Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

MODELO DE CARGAS SELETIVAS vs PERIODIZAÇÃO TÁTICA

Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?Quatro formas de treinar futebol, 3 descontextualizadas e 1 coerente. Concordam?

 
No Brasil foi criado um modelo de periodização (Prof.: Dr. Antônio Carlos Gomes) para atender o calendário dos desportos coletivos, principalmente, o futebol, que, por apresentar uma grande quantidade de jogos na temporada, dificulta a distribuição das cargas de treinamento no macrociclo. O modelo nasce em virtude de o futebol não apresentar tempo hábil (grande reclamação dos treinadores no início do ano em todos os programas esportivos nacionais) para uma boa preparação dos jogadores antes do início dos estaduais (GOMES, 2009).
Como os jogos desportos coletivos de invasão (JDCI), de forma geral, não exigem o desenvolvimento das capacidades máximas e, sim, submáximas, nos últimos anos, foi elaborado um modelo de organização de cargas na temporada que permanece durante todo o ciclo com o volume inalterado, procurando uma forma de qualificação durante toda a temporada e alternando as capacidades de treinamento a cada mês durante o ciclo competitivo (GOMES, 2009).
No modelo de cargas seletivas, o principal alvo do aperfeiçoamento no treinamento está nas capacidades de velocidade. Pois, na prática, verifica-se que o ciclo anual de 52 semanas deve ser subdividido em duas etapas, caracterizando, assim, uma periodização dupla com duração de 26 semanas cada (GOMES, 2009). O autor segue relatando que:
No futebol moderno, o técnico tem dificuldades de prescrever o conteúdo do treinamento, pois o calendário apresenta uma grande quantidade de jogos em âmbito regional, nacional e internacional que devem ser disputados com alto rendimento devido aos sistemas utilizados na classificação.

Com esse sistema, o volume do treinamento oscila muito pouco durante todo o ciclo anual de competições; consequentemente, a forma desportiva apresenta uma tendência de melhora durante toda a etapa, diminuindo na fase de pré-temporada em razão de uma pequena redução do volume no início da segunda etapa competitiva. O período competitivo no futebol varia de 8 a 10 meses no ano, com uma quantidade de 75 a 85 jogos na temporada (GOMES, 2009).  

A essência da prática do futebol, não exige o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das capacidades motoras no seu máximo. Por outro lado, trata-se de um desporto que, na sua atividade competitiva, caracteriza-se pelos esforços intermitentes executados em velocidade, com alto volume de diversas ações motoras e que exige capacidade anaeróbia e aeróbia (mista). Além da força e da resistência especial,  utiliza também a flexibilidade para a execução de movimentos técnicos exigidos pelo jogo (GOMES, 2009).  
Observo que, neste modelo de periodização do treinamento em futebol, não evidenciamos uma preocupação com a forma de jogar da equipe (jogo coletivo), o autor afirma que, no futebol moderno, o técnico tem dificuldades de prescrever o conteúdo do treinamento. Em contrapartida, quando ouvimos relatos sobre a Periodização Tática, ainda observo certa resistência por parte de alguns profissionais. Mas, para que possamos compreender melhor esta metodologia de treinamento específica para o futebol, pensando em organização coletiva, Vítor Frade (in Martins, 2003) revela que, a tática resulta deste conceito de Organização e por isso, compreende uma determinada expressão física, técnica e psicológica. Sendo assim, a Tática subentende o desenvolvimento dos princípios de ação da equipe que induzem a adaptações concretas a nível físico, técnico e psicológico. Gomes (2006), nos mostra que, face a este entendimento percebemos que a exacerbação física tem um papel subjulgado ao desenvolvimento das relações entre os jogadores para assim, criar uma entidade coletiva e portanto, uma organização. Deste modo, esta concepção desafia a Teoria Convencional do Treino uma vez que esta se preocupa fundamentalmente com as aquisições físicas dos jogadores em detrimento de um entendimento coletivo e das relações que o constituem. E, nisto se enquadra o Modelo de Jogo. O Modelo de Jogo confere um determinado sentido ao desenvolvimento do processo face a um conjunto de regularidades que se pretendem observar. Deste modo, o modelo permite responder à questão: para onde vamos? A pertinência desta questão parece-nos fundamental para desenvolver um processo direcionado para um determinado JOGAR, ou seja, para um processo intencional. A partir dele criam-se um conjunto de referências que definem a organização da equipe e jogadores nos vários momentos do jogo. Deste modo, o modelo orienta o processo para um jogar concreto através dos princípios coletivos e individuais em função do que é pretendido. Neste sentido, trata-se de desenvolver um jogar Específico e não um jogar qualquer (Gomes, 2006).
Quando comparamos os dois modelos de treinamento criados para periodizar a performance em futebol, podemos dizer que a primeira (Modelo de Cargas Seletivas) está diretamente preocupado com o caráter físico do jogador e a segunda (Periodização Tática) está preocupado com um JOGAR ESPECÍFICO perspectivado pelo Modelo de Jogo, onde, o técnico assume essa responsabilidade de operacioná-lo durante a semana com o Morfociclo Padrão, que é utilizado da segunda semana de trabalho até a última e, não durante um microciclo, mesociclo ou macrociclo anual. 
Mas, temos que ter em mente que, são apenas duas formas de treinar o futebol e, claro que as duas obtêm resultados, mas, a forma de operacionalização de cada uma é totalmente diferente. Uma pautada na física e a outra, pautada no fractal, na complexidade. Que é normal causar estranheza.
(...) O êxito no futebol tem mil receitas. O treinador deve crer numa, e com ela seduzir os seus jogadores.
(Valdano, 1998)
Referências

GOMES, A. C. Treinamento Desportivo: estruturação e periodização. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

GOMES, M. S. Do Pé como Técnica ao Pensamento Técnico dos Pés Dentro da Caixa Preta da Periodização Táctica - um estudo de caso- Porto, 2006.

MARTINS, F. A "Periodização Táctica" segundo Vítor Frade: Mais do que um conceito, uma forma de estar e de reflectir o futebol. FCDEF-UP. Porto, 2003.

 
 

 







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