Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

sábado, 16 de outubro de 2010

RELEVÂNCIA PRIMORDIAL DO TREINAMENTO NA FORMAÇÃO

"Um treinador de futebol que só sabe de futebol, é um péssimo treinador de futebol" (Autor desconhecido, citado por Mourinho, 2003).
Com base nessa citação, entro no assunto desse artigo semanal. Quando nos reportamos ao processo de operacionalização do treinamento, temos que ter em mente, quem é o responsável por isso? O cérebro. Pois segundo Caldas (1999, p. 132), quando o cérebro porcessa uma determinada informação, ativa sequencialmente, e em paralelo, um complexo arranjo de células nervosas ligadas entre si. Existe assim um componente temporal de sequenciação de entrada (INPUT) em atividades de operadores, e um componente espacial de ocupação topográfica que tem a ver com a localização desses operadores no cérebro. Podemos aceitar que quando um indivíduo se confronta duas vezes com uma situação idêntica, nas duas vezes ativará as mesmas estruturas, já que a ativação das células nervosas é um processo desencadeado pelas ocorrências do mundo exterior que podemos quase considerar um processo adaptativo automático. 

Entrando agora no campo da sociologia, (que fará parte no processo da minha Dissertação de Mestrado), preciso relatar Bourdieu, que diz o seguinte:
"(...) O habitus designa as capacidades inventivas e criativas dos atores sociais, um conjunto de disposições carregadas pelos atores na sua trajetória de vida, sendo também as estruturas estruturantes incorporadas pelos atores sociais em campo da vida social. É a capacidade do indivíduo atuar como agente da estrutura social, como criador e não apenas como simples reprodutor das estruturas dadas" (Bourdieu, 1996, p. 203-211).
Para que possamos melhor compreender essa noção de habitus no futebol, devemos entender o processo de formação de um jogador de futebol. Rodrigues (2002), bem o fez desta forma:
 "(...) a aprendizagem do jogador compreende um habitus, isto é, um capital com o qual ele joga, classifica e constrói realidades. Os jogadores levam a estrutura do clube a que pertence em suas trajetórias. Consciente ou inconscientemente, ele reproduz a maneira e o estilo de jogar do clube formador ou daquele no qual está atuando (...)" (Rodrigues, 2002, p. 28).
Percebemos assim, a importância da formação naquilo que deve ser o entendimento do JOGO na sua essência. O sucesso de escolas de formação como a do Ajax encaixa nesta lógica de estimulação precoce de uma ideia de jogo própria treinada desde bem cedo pois isso facilitará a sua evocação na idade adulta.

Desta forma, explica-se as dificuldades de adaptação de alguns jogadores quando são negociados. Essas dificuldades de adaptação podem ser causadas por diferenças culturais. Assim, o bom jogador no Brasil pode não ser na Inglaterra, porque pode demorar muito tempo para codificar em seu cérebro um estilo de jogo e fazer desaparecer o antigo que já estava enraizado.

Fica assim, evidenciada a relevância primordial do Treinamento na Formação que busca o que será o JOGAR de uma equipe. Pois será ele o responsável pelo sentido de familiaridade e reconhecimento que conduzem aos mesmos padrões de ativação que às decisões exigem durante uma partida de alto nível.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

CAMPANHA NA II COPA PAULO RINK


Chegou ao fim hoje pela manhã a II Copa Paulo Rink. Minhas equipes tiveram uma participação modesta no Sub-14 e Sub-12. Já o Sub-13 teve uma campanha impecável, onde realizaram seis partidas, tendo cinco vitórias:
Fase Classificatória
 Porto União 3 X 0 Fazenda Rio Grande
 Porto União 1 X 0 Cornélio Procópio
 Porto União 2 X 0 Ponta Grossa

Quartas de Final  
Porto União 1 X 0 São Paulo

Semi-Final
Porto União 2 X 0 Cornélio Procópio

E hoje pela manhã enfrentamos a equipe de Curitiba (categoria de base) na final e não suportamos o volume de jogo dos adversários, e, sucumbimos num fatídico, Porto União 0 X 4 Curitiba. Mas, como já relatei, enfrentamos à equipe da categoria de base Sub-13, lembrando que a minha equipe é uma Escola Oficial do Clube que treina duas vezes na semana. Assim, aproveito para agradecer a todas as equipes que participaram da competição, agradecer aos meus atletas, que se portaram dignamente e representaram muito bem o município. Agradeço ao Clube Atlético Paranaense pela iniciativa da realização de uma competição desse porte, desta forma o clube poderá ter muitos meninos bons de bola e formados como cidadãos.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

