Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

GEOMETRIA FRACTAL E OS EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO EM FUTEBOL

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O termo Fractal foi instituído por Benoit Mandelbrot em 1975, para denominar uma classe especial de curvas definidas recursivamente que produzia imagens reais e surreais. Uma estrutura geométrica ou física tendo uma forma irregular ou fragmentada em todas as escalas de imediação. A Geometria Fractal estuda subconjuntos complexos de espaços métricos.

Segundo Stacey (2005) apud Campos (2008, p. 54) um fractal é uma parte invariante ou regular de um sistema caótico que pela sua estrutura e funcionalidade consegue representar o todo, independentemente da escala onde possa ser encontrado. Os fractais são representativos do todo pois têm uma constituição "genética" semelhante ao todo onde foi observado (Guilherme Oliveira, 2004 apud Campos, 2008, p. 54).

Observando a ilustração acima, temos a formação de dois triângulos na organização ofensiva inicial do FC Barcelona, formada pelos dois zagueiros centrais, o volante e os dois meias. Ou seja, subconjuntos complexos de espaços métricos (intersetorial). Isso é de suma importância para o Modelo de Jogo da equipe mencionada, pois, joga com posse de bola e para que isso ocorra com efetividade impreterívelmente, deve formar estruturas geométricas como triângulos e losangos para ter efetividade com esse tipo de jogo.

À importância do processo de treinamento nisto é a manifestação regular de um padrão. Ou seja, que estas situações aconteçam durante as sessões de treinamento, sendo assim, ocorrerá um melhor aproveitamento da semana de treinamento, buscando uma forma de jogar que identifique determinada equipe. Justificando isso, Guilherme Oliveira (2004, p. 146) afirma que:
"O processo de treino deve ser construído através de uma organização fractal no sentido de se manifestarem através de invariâncias/padrões fractais nas diferentes escalas de manifestações-invariância de escala - tanto ao nível dos padrões de comportamento como ao nível da produção do processo."
O padrão de comportamento se refere ao Modelo de Jogo da equipe, trabalhado durante a semana de treinamentos (padrões coletivos, individuais, setoriais, intersetoriais e as suas interações). Guilherme Oliveira (2004, p. 130) enfatiza o padrão semanal, o padrão diário e o padrão de exercícios propostos sendo que é a conjugação de todos estes padrões que vai permitir que o carácter caótico do jogo seja organizado, reconhecido e transformado o mais possível nas invariâncias/padrões Específicos da equipe.

Em conformidade com isso, utilizo um exercício para simular a mesma situação observada na ilustração do FC Barcelona com as minhas equipes.

 

 Grupos com cinco jogadores (dois centrais, o volante e dois meias). A bola sai de um dos centrais em direção ao volante que se desloca em direção a bola e de primeiro toque, passa ao outro central (se deslocando para o lugar do central que iniciou o trabalho) o central, passa a bola ao outro central que se desloca para receber a bola no ponto futuro. A situação se repete no outro lado.

Após a devida assimilação destes padrões, podemos aumentar a complexidade do exercício criando um jogo fractal para que essa situação aconteça e alguma pontuação lhe seja atribuída para cada vez que aconteça (Alternância Horizontal em Especificidade, Princípio da Progressão Complexa em Especificidade, Princípio das Propensões e Princípio Hologramático). Tudo isso faz parte de uma semana proveitosa de treinamento em futebol. Há não observância disso, deixa muitas lacunas na forma de aproveitamento da semana de treinamentos.

Referências

CAMPOS, Carlos. A justificação da Periodização Táctica como uma fenomenotécnica: A singularidade da INTERVENÇÃO DO TREINADOR como a sua impressão digital. MCSports, 2008.

GUILHERME OLIVEIRA, José. (2004). Conhecimento Específico em Futebol. Contributos para a definição de uma matriz dinâmica do processo de ensino-aprendizagem/treino do jogo. Porto: J. Guilherme Oliveira. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto.


domingo, 18 de agosto de 2013

METODOLOGIAS DE TREINAMENTO EM FUTEBOL E AS DERROTAS


Existem muitas formas de se treinar a modalidade de futebol. Temos, as que são tradicionais e descontextualizadas do jogo (analítico-sintético) e as, modernas (abordagem sistêmica, Periodização Tática) que trabalham em conformidade no treino o que acontece no jogo. Eu, particularmente sou adepto das   metodologias modernas desde 2009. 

