Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

FORMAÇÃO: A INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA FORMAL NA LÓGICA INTERNA DO JOGO


Mais um ano se inicia e a discussão sobre a forma como acontece a Formação no futebol nacional continua. Vejo algumas ações esparsas de discussões mais relevantes sobre o tema, alguns poucos grupos de estudos, poucos clubes começando a entender que existem novas metodologias de trabalho referente ao futebol. Mas, o formato das competições e formas de treinamento ainda utilizam apenas a estrutura formal do futebol de 11.

O que quero dizer com isso, a estrutura formal ou lógica externa, definida por características externas comuns a todos os esportes coletivos: como bola; espaço; tempo; adversários; companheiros; objetivos e regulamento.

Com idade cada vez mais precoce, observamos a introdução das crianças e adolescentes no jogo de futebol sempre respeitando a estrutura formal do jogo de futebol, principalmente nas competições. A bola de tamanho adulto, espaço de jogo igual ao dos profissionais e o regulamento segue os mesmos critérios (inclusive a regra 11). 

Destarte, se apenas observamos a influência da estrutura formal na lógica interna do jogo, por exemplo, o centro do jogo, isso fica mais claro. Podemos definir como centro do jogo aquela situação em que se encontram jogadores que estão em disposição de intervir de maneira iminente sobre a bola, e o fora do centro de jogo seriam todos aqueles jogadores que não tem uma possibilidade de intervenção imediata sobre a bola. 

 Legenda: ACB= Atacante com Bola; DACB= Defensor do Atacante com Bola; ASB= Atacante sem Bola; DASB= Defensor do Atacante sem Bola; DSB= Defensor sem Bola. 

Com base no centro do jogo, podemos inferir sobre as possíveis modificações das competições e/ou no formato de treinamento. Levando em consideração as mudanças nas diferentes modalidades de futebol, futebol de 5, futebol de 7 e futebol de 11, implicarão mudanças na estrutura funcional, e como tal, podem e devem adaptar as características evolutivas sobre as idades determinadas.

Quanto à questão de funções em uma equipe, partindo da questão do centro do jogo:
  •  Futebol de 5: Atacante com Bola no centro do jogo; Atacante sem Bola no centro do jogo; Defensor sem Bola no centro do jogo. 
  • Futebol de 7: Atacante com Bola no centro do jogo; Atacante sem Bola no centro do jogo; Atacante com Bola do centro do jogo equilíbrio; Defensor no centro do jogo; Defensor sem Bola no centro do jogo equilíbrio.
  • Futebol de 11: Atacante com Bola no centro do jogo; Atacante sem Bola no centro do jogo; Atacante sem bola fora do centro do jogo; Defensor no centro do jogo; Defensor sem Bola no centro do jogo; Defensor fora do centro do jogo. 

O grande número de jogadores que apresenta a modalidade de futebol de 11 dificulta a comunicação motriz entre os distintos jogadores, entretanto, a redução sem empobrecimento do número de jogadores facilita que todos os jogadores possam estabelecer essa comunicação motriz e também motivar a prática de treinamentos e competições em idades precoces. Mas, isso é apenas uma pequena amostra da complexidade dessa modalidade. 




 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

JOGO FRACTAL PARA GERAR VANTAGENS A PARTIR DOS CENTRAIS


Conteúdo: Gerar vantagens a partir dos zagueiros centrais. Procurar jogadores livres de oposição durante a progressão da bola. Reconhecer o jogador livre de oposição.

Descrição 

Número de Jogadores 17 (6:6 + 5 curingas)

Jogo Fractal 6 vs 6 + 5 curingas distribuídos como no campograma acima. Objetivo, chegar permanentemente ao setor contrário. Os defensores devem defender unicamente no seu setor demarcado. Tarefa indicada para começar a familiarizar-se com as possibilidades de avançar no campo criando vantagens desde a linha de defesa.   

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

COMPLEXIDADE, PREPARAÇÃO FÍSICA E FUTEBOL


"A totalidade da ciência não é mais que um refinamento do pensamento cotidiano."
Albert Einstein, 1950


Estamos observando uma crescente tendência do treinamento de futebol deixar o aporte metodológico baseado no cartesianismo e buscar auxílio nas ciências com cunho sistêmico (complexidade).

