Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

domingo, 30 de setembro de 2012

FORMAÇÃO NO FUTEBOL BRASILEIRO E IDENTIDADE DE FUTEBOL

 
Muito se ouve sobre a formação no futebol e identidade de futebol. A formação nos clubes brasileiros ainda é pautada na forma física (estatura e força física), privilegiando jogadores maturados e deixando de lado os jogadores franzinos, mas com entendimento de JOGO! Isso me faz lembrar de um questionamento que sempre esteve presente na formação: na formação é importante ganhar ou formar? As preocupações são sempre em ganhar campeonatos. Mas, se trabalharmos de forma coerente (com critérios qualitativos) e dentro dos princípios táticos do futebol, teremos um plantel competitivo (sempre chegando nas competições) e jogadores sendo aproveitados nas categorias superiores até o profissional.
 
Outra questão que atrapalha a formação de jogadores de futebol, para mim é, a pressa. O que alguns estudiosos vem chamando de "oitavo pecado capital". Onde percebemos que treinador nenhum têm tempo para analisar e perceber quais as principais dificuldades quanto ao entendimento do JOGO de uma forma qualitativa. O que o treinador Eduardo Barros denominou de Currículo de Treinamento. Eu possuo um Instrumento Metodológico para a Formação (IMF), baseado na ideia do treinador Eduardo Barros, mas adaptado para a minha realidade. Este IMF nada mais é que, ter disposto em uma tabela tudo aquilo que eu pretendo que os meus jogadores desempenhem quando jogam futebol e, quando estes dominam bem esse conteúdo, não preciso dar tanta ênfase nele. Um exemplo seria, o Estratégico-Tático, como estratégias ofensivas e defensivas, nas ofensivas seria os tipos de ataque:
  •  Ataque Rápido;
  • Ataque Posicional; e
  • Contra-ataque.
Desta forma consigo perceber se os treinamentos estão auxiliando o desenvolvimento dos jogadores, dentro do Modelo Jogo Perspectivado. E também possibilitando a tomada de decisão nos jogadores, pois eles terão que escolher qual a forma de atacar dentro da partida a partir das situações que surjam no jogo.

Quanto a identidade de futebol no Brasil, percebo que os clubes não tem um forma de jogar (um Modelo de Jogo) jogam conforme o adversário, mudam de estrutura tática a cada semana, treinadores forasteiros que ditam como o clube deve jogar, assim, isso também prejudica a formação, pois o clube não tem definido uma identidade de jogar futebol, muda conforme o seu comandante bem quer. Isso, não é bem visto em outros clubes pelo mundo afora, sabemos de casos, que o treinador tem que se adaptar a maneira do clube de jogar, o FC Barcelona é um destes casos. Desta forma, o treinador da formação não sabe como deve atuar, pois o clube não tem definido de que forma se deve planejar a formação dos atletas, e pior, nem a equipe principal não sabe se ataca em zona com Estrutura Fixa, em zona com Estrutura Móvel, Ataque Rápido, Ataque Posicional ou Contra-ataque. E assim vamos observando os europeus dominarem as principais competições de futebol do globo.  



sábado, 18 de agosto de 2012

REFLEXÕES PARA A COMPREENSÃO DE METODOLOGIAS DE TREINAMENTO EM FUTEBOL



Lendo o livro "Periodização Tática: o futebol-arte alicerçado em critérios" do professor Bruno Pivetti, me deparei com algumas indagações que percebo não ficarem claras para alguns profissionais do futebol referente a essa metodologia: 
  • Como poderemos querer que a grande maioria dos profissionais do futebol compreendam essa metodologia, se, há maioria dos treinadores principais do futebol brasileiro não possui um curso superior;  
  • E mesmo se possuíssem, qual IES trabalha com essa metodologia de treinamento em futebol no país com clareza?
  • Será que temos leituras suficientes sobre temas como, Visão Sistêmica, Teoria do Caos, Modelo de Jogo, Fatores Neurobiológicos da Tomada de Decisão e Neurociências aplicadas ao futebol? 
Para mim não há dúvidas, para que possamos melhorar a nossa maneira de treinar futebol, precisamos que essas indagações sejam sanadas, para após, criarmos um ambiente de discussão sobre esse tema tão complexo e apaixonante, mas tão marginalizado e tratado as vezes com superficialidade. Para os meus alunos da cadeira de Esportes Coletivos II, estou tentando convencê-los da importância da leitura sobre esses temas para que possamos alcançar patamares maiores referentes ao processo ensino-aprendizagem-treinamento no futebol.  