PRINCÍPIO DAS PROPENSÕES


Esse é um dos princípios utilizados por José Mourinho em sua metodologia de treinamento para o futebol. Pois, segundo este treinador, a ideia de que, para que haja adaptação é necessário aumentar as cargas, o volume e a intensidade, privilegiando um destes fatores, para que, em função de um mais ou menos demorado efeito retardado das cargas irem progredindo. É muito redutora e não tem nada que ver com a sua concepção de treinamento do futebol. É um bloqueio epistemológico.

Para entender verdadeiramente a metodologia de treinamento de Mourinho, é, necessária uma ruptura com a noção tradicional de carga. Através do princípio metodológico das propensões e partindo da premissa de que qualquer ação a ser realizada no treinamento, assenta-se sobre um determinado propósito tático relacionado com a nossa forma de jogar. 

Para Oliveira (2009) esse princípio é definido como a densidade de princípios, sub-princípios e sub dos subprincípios que se pretende treinar. O que isso significa? Consiste em fazer aparecer um grande número de vezes o que queremos que nossos jogadores adquiram, provocando assim a repetição sistemática. Por exemplo: se eu quero trabalhar a finalização, crio um exercício para que aconteça esse comportamento dez, vinte vezes, etc., durante a sessão de treinamento, até mais do que no jogo, e é isso que leva a maior facilitação em termos de assimilação. Pois, para Oliveira (2003) a repetição sistemática proporciona aos atletas uma efetiva compreensão de determinados princípios e padrões de jogo implementados pelo jogar da equipe. Enfim, trata-se de qualidade do que se pretende fazer e não só em quantidade.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

II COPA PAULO RINK


Terá início na sexta-feira dia 08 de outubro há segunda edição da Copa Paulo Rink de Futebol. Este ano, a competição será sediada nos munícipios de Porto União - SC e União da Vitória - PR. Esta é uma competição exclusiva das Escolas Oficiais do Clube Atlético Paranaense, que têm como principal objetivo realizar a integração entre as diversas Escolas do Clube por todo o país. E contará com a presença do próprio Paulo Rink, que empresta o seu nome à esse evento, por ter tido uma bela história no Clube. 

Já temos confirmadas às presenças de cidades importantes como:

Curitiba (que vem representando o Clube, inclusive com meninos que já disputaram esse ano um torneio internacional na França);

Ponta Grossa;

Cascavel;

Guarapuava;

Medianeira;

Porto Alegre;

São Paulo;

Cornélio Procópio;

Prudentópolis;

Fazenda Rio Grande;

Guaraniaçú;

Francisco Beltrão;

Tupãsi; (entre outras)

A minha sede (Porto União) estará participando nas categorias, Sub-12, Sub-13 e Sub-14. Lembrando que também haverá a categoria Sub-15. A organização é da Planeta Bola, experiente em organização de competições. Onde realiza a Copa Saudades, Adidas dentre outras.

Espero um evento de nivel alto e com bons modelos de jogo pra serem observados.

Sub-12                                                
Porto União                                 
Fazenda Rio Grande                                                
Porto Alegre
Ponta Grossa

Sub-13
Porto União
Fazenda Rio Grande
Ponta Grossa
Cornélio Procópio

Sub-14
Porto União
Francisco Beltrão
Ponta Grossa
Porto Alegre                            

sábado, 2 de outubro de 2010

JOGO PARA A CONSTRUÇÃO DE SAÍDA DE BOLA A PARTIR DA DEFESA


Princípio: Valorização da posse de bola e retirada do setor de pressão

Sub-Princípio: Mecanismos de Saída

Objetivo: Circulação da bola com o goleiro e pressing ofensivo

Tempos: 6 X 5'                                           Recuperação: 45"

Adaptação Biológica: Resistência Específica

Dimensões: 1/2 campo

Materiais: 3 balizas, discos, coletes e bolas

Descrição

Número de Jogadores 12 (5:4+3 goleiros)

