Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

domingo, 14 de julho de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA

 
 
Jogo Conceitual para Organização Defensiva
Princípio: Compactação;
 
Subprincípio: Fechamento das linhas e definição do bloco de pressão;
 
Subprincípios de Subprincípios: Aproximação e equilíbrio entre as linhas;
 
Complexidade: 3 (média);
 
Tempos: 3 X 3'30";
 
Materiais: Discos, coletes, cones e bolas;
 
Descrição
 
Número de jogadores: 10;
 
Jogo conceitual 5:5. Onde o objetivo é marcar o gol entre os três cones. A equipe em Organização Ofensiva deve, manter e circular a posse da bola para finalizar sem oposição entre os três cones na área demarcada, mas, sem ultrapassar os discos demarcatórios. A equipe em Organização Defensiva, deve compactar as duas linhas e manter próximas (constantes coberturas defensivas) e apenas dois jogadores podem ultrapassar os discos demarcatórios para evitar que a bola ultrapasse a linha de cones.
 


segunda-feira, 1 de julho de 2013

O ERRO E A INIBIÇÃO: CAUSAS DA MÁ FORMAÇÃO

 
 
 
Observando o jogo de hoje, final da Copa das Confederações FIFA 2013 entre Brasil e Espanha, uma das muitas situações que me chamou a atenção foi: a ótima formação que teve o Neymar Jr.
 
Pois, quem trabalha com treinamentos de formação deve ter passado por alguma situação parecida a de que, não é adimissível erros. Principalmente, quando o jogador iniciante tenta realizar um chute de perna não dominante e erra. Lá vem o treinador dizer que: "domina, coloca o pé esquerdo no chão e chuta com a perna boa." Além de, não aceitar o erro ele está com esta atitude, inibindo o jogador de ter as situações para melhorar a sua habilidade de chutar também com a perna não dominante. E, quem nunca ouviu um treinador bradar a beira do campo: "Tá Errado, Tá Errado ..." Precisamos oportunizar reforços contingentes, que dizem respeito ao que está errado e/ou certo. Para a melhor compreensão dos jogadores e não gerar mais dúvidas a eles. 
 
Temos que ter a consciência de que, nós profissionais que estamos a frente desse processo de formação de jogadores de futebol, temos como obrigação, estimular esses jovens a progredirem dentro desse processo através da operacionalização dos treinamentos (táticos, técnicos, físicos, psicológicos). Desta forma, o erro é aliado e a inibição não pode fazer parte do processo. Uma forma de atuação é o feedback interrogativo que auxilia o jogador a tomar as melhores decisões num futuro próximo, onde ele poderá avaliar e selecionar a sua resposta com as anteriores e a intervenção feita pelo treinador.
 
Lembrando que, Neymar Jr. tem apenas 21 anos e tem muito a evoluir! Mas, já representa uma liderança dentro da Seleção Brasileira.
 
   
 
 



domingo, 23 de junho de 2013

O JOGO PELO JOGO: SIGNIFICADO DE AUSÊNCIA DE SENSO TÁTICO

 
 
Todos nós sabemos que o futebol é um Jogo Desportivo Coletivo (JDC) eminentemente de essência tática e de posse de bola. Mas, alguns esquecem outro fator primordial, que o futebol é um jogo de controle dos espaços.
 
Hoje, está em alta o processo de ensino aprendizagem treinamento (E-A-T) em futebol em forma de jogos (inclusive a abordagem deste humilde veículo de comunicação propõem isso). Entretanto, não podemos deixar passar em despercebido que, o jogo pelo jogo significa ausência de senso tático dos jogadores. Pois, jogos onde os jogadores os realizam e não tem obrigações funcionais, prejudicam a sua aprendizagem, principalmente tática.
 
Todos os jogos devem conter objetivos táticos (individuais e coletivos), controle dos espaços setoriais e intersetoriais (lado forte, lado fraco, espaço, setor defensivo, setor de meio defensivo, setor de meio ofensivo, setor ofensivo). Pois, sem essas referências formaremos jogadores apenas centrados no móbil do jogo e com sérias dificuldades de entenderem o que fazer sem a bola (o que exige muito senso tático) tanto na organização defensiva, nas suas transições e na organizaçção ofensiva.
 
O jogo pelo jogo, pode mascarar muitas deficiências, temos que ter em mente, a objetividade desses jogos utilizados. E isso dependerá do material humano disponível (quanto mais jovem o jogador mais susceptível a mudanças, quanto mais experiente a situação se inverte).
 
