O processo de preparação das equipes no Futebol envolve um conjunto de procedimentos e decisões que resulta da forma como se vê o jogo e o treinamento.
Em conseqüência disso, Filipe Martins (2003) in Gomes (2006), identificou a existência de várias tendências de treino: a originária do Leste Europeu (LE), a originária dos países do Norte da Europa e América do Norte (NE), a originária dos países Latino-Americanos (TI) e por último, uma “tendência” denominada de Periodização Tática.
A primeira tendência, oriunda dos países do Leste da Europa, caracteriza-se pela divisão da época desportiva em períodos, estruturados para atingir “picos de forma” em determinados momentos competitivos. Para, além disso, este modelo de preparação confere primazia à variável física, assente numa preparação geral e sem qualquer ligação com a forma de jogar. Deste modo, preconiza um processo abstrato centrado nos fatores da carga física, através de métodos analíticos.
A segunda tendência de treino, com origem nos países do Norte da Europa e América do Norte (NE), tentou transcender o caráter universal da primeira tendência, dando grande importância ao desenvolvimento das capacidades físicas exigidas na competição, definindo-as de específicas. A partir daqui, exacerbou-se a avaliação das cargas através dos testes físicos procurando conhecer assim, a forma dos jogadores. Para, além disso, esta tendência de treino caracteriza-se por desenvolver a variável física, técnica e psicológica em separado.
Contrariando este caráter analítico, surge nos países Latino-Americanos uma tendência designada de “Treino Integrado” onde os aspectos físicos, técnicos e táticos são desenvolvidos conjuntamente. Deste modo, procura promover uma maior semelhança com as exigências da competição conferindo uma grande importância ao Jogo e à sua especificidade. Contudo, esta concepção não deixa de ser abstrata uma vez que se refere a um Jogo geral a partir do qual se faz a estruturação do processo de treino.
A denominada Periodização Tática é uma concepção de treino e competição para o futebol que tem sido preconizada pelo professor Vítor Frade. A Periodização Tática é uma Metodologia de Treinamento que surge há mais de trinta anos na cabeça do professor Vítor Frade quando, através de experiências que lhe ocorreram, começa a questionar as metodologias de treinamento existentes até o momento.
O professor Paco Seirul-lo (Preparador Físico do FC Barcelona) relata que durante trinta da sua vida tem procurado incessantemente o que poderíamos chamar uma nova, ou ao menos diferente, teoria de treinamento, que explique, descreva e conforme, o treinamento específico para os desportos chamados de equipe, e que fora realmente distinto da Teoria Geral do Treinemento. Durante este tempo, de elaboração e aplicação de modelos preconizados pela Teoria Geral do Treinamento, temos identificado múltiplos conflitos para sua completa utilização no treinamento dos desportos de equipe, o que nos tem proporcionado conformar um Teoria Especial. Para isso, nos temos nos apoiado das ciências que tratam de aumentar o acervo de conhecimentos sobre a complexidade do ser humano que obteve um aumento no último terço do século passado.
Estes conhecimentos, nos tem levado a concluir que as chamadas "ciências da complexidade" apoiam os utensílios científicos suficientemente válidos para intervir na compreensão de todo tipo de acontecimentos que aparecem na prática dos desportos de equipe.
Graças a eles, podemos obter certas premissas aplicáveis ao estudo e implantação de métodos de treinamento que proporcionem conhecimento e níveis ótimos na prática dos desportos de equipe.
Essas premissas se concentram em:
O paradigma clássico não é válido para identificar as estruturas interativas dos jogos que por seu dinamismo só podem ser identificados pelo paradigma da complexidade;
Ainda que possamos construir uma teoria especial para todos os desportos de equipe, cada desporto deve propor e desenvolver elementos específicos dentro deste âmbito, pois estas devem ser ajustadas e compatíveis com a especificidade com que cada regulamento permite desenvolver o jogo;
Para o estudo de todos os desportos de equipe, temos que centramos na pessoa do desportista, em como aqueles critérios específicos de seu desporto comprometem a sua natureza humana, ou que, sem dúvida, nos coloca a necessidade de elaborar conhecimento sobre o desportista tanto ou mais que no desporto que ele prática;
Sendo assim, qualquer meio ou sistema específico de treinamento deve se ajustar as condições de complexidade implicítas na informação e interações que vão aparecendo durante a competição, entre os jogadores, o meio e o objetivo utilizados na prática. Qualquer dos meios e tecnologia de avaliação de rendimento, tem que focar nos aspectos qualitativos específicos, e não nos quantitativos, que são próprios da Teoria Geral, sem esquecer nunca o cárater particular e eventual dessas informações.
Temos que ter a preocupação de propor metodologias guias para a planificação do treinamento, que atendam as necessidades da competição, tanto como a preservação da vida desportiva dos jogadores.
Com estas premissas, desenvolveremos as condições de compreensão e treinamento de todos os desportos de equipe, e, em especial, do futebol, que é um desporto que necessita de um "jogo perfeito". Podemos colocar este rótulo nas suas condições de prática e nível motor complexo informativo, o que compromete a totalidade das estruturas conformadoras do ser humano, é necessária co-evolução sistêmicas e sub-sistêmicas hierarquizadas por critérios espaço-temporais específicos do jogo de futebol.
A metodologia de treinamento empregada para o futebol, deve-se valer da organização de jogo da equipe, e esta organização, é a Inteireza Inquebrantável, em que o todo seja superior à soma das partes quando estas são consideradas isoladas umas das outras.
Referências
CANO, Óscar. El modelo de juego del FC Barcelona. MCsports, 2004.
GOMES, Marisa S. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés Dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica – um Estudo de Caso. Dissertação de Licenciatura na FCDEF, 2006.