Atualmente o jogo/treinamento de futebol vem sendo dissecado e essas informações estão disponíveis das mais variadas formas, sejam por publicações científicas, divulgações em programas esportivos, entre outros canais.
No futebol
mundial, os jogadores podem correr em média 10,8 Km com
distâncias em alta velocidade chegando em até
24 sprints altamente intensos e mais de 20 cabeceios e contatos em todo o
período do jogo (aproximadamente 100 minutos).
Fica claro que, a partir de dados de jogos/treinos, que os
atletas são exigidos com uma alta capacidade de metabolismo aeróbico, além da capacidade
de gerar forças significativas estática e dinamicamente em um jogo para
produzir altas velocidades de corrida e acelerações/desacelerações frequentes. Esses atletas
precisam absorver e transmitir ações envolvendo o contato corporal de várias
forças-g.
O treinamento concorrente pode ser definido como o treinamento específico das capacidades de resistência e força em sucessão imediata ou com até 24 horas de recuperação separando os dois modos de exercício. No desenvolvimento do potencial atlético em todos os esportes, unidades de treinamento são construídas e periodizadas para treinar os componentes funcionais críticos para o sucesso esportivo. O tempo de treinamento é uma mercadoria finita; por isso, os preparadores físicos treinam múltiplas capacidades em blocos para maximizar a resposta a este estímulo de treino. Ao treinar concorrentemente tanto as capacidades de resistência quanto de força, pode ocorrer interferência quando o desenvolvimento da outra capacidade comparada ao treinamento de qualquer uma das capacidades de forma independente e isolada.
A pesquisa sobre os efeitos do treinamento concorrente em indivíduos de elite e treinados é mais ponderada para demonstrar um efeito de interferência. Parece que em indivíduos bem treinados, o treinamento concorrente interfere no desenvolvimento de força e potência.
- O treinamento concorrente afeta a taxa de desenvolvimento de força ou potência de forma mais significativa do que de força absoluta;
- Grandes volumes de treinamento de resistência, em termos de intensidade e frequência, têm o maior impacto no desenvolvimento de força no treinamento concorrente;
- A resistência é apenas minimamente afetada pela introdução do treinamento de força concorrente (STEWART, 2014).
Destarte, podemos afirmar então que, para aquele grupo de jogadores que participam mais das partidas (Grupo 1) a participação nos jogos já os condiciona no requisito resistência e a força e potência diminuem (haja vista que um dos mais utilizados testes de fadiga pós-jogo é o Counter Movement Jump [CMJ]). Dito isso, o foco deve ser no treinamento de força e potência. Para aqueles jogadores relacionados para as partidas, mas que, não vem atuando tanto (Grupo 2) precisam de um trabalho para mantê-los condicionados e aptos para quando forem participar das partidas. Um treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) pode ser uma solução. Já para aquele grupo de jogadores que apenas treina (Grupo 3) e não é relacionado para os jogos, um trabalho extra se torna necessário para que estes fiquem em nível de condicionamento próximos dos seus colegas de trabalho.
Com base nesses relatos, se faz necessário olhar mais para os treinos de força e potência em jogadores de futebol como uma forma de aprimorar aquilo que eles já fazem muito bem (sendo que, estes tenham um bom desempenho na resistência). Pois o jogo de futebol atual exige muito dessa capacidade física dos seus participantes. Com a quantidade grande de jogos por temporada (no Brasil um time de elite faz em média 69 partidas), não é mais segredo para ninguém que, o treinamento de força pode reduzir o risco de lesão na maioria dos esportes, levando em consideração que indivíduos fatigados correm mais risco de sofrer uma lesão.
Boa semana!
Referências
STEWART, Glenn. Minimising the Interference Effect. in: JOYCE, David; LEWINDON, Daniel (editors). High-Performance Training for Sports. Human Kinetics, 2014 p. 269-276.
KENNEY, Larry W.; WILMORE, Jack H.; COSTILL, David L. Fisiologia do Exercício. Barueri, SP. Manole, 2013.