Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O IMPORTANTE É O SER HUMANO QUE PRATICA O FUTEBOL


O Treinamento Estruturado tem como cerne as teoria que tratam os mais recentes conhecimentos sobre o que é o ser humano e as funções dos seres vivos, teorias dos sistemas e as teorias ecológicas. 

Destarte, sua finalidade é a auto-modelação do futebolista, quer dizer, centrar-se no próprio indivíduo, que tem que treinar seus próprios recursos e otimizar as potencialidades que possuem.

Por exemplo, observamos que muitos de nós (eu me incluo nisto) pensamos que o modelo de jogo e o modelo de treino que desenvolve o treinador é uma justificativa para dizer que "o treinador tem um bom modelo de jogo, uma determinada forma de treinar ...", e na verdade isto não é bem assim, estamos nos preocupando muito em que o treinador evolua (eles estão evoluindo, procurando se aperfeiçoar), mas a questão central não é essa, quem tem que evoluir é o jogador, não o treinador (SEIRUL-LO, 2002).

O treinador graças ao seu conhecimento de causa ajuda o jogador a evoluir. Através desse intercâmbio que acontece no treinamento, que serve para fazer progredir tanto o treinador como o jogador, mais principalmente o jogador, desta forma o treinador deve buscar: a constante aquisição de novos conhecimentos do jogador sobre o jogo, o treinamento e sobre ele mesmo. O treinador tem isso bem claro na sua ideia de jogo, mas não pode realizar. Por isso, o jogador é quem tem que conhecê-lo para realiza-lo (SEIRUL-LO, 2002). 

Desta forma, os exercícios da teoria convencional não nos servem, pois se desenvolvem de forma analítica e sequencial no progresso de treinamento. O que temos que fazer é construir exercícios (jogos fractais) novos, diferentes que proporcionem essa interação dinâmica e sejam consistentes, já que os exercícios analíticos fundamentados em outras teorias não conseguem.

Por isso, o importante é o  ser humano que pratica o futebol, porque é partir dele que construímos esses sistemas, a partir de uma determinada situação de jogo, necessita realizar uma tarefa motriz em um determinado lugar do espaço e durante um determinado tempo. E nesta atividade motriz espaço-temporal se relaciona ou estabelece interações com objetos (bola), com os companheiros e os oponentes.  

                                  Fig. 1: Treinamento Estruturado
                                        Fonte: Seirul-lo, 2002. 

Destarte, o ser humano é assim interpretado, pois, uma das propriedades sobressalentes dos seres vivos é construir estruturas multiníveis de sistemas dentro de sistemas. 

Por fim, o ser humano sendo  entendido desse modo, podemos construir novos elementos e situações de treinamento que produzam interações entre as estruturas multiníveis dos distintos sistemas que constituem o ser humano. O Treinamento Estruturado desencadeia portanto uma necessidade de treinamento não hierarquizado, só priorizado, outro conceito que devemos levar em conta. O treinamento priorizado supõe que, uma determinada situação de treinamento têm que acontecer com todos os elementos da estruturas implicadas (Estrutura Condicional; Estrutura Coordenativa; Estrutura Sócio-Afetiva; Estrutura Emotivo-Volitiva; Estrutura Criativo-Expressiva; Estrutura Mental-Cognitiva) e priorizar um elemento que permita atenção especial (uma  prioridade) dentro daquelas determinadas situações. Isto que provoca a concepção do ser humano ser o mais importante nesta metodologia (SEIRUL-LO, 2002).   

Referência

SEIRUL-LO, F. V. La preparación física en deportes de equipo: Entrenamiento Estructurado. Valência Junio de 2002.  Jornada sobre Rendimiento Deportivo

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

TREINAMENTO ESTRUTURADO O TREINAMENTO PARA O SÉCULO XXI


Estamos chegando ao final de mais um ano de estudos e situações práticas no futebol. Não é novidade que, os esportes coletivos em muitos casos, se apoiam e utilizam metodologias de trabalho oriundas dos esportes individuais, atletismo por exemplo. Apesar de ser muito apregoado por inúmeros profissionais do futebol que isso é um equivoco. Mas, quando observamos trabalhos de aquecimentos antes das partidas e treinamentos de muitas equipes pelo país a fora não consigo dissociar este método do individual para o coletivo.

