"A totalidade da ciência não é mais que um refinamento do pensamento cotidiano."
Albert Einstein, 1950
Estamos observando uma crescente tendência do treinamento de futebol deixar o aporte metodológico baseado no cartesianismo e buscar auxílio nas ciências com cunho sistêmico (complexidade).
Assuntos como, complexidade e preparação física ainda precisam ser melhor discutidos e compreendidos no âmbito do futebol nacional. Pois, em muitos casos (âmbito acadêmico e trabalhos práticos), ainda estamos pensando a preparação física descontextualizada do Modelo de Jogo Adotado e/ou Construído para a equipe. O que quero dizer com isto? Que temos que introduzir o conceito da condição física da equipe, que é diferente da soma das capacidades físicas dos jogadores que formam à equipe. As ciências da complexidade proporcionam uma versão mais aproximada a realidade do ser humano dentre as demais formas de explicação que se tem utilizado nos últimos tempos. Para Prigogine (1979) temos que entender este novo paradigma como uma "Estrutura Disipativa", organização que interage com outros seres vivos, porque graças há conformação do ser humano, adquire uma diferenciada complexidade de dispor estes em sistemas e subsistemas específicos que lhe proporcionam uma funcionalidade só por ele aumentada. Partindo destas premissas, as intervenções do ser humano durante os jogos e os treinamentos, são entendidas não como ações, mas se transformam em interações, pois tanto o meio como o jogador se modificam durante e depois de cada intercâmbio específico.
Tradicionalmente na preparação física no futebol se tem incluído as magnitudes ou capacidades de força, velocidade e resistência, nomenclaturas que pertencem a física clássica, onde força e a velocidade se contemplam como magnitudes mecânicas, entretanto, curiosamente a resistência poderíamos dizer que é uma magnitude biológica. Como entendemos isso? Porque a força no ser humano é gerada por ele mesmo, com seus músculos transformando sua energia bioquímica em energia mecânica, permitindo-lhe mover seus segmentos do corpo e realizar trocas com o meio através de distintas formas e dimensões, entre elas, movimentos com velocidade e resistência, segundo se comporta a força na duração da tarefa com o tempo. Quanto a velocidade, podemos elucidar outro exemplo, como processo de interação entre o jogador e o meio onde se estabelecem interações Espaço-Tempo-Tarefa para obter um objetivo nos entornos variáveis do jogo que para a sua resolução necessitam de sistemas e subsistemas pertencentes as Estruturas Cognitivas, Emotivo-Volitiva, Coordenativa e Bioenergética de forma preferencial.
Destarte, como posso trabalhar apenas acelerações dos jogadores, sem levar em conta os entornos do jogo e achar que estou fazendo um bom trabalho de preparação física?
Destarte, como posso trabalhar apenas acelerações dos jogadores, sem levar em conta os entornos do jogo e achar que estou fazendo um bom trabalho de preparação física?