Jogo situacional 5:4, onde o treinador lança uma bola entre o ataque e a defesa que está posicionada em uma linha alta do campo. O objetivo é sair jogando com o goleiro para escapar do pressing realizado pelos três atacantes e tentar fazer o gol em uma das duas balizas protegidas pelos goleiros na linha de meio campo. 

domingo, 26 de setembro de 2010

METODOLOGIA NA FORMAÇÃO DE JOGADORES


Concordo plenamente com Mourinho, quando este diz:
"Quando chego em um clube, tenho a preocupação de fazer chegar até ao Departamento de Formação não só o modelo de jogo, mas também o modelo de treinamento que quero implantar no clube, desde a base até a equipe principal..." (Mourinho, 2007 p. 149)

Lendo esta declaração me recordo de que José Mourinho foi auxiliar técnico de Louis Van Gaal, que é holandes. Todos nós gostamos do futebol apresentado pelo FC Barcelona, que também teve como mentor outro holandes Johann Cruyff, que iniciou este processo que estamos vendo os resultados agora. Que nada mais é que a Metodologia implantada na Formação dos jovens jogadores do Ajax da Holanda.

TIP'S, Técnica, Inteligência, Personalidade e Speed (Velocidade). Estes são os quatro elementos chave da Escola de Futebol do Ajax. Utilizando um modelo de trabalho uniforme desde os jogadores mais jovens até à sua equipe profissional. A sua filosofia de formação é encarrada por todos os intervenientes como uma forma de vida, de crescer e de todos se desenvolverem tanto a nível pessoal como profissional. O seu modelo de jogo é igual para todas as equipes. Todos os seus treinadores têm que estar preparados para trocar os seus próprios métodos por algo que se define como a cultura do clube, onde tudo está previamente definido e estabelecido.

Os principais objetivos dos treinadores da Escola do Ajax são:

  • O desenvolvimento da Inteligência Tática (IT) de cada jogador em função da posição que ocupa em campo; 

  • O desenvolvimento da capacidade Técnica de cada jogador.
As regras básicas da sua Escola passam pela explicação do que se faz e porque se faz, a todos os jogadores. Questioná-los com questões em cada situação treinada, fazê-los pensar, encontrando soluções, movimentos de forma  a que rapidamente saibam comportar-se perante todas as situações que um jogo de futebol pode trazer.

Outro elemento importante é o Discurso Tático, este é invariável. Se um jogador não pode ou não sabe interpretar determinada posição, rapidamente é adaptado a outra, de modo a que seja sempre assegurado o máximo de rendimento das suas capacidades técnicas.

Desta forma interrogo. Em quantos clubes brasileiros há essa preocupação? Pois, somos um país de dimensões continentais, se tivessemos esse tipo de preocupação, talvez o Brasil poderia ter muito mais craques do já temos. Apenas lembrando que a Holanda deve ter as dimensões territoriais do tamanho do Estado de Santa Catarina e por isso uma população bem menor que a brasileira. Mas lá, o que interessa é o cognitivo e não outras variáveis como vemos por aqui. Como eu gosto de relatar aos meus atletas. Temos que ser os mais inteligentes e não os mais fortes. Quem sabe um dia chegamos lá. 


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

TREINAMENTO É FUNDAMENTAL


Usar a metodologia de treinamento fundamental, nas Escolas de Futebol é muito importante, pois, é específica da modalidade de futebol, que é executada de maneira geral e universal-objetivo. Contém exigências técnicas específicas e coloca no centro o aprendizado de técnicas específicas da modalidade esportiva e de movimentos especiais, especialmente sob condições padronizadas e facilitadas.

No treinamento fundamental, a participação em competições já representa um papel especial. Nisso deve ser observado o princípio de unidade entre treinamento e competição. Isso significa o seguinte: na competição deve ser exigido só o que já foi exercitado antes nos treinamentos, além disso, a atividade de competição tem uma certa função de controle para aquilo que foi aprendido no treinamento. Por outro lado, no treinamento é aprendido e exercitado o que a competição exige.

Desta forma, o treinamento é fundamental para podermos estar aperfeiçoando as capacidades físicas, técnicas, táticas e psicológicas dos alunos, principalmente na fase da puberdade.