Abordagem de Ensino Baseada no Jogo

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

TRANSIÇÕES

                                           
No futebol moderno os momentos de transição assumem particular relevância, sendo citados por diversos autores como os momentos mais importantes e cruciais do jogo. Sendo assim, a sua relevância assume um papel preponderante na idealização do Modelo de Jogo sendo estreita a sua relação com os momentos de organização ofensiva e defensiva.
Vou explicar melhor. O jogo de futebol compreende quatro momentos:
  •  Organização Ofensiva: onde, quero que a minha equipe tenha a posse da bola, mas com uma posse da bola com o objetivo de desorganizar a estrutura defensiva adversária, ou seja, através da circulação da bola entre os setores do campo;
  • Transição Defensiva (Ataque - Defesa): onde, quero que a minha equipe  procure no primeiro instante recuperar a posse da bola (no mesmo setor da perda). Paralelamente a isso, procura simultaneamente fechar a equipe, para, no caso de não conseguir recuperar a posse da bola, estar compacta e entrar em Organização Defensiva. Este princípio é importante para impedir a exploração do contra-ataque das equipes adversárias e por isso, procurar ser agressivo na sua concretização;
  • Organização Defensiva: jogar em Zona Pressionante; 
  • Transição Ofensiva (Defesa - Ataque): após a recuperação da posse, a minha equipe tem que procurar manter a posse da bola e retirá-la do setor de pressão para o setor mais apropriado, e com isso, aposta na situação de contra-ataque com segurança. Quando for possível dar profundidade, deve fazê-lo e procurar terminar com uma finalização. 
Segundo Soares (2009) as Transições ganham essa importância, devido a velocidade que se joga atualmente não permitir que, como acontecia há alguns anos atrás, os jogadores tenham tempo para pensar e realizar calmamente as suas ações quando ganham ou perdem a posse da bola. Seja porque se defende mais à frente, seja pela opção do Pressing, seja pela evolução técnica dos jogadores. O jogador atual, quando perde a bola não pode demorar a entregá-la a um colega melhor posicionado e com espaço e tempo para pensar.  Se há alguns anos atrás se defendia quase exclusivamente no meio campo defensivo, permitindo à equipe com bola trocá-la à vontade no seu meio campo, atualmente, nos melhores campeonatos do mundo, os defesas e os médios têm que participar ativamente no processo de manutenção da posse da bola, mesmo no seu meio campo defensivo, uma vez que o portador da bola é constantemente pressionado. E, devido a este aumento da velocidade e diminuição do tempo e do espaço para realizar corretamente as ações, há tendência para que ocorram mais erros, mais perdas e mais conquistas da posse de bola.

Para Guilherme Oliveira (2004) apud Soares (2009) o momento de transição defesa - ataque é caracterizado pelos comportamentos que a equipe deve ter durante os segundos imediatos ao ganhar-se a posse de bola. Estes segundos são importantes porque, tal como na transição ataque - defesa, as equipes encontram-se desorganizadas para as novas funções e o objetivo é aproveitar as desorganizações adversárias para proveito próprio.

O mesmo autor, releva que, o momento de transição ataque - defesa é caracterizado pelos comportamentos que a equipe deve assumir durante os segundos após se perder a posse de bola. Estes segundos revelam-se de particular importância uma vez que ambas as equipes se encontram momentameamente desorganizadas para as novas funções que têm que assumir, como tal ambas tentam aproveitar as desorganizações adversárias.

As sessões de treinamento que tem por objetivo trabalhar as transições, devem se valer de exercícios (jogos) que atentem para o processo de lentidão do cérebro dos jogadores que se caracteriza nesses momentos do jogo. Segundo Soares (2009), sendo os momentos de jogo mais importantes, as transições necessitam ser treinadas de forma mais intensa, ou seja, nas transições os jogadores têm que estar mais concentrados, têm que decidir adequadamente num curto espaço físico e temporal, e, portanto têm que possuir na sua mente mecanismos que lhes permitam acelerar esse processo de modo a cumprirem de forma efetiva os princípios dos momentos de transição do [jogar] que se pretende.
Concordo com Soares (2009) que os momentos de transição ataque - defesa e defesa - ataque são cruciais no jogo atual. São estes momentos que marcam a diferença nas grandes equipes, que levam a que equipes tenham maior controle do jogo do que outras.

                                          
Referência
SOARES, Pedro. Transições: uma instantaneidade suportada pelo "equilíbrio" ...a representatividade da fluidez que o "jogar" deve manifestar. Porto. Dissertação de Licenciatura apresntada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2009.

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