Percebo que, a certa resistência existente em adotar as formas de se treinar futebol em conformidade com que o acontece no jogo, por causa de um certo receio e desconhecimento do que acontece durante o jogo. O que quero dizer com isso. Muitos, que trabalham com o treinamento de futebol, desconhecem por exemplos os momentos do jogo: organização defensiva, transição ofensiva, organização ofensiva, transição defensiva (além das bolas paradas). E, para operacionalizar o seu treinamento de forma mais próxima do jogo esses momentos são primordiais. 

Entretanto, quando acontecessem as derrotas (muitas delas) decisivas, certos comentários surgem, querendo insinuar que certa forma de treinamento não resulta em títulos, e as formas mais tradicionais são exaltadas. 

Possuo pouca experiência ainda como treinador de futebol, mas, já tenho certeza de uma coisa, é preciso jogar para operacionalizar o seu treinamento. A partir do que acontece no jogo o treinador deve diagnosticar e trabalhar as deficiência durante a semana para o próximo confronto, e/ou oportunizar a manutenção das situações positivas na equipe.

Dessa forma, metodologia de treinamento em Futebol mistura ciência e arte. Deve-se observar e diagnosticar antes de atuar. Com um metodologia que você compreenda. 

    

domingo, 14 de julho de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA

 
 
Jogo Conceitual para Organização Defensiva
Princípio: Compactação;
 
Subprincípio: Fechamento das linhas e definição do bloco de pressão;
 
Subprincípios de Subprincípios: Aproximação e equilíbrio entre as linhas;
 
Complexidade: 3 (média);
 
Tempos: 3 X 3'30";
 
Materiais: Discos, coletes, cones e bolas;
 
Descrição
 
Número de jogadores: 10;
 
Jogo conceitual 5:5. Onde o objetivo é marcar o gol entre os três cones. A equipe em Organização Ofensiva deve, manter e circular a posse da bola para finalizar sem oposição entre os três cones na área demarcada, mas, sem ultrapassar os discos demarcatórios. A equipe em Organização Defensiva, deve compactar as duas linhas e manter próximas (constantes coberturas defensivas) e apenas dois jogadores podem ultrapassar os discos demarcatórios para evitar que a bola ultrapasse a linha de cones.
 


segunda-feira, 1 de julho de 2013

O ERRO E A INIBIÇÃO: CAUSAS DA MÁ FORMAÇÃO

 
 
 
Observando o jogo de hoje, final da Copa das Confederações FIFA 2013 entre Brasil e Espanha, uma das muitas situações que me chamou a atenção foi: a ótima formação que teve o Neymar Jr.
 
Pois, quem trabalha com treinamentos de formação deve ter passado por alguma situação parecida a de que, não é adimissível erros. Principalmente, quando o jogador iniciante tenta realizar um chute de perna não dominante e erra. Lá vem o treinador dizer que: "domina, coloca o pé esquerdo no chão e chuta com a perna boa." Além de, não aceitar o erro ele está com esta atitude, inibindo o jogador de ter as situações para melhorar a sua habilidade de chutar também com a perna não dominante. E, quem nunca ouviu um treinador bradar a beira do campo: "Tá Errado, Tá Errado ..." Precisamos oportunizar reforços contingentes, que dizem respeito ao que está errado e/ou certo. Para a melhor compreensão dos jogadores e não gerar mais dúvidas a eles. 
 
Temos que ter a consciência de que, nós profissionais que estamos a frente desse processo de formação de jogadores de futebol, temos como obrigação, estimular esses jovens a progredirem dentro desse processo através da operacionalização dos treinamentos (táticos, técnicos, físicos, psicológicos). Desta forma, o erro é aliado e a inibição não pode fazer parte do processo. Uma forma de atuação é o feedback interrogativo que auxilia o jogador a tomar as melhores decisões num futuro próximo, onde ele poderá avaliar e selecionar a sua resposta com as anteriores e a intervenção feita pelo treinador.
 
Lembrando que, Neymar Jr. tem apenas 21 anos e tem muito a evoluir! Mas, já representa uma liderança dentro da Seleção Brasileira.
 
   
 
 



domingo, 23 de junho de 2013

O JOGO PELO JOGO: SIGNIFICADO DE AUSÊNCIA DE SENSO TÁTICO

 
 
Todos nós sabemos que o futebol é um Jogo Desportivo Coletivo (JDC) eminentemente de essência tática e de posse de bola. Mas, alguns esquecem outro fator primordial, que o futebol é um jogo de controle dos espaços.
 
Hoje, está em alta o processo de ensino aprendizagem treinamento (E-A-T) em futebol em forma de jogos (inclusive a abordagem deste humilde veículo de comunicação propõem isso). Entretanto, não podemos deixar passar em despercebido que, o jogo pelo jogo significa ausência de senso tático dos jogadores. Pois, jogos onde os jogadores os realizam e não tem obrigações funcionais, prejudicam a sua aprendizagem, principalmente tática.
 