E isso, dependerá da estrutura de trabalho que a Comissão Técnica escolherá (metodologia de treinamento e o seu entendimento) para proporcionar essa evolução tática nos jogadores da sua equipe. Do contrário, apenas jogar não auxila no desenvolvimento de um senso tático por parte dos jogadores. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

JOGO CONCEITUAL PARA A ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA E TRANSIÇÃO OFENSIVA

 
Retirado da Editora MCSports do seu canal no YouTube.

Jogo que utilizo com algumas adaptações para o meu Modelo de Jogo na terça-feira.  

domingo, 26 de maio de 2013

FORMAÇÃO DE ZAGUEIROS: A SUA IMPORTÂNCIA NA ORGANIZAÇÃO OFENSIVA

 
 
Assitindo a final da UEFA Champions League (UCL) o que me chamou a atenção foi, a maneira como os zagueiros lidam com a bola na saída de jogo. Muita tranquilidade, os goleiros passam a bola para um dos zagueiros, que se posiciona sempre na lateral da área penal (sempre de frente para o campo adversário) e começam a construir a Organização Ofensiva com passes curtos e triangulares com os volantes ou os laterais.
 
A confiança dos goleiros (e/ou orientação para não rifarem a bola no tiro de meta), mas, que saiam jogando com os zagueiros (oportunizada nos treinamento), nos mostra que, as equipes possuem uma forma característica de jogo bem definida. Priorizando a Organização Ofensiva com a saída de bola nos zagueiros.
 
Voltando a questão da formação, observo que a maioria dos jovens que jogam nesta posição, dificilmente são orientados para trocar passes com os companheiros de meio-campo, observo muita "afobação" e rifadas de bola na primeira situação problema que aconteça (pressão do atacante). Me parece que há uma ideia de que, se o menino é habilidoso, tem que jogar mais adiantado e se, for mais "robusto" ou "truculento" tem que jogar mais recuado. Para chutar a bola o mais longe possível no tiro de meta, intimidar os atacantes adversários com força ou apenas afastar o perigo da área.
 
Os zagueiros são peças fundamentais na Organização Ofensiva de uma equipe, por que, além de possuírem capacidades táticas como: sentido de cobertura, posicionamento e domínio do espaço, entre outras. É preciso ter também, noção de que o ataque começa após uma ação defensiva sua. Pergunto, em qual área do campo acontece o maior número de bolas recuperadas em uma partida de futebol?
 
No Setor de Meio Defensivo (SMD) e no Setor de Transição Ofensiva (STO). Que respectivamente são, linhas imaginárias no campo de jogo logo após a linha de meio-campo e o setor à frente da área penal. Na final de ontem da UCL o campeão FC Bayern München no 1º tempo da partida recuperou 22 bolas nestes setores do campo. Sendo 14 no Setor de Transição Ofensiva e 8 no Setor de Meio Defensivo (áreas ocupadas pelos zagueiros em equipes que jogam compactas). Total no 1º tempo de 32 bolas recuperadas. Onde, 6 foram recuperadas no Setor de Meio Ofensivo e 4 no Setor Defensivo (dentro da área penal). Por isso, os zagueiros tem que saber da sua importância para a Organização Ofensiva da equipe, pois, se eles souberem que a partir de ação inicial sua, pode ser construída uma chance de gol e/ou acontecer o gol, temos que enaltecer também os jogadores que iniciaram a jogada. Essa é a importância da formação, mostrar a real importância do coletivo.
 
No entanto, se o zagueiro só dá chutão, dificilmente esses dados apresentados terão importância. E os gols continuarão sendo obras divinas dos deuses ou única e exclusivamente dos atacantes habilidosos. Pois, a maioria sempre observa o final da jogada!
 
 


sexta-feira, 24 de maio de 2013

NEUROCIÊNCIAS E A COMPLEXIDADE CEREBRAL DO TREINO EM FUTEBOL DE JOVENS

 
 
Quando pensamos em treinamento de futebol, isso nos remete a trabalhos físicos. Que os músculos devem estar bem preparados, a capacidade cardiorrespiratória em sua plenitude, entre outros.
 
