo de hoje, final da Copa das Confederações FIFA 2013 entre Brasil e Espanha, uma das muitas situações que me chamou a atenção foi: a ótima formação que teve o Neymar Jr.
 
Pois, quem trabalha com treinamentos de formação deve ter passado por alguma situação parecida a de que, não é adimissível erros. Principalmente, quando o jogador iniciante tenta realizar um chute de perna não dominante e erra. Lá vem o treinador dizer que: "domina, coloca o pé esquerdo no chão e chuta com a perna boa." Além de, não aceitar o erro ele está com esta atitude, inibindo o jogador de ter as situações para melhorar a sua habilidade de chutar também com a perna não dominante. E, quem nunca ouviu um treinador bradar a beira do campo: "Tá Errado, Tá Errado ..." Precisamos oportunizar reforços contingentes, que dizem respeito ao que está errado e/ou certo. Para a melhor compreensão dos jogadores e não gerar mais dúvidas a eles. 
 
Temos que ter a consciência de que, nós profissionais que estamos a frente desse processo de formação de jogadores de futebol, temos como obrigação, estimular esses jovens a progredirem dentro desse processo através da operacionalização dos treinamentos (táticos, técnicos, físicos, psicológicos). Desta forma, o erro é aliado e a inibição não pode fazer parte do processo. Uma forma de atuação é o feedback interrogativo que auxilia o jogador a tomar as melhores decisões num futuro próximo, onde ele poderá avaliar e selecionar a sua resposta com as anteriores e a intervenção feita pelo treinador.
 
Lembrando que, Neymar Jr. tem apenas 21 anos e tem muito a evoluir! Mas, já representa uma liderança dentro da Seleção Brasileira.