Todos vamos concordar que a estética do jogo de futebol sempre é observada e enaltecida no momento ofensivo (ataque). Mas, será que os outros momentos do jogo não possuem estética? Muitas discussões acaloradas acontecem sobre a forma de se jogar no futebol. Lembrando que não existe apenas uma, mas, muitas formas de se jogar futebol ou vários "futebois".
Estamos a onze dias do início da Copa do Mundo de Futebol e não podemos achar que todas as trinta e duas seleções participantes vão jogar em posse de bola e ataque posicional. Muitas irão jogar com bloco defensivo baixo e explorando os espaços deixados nas costas da última linha das equipes que jogarão em posse de bola (contra-ataque). Será que o jogo de futebol apresentado dessa maneira não tem estética? Somos impelidos em achar que o jogo ofensivo tem uma estética maior que se sobressai
sobre os outros momentos do jogo. Ou melhor, temos uma miopia sobre os outros momentos do jogo (organização defensiva, transição ofensiva e transição defensiva). Não conseguimos olhar o jogo dentro da inteireza inquebrantável que ele necessita. Observamos meio jogo, ou pior, menos que isso. Por isso só achamos que o jogar no ataque é belo.
O jogo de futebol é muito mais do que só atacar (ter a bola). E muita equipes entendem a sua realidade e buscam outras formas de jogar, que para muitos não tem estética. Mas, a transição defensiva (o perder a bola voltar a defender) e a organização defensiva (defesa organizada) tem muito de estética, tanto quanto o momento ofensivo.
Destarte, os momentos do jogo não podem ser tratados de um modo estanque, consequentemente a estética do jogo não pode ser apenas afirmada no momento ofensivo. E os óculos da complexidade nos ajudam a reduzir essa miopia.