 
Mas, se analisarmos que órgão que comanda todo esse sistema complexo que é o ser humano, nos deparamos com o cérebro. Sendo assim, os grandes jogadores, na sua maioria, iniciaram os seus treinamentos antes dos 12 anos. Isso era atribuída unicamente à “plasticidade sináptica” do cérebro infantil, explicando, a uma maior facilidade para mudanças sinápticas de acordo com a experiência de fato observada em animais jovens. Após a infância, essa plasticidade diminuiria, à medida que a maquinaria molecular das sinapses fosse substituída pela versão adulta, tornando o aprendizado mais difícil (Herculano-Houzel, 2005).
 
 
No entanto, quem nunca ouviu sobre a “idade de ouro” da aprendizagem (6 a 11 anos). Essa fase seria exatamente o que relatei anteriormente, uma melhor época para aprender determinadas habilidades motoras. Após essa idade, há uma alteração drástica no cérebro adolescente que pode explicar o desempenho excelente adquirido até a puberdade, mas, não depois: a redução dos núcleos da base (gânglios da base) (Herculano-Houzel, 2005).
 
 
Segundo Herculano-Houzel (2005), os núcleos da base são estruturas que ocupam a porção mais interna do cérebro, sob o córtex dos dois hemisférios. Embora não comandem diretamente os movimentos, eles geram e armazenam programas motores complexos como auxiliares para o córtex, e têm por isso uma função fundamental no aprendizado motor.
 
 
Segundo Kornhuber (1974); Grillner (2008) apud Silveira (2010), a execução de um movimento “encomendado” por outras regiões do sistema nervoso depende da interação entre o córtex cerebral, os núcleos da base e o cerebelo. Existem evidências que o processamento de informação em várias áreas do córtex cerebral leva à emissão de comandos motores pelas regiões motoras corticais e que então esses comandos são convertidos em programas ou padrões motores para a efetuação do movimento em coordenadas espaço-temporais. Esses programas motores são gerados por estruturas subcorticais, situadas no cerebelo e nos núcleos da base, de tal forma que os movimentos rápidos são pré-programados pelo cerebelo no que diz respeito ao momento e à duração da atividade, enquanto que os núcleos da base exercem papel semelhante nos movimentos lentos executados numa gama de movimentos (Kornhuber, 1974; Mink, 2008 apud Silveira, 2010). Finalmente, para aqueles movimentos que necessitam de análise sensorial sofisticada dos objetos, os padrões originados pelo cerebelo e núcleos da base são processados e refinados posteriormente no córtex cerebral (Mauk e Trach, 2008 apud Silveira, 2010).  
 
 
Após esses relatos, percebe-se a importância que os treinamentos de futebol na mais tenra idade têm, com o repertório motor. Pois, para o desenvolvimento, ou a qualidade das capacidades coordenativas, o repertório motor passa a ser um fator determinante, porque cada movimento, por mais novo que seja, é sempre executado com base em típicas combinações de coordenação (Harre, 1976 apud Weineck, 2005). Entretanto, o que explicaria a preocupação de algumas pessoas ligadas a treinamento em futebol de jovens que se preocupam tanto com a parte física?
 
 
Paul Thompsom e sua equipe (2003) apud Herculano-Houzel (2005) explica que, uma das estruturas que formam os núcleos da base, o caudado, perde 20% da sua substância cinzenta logo no começo da adolescência, entre 8 e 11 anos, e chega ao seu formato “maduro” mais ou menos aos 13 anos. Se o aprendizado motor envolve a ação coordenada do córtex e dos núcleos da base, a execução de sequências novas de movimentos (drible) requer o comando e a supervisão constantes do córtex motor. Mas à medida que elas são aprendidas e “cristalizadas”, essas sequências são transferidas para o controle dos núcleos da base. No entanto, habilidades motoras aprendidas até o início da adolescência encontrarão um caudado ainda rico em possibilidades sinápticas, o que talvez explique por que os jovens que aprenderam o futebol até os 12 anos parecem ser “talentos naturais” (Herculano-Houzel, 2005).
 
 
Então, todos os envolvidos com treinamento de futebol de jovens (até os 12 anos) encontra-se em uma ótima situação para desenvolver sequências motoras novas, o que, futuramente oportunizará jogadores mais criativos motoramente para uma equipe implantar o seu Modelo de Jogo.
 
 
Referências
 
 
HERCULANO-HOUZEL, S. O Cérebro em Transformação. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
 
 
SILVEIRA, L.C.de L. Neurociência e Futebol: fatos e mitos. Neurociências, vol. 6 nº 1 jan/mar de 2010.

