Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

domingo, 22 de novembro de 2015

FORMAÇÃO E O MODELO DE JOGO DO CLUBE


Hoje no cenário futebolístico nacional percebo que uma palavra está na moda, Modelo de Jogo. Mas, o que vem a ser isto?
 "O Modelo de Jogo é o que acontece como padronização durante o jogar regular de uma equipe e o identifica, sendo sempre possível uma evolução qualitativa."
                                                                                       Vítor Frade, 2013

Isto significa dizer que, dentro de um planejamento adotado os treinamentos serão montados de tal forma que todos os jogadores da equipe irão se comportar dentro de uma mesma ótica, ou seja, com o intuito de cumprir um objetivo comum nos diferentes momentos do jogo (Organização Ofensiva - Transição Defensiva - Organização Defensiva - Transição Ofensiva). Desta forma, o Modelo  de Jogo nada mais é do que a definição de quais são esses objetivos, ou melhor, qual é a conduta esperada pela equipe nos diferentes momentos de modo que, todos os treinamentos estarão voltados para o alcance desses objetivos (TAMARIT, 2007).

Fica claro que o Modelo de Jogo não é algo natural, mas, que é algo que se constrói. Por ser algo que se constrói, eu penso que cada clube deveria construir o seu Modelo de Jogo para ser colocado em prática nas suas categorias de formação e desta forma conseguir chegar até a equipe principal. Para que no  momento oportuno os jogadores oriundos das categorias de formação possam jogar na equipe principal sem precisar se acostumar com a Ideia de Jogo do Treinador. O ideal seria que, o clube conhecesse a ideia de jogo do treinador para poder contrata-lo.

Para o clube criar o seu Modelo de Jogo é preciso definir: Como Atacar? Ser dominador da bola e dominador do espaço; Como Defender? Com as linhas muito próximas; Como Transitar entre esses dois momentos? Pressão sobre o homem da bola em todas as partes do campo, domínio e passe, resistência para correr o jogo todo. Com isso, as categorias de formação já começam a ter uma identidade com o Modelo de Jogo que o clube pretende implantar e assim, facilita a promoção dos jogadores pelas categorias e também a incorporação de novos integrantes para as mesmas. E essa padronização vai acontecendo em níveis: Principiante (13 à 14 anos); Intermediário (15 à 16 anos) e Avançado (17 à 20 anos).

Destarte, para que isso seja concretizado o clube deve ter uma metodologia de trabalho unificada e baseada na abordagem sistêmica para que os jogadores cresçam e se desenvolvam com autonomia e liberdade, pois quem joga e exprime a Ideia de Jogo do treinador são os jogadores. Pois o Modelo de Jogo é tudo, é a Ideia de Jogo do treinador mais o contexto que o circunda.

Referência

TAMARIT, Xavier.  ¿Qué es la “Periodización Táctica"? Vivenciar el “juego” para condicionar el juego. Espanha: MCSports, 2007.


  


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

PRINCÍPIO HOLOGRAMÁTICO E O MODELO DE JOGO


"... é necessário perceber-se e saber lidar com a noção de "MicroMacro" e com o Princípio Hologramático. E isso passa por reconhecer que ao se exponenciar as partes sem perda de relação com o todo,  este último poderá aceder a níveis de complexidade continuadamente crescentes, claro  está, se a fractalidade for devidamente entendida e como  tal não nos levar à fatalidade."
                                                                                                 Jorge Maciel

Muitos têm preconizado que os clubes de futebol devem ter e/ou perspectivar um Modelo de Jogo para as suas equipes. Mas, poucos comentam sobre o princípio hologramático.

Para que possamos entender a importância do princípio hologramático para o Modelo de Jogo, precisamos definir este princípio. Diferentemente das imagens comuns fotográficas e de filmes, o holograma é projetado no  espaço e reconstitui-se, com extraordinária fidelidade. Como diz Pinson apud Morin (2012), cada ponto do objeto hologramado é memorizado pelo holograma inteiro, e cada ponto do holograma contém a presença da totalidade, ou quase, do objeto. Neste caso, o Modelo de Jogo Perspectivado. Assim, a redução dos jogos sem perda de complexidade (reduzir sem empobrecer) determina não jogos mutilados (sem objetivos e/ou jogos reduzidos), mas jogos fractais completos, com um tipo de organização em que, o todo está na parte que está no todo, e a parte poderia estar mais ou menos apta a regenerar o todo. 

A organização complexa do todo (Modelo de Jogo Perspectivado) necessita da inscrição (Jogos Fractais) que seria a forma de gravar e/ou criar hábitos nos comportamentos dos jogadores referente ao todo (Modelo de Jogo Perspectivado) em cada uma das partes (Momentos do Jogo) contudo singulares; destarte, a complexidade organizacional do todo necessita da complexidade das partes, a qual necessita retroativamente da complexidade organizacional do todo. Cada parte tem a sua singularidade, mas nem por isso representa puros elementos fragmentados do todo.

