Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

sábado, 21 de março de 2015

TERRITÓRIO E FUTEBOL


O Brasil é considerado o país do futebol. Sendo assim, como o território pode influenciar o futebol? Nos primórdios do futebol, surgiram os times de bairro, posteriormente vem os clubes cidades (ficarei neste post com apenas essas duas formas de formação de clubes). O termo território vem do latim, territorium, que, por sua vez, deriva de terra e significa pedaço de terra apropriado. Na língua francesa, territorium deu origem às palavras terroir e territoire, este último representando o “prolongamento do corpo do príncipe”, aquilo sobre o qual o príncipe reina, incluindo a terra e seus habitantes (LE BERRE, 1992).

De acordo com Raffestin (1993), o território não se reduz então à sua dimensão material ou concreta; ele é, também, “um campo de forças, uma teia ou rede de relações sociais” que se projetam no espaço. É edificado historicamente, transmitindo a diferentes contextos e escalas: casas, bairros, cidades, regiões, nações e planeta. Destarte, que o território seja objeto de análises sob diferentes concepções: geográfica, antropológico-cultural, sociológica, econômica, jurídico-política, bioecológica, que o percebem, cada qual, segundo seus tratamentos específicos.

Isto posto, evidencia que, cada agremiação busca o seu status. Para buscar esse reconhecimento, cada agremiação tem que participar de algum tipo de competição. Em se tratando da agremiação de bairro, essa competição será o campeonato municipal e/ou varzeano do seu território. Na outra esfera, no clube cidade, será o campeonato estadual (regional) e/ou nacional (campeonato brasileiro e/ou copa do Brasil). Conseguindo esse reconhecimento (bons resultados nas competições), consequentemente projetam o nome do bairro e/ou o nome da cidade. Destarte, isso leva a uma forma de desenvolvimento para aquele território.


Venho acompanhando desde o ano de 2010, o desenvolvimento do futebol catarinense. Prova disso é, que neste ano de 2015, o referido Estado terá, quatro equipes disputando o maior campeonato de futebol do país, o Campeonato Brasileiro da Série A. Uma agremiação do Oeste do Estado, outra do Nordeste do Estado e duas do Sudeste do Estado. Tendo, uma equipe participante a menos do que o Estado de São Paulo e um participante a mais do que o Estado do Rio de Janeiro.

A Associação Chapecoense de Futebol e o Joinville Esporte Clube, tem a sua história muito parecidas, ambas são frutos de engajamento de pessoas do território, que queriam ver o nome da cidade se expandindo para limites além do Estado futebolisticamente (como hoje, as duas equipes figuram entre a elite do futebol nacional) e consequentemente mostrando esse território para todo o Brasil e por que não dizer, para todo o mundo quando enfrentarem as grandes equipes do país com renome internacional.


Também os times e os clubes de futebol guardam uma relação bastante estreita com o território. E na maior parte dos casos a rivalidade entre times traduz a oposição entre lugares e regiões. Nas metrópoles existem antagonismos entre diversas zonas urbanas da cidade, relacionados aos moradores de cada bairro. Por exemplo, a rivalidade na Turquia entre o Galatasaray, clube ligado territorialmente com o lado ocidental da cidade, e o Fenerbahce identificado com o lado oriental da cidade de Istambul; ou rivalidades entre regiões como entre o Benfica e o Porto em Portugal; Barcelona e Real Madri na Espanha, entre outras. Mas também os times de futebol ajudam os lugares a assumir uma posição no mundo, contribuindo para a permanência e constitui um meio pelo qual essas comunidades exprimem sua identidade. Assim, nas rivalidades e disputas futebolísticas quase sempre encontramos a expressão territorializada de uma relação de centro e periferia e, portanto, uma relação de controle e dominação.


Embora estejamos vivendo em tempos de globalização, as expansões territoriais das fronteiras não aniquilaram o componente local. Isto posto, abre-se uma nova perspectiva para se pensar as relações entre o local e o global. Mas, isso fica para uma próxima postagem. 

Boa semana a todos! 






domingo, 8 de março de 2015

VIVÊNCIAS DE FUTEBOL


"Quem só teoriza não sabe, quem só pratica repete, o saber acontece
da união entre teoria e  prática."
Manoel Sérgio

Na busca por mais entendimento sobre futebol, fui honrado com uma oportunidade de estágio na categoria Sub 23 do Coritiba Foot Ball Club, comandada pelo Tcheco e na oportunidade, auxiliado por Eduardo Barros. Foram dez dias de muito aprendizado, podendo acompanhar, desde a introdução dos trabalhos de campo, conversas sobre assuntos relacionados à melhoria dos processos de treinamento na categoria, referente aos trabalhos executados e a sua influência no sistema energético dos jogadores e a sua utilização dentro do desenrolar do microciclo para um melhor aproveitamento da forma de jogar. Além, de observar o comportamento dentro do vestiário de um clube grande. 

  
Experiências essas, que eu vou levar para toda a minha vida, seja profissional na atuação no futebol, como na minha vida acadêmica. Quero agradecer publicamente ao Tcheco, por ter oportunizado esse grande momento. Ao Eduardo Barros, por tê-lo conhecido pessoalmente (antes nos conhecíamos  por trocas de e-mail) e ter a oportunidade de observar os seus trabalhos práticos com muita propriedade de conceitos. 


Nesta última semana que passou, participei de mais uma Clínica para professores da Escola Furacão do CA Paranaense, onde tive a oportunidade de conhecer e conversar um pouco com Marcelo Lins, ex-preparador físico do Bayern de Munique. Conversamos sobre o Functional Movement Systems (FMS), dá importância da sua aplicabilidade nas categorias iniciantes para a correção de possíveis movimentos praticados errados e a prevenção de possíveis lesões futuras. 

Por essas pequenas vivências de futebol que tive, posso concluir que, o futebol brasileiro possui profissionais que pensam um futuro melhor para o nosso futebol. Em todas as conversas que tive, pude observar que o discurso está voltado para os conceitos de futebol para as equipes e que o futebol europeu está na nossa frente por causa da falta de conhecimento desses conceitos por treinadores e jogadores. 

Por isso, temos que teorizar e praticar, para podermos evoluirmos o nosso futebol e competir de igual com os europeus.