Assuntos como, complexidade e preparação física ainda precisam ser melhor discutidos e compreendidos no âmbito do futebol nacional. Pois, em muitos casos (âmbito acadêmico e trabalhos práticos), ainda estamos pensando a preparação física descontextualizada do Modelo de Jogo Adotado e/ou Construído para a equipe.  O que quero dizer com isto? Que temos que introduzir o conceito da condição física da equipe, que é diferente da soma das capacidades físicas dos jogadores que formam à equipe. As ciências da complexidade proporcionam uma versão mais aproximada a realidade do ser humano dentre as demais formas de explicação que se tem utilizado nos últimos tempos. Para Prigogine (1979) temos que entender este novo paradigma como uma "Estrutura Disipativa", organização que interage com outros seres vivos, porque graças há conformação do ser humano, adquire uma diferenciada complexidade de dispor estes em sistemas e subsistemas específicos que lhe proporcionam uma funcionalidade só por ele aumentada. Partindo destas premissas, as intervenções do ser humano durante os jogos e os treinamentos, são entendidas não como ações, mas se transformam em interações, pois tanto o meio como o jogador se modificam durante e depois de cada intercâmbio específico.

Tradicionalmente na preparação física no futebol se tem incluído as magnitudes ou capacidades de força, velocidade e resistência, nomenclaturas que pertencem a física clássica, onde força e a velocidade se contemplam como magnitudes mecânicas, entretanto, curiosamente a resistência poderíamos dizer que é uma magnitude biológica. Como entendemos isso? Porque a força no ser humano é gerada por ele mesmo, com seus músculos transformando sua energia bioquímica em energia mecânica, permitindo-lhe mover seus segmentos do corpo e realizar trocas com o meio através de distintas formas e dimensões, entre elas, movimentos com velocidade e resistência, segundo se comporta a força na duração da tarefa com o tempo. Quanto a velocidade, podemos elucidar outro exemplo, como processo de interação entre o jogador e o meio onde se estabelecem interações Espaço-Tempo-Tarefa para obter um objetivo nos entornos variáveis do jogo que para a sua resolução necessitam de sistemas e subsistemas pertencentes as Estruturas Cognitivas, Emotivo-Volitiva, Coordenativa e Bioenergética de forma preferencial.

Destarte, como posso trabalhar apenas acelerações dos jogadores, sem levar em conta os entornos do jogo e achar que estou fazendo um bom trabalho de preparação física? 

sábado, 12 de julho de 2014

O QUE OS 7 X 1 NOS MOSTRAM



Agora fica fácil dizer que o futebol brasileiro está ultrapassado. Que a culpa é das categorias de formação que estão sendo dirigidas por "treinadores da faculdade" que não sabem dominar uma bola. Mas, o que me deixa intrigado é a gestão do nosso futebol. Qual é a função da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e suas afiliadas?

A entidade máxima do nosso futebol não tem um calendário apropriado para as categorias de formação do nosso país; lembrando que o nosso país tem dimensões continentais, com vinte e sete federações estaduais de futebol e essas afiliadas a CBF, não se preocupam em oportunizar um curso de formação para treinadores (já que a faculdade não pode fazer isso). Sei que existe um curso de formação na Granja Comary promovido pela CBF (mas, para mim é muito pouco) para um país como já relatado, com dimensões continentais. Desta forma, a CBF em parceria com as federações estaduais poderia oportunizar um curso dentro de cada Estado da Federação para poder disseminar esse conhecimento sobre futebol para todos que não tem condições de frequentar esse curso da Granja Comary. Campeonatos abaixo do SUB 15 também inexistem com a chancela da CBF. Poderiam criar campeonatos por todo o país do SUB 14 para baixo adaptado como acontece na Europa (em formato de 7 vs 7; 5 vs 5).

Outra questão pertinente seria, cuidar melhor dos jovens jogadores que vão muito cedo para outros países jogarem futebol. Só nesta seleção temos dois exemplos disso: David Luiz e Hulk, que foram muito novos para a Europa e lá se tornaram jogadores profissionais (sendo assim, o mérito de formação é dos europeus e não dos clubes brasileiros). A CBF (no meu entendimento não tem controle de quantos jogadores em fase de formação deixam o país para ir a Europa em busca do sonho de ser jogador). 

Isto posto, temos que lembrar a revolução que ocorreu no futebol alemão foi atrelada à escola. Não existe formação de atleta (jogador de futebol) sem o auxílio da escola (ciência). Estive recentemente na Costa Rica e esse processo começa a ser adotado também neste país caribenho. Essa questão de ter sido jogador e ser estudioso sobre o futebol no Brasil deveria ser melhor aproveitada com uma junção de saberes. Sendo que, os dois lados tem muito a contribuir para o crescimento do futebol nacional.  