No universo vivo, o princípio hologramático é o princípio essencial das organizações policelulares, já no Modelo de Jogo Perspectivado, o princípio hologramático é o responsável pelas interações que ocorrem entre as regras - jogadores - entorno - esquemas motrizes nos jogos fractais. Todos se influenciando e interagindo no ambiente caótico de um sistema dinâmico complexo de causalidade não-linear que se joga na fronteira do caos e da ordem.  

Boa semana e bons treinos a todos!

Referência

MORIN, Edgar. O Método 3: o conhecimento do conhecimento. 4 ed. Porto Alegre: Sulina, 2012. 



 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

DUELO ENTRE OS DOMINADORES DA BOLA E OS DOMINADORES DO ESPAÇO

"O defender bem não pode estar separado do fazer bem a transição ataque-defesa, a qual, por sua vez, tem muito haver com o atacar bem."
José Mourinho
 
Muito se ouve falar atualmente em compactação e equipes que jogam com as suas linhas muito próximas. Mas, qual a importância desse conceito tático para uma equipe?

Com essa aproximação das suas linhas (defesa - meio - ataque) a equipe que está defendendo e/ou atacando dificulta as ações ofensivas/defensivas da equipe contrária.

Muitas pessoas ligadas ao futebol e adoradoras do futebol de posse de bola, pensam que a posse de bola é um fim em si mesmo. Eu prefiro trata-la como uma ferramenta, um instrumento. Pois se a minha equipe trabalhar a posse de bola sem a progressão no terreno, não teremos efetividade ofensiva, pois a equipe contrária realizará a recomposição e se tornará compacta impedindo e dificultando o nosso ataque. O importante não é ter a bola, nem passa-la várias vezes, mas realizar a posse de bola com uma intenção. Muitas vezes, essa intenção tem haver com a sua organização ofensiva (posicionamento) e paralelamente, desorganizar o adversário. Fazer ele correr atrás da bola e se desorganizar defensivamente. No caso de perder a posse da bola, teremos mais jogadores da nossa equipe próximo ao local da perda e consequentemente poucos da equipe contrária, desta forma, podemos impossibilitar uma transição da equipe contrária com efetividade.

Percebe-se a partir dessas colocações que, no futebol há basicamente duas propostas de propor o jogo de futebol: as que se organizam a partir da bola e as que o fazem a partir dos espaços. Para os que querem jogar a base da posse de bola, devem proteger as suas costas e gerenciar o atacante e um dos meias abertos (1-4-2-3-1) principalmente dessa plataforma de jogo que é muito utilizada pelas equipes que se proponham a jogar pelos espaços. Pois a equipe que se propõe a jogar a partir dos espaços, cede a bola a equipe rival e deixará um número reduzido de jogadores entre as linhas (defesa - meio). As equipes eficazes nesta forma de jogar, recuperam a posse da bola e a passam ao jogador situado na lateral do campo, que costuma ter uma boa técnica de passe, para que entregue a bola ao atacante com vantagem mais adiantado no terreno de jogo. Se executam bem estes movimentos, recuperação, passe e assistência, podem gerar uma facilidade no costado da zaga da equipe que  estava em posse da bola e adiantada no campo de jogo.

Quem conseguir o equilíbrio entre essas duas propostas de jogo poderá ter êxito? Aguardo as respostas dos leitores.

Boa semana a todos!  

1º CEFA SOCCER CAMP


Neste final de semana ocorreu o 1º CEFA Soccer Camp nas dependências do Centro Esportivo de Futebol Alternativo (CEFA) na cidade de Cascavel|Paraná|Brasil. Evento que oportunizou uma forma de ver, pensar e executar o treinamento de futebol um pouco diferente do usual em nosso país para crianças e adolescentes e treinadores.

Há convite do Professor/Treinador Claudio Roberto da Silveira, fui à Cascavel não com o intuito de ensinar futebol, mas, oportunizar uma nova situação para algumas pessoas de repensar a maneira como vem tratando o treinamento de futebol em razão dos comportamentos que os jogadores devem assumir no treino, para posteriormente torná-los hábitos durante as partidas.




Foram dois dias de trabalho única e exclusivamente com bola, em forma de jogos fractais para mudanças de comportamentos táticos ofensivos e defensivos bem como nas suas transições. Além da parte prática, tive dois momentos para explicar a prática com teoria, para embasar e justificar o por que de se treinar desta forma e não de uma outra forma.

O que fica após esse evento? Fica uma sensação e satisfação de estar no caminho certo, pois em conversas durante o evento, percebi o interesse dos treinadores e principalmente pelas crianças e adolescentes em fazer todos os jogos fractais. Treinadores que participaram do evento tivemos, além do estado  do Paraná, treinadores dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

 

  

Em suma: "O defender bem não  pode estar separado do fazer bem a transição ataque-defesa, o qual, por sua vez, tem muito haver com o atacar bem." 
                                                                                          José Mourinho.

No futebol pode-se até dizer que não se pode inventar mais nada, mas que, temos continuar nos aperfeiçoando, isso é fato!