 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

MÍSTICA DA CAMISA 10 E A ESTAGNAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO


O Brasil está na rota dos dois maiores eventos do futebol mundial, Copa das Confederações (2013) e Copa do Mundo FIFA (2014). Observando os jogos do Campeonato Brasileiro, Séries A e B, percebo uma estagnação. A maioria dos nossos clubes não tem um projeto quanto a cultura tática das suas equipes. Salvo raras as exceções, em clubes onde o treinador permanece há mais de uma temporada, encontamos uma forma de jogar nos diferentes momentos do jogo definida.

Talvez isso, possa explicar a evolução no futebol de países e clubes estrangeiros, caso da Espanha, por exemplo. Onde existe um projeto a longo prazo da maneira de como jogar.

Essa estagnação dos clubes brasileiros, parece estar vinculada há duas questões:
  •  Há carência em formar camisas 10 como acontecia antigamente (o Botafogo contrata Seedorf, Cruzeiro tem Montillo);
  • Há questões imediatistas. Onde o que importa é vencer o jogo mais próximo.
Lembrando que o Futebol é um Jogo Desportivo Coletivo (JDC) de essência tática, onde duas equipes realizam um jogo de cooperação entre os seus e oposição aos contrários. Percebo uma enorme preocupação dos clubes brasileiros sempre com as capacidades físicas, com contratações de muitos preparadores físicos (que são os graduados) (no II Seminário de Futebol no Grêmio FBPA em agosto de 2011, o Professor João Paulo Medina relatou que no S.C. Corinthians Paulista existem em todas as categorias 11 preparadores físicos) e, a questão tática fica muitas vezes por conta dos "achismos", ou, por questões quantitativas, como número de escanteios, posse de bola (sem saber se essa posse é efetiva), número de chutes a gol (sem saber como esse chute aconteceu).

Pela pequena experiência que possuo no futebol, percebo que aqui no Brasil o clube adota o projeto de cultura tática do treinador forasteiro, mesmo sabendo que, daqui há alguns meses ele entrará na "dança dos técnicos" e vai ao mercado contratar o treinador que estará disponível, sem fazer uma análise de perfil, sem saber qual metodologia este treinador aplica nos seus trabalhos diários. Esse novo treinador chegando ao clube, muda todo o projeto, muitas vezes confundindo a cabeça dos jogadores. E o pior, o clube muitas vezes não sabe qual é a sua meta referente a padrão de jogo ou melhor, cultura tática nos diferentes momentos do jogo e nem como formar aqueles camisas 10 que muito nos enchiam aos olhos aos ver jogar.

E isso reflete no selecionado nacional, que no atual ranking da FIFA encontra-se em 11º lugar, atrás de Croácia e Dinamarca. Esse fenômeno que vem acontecendo há anos será difícil desfazer em apenas dois anos.  

sexta-feira, 22 de junho de 2012

COMO FAZER "CAMPO PEQUENO"?

Seguindo a mesma linha de raciocínio da postagem anterior, continuarei a tratar da Organização Defensiva do S. C. Corinthians (finalista da Copa Libertadores 2012) e melhor defesa da competição.

Segundo Amieiro (2004, p.30), "quando falamos em redução de espaços, temos de ter presente que essa redução deve ser feita tanto à largura do campo (estreitando-o), como em profundidade (encurtando-o).