Quem sabe, esse processo um dia segue por essas terras de coronéis que continuam no poder e fazendo mal a muita gente, principalmente ao nosso futebol.  

sábado, 21 de junho de 2014

SERÁ MESMO O FIM DO TIKI-TAKA?


Nesta Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, muitos estão preconizando o fim de um estilo de jogo de futebol, o Tiki-Taka. Estilo que consagrou uma geração de jogadores espanhóis que foi duas vezes campeões europeus e uma vez mundial, sem contar os inúmeros títulos do FC Barcelona, clube que ajudou a popularizar (e por que não, causar uma certa antipatia para com os espanhóis). 

Destarte, com a transferência de Pep Guardiola para FC Bayern München (o treinador que melhor colocou este estilo de jogo na prática) pode-se observar uma transferência desse estilo de jogo para o clube alemão e por que não, podemos dizer para a seleção alemã. Assistindo aos jogos da Alemanha neste mundial, identificamos uma equipe alemã que prioriza a posse e manutenção da bola em todos os momentos do jogo. Trocando passes pacientemente para tentar desorganizar a defesa adversária e no momento da perda da posse da bola (transição defensiva) os jogadores tentam recuperar a posse da bola no mesmo setor da perda. Lembrando que, este princípio era o grande diferencial do FC Barcelona de Guardiola. 

Sendo assim, acreditamos que não será o fim do tiki-taka, apenas esteja acontecendo um declínio nas equipes espanholas (Seleção e FC Barcelona) e uma transferência para o FC Bayern München e a Seleção da Alemanha (que não joga mais com um centro-avante de referência), opta pela movimentação de seus jogadores e troca de passes rápidos e penetrações.

Enfim, o legado do tiki-taka continua... ou não? 

  

domingo, 1 de junho de 2014

ESTÉTICA DE JOGO E A MIOPIA SOBRE SEUS MOMENTOS


Todos vamos concordar que a estética do jogo de futebol sempre é observada e enaltecida no momento ofensivo (ataque). Mas, será que os outros momentos do jogo não possuem estética? Muitas discussões acaloradas acontecem sobre a forma de se jogar no futebol. Lembrando que não existe apenas uma, mas, muitas formas de se jogar futebol ou vários "futebois". 

Estamos a onze dias do início da Copa do Mundo de Futebol e não podemos achar que todas as trinta e duas seleções participantes vão jogar em posse de bola e ataque posicional. Muitas irão jogar com bloco defensivo baixo e explorando os espaços deixados nas costas da última linha das equipes que jogarão em posse de bola (contra-ataque). Será que o jogo de futebol apresentado dessa maneira não tem estética? Somos impelidos em achar que o jogo ofensivo tem uma estética maior que se sobressai
 sobre os outros momentos do jogo. Ou melhor, temos uma miopia sobre os outros momentos do jogo (organização defensiva, transição ofensiva e transição defensiva). Não conseguimos olhar o jogo dentro da inteireza inquebrantável que ele necessita. Observamos meio jogo, ou pior, menos que isso. Por isso só achamos que o jogar no ataque é belo.

O jogo de futebol é muito mais do que só atacar (ter a bola). E muita equipes entendem a sua realidade e buscam outras formas de jogar, que para muitos não tem estética. Mas, a transição defensiva (o perder a bola voltar a defender) e a organização defensiva (defesa organizada) tem muito de estética, tanto quanto o momento ofensivo. 

Destarte, os momentos do jogo não podem ser tratados de um modo estanque, consequentemente a estética do jogo não pode ser apenas afirmada no momento ofensivo. E os óculos da complexidade nos ajudam a reduzir essa miopia.  

sábado, 5 de abril de 2014

JOGO FRACTAL CONCEITUAL PARA O FALSO 9

Princípio: Construção de situações de Ataque;

Subprincípio: Progressão com superação de linhas defensivas;

Complexidade: 3 (média alta)

Objetivo: Desorganização da defesa adversária através de movimentações constantes dos atacantes;

Tempo: 5 X 6'

Adaptação Biológica: Resistência Específica

Materiais: Discos, Coletes e Bolas

Descrição

Número de jogadores 12 (6 : 6)

Jogo fractal conceitual 6 : 6 onde, o atacante centralizado tem a função de se movimentar e procurar jogar a frente do zagueiro e nas costas do meia (jogo entre linhas) para causar um desequilíbrio na defesa adversária e dessa forma, deixando um espaço para ser ocupado pelo atacante de lado do campo (ponta e/ou extremo). A equipe marca ponto quando algum jogador receber a bola (penetração) no espaço longitudinal do campo.