Segundo Maturana e Varela (1995), quando nos referimos a aprendizagem "não nascemos nem amando e nem odiando ninguém em particular." E isso, pode ser transferido para as metodologias de treinamento em futebol.

Hipoteticamente vamos nos ater aos trabalhos destinados para desenvolver velocidade. Como se treina a velocidade no atletismo? Saída baixa, alta, de costas, etc; sempre com um estímulo sonoro (palma, silvo) percorrendo determinada distância; logo realizando a técnica específica da prova de 100 metros livre.  E como se treina velocidade no futebol? Realmente o  que estamos treinando são elementos coordenativos específicos do atletismo. Destarte, saída parado após um estímulo sonoro (palma e/ou silvo), para percorrer determinada distância em linha reta ou com mudanças de direção. Mas, quando transferimos essa situação para a realidade do jogo, em nenhum momento um jogador que sai em contra-ataque no futebol espera que seu treinador dê uma palma ou lhe diga "aos seus lugares, pronto ... já" para iniciar o contra-ataque. Ao contrário, o jogador deve, analisar a situação, perceber o que acontece, onde está bola, os adversários, relacionar com o que o treinador propôs para aquela situação nos treinamento, quer dizer, levar em conta um grande número de variáveis.

Por pensar dessa forma, o treinador Francisco Seirul-lo Vargas (preparador físico do FC Barcelona) juntamente com um grupo de professores do INEF de Barcelona, desenvolveu e aplicou na prática o Treinamento Estruturado. O início ocorreu no Handebol do clube catalão, posteriormente foi implantado nas canteras do FC Barcelona para posteriormente chegar a equipe principal. O método consiste em pequenos ciclos de treinamento, de três a cinco dias, dedicados ao trabalho de alguma capacidade física: força de resistência, força elástica, força explosiva, dependendo da necessidade do jogador e do momento da temporada. Sempre utilizando a bola, o treinamento simula as condições técnico-táticas da próxima partida. Sempre em consonância com os princípios de jogo do treinador.

Temos que lembrar o seguinte, a aprendizagem não acontece pela repetição das mesmas situações mas por sequências de situações que provoquem o desenvolvimento dos processos de interação entre os sistemas. E se,  o jogo é tratado como um sistema dinâmico aberto, precisamos trata-lo como tal.

 
Figura 1. Representação esquemática das condicionantes do processo de tomada de decisão do esportista devido a sua interação com o entorno.
                                        
                                                            Fonte: Adaptado de Araújo, 2005. 

Destarte, o Treinamento Estruturado nos mostra que, ao contrário do que muitos pensam, o treinamento não pode ser controlado, ele não evolui desde uma comparação com modelos externos ao sujeito (jogador), mas que temos que evoluir no próprio nível de uma auto-organização (autopoiese), temos que ver como cada um vai se construindo, através de como o jogador é  capaz de interpretar suas atuações em qualquer episódio da prática desportiva do futebol e desde qualquer perspectiva do esporte que pratica (SEIRUL-LO, 2002). 

Se isto for compreendido, o problema do desnível maturacional nas categorias de base pode ser melhor equacionado.

Referências

ARAÚJO, D. O Contexto da decisão, a acção táctica no desporto. Editorial visão e contextos, 2005.

MATURANA, H. e VARELA, F. G. A árvore do conhecimento. As bases biológicas do conhecimento humano. Editorial Psy II: Campinas,  SP, 1995. 

SEIRUL-LO, F. V. La preparación física en deportes de equipo: Entrenamiento Estructurado. Valência Junio de 2002.  Jornada sobre Rendimiento Deportivo.