Como podemos observar na figura acima, a equipe do S. C. Corinthians, consegue ficar compacta como um bloco em um espaço de aproximadamente 30 metros entre a bola e a sua baliza. Desta forma, dificultando a Organização Ofensiva do Santos F. C.  De acordo com López López, 2003 (apud Amieiro, 2004, p. 30) "para se reduzirem espaços em largura, os jogadores (a equipe) devem bascular em função da posição da bola para gerar vantagem numérica nos espaços próximos da mesma e assim favorecer as coberturas, não deixando de manter vigilância sobre os espaços afastados da bola". Observando a figura, percebemos que, as linhas da equipe do S. C. Corinthians forma linhas de força entre a bola e a sua baliza, reduzindo os espaços entre si e provocando uma grande densidade defensiva que dificulta a progressão da bola até a sua baliza.



Outro aspecto importante dessa Organização Defensiva apresentada pelo S. C. Corinthians são as dobras de marcação e os apoios para a Manutenção e Circulação da Bola no momento de Transição Ofensiva. Conforme a figura acima podemos observar o apoio e a formação em losango na basculção defensiva para o lado forte.


Nesta figura observamos a formação de Triângulos Defensivos, que oportunizam uma boa gestão dos espaços principais de jogo. Obrigando desta forma, a equipe do Santos F. C. a trabalhar a bola somente na horizontal. Pois os triângulos colocam sempre um jogador na cobertura daquele que pressiona o portador da bola.


Nesta última figura, podemos visualizar a formação do Losango Defensivo, onde fica explicito as coberturas das linhas de passe (outro fator primordial para gestão do espaço interior).

Frade (2002) apud Amieiro (2004, p. 31) "para que exista esta unidade compacta em bloco, a equipe deve responder a situações que acontecem no jogo, situações essas que todos os jogadores têm que identificar (o que requer treino)".Os autores, acreditam que se tratam de respostas coletivas e sinais (ou indicadores), sinais esses que, quando devidamente identificados, levam a que a equipe atue como um [todo].

Com esses pequenos relatos, podemos ter uma breve noção de quão complexo é o jogo de futebol em seus vários momentos e, a equipe que treinar como o jogo necessita, obterá melhores resultados.

Referência

AMIEIRO, Nuno M. B. Defesa à Zona no Futebol: A (Des)Frankensteinização de um conceito. Uma necessidade face à inteireza inquebrantável que o jogar deve manifestar. Monografia de Licentuara realizada no âmbito da disciplina de Seminário, Opção de Futebol. Licenciatura em Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2004.




sexta-feira, 15 de junho de 2012

O CRAQUE DO S.C. CORINTHIANS: A ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA





Muito se tem comentado sobre a forma de jogar do S.C. Corinthians pela imprensa especializada, por estar demonstrando uma defesa sólida, que só tomou dois gols em toda Libertadores e por estar invicto nessa competição, e, desta forma tem a melhor campanha de todos os tempos da competição. Anteriormente, no ano de 1978 o Boca Juniores era o detentor desse feito.

Dessa forma, vamos tentar entender o que S.C. Corinthians vem fazendo para conseguir esse feito. Assim peço ajuda ao professor Nuno Amieiro (com quem tive o privilégio de conversar no II Seminário de Futebol no Grêmio FBPA no ano passado). Para Garganta (1997 apud Amieiro, 2004, p. 22), "numa partida de futebol, ainda que o quadro do jogo seja organizado e conhecido, o seu conteúdo é sempre surpreendente, imprevisível, incerto e aleatório. [...]". Sabendo que o jogo de FUTEBOL tem essas características, os treinadores tentam na fase defensiva de suas equipes que formem um bloco compacto para não fornecer espaços para a equipe adversária.