Todos os jogos devem conter objetivos táticos (individuais e coletivos), controle dos espaços setoriais e intersetoriais (lado forte, lado fraco, espaço, setor defensivo, setor de meio defensivo, setor de meio ofensivo, setor ofensivo). Pois, sem essas referências formaremos jogadores apenas centrados no móbil do jogo e com sérias dificuldades de entenderem o que fazer sem a bola (o que exige muito senso tático) tanto na organização defensiva, nas suas transições e na organizaçção ofensiva.
 
O jogo pelo jogo, pode mascarar muitas deficiências, temos que ter em mente, a objetividade desses jogos utilizados. E isso dependerá do material humano disponível (quanto mais jovem o jogador mais susceptível a mudanças, quanto mais experiente a situação se inverte).
 
E isso, dependerá da estrutura de trabalho que a Comissão Técnica escolherá (metodologia de treinamento e o seu entendimento) para proporcionar essa evolução tática nos jogadores da sua equipe. Do contrário, apenas jogar não auxila no desenvolvimento de um senso tático por parte dos jogadores. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA A ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA E TRANSIÇÃO OFENSIVA

 
Retirado da Editora MCSports do seu canal no YouTube.

Jogo que utilizo com algumas adaptações para o meu Modelo de Jogo na terça-feira.  

domingo, 26 de maio de 2013

FORMAÇÃO DE ZAGUEIROS: A SUA IMPORTÂNCIA NA ORGANIZAÇÃO OFENSIVA

 
 
Assitindo a final da UEFA Champions League (UCL) o que me chamou a atenção foi, a maneira como os zagueiros lidam com a bola na saída de jogo. Muita tranquilidade, os goleiros passam a bola para um dos zagueiros, que se posiciona sempre na lateral da área penal (sempre de frente para o campo adversário) e começam a construir a Organização Ofensiva com passes curtos e triangulares com os volantes ou os laterais.
 
A confiança dos goleiros (e/ou orientação para não rifarem a bola no tiro de meta), mas, que saiam jogando com os zagueiros (oportunizada nos treinamento), nos mostra que, as equipes possuem uma forma característica de jogo bem definida. Priorizando a Organização Ofensiva com a saída de bola nos zagueiros.
 
Voltando a questão da formação, observo que a maioria dos jovens que jogam nesta posição, dificilmente são orientados para trocar passes com os companheiros de meio-campo, observo muita "afobação" e rifadas de bola na primeira situação problema que aconteça (pressão do atacante). Me parece que há uma ideia de que, se o menino é habilidoso, tem que jogar mais adiantado e se, for mais "robusto" ou "truculento" tem que jogar mais recuado. Para chutar a bola o mais longe possível no tiro de meta, intimidar os atacantes adversários com força ou apenas afastar o perigo da área.
 
Os zagueiros são peças fundamentais na Organização Ofensiva de uma equipe, por que, além de possuírem capacidades táticas como: sentido de cobertura, posicionamento e domínio do espaço, entre outras. É preciso ter também, noção de que o ataque começa após uma ação defensiva sua. Pergunto, em qual área do campo acontece o maior número de bolas recuperadas em uma partida de futebol?
 
No Setor de Meio Defensivo (SMD) e no Setor de Transição Ofensiva (STO). Que respectivamente são, linhas imaginárias no campo de jogo logo após a linha de meio-campo e o setor à frente da área penal. Na final de ontem da UCL o campeão FC Bayern München no 1º tempo da partida recuperou 22 bolas nestes setores do campo. Sendo 14 no Setor de Transição Ofensiva e 8 no Setor de Meio Defensivo (áreas ocupadas pelos zagueiros em equipes que jogam compactas). Total no 1º tempo de 32 bolas recuperadas. Onde, 6 foram recuperadas no Setor de Meio Ofensivo e 4 no Setor Defensivo (dentro da área penal). Por isso, os zagueiros tem que saber da sua importância para a Organização Ofensiva da equipe, pois, se eles souberem que a partir de ação inicial sua, pode ser construída uma chance de gol e/ou acontecer o gol, temos que enaltecer também os jogadores que iniciaram a jogada. Essa é a importância da formação, mostrar a real importância do coletivo.
 
No entanto, se o zagueiro só dá chutão, dificilmente esses dados apresentados terão importância. E os gols continuarão sendo obras divinas dos deuses ou única e exclusivamente dos atacantes habilidosos. Pois, a maioria sempre observa o final da jogada!