WEINECK, J. Biologia do Esporte. Barueri, SP: Manole, 2005


domingo, 28 de abril de 2013

TESARAC E O FUTEBOL BRASILEIRO

TESARAC!
 
 
O que será que o termo Tesarac tem haver com o futebol brasileiro? Primeiro, vamos explicar o que significa o termo Tesarac:
 
Tesarac quer dizer mudança profunda. Daquelas tão profundas que nos tiram o norte.
Tesarac, o neologismo, foi criado pelo poeta americano Shel Silverstein. Ele era um bom sujeito de talentos múltiplos, talvez um quê excêntrico, que teve a boa sorte de chegar ao auge da criatividade nos anos 1960. Poeta, mas também cartunista da revista "Playboy", músico, autor teatral, escritor de livros infantis. Seus cartuns são reconhecidos por uma geração inteira de americanos.
 
Silverstein teve uma filha, Shoshanna. A mãe de Shanna morreu quando a menina tinha cinco anos. E ela se foi quando tinha onze, vítima de um aneurisma cerebral, em 1982.
 
Tesarac, para o poeta que cunhou a palavra, era isso: um vácuo. Um evento tão brutal e aterrador que transforma a vida. A única coisa que um pai sabe, nessa hora, é que tudo será muito diferente.
 
Então, qual a sua ligação com o futebol brasileiro? Algumas pessoas ainda insistem em usar o termo "o Brasil é o país do Futebol". Mas, com o passar dos tempos, estamos a cada dia mais nos acostumando há observar países e clubes estrangeiros exibindo um futebol mais atraente de ser visto. Por exemplo, alemães e espanhóis. E, até o Chile, a duas temporadas atrás possuía um grande clube, a Universidad de Chile, sendo comparada ao FC Barcelona, pelo seu futebol apresentado.
 
Lógico, temos o SC Corinthians Paulista, campeão do Mundo de Clubes pela FIFA. Mas, o SC Corinthians Paulista tem um treinador com uma visão diferente da maioria dos que estamos acostumados a ver atuando em grandes equipes brasileiras.
 
O nosso problema continua a ser vertente metodológica científica que nos norteia. Ainda sofremos muita influência da ciência clássica (analítico/cartesianismo). Muitos clubes de futebol (categorias de base) possuem treinadores pautados nessa linha de pensamento e atuação na hora de planejar as suas sessões de treinamento. Disputando campeonatos aqui na minha região, ouço alguns absurdos proferidos pelos comandantes das equipes adversárias (na sua grande maioria, pessoas sem nenhuma formação, nem acadêmica e nem de cidadão), exigindo e cobrando na hora do jogo das crianças, princípios que até os próprios desconhecem. Eles proferem que o "Futebol é fácil", argumentando que é "só olhar como o Joãozinho faz e fazer igual". Isso explica o por que, muitas pessoas não vão mais aos estádios para assistir os estaduais, vaiam a seleção brasileira, entre outros assuntos relacionados ao futebol.
 
Segundo Tani e Corrêa (2006, p. 16), existem duas condições que necessitam ser atendidas para que o procedimento analítico possa ser aplicado:
 
a) a ausência de interações entre os componentes do sistema ou, caso existam, serem suficientemente fracas para que possam ser desprezadas, e
 
b) as relações que descrevem o comportamento das partes sejam lineares. 
 
Pergunta-se:
 
1) Será que o fundamento de uma modalidade esportiva praticado isoladamente manteria correspondência com aquele executado em uma situação de jogo?
 
2) Até que ponto aprender partes ou componentes (fundamentos) individualmente estaria associado à aprendizagem do jogo?
 
Os autores citados anteriormente, citam Bertalanffy (1977):
Pode-se afirmar que a interação é um conceito-chave no pensamento sistêmico, da mesma forma que o conceito de análise é fundamental na ciência clássica, significando que uma entidade pode ser estudada separando-a em partes e, por conseguinte, pode ser constituída ou reconstituída pela reunião dessas partes.
Nessa citação fica evidente que, alguns pensam que, um sistema pode ser separado em componentes sem perder as suas características essenciais.  
 
Quando me refiro ao Tesarac e o futebol brasileiro, é isto, necessitamos de uma transformação profunda para não continuarmos no vácuo que já nos encontramos!
 
Referência
 
TANI, G. e CORRÊA, U. Esportes Coletivos: Alguns desafios quando abordados sob uma visão sistêmica. In Dante de Rose Jr. (Org.) Modalidades Esportivas Coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006, p. 15 - 23.