Pelo que pude observar nos jogos do S.C. Corinthians, o treinador Tite tem conseguido passar para os seus jogadores o que Frade (2002 apud Amieiro, 2004, p. 24), chama de fazer "campo pequeno". Que significa reduzir os espaços de jogo à equipe adversária e ter os setores muito próximos entre si e conseguir superioridade numérica junto à bola. 

 Mesmo jogando contra o Santos F.C., a equipe corinthiana continuou com a mesma filosofia na organização defensiva em zona, não querendo fazer uma marcação individual no jogador Neymar Jr. Mostrando um conceito bem maduro de Defesa à Zona para os apreciadores do futebol bem jogado e priorizando o que os Esportes Coletivos devem ser, Coletividade!

Isso é de suma importância para a evolução tática do futebol brasileiro, pois o S.C. Corinthians é uma equipe de grande apelo popular, está sempre em foco nas transmissões da TV e nos mostra que no FUTEBOL para se jogar é preciso ter a bola. E se não houver marcação eficiente temos que esperar o adversário errar para ter a posse da bola.  

Sendo assim, para mim o craque do S.C. Corinthians é a Organização Defensiva.

Referência

AMIEIRO, Nuno M. B. Defesa à Zona no Futebol: A (Des)Frankensteinização de um conceito. Uma necessidade face à <> que o jogar deve manifestar. Monografia de Licentuara realizada no âmbito da disciplina de Seminário, Opção de Futebol. Licenciatura em Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2004.

Eu Recomendo



Periodização Tática: O futebol-arte alicerçado em critérios.
Autor: Bruno M. F. Pivetti.
Phorte Editora 2012.
 
Livro referência no Brasil para compreender essa Metodologia de treinamento em FUTEBOL! 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

JOGO CONCEITUAL PARA A PENETRAÇÃO CONVERGENTE

Princípio: Mobilidade Ofensiva

Sub-Princípio: Zonas de Criação de Espaço (Penetração Convergente)

Complexidade: 3 (média alta)

Objetivo: Enfatizar a Penetração Convergente (fazendo o uso do "facão")

Tempos: 4 X 7'

Adaptação Biológica: Mobilidade Específica

Materiais: bolas, coletes e cones

Descrição

Número de jogadores 18 (8:8 + 2 goleiros)     Dimensões: 1/2 campo

Jogo conceitual 8:8. O jogo ocorre dentro do espaço demarcado entre os cones. Posicionar dois atacantes bem abertos (circulados em vermelho na figura) que não participam da posse e circulação da bola, nem da marcação. São esses dois atacantes que, quando acionados por um lançamento entre os cones, vão realizar a penetração convergente para realizar um confronto 1:1 contra o goleiro dentro da área sem auxílio. Após o termíno do tempo trocar os dois atacantes das duas equipes.

 Observação: os atacantes nunca poderão estar na frente dos cones (impedimento).

sexta-feira, 6 de abril de 2012

JOGO CONCEITUAL PARA UTILIZAÇÃO DOS CORREDORES DO CAMPO

Princípio: Posse e Circulação da bola

Sub-Princípio: Equilíbrio Posicional = Amplitude e Profundidade

Complexidade: 1 (baixa)

Objetivo: Utilizar os corredores do campo (em fase ofensiva)

Tempos: 4 X 7'

Adaptação Biológica: Resistência Específica

Materiais: Bolas, coletes e mini-cones

Descrição

Números de jogadores 16 (8:8)                       Dimensões: 1/2 campo

Jogo conceitual simples 8:8. Existem mini-cones espalhados na área central do campo de jogo.
Os jogadores devem jogar sem derrubar os mini-cones, a equipe que derruba os mini-cones perde a posse da bola.

Percebam que, nos corredores laterais não existem mini-cones, desta forma trabalho a Descoberta Guiada (tema do post anterior) a partir da categoria Sub 8. Nas categorias maiores os trabalhos são mais complexos, mas nunca dando as respostas. Deixo para os jogadores perceberem e tomarem as decisões para vencer o jogo e assimilarem a forma de jogar no Modelo de Jogo. 

Opinem!